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© – As mitocôndrias são organelas eucarióticas independentes, envoltas por uma dupla membrana, uma interna e uma externa. Acredita-se que essas organelas eram bactérias há milhares de anos, e que foram englobadas por uma célula eucariótica ancestral, formando assim, uma associação interdependente, isto é, uma simbiose. As mitocôndrias podem variar em forma, pois são móveis e plásticas, uma vez que formam redes que se associam aos microtúbulos. A membrana externa das mitocôndrias é rica em porinas, o que a torna extremamente permeável a íons e pequenas moléculas. Contudo, sua membrana interna é altamente especializada, com uma alta densidade de proteínas. O espaço central da mitocôndria - chamado de matriz mitocondrial - agrega o genoma próprio da mitocôndria que varia de célula para célula, e possui grande susceptibilidade a mutações, visto que não possui as histonas para ‘‘protegê-lo’’. Além de possuírem o próprio genoma, as mitocôndrias possuem os próprios ribossomos e os próprios tRNAs. Somando-se a isso, a síntese de proteínas nas mitocôndrias pode ser inibida por antibióticos que inibem a síntese em bactérias, fortalecendo ainda mais a hipótese endossimbiótica. As proteínas importadas para as mitocôndrias em geral são captadas do citosol dentro de segundos ou minutos após sua liberação pelos ribossomos. As proteínas mitocondriais são totalmente sintetizadas como proteínas precursoras mitocondriais no citosol, e então, translocadas para a mitocôndria por um mecanismo pós-traducional. Uma ou mais sequências-sinal dirigem todas as proteínas precursoras mitocondriais para o seu subcompartimento mitocondrial apropriado. Muitas proteínas que entram no espaço da matriz possuem uma sequência-sinal na sua região N-terminal que é rapidamente removida por uma peptidase após a importação. Outras proteínas importadas, incluindo todas as proteínas da membrana externa, muitas da membrana interna e proteínas do espaço intermembrana, possuem sequências-sinal internas que não são removidas. © – Proteínas receptoras específicas que iniciam a translocação de proteínas reconhecem essa configuração. Complexos proteicos com várias subunidades atuam como translocadores de proteínas fazendo a mediação do movimento de proteínas através das membranas mitocondriais. O complexo TOM transfere proteínas através da membrana externa, e dois complexos TIM (TIM23 e TIM22) transferem proteínas através da membrana interna. Esses complexos contêm alguns componentes que atuam como receptores para proteínas precursoras mitocondriais, e outros componentes que formam os canais de translocação. O complexo TOM é necessário à importação de todas as proteínas mitocondriais codificadas no núcleo. Inicialmente ele transporta a sequência-sinal dessas proteínas para o espaço intermembrana e ajuda a inserir proteínas transmembranares na membrana externa. As proteínas barril β, que são particularmente abundantes na membrana externa, são então transferidas por um translocador adicional, o complexo SAM, que as auxilia no dobramento apropriado na membrana externa. O complexo TIM23 transporta algumas dessas proteínas para o espaço da matriz e auxilia na inserção de proteínas transmembrana na membrana interna. O complexo TIM22 medeia a inserção de uma subclasse de proteínas da membrana interna, incluindo a proteína transportadora que transporta ADP, ATP e fosfato para dentro e fora da mitocôndria. Ainda, um terceiro translocador de proteína na membrana mitocondrial interna, o complexo OXA, medeia a inserção de proteínas da membrana interna que são sintetizadas no interior das mitocôndrias. Ele também auxilia na inserção de algumas proteínas de membrana interna importadas que são, inicialmente, transportadas para o espaço da matriz por outros complexos. As proteínas precursoras mitocondriais não se enovelam em sua estrutura nativa logo depois de serem sintetizadas. Em vez disso, elas permanecem desenoveladas por meio de interações com outras proteínas no citosol. Algumas dessas proteínas são proteínas chaperonas gerais pertencentes à família © – hsp70, enquanto outras são dedicadas a proteínas precursoras mitocondriais e ligam-se diretamente em suas sequências-sinal. Todas essas proteínas de interação auxiliam na prevenção de agregação ou no enovelamento espontâneo das proteínas precursoras, antes da sua interação com