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Auditoria e Investigação de Fraudes Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Rodrigo de Souza Marin Revisão Textual: Prof.ª Esp. Luciene Santos Lavagem de Dinheiro • Introdução; • Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo; • Conceito de Lavagem de Dinheiro; • Etapas da Lavagem de Dinheiro (CALLEGARI, 2017); • Fraudes em Recebíveis e Pagamentos em Dinheiro; • Principais Fraudes em Estoques; • Principais Fraudes no Ativo Permanente; • Minimização de riscos e Redução de Fraudes. · Nesta unidade, serão discutidos temas relacionados à lavagem de dinheiro e prevenção de fraudes. OBJETIVO DE APRENDIZADO Lavagem de Dinheiro Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Lavagem de Dinheiro Introdução Não temos como falar de lavagem e prevenção de fraude sem realizar uma breve introdução sobre compliace, pois muitas das atividades preventivas estão sob a guarda da área de compliance. O compliance (tradução livre, conformidade) tem sido amplamente difundido no mercado financeiro e vem se estendendo para outras ramificações corporativas, principalmente sob aquelas que possuem grande influência em regulamentação e fiscalização. O mercado tem valorizado cada dia mais as empresas que implantam ferramentas de compliance. Compliance, além de cumprimento de leis, normas e regulamentações, também é um meio de proteção institucional, zelando pelo que a empresa tem de mais valioso: a reputação e credibilidade. Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo Não temos como falar de lavagem e prevenção de fraude sem realizar uma breve introdução sobre compliace, pois muitas das atividades preventivas estão sob a guarda da área de compliance. A ideia quando as empresas têm o compliance como foco em sua estratégia macro, ela segue regras, normas e políticas, sempre alinhadas com o objetivo estratégico da empresa. Funciona também como uma ferramenta institucional para identificação e mensuração dos riscos de negócio, sendo o resultado de um bom ambiente de controle interno a mitigação e minimização dos riscos de negócio. O compliance surge, historicamente, após a quebra da bolsa de Nova Iorque (1929), onde a credibilidade foi abalada e todos os indicadores momentâneos ou- trora críveis, não mais denotam qualquer confiabilidade. A SEC (Securities and Exchange Commission) foi criada em 1934, com a finalidade de ser uma agência reguladora para os mercados de capitais. Já na década de 1960, a SEC identificou a necessidade do gerenciamento de riscos inerentes ao mercado de capitais, para promover o cumprimento da lei (CALLEGARI, 2017). Com o escândalo de Watergate em 1974, em que vícios políticos e morais foram expostos a toda sociedade, denegrindo todo um padrão que outrora deno- tava transparência e credibilidade. Já em 1985, o COSO foi criado com a ideia 8 9 básica de ser um norteador para os princípios de compliance. Em 2002, para fechar este ciclo, houve a promulgação da Lei Sarbanes-Oxley (SARBOX), que criminalizava toda diretoria estatutária pelas informações contidas nas demons- trações contábeis publicadas. O compliance caminha de mãos dadas com a governança corporativa e com a gestão de riscos, e é muito difícil considerar um sem o outro, pois estão ligados tanto em conceitos como na prática. Compliance, além de cumprimento de leis, normas e regulamentações, também é um meio de proteção institucional, zelando pelo que a empresa tem de mais valioso: reputação e credibilidade. Conceito de Lavagem de Dinheiro Lavagem de dinheiro é o processo pelo qual se introduzem no sistema econômico recursos de atividades ilegais e criminosas, por meio de artifícios que escondem e dissimulam sua origem (RIZZO, 2013). Faz sentido que todo o dinheiro ganho de modo ilícito deverá a priori ser reintegrado à sociedade, sendo gasto, investido ou guardado. Sendo ele ilícito, “sujo”, o infrator tenta criar mecanismo para tentar dar licitude a novas operações, mas, muitas vezes, um círculo vicioso se perpetua, o crime financia a prática de novos crimes. (BADARÓ, 