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A adaptção curricular deve ser a base para o aluno com deficiência

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A adaptção curricular deve ser a base para o aluno com deficiência, apresentar o conteúdo de maneira mais clara, simplificando fazendo parte da aula acreditando no aluno e incluindo em sala de aula.
A avaliação inclusiva deve estar atrelada à atenção diversificada, mediante a adaptação do currículo às diferenças características e necessidades educativas de cada educando.
Ou seja, devemos ter atenção às especificidades de cada aluno. Se a prova do aluno é sobre matemática, devemos nos concentrar em avaliar sua capacidade matemática. Porém, a leitura e interpretação dos enunciados das questões deve ser motivo de avaliação? O que você acha?
Entende que para um aluno, com necessidades específicas, ler e interpretar um enunciado pode ser um desafio muito maior do que para a maioria? No fim das contas, a interpretação pode não ser o objetivo final da avaliação, a não ser, é claro, que seja uma avaliação de interpretação de textos.
O ponto que quero chegar é, se queremos ter uma avaliação inclusiva, devemos apresentar ao aluno a menor porção possível de conteúdo e que tenha o máximo de significado para ele. Ou seja, todo o resto deve ser eliminado, tudo o que causa obstáculo para as necessidades específicas do meu aluno.
Avaliando um aluno com deficiência visual
Se o meu aluno for cego, eu diminuo a quantidade de informação que deve ser processada para se obter uma resposta em partes. Talvez uma pergunta grande tenha que ser dividida em 3 perguntas menores. Junto a isso, devo oferecer ao aluno a possibilidade de um ledor estar ao seu lado, lendo sempre o enunciado da questão quando necessário. Ai você me pergunta… mas o aluno não deveria saber braille e ler sozinho? Eu te pergunto: a prova é de leitura em braille? Se for um teste de braille, tudo bem, caso contrário, pode ser até de língua portuguesa que a presença de um ledor seria indicada.
Avaliando um aluno com deficiência intelectual
Se o aluno possuir algum déficit cognitivo, incluir seria diminuir o nível de abstração. Isso significa utilizar ilustrações ao invés de texto simplesmente. Ou ainda utilizar objetos concretos. Se queremos que o aluno identifique qual das formas geométricas é um quadrado, ao invés de apenas desenhar na folha, podemos oferecer os objetos concretos que foram utilizados durante as aulas, onde o aluno associou o objeto do quadrado com a palavra “quadrado”. Assim, diminuímos o obstáculo da interpretação e da abstração e focamos apenas no conteúdo que queremos avaliar.
Avaliando um aluno surdo
Com alunos surdos que se comunicam através de LIBRAS, fica muito evidente que, caso não seja uma prova de língua portuguesa, é mais do que direito do aluno ter um intérprete de LIBRAS para auxiliá-lo em todas as questões. A mesma dica de diminuir o tamanho das perguntas grandes serve aqui. Sempre quando temos uma mudança de meio de comunicação, diminuir uma mensagem grande em mensagens menores é inteligente. Isso serve para LIBRAS, Braille e Comunicação Alternativa.
Concorda comigo? Sei que o assunto é polêmico e receberei críticas. Mas como dizem algumas das pessoas mais brilhantes que conheço: se o seu trabalho não receber críticas, você está fazendo algo errado.
Ah, agora vem a questão da ajuda.
Devemos oferecer ajuda durante a avaliação inclusiva?
Podemos instigar ao aluno com deficiência responder correto as atividades e avaliações?
Para responder a essa pergunta eu vou falar um pouco do método ABA. Você conhece?
O Método ABA é uma espécie de treinamento de condutas, uma terapia comportamental, que pode ser feito em casa ou por terapeutas e funciona com a determinação de um DESAFIO e seu cumprimento através de AJUDA total, leve ou sem ajuda, seguido de um REFORÇO.
O importante aqui é “AJUDA total, leve ou sem ajuda”.
Esses são níveis de ajuda e eu acredito que, da mesma forma que fazemos com o ABA, podemos fazer na sua avaliação inclusiva.
Você pode sim entregar a prova sem ajuda, ou ainda tentar uma ajuda leve em algum momento, ou ainda ajuda total. É claro que, toda ajuda que for dada deverá ser documentada junto com a avaliação, para que essa avaliação possa ser repetida se necessário, com menos ajuda posteriormente, após uma ação de complementação pedagógica do conteúdo que deve ser aprendido.
No começo de qualquer aprendizagem, o conteúdo não está bem compreendido; em consequência, precisa ser frequentemente revisto para não ser esquecido. Uma aprendizagem nova deve ser revista várias vezes nos primeiros dias. Se isso não foi feito antes da avaliação, fica difícil para qualquer aluno, principalmente para o que apresenta dificuldades.
Antes de aplicar sua avaliação inclusiva…
A avaliação é um processo complexo capaz de mexer com a autoestima das pessoas, influenciando e alterando a percepção de sua autoimagem, o que repercute decisivamente no decurso da aprendizagem e aumenta a responsabilidade e a necessidade de um trabalho afetivo, ampliando as chances de êxito na esfera educativa.
Quando falamos em trabalho afetivo, estamos falando em criar vínculos, estabelecer a empatia, gerar confiança. Isso pode e deve ser aprendido.
Um lembrete do nosso querido Manzini:
Há fatores biológicos e fatores ambientais que podem interferir na estratégia pedagógica. Por exemplo, o cansaço do aluno ou do professor, a não aceitação do aluno em realizar atividade, o nível de complexidade da atividade (podendo ser de fácil realização, causando desmotivação ou pelo contrário, de difícil realização, causando frustração), sono, reações adversas de um provável remédio que o aluno faz uso, além de lugares com muita interferência sonora. – MANZINI, 2010.
E você? Quantas vezes repete um conteúdo antes de aplicar uma avaliação? Você dá vários conteúdos diferentes e junta todos eles em uma única avaliação? Ou você aplica uma avaliação para cada conteúdo, depois de repetir e exercitar várias vezes? A educação inclusiva nos coloca em desafio diário não é mesmo? Mas isso é bom. Eu acredito que, no fim das contas, nosso trabalho vale muito a pena, porque estamos ajudando a transformar vidas de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Espero que esse conteúdo curto tenha ajudado você em alguma coisa.
Repensar nossa prática pedagógica é assumir que, de fato, não sabemos tudo. Como dizia Paulo Freire: ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.
Um grande abraço e até a próxima!

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