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Texto Espaço Agrário

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Quando se utiliza a expressão estrutura fundiária, está sendo abordada a forma como a terra 
está distribuída. Nesse sentido, sobre o Brasil, é possível se observar uma 
enorme concentração na distribuição das terras, o que é denominado concentração 
fundiária. Isso acarreta impactos negativos, como 
a dificuldade na produção de gêneros agrícolas para alimentar a população brasileira e 
o fenômeno do êxodo rural, forçando a população a migrar para as cidades, causando 
o inchaço urbano. Segundo dados do IBGE, aproximadamente 1% dos estabelecimentos rurais 
detêm aproximadamente 47,5% das terras usadas para a produção agropecuária no país. Isso 
mostra que o país apresenta a maior concentração fundiária do mundo. 
Essa concentração da estrutura fundiária possui raízes históricas. Um primeiro fator que ajuda 
a explicar isso foi o sistema de Capitanias Hereditárias. Escolhido como um recurso 
administrativo por Portugal para gerenciar uma região de proporções continentais, as 
Capitanias eram administradas pelos donatários, pessoas próximas e de confiança da Coroa 
portuguesa. Os donatários poderiam escolher outras pessoas para ajudar nesse processo de 
ocupação. Essas pessoas, beneficiários, recebiam porções de terra em forma de doação. Para 
regular esse sistema de doação, foram criadas as Sesmarias. Assim, o acesso à terra dependia 
da sua proximidade com a Coroa portuguesa. 
Um segundo fator que ajuda a explicar a elevada concentração de terras no país foi a Lei de 
Terras de 1850. Essa lei transformou a terra em propriedade. A partir de então, ela precisava 
ser registrada e só podia ser comprada ou vendida. Assim, a população brasileira composta por 
escravizados e imigrantes europeus não conseguiria ter acesso a essas terras. Ela se manteria 
na mão dos grandes proprietários e afortunados desse país. No Brasil do século XIX, aqueles 
que tinham capacidade para isso já eram proprietários de terras, o que foi aumentando a 
concentração. 
Se toda essa terra fosse produtiva, isso não seria o pior problema. Acontece que essa 
concentração também significa uma baixa produtividade das maiores propriedades. Muitas 
terras estão desocupadas e improdutivas. O Brasil é um dos grandes produtores de soja, milho, 
café e cana-de-açúcar do mundo, e só utiliza 18% das suas terras para lavouras. Tais números 
revelam a existência de um grande potencial para aumentar a produção agrícola no país, 
porém, a concentração de terras inviabiliza isso. 
O contexto da Guerra Fria e a disputa ideológica entre dois grandes sistemas puseram em 
marcha algumas mudanças no Brasil. Todavia, elas não foram significativas para diminuir a 
desigualdade no campo. Pelo contrário, intensificaram essa desigualdade. 
As leis trabalhistas do campo foram um primeiro conjunto de mudanças que, ao invés de 
facilitar e incentivar a contratação do trabalhador rural, dificultou o processo, induzindo o 
campo brasileiro a um processo de modernização conservadora. Esse processo foi 
caracterizado pela mecanização do campo sem alterar sua estrutura fundiária, o 
que intensificou a concentração de terras, pois diminuiu a competitividade do pequeno e 
médio produtor, forçando-o a migrar para a cidade em busca de emprego, fluxo populacional 
denominado êxodo rural. 
Nesse contexto, o módulo rural e sua definição foram importantes para o futuro processo de 
reforma agrária. O módulo rural consiste em uma unidade de medida que reflete, com 
base nas características daquele espaço (infraestrutura, tipo de solo, disponibilidade de 
recursos), as possibilidades de aproveitamento econômico do imóvel. De acordo com as 
características geográficas de uma terra, uma propriedade de mesmo tamanho não obterá a 
mesma capacidade produtiva ou lucratividade. Assim, terras que atingem mais de 600 
módulos rurais já são classificadas como latifúndio, pois, tecnicamente e economicamente, é 
incapaz de se produzir em toda essa propriedade. 
Com todas essas desigualdades, começa a ser observar o surgimento de movimentos sociais 
no campo pela luta contra essa desigualdade. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem 
Terra (MST) é um desses primeiros movimentos que se consolidaram a nível nacional. 
Originado em 1985 na Região Sul, ganhou força durante a redemocratização do país. O 
movimento foi responsável por pressionar mecanismos para a reforma agrária 
na Constituição de 1988. Por reforma agrária entenda-se um mecanismo cujo objetivo é 
reformar a estrutura fundiária brasileira extremamente concentrada. 