2016) As organizações criminosas não respeitam fronteiras, expandindo suas atividades ilícitas por qualquer mercado que melhor prestem a seus ideais. Escolhem países com sistemas de controle e fiscalização frágeis, maior flexibilidade das leis e menor adoção de políticas globais de cooperação internacionais. O processo de lavagem de dinheiro tem se tornado cada vez mais complexo e sofisticado. A tecnologia tem sido um dos principais pilares para transferências eletrônicas de fundos, que diariamente cerca de 17 milhões de transferências eletrônicas são realizadas no mundo. O Fundo Monetário Mundial (FMI) estima que, entre 2% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, considerando o PIB mundial de 2012, teríamos entre US$ 1,6 a US$ 3,9 trilhões (RIZZO, 2013). A seguir, observando-se as informações da Tabela 1, resultado deste trabalho, há a demonstração do Brasil entre os 20 maiores originários de dinheiro “sujo”, com US$ 16,7 bilhões, já os EUA com quase metade de todo dinheiro “sujo” gerado anualmente (CALLEGARI, 2017). 9 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Tabela 1 - Originadores de dinehiro “sujo“ 20 maiores originadores de dinheiro “sujo“ Rank Origem Valor (U$ MM/ano) % do total Rank Origem Valor (U$ MM/ano) % do total 1 Estados Unidos 1.320.228 43,3% 11 Espanha 56.287 2,0% 2 Itália 150.054 5,3% 12 Tailândia 32.834 1,2% 3 Rússia 147.187 5,2% 13 Coreia do Sul 21.240 0,7% 4 China 131.360 4,6% 14 México 21.119 0,7% 5 Alemanha 128.266 4,5% 15 Austria 20.231 0,7% 6 França 124.748 4,4% 16 Polônia 19.714 0,7% 7 Romênia 115.585 4,1% 17 Filipinas 18.867 0,7% 8 Canadá 82.374 2,9% 18 Holanda 18.362 0,6% 9 Reino Unido 68.740 2,4% 19 Japão 16.975 0,6% 10 Hong Kong 62.856 2,2% 20 Brasil 16.786 0,7% Total 2.573.813 Total Todos os países 2.850.470 100.00% Fonte: adaptado de John Walker, 1998 Outra fonte direcionadora sobre a indústria da lavagem de dinheiro é o relatório do INCSR (Internacional Narcotics Control Strategy Report). Esse relatório define se um país tem grande lavagem de dinheiro relativa ao tráfico de drogas. O relatório cria 3 categorizações distintas sobre o tráfico de drogas.· Países Muito Preocupantes: São os mais vulneráveis à lavagem de di- nheiro por apresentar grande volume de operações de câmbio e envolver receitas do tráfico. · Países Preocupantes: São também vulneráveis à lavagem de dinheiro, porém, em escala inferior. · Países Monitorados: São aqueles que não representam uma preocupação imediata, no entanto, é importante monitorá-los. Etapas da Lavagem de Dinheiro (Callegari, 2017) Etapa 1 – Colocação dos recursos ilícitos no sistema econômico Etapa 2 – Ocultação da origem por meio de difícil rastreamento Etapa 3 – Integração final ao sistema econômico 10 11 Fraudes em Recebíveis e Pagamentos em Dinheiro Movimentação em Dinheiro Em algumas empresas, quase tudo é pago em dinheiro, em outras, a circulação se dá por meio de bancos e títulos de crédito. Portanto, a circulação do numerário nas empresas é bastante variável. O controle deve ser intensificado quando existem as seguintes situações: · Maior movimentação em dinheiro (maior risco de fraude); · Crescimento da empresa (controles desajustados). As Maquinações no Caixa Caixa: Título ou rubrica dado a uma conta, que compõe o plano de contas, sendo a sua função registrar a movimentação de entrada e saída dos numerários.Ex pl or O “movimento de caixa” é responsável por uma parte significativa das fraudes nas empresas. Desde as formas mais simples até as mais sofisticadas, o desfalque feito no caixa tem sido relevante quanto à incidência de fraudes. Os falsos saldos da conta da caixa comumente se referem a um saldo que acusa dinheiro que não existe, mas conta como existindo. Cuidados no Caixa Para que não haja extravio de dinheiro, alguns cuidados com o caixa se fazem necessários: · Utilização de códigos de barra para controle eletrônico; · Depósito integral de todo o dinheiro recebido; · Pagamentos feitos exclusivamente por cheques nominativos e “cruzados”. Cria-se também um Fundo de Caixa com um valor fixo e “menor” para atender a pagamentos que tornam inviáveis a emissão de cheques. 