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Izabelle Santana Truma XXIV 1 Citoesqueleto Microtúbulos. A microscopia eletrônica mostrou que o citoplasma contém cilindros muito delgados e longos, denominados microtúbulos, com 24 nm de diâmetro. Cada microtúbulo é formado pela associação de dímeros proteicos dispostos em hélice. Os dímeros são constituídos por duas cadeias polipeptídicas de estruturas semelhantes, mas não iguais, chamadas tubulinas alfa e beta, que se juntam para formar os dímeros. Em corte transversal ao microtúbulo, sua parede mostra-se constituída por um anel com 13 dímeros. Os microtúbulos estão em constante reorganização, crescendo por uma de suas extremidades graças à polimerização local dos dímeros de tubulina, e diminuindo na outra extremidade, onde predomina a despolimerização. A extremidade que cresce é denominada extremidade mais (+) e a outra é a extremidade menos (-). Os processos de alongamento e encurtamento dos microtúbulos são devidos ao desequilíbrio entre polimerização e despolimerização. O citosol contém um pool de dímeros de tubulina não polimerizada, de modo que a formação de microtúbulos não depende da síntese proteica concomitante. A polimerização desses dímeros de tubulina para formar microtúbulos é regulada pela concentração de íons Ca2+ e pelas proteínas associadas aos microtúbulos (MAPS, microtubule associated proteins). A concentração de íons Ca2+ atua de modo mais rápido, nas polimerizações de curta duração, e as MAPS participam principalmente das polimerizações mais duráveis. Nas células, a estabilidade dos microtúbulos é muito variável. Existe na célula um intercâmbio constante entre os dímeros de tubulina livres no citoplasma e os dímeros polimerizados encontrados nos microtúbulos. Os microtúbulos participam da movimentação de cílios e flagelos, transporte intracelular de partículas, deslocamento dos cromossomos na mitose, estabelecimento e manutenção da forma das células. Izabelle Santana Truma XXIV 2 Centríolos. Centríolos consistem em 9 trincas de microtúbulos (27 microtúbulos) unidas por pontes proteicas. Em cada trinca, o microtúbulo A é completo e consiste em 13 subunidades, enquanto os microtúbulos B e C têm subunidades de tubulina em comum. Cada célula contém um par de centríolos, que se localiza próximo ao núcleo e ao aparelho de Golgi, em uma região denominada centrossomo ou centro celular. O centrossomo, que, em algumas células, não contém centríolo, é constituído por um material amorfo de onde se originam microtúbulos. Por isso, o centrossomo é um MTOC (microtubule organizing center). Filamentos de Actina. Esses filamentos são formados por duas cadeias em espiral de monômeros globosos da proteína actina G, que se polimerizam lembrando dois colares de pérolas enrolados, formando uma estrutura quaternária fibrosa (actina F). São filamentos finos, com 5 a 7 nm de diâmetro. Frequentemente, os filamentos de actina se agregam para formar feixes mais grossos. Muito abundante no músculo, a actina é encontrada também, embora em menor quantidade, no citoplasma de todas as células, onde constitui 5 a 30% das proteínas totais do citoplasma. Os filamentos de actina participam da formação de uma camada imediatamente por dentro da membrana plasmática, chamada córtex celular. O córtex celular é importante para reforçar a membrana plasmática, que é muito frágil, e participa dos movimentos da célula, como os movimentos ameboides e a fagocitose, por exemplo. O desenho mostra que o filamento de actina é uma estrutura dinâmica, recebendo subunidades por uma extremidade, denominada extremidade mais (+), e perdendo subunidades pela extremidade menos (-). Esse dinamismo permite que o filamento se adapte com grande rapidez às necessidades da célula. Somente por exceção, como na fibra muscular estriada, o filamento de actina é estável. Izabelle