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1 Aplicação da Lei Penal no Tempo DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online �APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO LEI PENAL NO TEMPO CPB, Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de consi- derar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sen- tença condenatória. Abolitio criminis Ocorre quando o crime é abolido. Um exemplo é o crime de adultério, que foi revogado por uma lei. Não deve ser confundida com a aberratio criminis, que ocorre quando alguém deseja cometer um crime, mas erra e comete outro. Efeitos penais Cessam quando da abolitio criminis. Somente os efeitos civis permanecem. Trânsito em julgado Mesmo com o transito em julgado da sentença condenatória, no caso de uma abolitio criminis, a pessoa é colocada em liberdade. TEMPO DO CRIME Em relação ao tempo do crime, existem as teorias da atividade, resultado e ubiquidade. A teoria da atividade refere-se ao momento da conduta (ação ou omissão). Na teoria do resultado, o que importa é o resultado do crime. Exem- plo: no crime de homicídio, se o autor atira, o ato de atirar é a atividade, já se a vítima morrer alguns dias depois, o resultado será a morte. A ubiquidade (ou teoria mista) é a junção da atividade com o resultado. Em relação ao tempo do crime o código penal adotou a teoria da atividade: CPB, Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 2 Aplicação da Lei Penal no Tempo DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Menor de 18 anos Uma questão que pode ser cobrada em prova é se o menor que aos 17 anos atira em uma vítima e essa vem a morrer em data posterior quando esse menor já completou 18 anos, trata-se de crime ou ato infracional? É importante lembrar que tanto o Código Penal quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente adotam a teoria da atividade para o tempo do crime. Logo, esse menor praticou ato infra- cional, pois considera-se a sua idade no momento da conduta, e não do resultado. Obs..:� há uma exceção quanto ao menor nos casos de crimes continuados ou permanentes, mas esse assunto será estudado posteriormente. LOCAL DO CRIME CPB, Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir- -se o resultado. Em relação ao local do crime o Código Penal adota a teoria da ubiquidade (mista). O pulo do gato Um mnemônico que pode ajudar a acertar diversas questões é o LUTA (em relação ao Lugar do crime, o CP adotou a teoria da Ubiquidade, já em relação ao Tempo do crime, o CP adota a teoria da Atividade). É preciso ter cuidado, pois no Código Penal Militar há uma diferença em relação ao local do crime: a ubiquidade aplica-se aos crimes comissivos e a atividade aplica-se aos crimes omissivos. Competência Local do crime.: para fins processuais, no que toca à fixação da competência cri- minal, adota-se como regra a teoria do resultado, assim dispõe o artigo 70 do CPP. AN O TA Ç Õ ES 3 Aplicação da Lei Penal no Tempo DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Exceções.: • Crimes dolosos contra a vida.: para fixação de competência, se o crime for doloso contra a vida, adota-se a teoria da atividade, assim decidiu o STJ para privilegiar a comunidade agredida pela conduta, bem como facili- tar a colheita de provas; • Juizados Especiais.: no caso dos juizados especiais, a doutrina diverge entre a teoria da atividade e a ubiquidade, pois prevê o artigo 63 da Lei n. 9.099/1995 que a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal; • Tentativa.: em caso de tentativa, para fins processuais, adota-se a teoria da atividade, pois, nesse caso, não há resultado. DA RETROATIVIDADE DA LEI BENÉFICA/IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MALÉFICA No direito penal, se uma conduta é praticada sob a vigência de uma lei “A”, mas sua sentença é proferida durante a vigência de uma outra lei “B”, em regra, aplica-se a melhor lei ao réu. Ou seja, se a lei “B” for “melhor” para o réu, aplica-se o princípio da retroati- vidade da lei benéfica. Já se a lei “B” for “pior” para o réu, aplica-se o princípio da irretroatividade da lei penal maléfica e, portanto, a lei “A” será aplicada. Neste caso há a ultratividade benéfica da lei “A”. Obs..:� se a conduta é praticada durante a vigência de uma lei nova, porém a lei anterior é considerada mais benéfica, não há o que se falar em ultrativi- dade da lei benéfica, pois aplica-se somente a nova lei. CPB, Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de conside- rar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica- -se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transita- da em julgado 4 Aplicação da Lei Penal no Tempo DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Obs..:� a lei que favorece o agente é chamada de lex mitior (lei melhor), já a lei mais grave é chamada de lex gravior. A abolitio criminis cessa com a execução, sou seja, aplica-se ainda que haja o trânsito em julgado. A mesma lógica vale para qualquer lei melhor, sendo a própria abolitio criminis considerada uma lei melhor por excelência. Logo, no art. 2º do CP, o disposto no parágrafo único engloba a disposição do caput. A diferença é que neste há a disposição de cessação dos efeitos penais. Após o trânsito em julgado da sentença, a aplicação da lex mitior é realizada pelo juízo das execuções penais. DA APLICAÇÃO DA LEX MITIOR Súmula n. 611 do STF.: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. EXTRATIVIDADE, ULTRATIVIDADE E RETROATIVIDADE A extratividade se subdivide em ultratividade (para frente) e retroatividade (para trás). A aplicação de qualquer uma delas ocorre sempre em relação à lei benéfica. Exemplo: no caso em que existem duas leis A e B, se for aplicada a ultrati- vidade, significa dizer que a lei B é maléfica, portanto aplica-se a lei A. Ou seja, aplica-se a ultratividade nos casos de irretroatividade maléfica. Quando a lei B é melhor, aplica-se a retroatividade. Logo, como a lei A é pior seria uma ultratividade maléfica. Para fins de prova, existem duas importantes exceções: Súmula n. 711 do STF e art. 3º do CPB. EXCEÇÕES À RETROATIVIDADE BENÉFICA Súmula n. 711 do STF.: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 5 Aplicação da Lei Penal no Tempo DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Sendo um crime continuado ou permanente (sua consumação se protrai no tempo) e se a vigência da lei mais grave é anterior à cessação da continuidade ou permanência, então aplica-se a lei mais grave. Obs..:� o crime permanente é aquele em que a consumação ocorre a todo momen- to; logo, cabe flagrante delito a todo momento. Ex.: extorsão mediante sequestro – enquanto os sequestradores estiverem com a vítima, há a consumação do delito. O mesmo vale para o crime de sequestro, em que o crime se consuma com o arrebatamento da vítima. Obs..:� deve-se considerar a lei no momento da cessação do crime. LEIS TEMPORÁRIAS E LEIS EXCEPCIONAIS.: LEIS INTERMITENTES CPB, Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato pra- ticado durante sua vigência. Em regra, a lei possui vigência indeterminada até que outra lei a revogue. A exceção são as leis excepcionais e as temporárias. Uma lei excepcionalé aquela que continuará em vigor de acordo com uma situação excepcional. Ex.: Lei Geral da Copa, Lei de Guerra etc. Já a lei tempo- rária é aquela em que a própria lei dispõe o seu tempo de validade. Ex.: leis que tratam de crimes tributários. As leis excepcionais e temporárias também são uma exceção a retroativi- dade benéfica, porém esse assunto será abordado no próximo bloco de aula. �Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Wallace França.
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