11 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Os critérios supracitados evitam, em grande parte, o desvio de dinheiro. MOVIMENTO EM DINHEIRO TODOS DEPOSITADOS PEQUENOS PAGAMENTOS SÓ POR CHEQUES NORMATIVOS CRUZADOS FUNDO PAGAMENTO RECEBIMENTO COM CONTROLE ELETROMAGNÉTICO Figura 1 Outra precaução necessária é a de que a autorização e a realização dos paga- mentos – já que são duas situações distintas – sejam feitas por pessoas distintas também. Jamais quem autoriza o pagamento deve ser quem realiza o mesmo. Situações recorrentes em fraude, e como evitá-las Retiradas de dinheiro e vales no fundo fixo de caixa Para que o desvio de dinheiro seja evitado, são necessárias algumas precauções. O ideal é que não existam “vales” no caixa, porém, caso essa seja uma realidade, estes não devem ultrapassar um período de cinco dias. Não havendo o acerto ao final dos cinco dias, deve-se gerar registro contábil de débito em conta de quem recebeu o dinheiro. Os adiantamentos para despesas devem ser debitados na conta dos consignatários do dinheiro e a prestação de contas do saldo do fundo de caixa também deve ocorrer em prazos curtos (RIZZO, 2013). Cheques falsos A possibilidade de fraudes aumenta quando os controles internos não são rigorosos. Casos em que há abuso do poder de decidir, abuso de confiança, boa-fé e negligência demonstram a falha de controle. A empresa precisa se precaver para que não haja consignação de títulos, bens, ou valores sem que exista prova concreta de entrega. Vendas a dinheiro transformadas em faturas A empresa deve ter por norma a entrega para a cobrança bancária de todos os títulos emitidos. Quando uma empresa vende a dinheiro e também a prazo, é preciso estabelecer normas rigorosas de controle. Quanto mais normas em relação a valores existirem, tanto mais forte e correto é o controle, dificultando a fraude. 12 13 Caixa dois e suprimentos de caixa O caixa dois relativo ao dinheiro que se subtrai ao movimento tanto pode re- sultar de redução nas vendas quanto de aumento nas despesas, através de recibos de favor ou de falsa emissão. É comum a fraude através de recibos de serviços não prestados nem pagos, de despesas aumentadas, de duplos lançamentos de gastos, de “notas frias”, entre outros. Notas frias: Notas fi scais sem o fornecimento de mercadorias, nem pagamentos pelo valor das mesmas.Ex pl or Empregados fantasmas O controle das folhas de pagamento de pessoal deve se basear na comprovação do recebimento e na existência física do beneficiário. Compras de emergência Uma sugestão para a situação em questão é que haja um rodízio em funções exe- cutivas de confiança, especialmente nas que trabalham diretamente com o dinheiro. Uso de segunda via e simulação de pagamento Em matéria de documentação, como prevenção contra fraudes, é normal a comprovação do pagamento sempre com a primeira via do documento. O uso de segunda via pode sugerir desvio de dinheiro. Guias fiscais duplicadas O mesmo documento que aparenta plena seriedade pode ser objeto de manipu- lação. É necessário que não haja: acúmulo de funções por parte dos funcionários, falta de controle do percentual das despesas em cada mês e emissão de cheque para pagamento sem ser nominativo, cruzado e diretamente ao beneficiário. Receita não operacional desviada Este tipo de receita pode ser objeto de desvio. É preciso atenção redobrada nas seguintes situações: · Atrasos em prestação de contas podem ser indícios de irregularidades. · A oportunidade da fraude pode ser ocasionada devido a uma falha da su- pervisão na atualização de registros. · Receitas extraordinárias demandam controles especiais. · Serviços em atraso frequentemente são indícios de desorganização, inefi - cácia ou de má-fé 13 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Reforço de caixa O suprimento do caixa, visando dar “entrada” do que se retirou, com o intuito de ajuda ou empréstimo do sócio à sociedade empresária, é considerado sonegação quando não há comprovação de que o sócio