Santana Truma XXIV 3 Filamentos Intermediários. São chamados assim por seu diâmetro de 8 a 10 nm, intermediário entre o dos filamentos de miosina, que são mais grossos, e o dos filamentos de actina, mais finos. Os filamentos intermediários são mais estáveis do que os microtúbulos e os filamentos de actina, e não são constituídos por monômeros precursores que constantemente se agregam e se separam, em equilíbrio com um pool citoplasmático. Quando a célula é rompida experimentalmente, os microtúbulos e os filamentos de actina se solubilizam, mas 99% dos filamentos intermediários permanecem intactos. Uma vez formados, os filamentos intermediários permanecem por longo tempo no citoplasma. Esses filamentos não têm participação direta na contração celular, nem nos movimentos de organelas, sendo primordialmente elementos estruturais. Os filamentos intermediários são abundantes nas células que sofrem atrito, como as da epiderme, onde se prendem a especializações da membrana plasmática, denominadas desmossomos, que unem as células umas às outras. Ao contrário dos microtúbulos e dos filamentos de actina, que, em todas as células, são constituídos pelas proteínas globulares tubulina e actina, respectivamente, os filamentos intermediários são formados por diversas proteínas fibrosas (moléculas muito alongadas): queratina, vimentina, proteína ácida fibrilar da glia, desmina, lamina e proteínas dos neurofilamentos. Essas proteínas se agregam espontaneamente, sem necessidade de energia, para montar os respectivos filamentos intermediários. Existem três variedades da proteína lamina, denominadas A, B e C, que participam da constituição da lâmina nuclear, uma estrutura em forma de rede que reforça a superfície interna do envoltório nuclear. Assim, ao contrário das outras proteínas de filamentos intermediários, que são citoplasmáticas, a lamina é um componente do núcleo celular. Também são frequentes nos axônios, que são prolongamentos das células nervosas ou neurônios, e em todos os tipos de células musculares. Cinesinas e Dineinas Motores proteicos que têm a capacidade de se locomover usando microtúbulos como trilhos e também função sustentadora. São usadas no transporte intracelular (obs: miosina, dineínas e cinesinas são os três tipos existentes). Izabelle Santana Truma XXIV 4 Cílios e Flagelos. Os movimentos dos cílios e flagelos são promovidos por microtúbulos. Os cílios são estruturas com aspecto de pequenos pelos com 0,25 μm de diâmetro, constituídos por um feixe de microtúbulos dispostos paralelamente e envoltos por membrana. Os cílios são curtos, múltiplos e, nos epitélios, situam-se sempre na superfície apical das células. Os flagelos são geralmente únicos e longos e, no corpo humano, encontrados apenas nos espermatozoides. Cílios são curtos e podem ser relacionados à locomoção e a remoção de impurezas (células epiteliais respiratórias). Em alguns protozoários, por exemplo, o paramécio, os cílios são utilizados para a locomoção. Flagelos são longos e também se relacionam a locomoção de certas células, como o espermatozoide. Tanto os cílios como os flagelos são feixes de microtúbulos, de regra formados por 9 pares de microtúbulos dispostos em círculo ao redor de um par central. Os microtúbulos dos pares periféricos apresentam-se fundidos uns aos outros, enquanto, no par central, encontram-se separados. Descrevem-se pequenas pontes que unem entre si os pares de microtúbulos periféricos. Sabe-se que os pequenos braços são constituídos por um complexo de vários polipeptídios, com atividade ATPásica, chamado dineína. Nas células dos epitélios ciliados, as mitocôndrias dispõem-se principalmente no polo apical, em situação ideal para fornecerem aos cílios o ATP por elas produzido. Fenômeno análogo ocorre nos espermatozoides dos mamíferos, cujo flagelo é envolto por uma espiral de mitocôndrias