Um desses mecanismos é a função social da terra, que significa que ela não deve ficar parada e 
deve atender aos interesses produtivos da população brasileira. Aquelas terras que não 
cumprem com a função social poderiam ser destinadas para a reforma agrária. O Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) seria responsável por fazer todo o estudo 
necessário para a desapropriação da terra improdutiva, seguida do pagamento de indenização 
para seus proprietários e posterior realocação através do assentamento de famílias. Essas 
famílias assentadas deveriam garantir a produção agrícola na propriedade e essa não poderia 
ser vendida. 
Item 2: 
Os resultados dos investimentos em melhorias para alavancar a produção do campo em um 
contexto de Revolução Verde, podem ser vistos sob duas óticas distintas, pois geraram 
aumento da produtividade e possibilidade de safras cada vez maiores, e praticamente 
acabaram com qualquer medo de que o aumento populacional pudesse criar uma situação 
de escassez de alimentos, ideia disseminada por alguns, principalmente no século XVIII, 
através das proposições da teoria Malthusiana. Por outro lado, entretanto, a modernização no 
campo causou impacto sobre a estrutura agrária. Pequenos produtores que não conseguiram 
se adaptar às novas técnicas de produção não atingiram produtividade suficiente para 
competir com grandes empresas agrícolas e se endividaram com empréstimos bancários 
solicitados para o investimento na mecanização das atividades, tendo como única forma de 
pagamento a venda da propriedade para outros produtores. Outras consequências podem ser 
destacadas, tais como: 
 As plantations monocultoras utilizam grandes extensões de terra e acabam se 
expandindo para áreas de florestas nativas por pressão dos ruralistas. Isso reduz a 
biodiversidade e apresenta enormes riscos, já que uma praga ou a queda do preço do 
produto no mercado podem pôr a perder toda a cadeia produtiva regional. Além disso, 
há a possibilidade da falta de alimentos, que pode ocorrer devido a plantação de 
apenas um tipo de vegetal. 
 Aumento dos latifúndios, devido à falta de competitividade dos pequenos 
agricultores, fazendo com que os mesmos tenham que vender as suas terras. 
 Mecanização do campo e o aumento de tecnologia, que diminuíram drasticamente a 
utilização do trabalho humano, causando desemprego e o êxodo rural, obrigando o 
trabalhador a buscar emprego nas fábricas e serviços nos centros urbanos, 
aumentando a população nas periferias das grandes cidades, colocando essas pessoas 
em condições precárias e de praticamente exclusão social. 
É preciso destacar que, ao mesmo tempo que a revolução agrícola gerou o aumento da 
produtividade, todas essas novidades implantadas na produção agrícola trouxeram à tona 
diversas consequências, tais como os conflitos no campo. 
Grande parte dos conflitos no campo brasileiro decorrem da má distribuição de terras, em que 
poucos detém grandes extensões de terras enquanto muitos detém pouca terra. Os grandes 
monopólios agrícolas permitiram o crescimento da economia brasileira, sempre puxando a 
balança comercial para cima, principalmente através das plantações de soja, no entanto, são 
reflexo das grandes desigualdades expressas no campo, principalmente pela existência 
de grandes porções de terras nas mãos de poucos, com índices que apontam 2,3% dos 
proprietários concentrando 47,2%de toda área disponível à agricultura no País. 
Outro aspecto a se destacar é que boa parte das terras são inutilizadas, 175,9 milhões, de um 
total de 400 milhões de hectares, são improdutivos no Brasil. Em relação a outras 
propriedades, percebe-se que nos últimos anos os minifúndios caíram de 8,2% para 7,8% da 
área total de imóveis; as pequenas propriedades, de 15,6% para 14,7%; e as médias, de 20% 
para 17,9%. As grandes propriedades foram de 56,1% para 59,6% da área total. 
Essas disparidades geram revolta nos trabalhadores pela diminuição da oferta de trabalho, 
possibilitando a formação de grupos articulados como o Movimento dos Trabalhadores Rurais 
Sem Terra (MST) que reivindica a reforma agrária através da ocupação de latifúndios como 
forma de pressionar o governo a distribuir melhor as terras. O que ocorre em muitos casos é 
que as ocupações empreendidas pelo MST nem sempre são solucionadas pacificamente pelo 
Estado brasileiro, desencadeando assim conflitos no campo. 
Como visto, ao mesmo tempo que a revolução agrária possibilitou um aumento na produção 
agrícola e impactou significativamente na economia, se tornando um pilar econômico de 
muitos países, percebemos que o uso de novas tecnologias acarretou em consequências 
sociais graves, acentuando as disparidades e conflitos no campo. 