dispunha oficialmente do dinheiro. Desvios em comissões sobre vendas Quando há confiança em excesso e acumulação de funções em áreas que, por natureza, não se podem mesclar, as fraudes ocorrem com facilidade. As “comis- sões fantasmas” decorrem do “aumento de crédito” e de “remessas falsas” para encerrar os mesmos. A ausência de controle interno sobre o volume das comissões também concorre para que haja fraude. Principais Fraudes em Estoques Depois do caixa, os estoques constituem o segundo setor de maior frequência de fraudes. Estoques de mercadorias ou produtos são frequentemente subtraídos, quer para uso pessoal, quer para venda. Quanto maior for o valor do produto, maior é a atração para o desvio (BADARÓ, 2016). Notas Fiscais de Operações Não Verídicas Os gastos na compra de matéria-prima e insumos para a produção de bens destinados à venda são considerados custos de produção e os mesmos diminuem o lucro tributável. Sendo assim, algumas empresas “compram” notas fiscais, sem, contudo, com- prarem as mercadorias, produtos ou serviços. A denominação “nota fria” se con- sagrou para traduzir “compra falsa, mas com nota”. Tal fraude tem sido comum, especialmente em empresas que precisam justificar saldos de caixa. As “notas frias” podem apresentar uma variação: “nota calçada”. Nota Calçada: consiste em descrever na nota do comprador um valor que diverge do valor descrito na via do fornecedor.Ex pl or Só o confronto das escritas do emitente com a do beneficiário pode acusar tal fraude. 14 15 Redução em Valor de Estoques Esta é uma fraude comum e muito antiga, em que o estoque é subavaliado, ou subtraído em quantidades, acarretando a redução do lucro e, por conseguinte, da tributação. Principais objetivos da redução do lucro: 1. Pagar menos impostos; 2. Distribuir menos lucros aos associados da empresa; 3. Criar garantias ilusórias a credores. Aumento em Valor de Estoques Esta é uma fraude geralmente cometidacontra credores e acionistas. Usada tanto para encobrir perdas ou prejuízos, quanto para apresentar melhor liquidez. É necessária atenção redobrada para as seguintes situações: · A permanência de um bem por muito tempo nos estoques (indício de imprestabilidade); · Estoques que não se movimentam (possível anomalia); · Fraudes realizadas em almoxarifados (manter em saldo de estoque algo que não existe fi sicamente). Estoque Desviado Nas empresas que prezam pela organização, faz-se um Regulamento de In- ventário com normas a serem seguidas que objetivam uma menor ocorrência de subtração de estoque. Um veículo recomendado, que auxilia nesse controle, é o confronto entre os mínimos de estoque e as requisições de compra. Para efeitos de controle interno, não merece fé integral o inventário que seja levantado apenas pelo pessoal de tal setor. O ideal seria um acompanhamento feito por um elemento de um setor de controle administrativo. É importante ressaltar que: caso o auditor não acompanhe o inventário, o mes- mo deve ressalvar tal fato em seus pareceres. Manobra em Inventário Aguarda de mercadorias, produtos, peças, acessórios, ingredientes etc. Precisa de extremos cuidados, especialmente quando se tratam de coisas de alto valor e fácil transporte. O poder transferido aos prepostos da empresa deve ser sempre objeto de controle. 15 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Falsidade em Faturamento O faturamento fraudulento é gerado pela falsidade no valor de venda. Ocorre por: · Subfaturamento: valor menor que o real. É geralmente utilizado pelo contribuinte tributário de emissão de emissào de notas fiscais e faturas em valor inferior ao efetivamente cobrado pela venda de bem ou serviço, com o objetivo de burlar o fisco, obtendo vantagem financeira pelo recolhimento de tributos a menor. · Superfaturamento: valor maior que o real. Fatura-se a mais para que o comprador possa desviar dinheiro do caixa, fazendo “caixa dois”, que alimenta a corrupção, a sonegação e permite o enriquecimento ilícito. Ambas as práticas são consideradas delito. Fraudes Tangendo a Qualidade de Estoques Com relação à contagem