na sua porção inicial. Os cíliose flagelos são estruturas complexas constituídas por numerosas proteínas diferentes, várias das quais são imprescindíveis para sua movimentação. Izabelle Santana Truma XXIV 5 Ciclo Celular CICLO CELULAR é sequência ordenada de eventos que levam à duplicação do DNA e divisão celular. O ciclo celular compreende os processos que ocorrem desde a formação de uma célula até sua própria divisão em duas células-filhas, todas iguais entre si. O ciclo pode ser dividido em duas grandes etapas: • aquela compreendida entre duas divisões sucessivas, em que a célula cresce e se prepara para nova divisão, denominada intérfase. • a etapa da divisão propriamente dita, pela qual se originam duas células-filhas. Esta etapa se caracteriza pela divisão do núcleo, chamada cariocinese ou mitose, seguida pela divisão do citoplasma, ou citocinese. Ainda que a mitose constitua morfologicamente a etapa mais espetacular do ciclo celular, é na intérfase que ocorre a duplicação dos componentes da célula-mãe, bem como, em especial, a duplicação do DNA, pré-requisito essencial para que a divisão ocorra. Interfase – síntese da maquinaria de divisão, duplicação do DNA e dos centríolos. Fase M – segregação dos cromossomos e divisão celular. Izabelle Santana Truma XXIV 6 As quatro fases sucessivas do ciclo de divisão de uma célula. No início da fase G1, em resposta a sinais externos, a célula "decide" se continua em ciclo ou se assume um estado quiescente chamado G0, cuja duração é extremamente variável. Desse estado, ela pode voltar ao ciclo mediante estímulo. Certas células, se estimuladas, podem voltar ao ciclo, entrando novamente na fase G1 e começando a sintetizar DNA 12 h depois. No final de G1, existe um importante ponto de controle do ciclo, chamado ponto de restrição (R), que impede a progressão do ciclo em condições desfavoráveis ou insatisfatórias. Quando o ponto R é ultrapassado, a célula passa pelas demais fases do ciclo celular até que duas células- filhas idênticas sejam formadas ao final da mitose (M). Tempo de Divisão: Interfase – entre 18 a 20 horas G 1 – 10 horas S – entre 5 ou 6 horas G2 – entre 3 ou 4 horas Mitose – entre 2 a 4 horas OBS: A fase G0 pode variar de acordo com o tipo de célula. Uma fase G0 curta ocorre em células que necessitam de uma rápida reprodução, como no intestino e em folículos pilosos. Já uma fase G0 longa pode ocorrer em neurônios e miócitos, que realizam uma divisão celular lenta. Interfase Período G1 – crescimento celular, intensa síntese de RNAs e proteínas; Período S – fase de síntese compreende o momento que se inicia a duplicação do DNA e dos centríolos; Período G2 – antecede a divisão celular da cromatina, ocorre a síntese adicional de proteínas e crescimento celular. Izabelle Santana Truma XXIV 7 Mitose É o processo pelo qual as células eucarióticas dividem seus cromossomos entre duas células filhas. Este processo dura, em geral, 50 - 80 minutos e é dividido em quatro fases: • Prófase; 1. Cromatina duplicada se condensa (fosforilação de histonas); 2. Inicia-se a fragmentação da carioteca; 3. Formação do fuso mitótico, alongamento e migração dos centrômeros para os polos. - Prometafase; 1. Desintegração total do envelope nuclear, através da fosforilação de proteínas da lâmina nuclear (lâminas A, B e C). 