A área do Bico do papagaio, por exemplo, é uma região de intenso conflito até hoje. No dia 
17/04/96, dia da luta brasileira pela reforma agrária, 19 pessoas foram assassinadas pela PM 
por ocupar terra de fazendeiro na região. Esse conflito ficou conhecido como conflito de El 
Dorado dos Carajás. A região do Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e parte do recôncavo 
mineiro são até hoje as áreas mais violentas por conta de conflitos por terra. 
A agricultura é uma atividade econômica pautada no sistema de cultivo e de produção de 
vegetais, voltada para o consumo humano. 
Essa atividade é muito antiga marcada no momento que o homem, de vida nômade, decide 
fixar-se num local e cultivar a terra. 
A atividade agrícola engloba dois sistemas básicos de plantio: 
 Agricultura Extensiva: baixa produtividade, pequenas extensões de terra 
(minifúndios), utilização de técnica simples ou mais rudimentares. 
 Agricultura Intensiva: alta produtividade, grandes extensões de terra (latifúndios), 
utilização de técnicas modernas e mecanização. 
 
1. Agricultura de Subsistência 
Também chamada de “agricultura tradicional”, a agricultura de subsistência é marcada por 
uma economia agrícola fechada, de autoconsumo. 
O cultivo é baseado na policultura e realizado a partir de técnicas rudimentares em pequenas 
propriedades e sem auxílio de máquinas ou de processo de adubagem. 
Dessa maneira, os pequenos produtores ficam encarregados de cuidar, cultivar e colher os 
alimentos. 
Saiba mais sobre a agricultura familiar. 
2. Agricultura Orgânica (Biológica) 
Surgida no século XX, a agricultura orgânica, chamada de “cultivo verde”, visa, principalmente, 
o equilíbrio ambiental e o desenvolvimento social dos produtores. 
Está intimamente relacionada ao desenvolvimento sustentável. Dessa forma, os alimentos 
orgânicos são cultivados por meio de um controle biológico de pragas. 
Técnicas de baixo impacto ambiental são utilizadas nesse sistema, como a rotação de culturas, 
uso de adubo verde (biológico) e compostagem de matéria orgânica. 
https://www.todamateria.com.br/agricultura-de-subsistencia/
https://www.todamateria.com.br/agricultura-familiar/
https://www.todamateria.com.br/agricultura-organica/
Chamada de "agricultura moderna" ou de mercado, nesse tipo de atividade pratica-se a 
monocultura (cultivo de um tipo de alimento). 
Está voltada essencialmente, para a comercialização dos produtos cultivados, sendo produzida 
em larga escala, executada em grandes propriedades com a utilização de substâncias, como 
adubos, fertilizantes químicos, agrotóxicos e inseticidas. 
Além de utilizar técnicas modernas de cultivo, manipulação genética de sementes e máquinas, 
utilizam mão-de-obra especializada, como engenheiros, agrônomos e técnicos agrícolas. 
Designa o processo agrícola integrado ao meio ambiente que envolve a produção de plantas 
semi-permanentes e permanentes, considerando, sobretudo, os aspectos energéticos e 
paisagísticos. 
Corresponde a união das atividades agrícola e pecuária, ou seja, o cultivo do campo e a criação 
de animais, ambos destinados ao consumo. 
Para saber mais sobre a pecuária, acesse o link: Pecuária 
Desde a colonização a agricultura foi a principal atividade econômica para a produção de 
alimentos no país. 
Até os dias atuais, o Brasil lidera no ranking, sendo um dos maiores produtores de alimentos 
do mundo. 
Os produtos mais produzidos no Brasil são: cana de açúcar, soja, café, laranja, cacau, milho, 
arroz, trigo e algodão. 
Decerto que a atividade agrícola gera alguns problemas ambientais desde as queimadas para a 
preparação do terreno, o que acarreta na diminuição de espécies vegetais e animais, 
desequilibrando o ecossistema. 
Além disso, problemas como a contaminação do solo, destruição da biodiversidade, das 
florestas e erosão do solo, são alguns dos impactos ambientais causados por esse tipo de 
atividade. 
 A palavra "agricultura" vem do latim, composta pelos termos “agru” que significa 
“terra cultivada ou cultivável” e “colere" (cultura), que corresponde a "cultivo". 
 Agronomia é a ciência que estuda as técnicas de cultivo das plantas e o solo. 
https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/
https://www.todamateria.com.br/pecuaria/
 O "Dia Mundial da Agricultura" é comemorado 20 de março.

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