de estoques, tanto a quantidade dos produtos quanto sua qualidade devem ser objeto de atenção. Para que uma administração seja considerada eficaz, fazem-se necessárias análises contábeis e, dentre os objetivos das mesmas, deve estar o da rotatividade dos estoques. Preços de Transferência e Omissões em Custos de Estoques Estoques subfaturados causam lucros menores nas apurações de resultados. Por conseguinte, ocorre a sonegação de dividendos a acionistas, ou de impostos à Fazenda. A criação de reservas ocultas se dá devido a dois fatores principais: · A subavaliação de elementos do ativo; · A superavaliação de elementos do passivo. Algumas empresas realizam transferências de mercadorias às vésperas das apurações, o que pode representar manobras para redução do lucro. Tal fato é observado pela Lei 9.430. Uso da Probabilidade para Fraudar Quando da contagem de estoques, o que se deve buscar é a realidade e não a probabilidade de existência. A amostragem caracteriza-se como um grande risco na verificação de existências. Seu processo, como qualquer outro em base de hipótese, sem constatação da total realidade, é um terreno fértil para a fraude. 16 17 Refugos e Variações de Produção Alguns produtos são considerados rejeites (refugos), retalhos, resíduos ou sobras inúteis. A fraude ocorre quando se consideram produtos bons como se fossem defeituosos, fazendo com que produtos perfeitos sejam vendidos como refugo, ge- rando lucro ao funcionário, ou funcionários, que efetuam essa venda, já que existe um pagamento “por fora” dos trâmites regulares da empresa. Principais Fraudes no Ativo Permanente As fraudes no Ativo Permanente existem, porém, são menos frequentes. Dentro deste setor, as áreas em que a fraude acontecerá com maior incidência serão des- critas abaixo (SÁ, 2017): Investimentos Fictícios É possível integralizar capital com quaisquer valores, inclusive títulos de crédito e, como a pessoa jurídica não se confunde com a física, tais recursos são extrema- mente justos e podem gerar falsidades. Muitas vezes, falsários simulam situações utilizando-se dos próprios recursos da lei. Desvio de Custos A auditoria deve ater-se à comparação de compras de materiais com o projeto de construção. Esta comparação deve demonstrar coerência quanto à qualidade e quantidade das aplicações de materiais e mão de obra. Redução de Valor e Venda Pode ser gerada uma falsidade no setor da empresa responsável por depre- ciações. É indispensável a verificação com relação à compatibilidade do custo da depreciação e do tempo de utilização. Reavaliações Fraudulentas É necessária a reavaliação do Ativo Permanente da empresa, mesmo de bens já totalmente depreciados, já que os valores históricos, ou de origem dos elementos patrimoniais, sofrem desajuste com o tempo. Essas atualizações, bem como os ajustes necessários, podem ser um ato de fraude. Sendo assim, devem ser realiza- dos com boa intenção e de forma regular e saudável para a empresa. 17 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Imobilizado Obsoleto É uma fraude baseada na formação de patrimônios com elementos do ativo imobilizado já sem vitalidade, ou com curta possibilidade de utilização operacional. Aplicações de Ativo Fixo como Gastos Constitui-se em fraude comum contra a ordem tributária a apropriação como “des- pesa” do que, na realidade, é “imobilizado”. Isto acontece porque algumas empresas não terceirizam a produção de máquinas de uso ou, até mesmo, de prédios. Sendo assim, é possível um aumento fictício de gastos e uma redução de impostos a pagar. Trocas Ruinosas Trocas feitas em bases desvantajosas para a empresa. Esse tipo de situação cha- ma a atenção do auditor que, investigando a fundo, percebe a troca de produtos ou materiais de forma indevida. Bem Usado Quando não controladas devidamente, as vendas de bens usados pode servir de meio para lesar o patrimônio da empresa. Faz-se necessária uma descrição desses bens e o correto controle de suas vendas. Minimização de Riscos e Redução de Fraudes Controles internos de qualidade garantem dificuldades e a baixa probabilidade de fraudes em uma empresa. Por conseguinte, a falta, ou fraqueza dos controles facilita a ocorrência de fraude. É imprescindível que a auditoria interna: · Tenha grande autonomia dentro da empresa a fim de desempenhar seu trabalho com qualidade; · Seja dirigida por um contador; · Subordine-se apenas à maior autoridade da empresa ou instituição. A estrutura ideal de auditoria interna, depende do tamanho da empresa, segue um exemplo clássico de um departamento em uma empresa. 