2. Ligação das fibras do fuso com os cinetócoros (centrômeros) dos cromossomos. Cinetócoro – É um complexo proteico do centrómero que medeia a ligação dos cromossomos aos microtúbulos, promovendo a captura e o transporte dos cromossomas. • Metáfase; 1. Cromossomos atingem a condensação máxima; 2. Alinhamento dos cromossomos na placa equatorial; 3. Ligação completa dos microtúbulos com o cinetócoro (centrômeros) das cromátides irmãs. (realização do cariótipo). Izabelle Santana Truma XXIV 8 Três tipos de microtúbulos que estabilizam os cromossomos: **Microtúbulos astrais = microtúbulos livres. • Anáfase; 1. Clivagem na conexão entre as cromátides irmãs (enzimas proteolíticas separase) formando dois cromossomos filhos; 2. Encurtamento das fibras do fuso (microtúbulos) para a migração dos cromossomos filhos para os polos. - Anáfase A - Despolimerização dos microtúbulos cinetocóricos encurtamento do polo (+). - Estabilização dos microtúbulos polares. Izabelle Santana Truma XXIV 9 - Anáfase B - Polimerização dos microtúbulos polares por adição de tubulina; - Alongamento e deslizamento dos microtúbulos polares empurrando os dois polos da célula; - Microtúbulos livres = Sustentam a migração. • Telófase (citocinese). 1. Reorganização da carioteca, desfosforilação de proteínas da lâmina nuclear (lâminas A, B e C). 2. Despolimerização dos microtúbulos; 3. Cromossomos nos polos da célula; 4. Descondensamento dos cromossomos e presença do nucléolo; 5. Divisão do citoplasma (citocinese). Formação do Sulco de Clivagem na região equatorial: Placa de interação de proteínas (microfilamentos, filamentos intermediários e dos microtúbulos polares, entre outras). Anel Contrátil – força para a divisão citoplasmática: Filamentos de actina interligados com proteínas. Izabelle Santana Truma XXIV 10 Degradação/formação da carioteca na prometafase/telófase: - Fosforilação das laminas por quinases – dissociação (prometafase). - Desfosforilação – reassociação das laminas (telófase). Separação das cromátides-irmãs na ANÁFASE: Izabelle Santana Truma XXIV 11 Pontos de Checagem do ciclo celular. O ponto de checagem é um estágio no ciclo celular eucarionte em que a célula examina sinais internos e externos e "decide" se irá continuar ou não a divisão celular. Ciclinas e Proteínas Quinases Dependentes de Ciclinas (CDKs) – Determinam a progressão do ciclo celular. Ciclinas - Reguladores do ciclo celular, ativadores das CDKs. - Níveis variam de acordo com a etapa do ciclo. Quinases dependentes de ciclinas (CDKs). - Fosforilam as proteínas que fazem a progressão do ciclo. - Expressão relativamente constante. OBS: S-CDK: CDKs na fase S do ciclo celular; M-CDK: CDKs na fase M (metáfase-anáfase) do ciclo celular. Proteínas inibidoras (família “p”, p21/p53) – Interrompem o ciclo. - Molécula fundamental entre a vida e a morte celular. - Preserva a célula quando o DNA pode ser reparado e propulsiona apoptose quando irreparável. Existem vários de pontos de checagem, mas os três mais importantes são: O ponto de checagem G1, na transição G1/S. O ponto de checagem G2, na transição G2/M. O ponto de checagem do fuso, na transição da metáfase para anáfase. Izabelle Santana Truma XXIV 12 Checkpoint G1: O ambiente é favorável? Sim = cascata de fosforilação – transcrição de ciclinas – ciclina + CDK – fosforilam a pRb ativa – pRb é inativa – libera-se E2F ativa – síntese de enzimas do ciclo celular. Não = sem cascata de fosforilação. Há danos no DNA? Ação da p53 associada ao DNA; Sim = ocorre a fosforilação da p53 – transcrição de p21 – inativação do complexo ciclina/CDK – o ciclo de divisão celular não se inicia. Não = ocorre a ubiquitinação da p53. Izabelle Santana Truma XXIV 13 Checkpoint G2: O DNA foi replicado corretamente? Não = M-CDK inativada. Sim = M-CDK irá fosforilar histonas (condensação), proteínas motoras e laminas (desorganização do envoltório nuclear). Checkpoint M: Os cromossomos estão ligados e alinhados na placa equatorial? Não = ativação da proteína MAD (mitotic arrest deficient) que irá inibir o CDC-20. Sim = CDC-20 ativo – ativação do APC – ubiquitinação da securina e do M-CDK. Securina ubiquitinizada – libera a enzima separase que irádegradar as coesinas, separando as cromátides irmãs. M-CDK ubiquitinizado – reorganização do envoltório nuclear (desfosforilação) para o final da divisão celular.
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