o complexo TOM na membrana mitocondrial externa. Como um passo inicial no processo de importação, os receptores de importação do complexo TOM ligam-se a sequências-sinal de proteínas precursoras mitocondriais. As proteínas de interação são, então, removidas e a cadeia polipeptídica desenovelada é encaminhada – primeiro a sequência-sinal – para o canal de translocação. A hidrólise de ATP e um potencial de membrana dirigem a importação de proteínas para o espaço da matriz. A importação de proteínas para a mitocôndria é sustentada pela hidrólise de ATP em dois sítios diferentes, um fora da mitocôndria e um no espaço da matriz. A respiração celular é um processo que ocorre em todas células eucarióticas, e duas das três fases que possui ocorrem na mitocôndria. Sendo estas o Ciclo de Krebs e a Fosforilação Oxidativa. A última acontece apenas na presença de oxigênio, que é necessário para oxidar moléculas intermediárias e participar de reações para formação da molécula de ATP. O ciclo de Krebs, também chamado de ciclo do ácido cítrico, ou ciclo do ácido tricarboxílico, é uma das fases da respiração celular. Ocorre na matriz mitocondrial e é considerada uma rota anfibólica, isto é, catabólica e anabólica. Nessa via, o ácido pirúvico (C3H4O3) proveniente da glicólise sofre uma descarboxilação oxidativa pela ação da enzima piruvato desidrogenase e reage com a coenzima A (CoA). O resultado dessa reação é a produção de acetilcoenzima A (acetilCoA) e de uma molécula de gás carbônico (CO2). Em seguida, o acetilCoA reage com o oxalacetato, ou ácido oxalacético, liberando a molécula de coenzima A, que não permanece no ciclo, formando ácido cítrico. Depois da formação do ácido cítrico, haverá uma sequência de oito reações onde ocorrerá a liberação de duas moléculas de gás carbônico, elétrons e íons H+. Ao final das reações, o oxalacetato é restaurado e devolvido à matriz mitocondrial, onde estará pronto para se unir a outra molécula de acetilCoA e recomeçar o ciclo. Os elétrons e íons H+ que foram liberados nas reações são apreendidos por moléculas de NAD, que se convertem em moléculas de NADH, e também pelo FAD, que se converte a FADH. © – A fosforilação oxidativa, que ocorre na membrana interna da mitocôndria, é formada pela junção de dois processos extremamente importantes: a cadeia transportadora de elétrons e a quimiosmose. A cadeia transportadora de elétrons, acontece em uma série de proteínas e moléculas orgânicas encontradas na membrana interna da mitocôndria. Os elétrons são passados de um componente da cadeia transportadora para outro em uma série de reações redox. A energia liberada nestas reações é capturada na forma de um gradiente de prótons, o qual é usado para produzir ATP em um processo chamado quimiosmose. As principais etapas desse processo incluem: Entrega de elétrons por NADH e FADH: os carreadores reduzidos (NADH e FADH) das outras etapas da respiração celular transferem seus elétrons para moléculas próximas ao início da cadeia de transporte. No processo, eles voltam a ser NAD+ e FAD, que podem ser reutilizados em outras etapas da respiração celular; Transferência de elétrons e bombeamento de prótons: conforme os elétronspassam pela cadeia, eles se movem de um nível de energia mais alta para um mais baixo, de forma a liberar energia. Parte dessa energia é usada para bombear íons H+, tirando-os da matriz celular e jogando-os no espaço intermembranar. Esse bombeamento estabelece um gradiente eletroquímico; Divisão do oxigênio, formando água: no final da cadeia de transporte de elétrons, os e- são transferidos para a molécula de oxigênio, que se divide ao meio e se junta ao H+, formando água; Síntese de ATP causada pelo gradiente: conforme os íons H+ fluem a favor do gradiente para a matriz, eles passam por uma enzima chamada ATP sintase, que aproveita o fluxo de prótons para sintetizar ATP. Em suma, as mitocôndrias são organelas que apresentam dupla membrana, e são crucias para a manutenção dos seres eucariontes, principalmente para a homeostase energética, uma vez que estão relacionadas com o processo de respiração celular e são encontradas em maior número em células que apresentam grande atividade metabólica. Foi usado como referência bibliográfica para este resumo o livro: ALBERTS, Bruce - Biologia Molecular da Célula, 6° edição. W. W. Norton & Company, 2017.
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