18 19 CHEFIA GERAL ASSESSORIA TÉCNICA PLANEJAMENTO E ANÁLISE AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS E RELATÓRIOS EXECUÇÃO E LEVANTAMENTOS Figura 2 Em uma divisão desta natureza, os auditores internos distribuem-se da seguinte forma: MOVIMENTO EM DINHEIRO TODOS DEPOSITADOS PEQUENOS PAGAMENTOS SÓ POR CHEQUES NORMATIVOS CRUZADOS FUNDO PAGAMENTO RECEBIMENTO COM CONTROLE ELETROMAGNÉTICO Figura 3 Seguem outros exemplos de como o departamento de auditoria interna pode ser estruturado: DEPARTAMENTO DE AUDITORIA - A PRIORI SEÇÃO DE AUDITORIA DE CAIXA SEÇÃO DE AUDITORIA DE BANCOS SEÇÃO DE AUDITORIA DE PESSOAL SEÇÃO DE AUDITORIA DE OBRIGAÇÕES Figura 4 19 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Exemplo de um plano de trabalho: 1. Somar as notas fiscais de vendas a prazo do período e observar se o total é igual ao do faturamento. 2. Cotejar os livros de Duplicatas a Receber e Razão, de modo a observar se os totais lançados, no período, na conta de clientes coincidem. 3. Realizar exames completos de 1/3 do faturamento, observando se o débi- to foi lançado devidamente na conta do cliente. 4. Examinar se o setor de cobranças tem todos os controles das duplicatas a receber, objeto de verificações do item 3. 5. Realizar exames completos de ½ do faturamento,no sentido de observar se os preços faturados coincidem com o pedido do cliente e se este está de acordo com a tabela de preços. 6. Realizar testes aritméticos de ¼ das notas fiscais, a fim de observar a exa- tidão do valor debitado da cliente. 7. Destacar todas as duplicatas descontadas e realizar o teste de 1/3 das mesmas em relação aos relatórios enviados aos bancos. A auditoria interna deve apresentar um plano de trabalho adaptado às realida- des da empresa ou instituição. Também se fazem necessárias características rela- cionadas ao profissional que desempenha a função de auditor interno, como, por exemplo: bom senso, autoconfiança, sigilo e discrição, capacidade prática, sentido objetivo, meticulosidade e correção, respeito humano e finura de trato, perspicácia, pertinácia, obstinação e perseverança. Além disso, o auditor interno é responsável por elaborar pareceres que devem conter tomadas de decisões rápidas e fáceis. Esses pareceres constituem sumários dos relatórios do auditor, que, por sua vez, devem apresentar os seguintes tópicos: · Identificação técnica do trabalho; · O que foi examinado; · Faltas encontradas (com precisão); · Sugestões sobre providências a serem tomadas; · Destaques especiais para fatos relevantes; · Descrição precisa de fatos colaterais. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos O que é lavagem de dinheiro? https://youtu.be/32RjZCzNXss Prof. Lucas Silva – Lavagem de Dinheiro https://youtu.be/2leh2mvQhUk Leitura As novas leis de lavagem de dinheiro e seus aspectos processuais https://goo.gl/3ia2pE 8 tipos de ações que caracterizam a fraude financeira https://goo.gl/8iN8fW 21 UNIDADE Lavagem de Dinheiro Referências BADARÓ, Gustavo Henrique. Lavagem de dinheiro. Aspectos penais e processuais penais: comentários à lei 9.613/1998, com as alterações da Lei 12.683/2012. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. CALLEGARI, André Luis. Lavagem de dinheiro. 2. ed. Ver. Atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017. RIZZO, Maria Balbina Martins de. Prevenção à lavagem de dinheiro nas insti- tuições do mercado financeiro. São Paulo: Trevisan, 2013. SÁ, Antônio Lopes de. Corrupção, fraude e contabilidade. 6. ed. Curitiba: Juruá, 2017. 22
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