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JESUS, Carolina Maria de. Quarto e de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática,
1993.
Franklin da silva gama1
1. Citações Representativas
“Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos
para ela. Mas os custos dos gêneros alimentícios nos impedem a realização dos
nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo da vida. Eu achei um par de
sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar. ” (p.9)
“Tenho apenas dois anos de grupo escolar, mas procurei formar meu caráter. A única coisa
que não existe na favela é solidariedade. ” (p.13)
Os meus filhos não são sustentados com pão da igreja. Eu enfrento qualquer espécie
de trabalho para mantê-los. E elas, tem que mendigar e ainda apanhar. Parece
tambor. A noite em quanto elas pedem socorro eu tranquilamente no meu barracão
ouço valsas vienenses. Enquanto os esposos quebram as tabuas do barracão eu e
meus filhos dormimos sossegados. Não invejo as mulheres casadas das favelas que
levam vida de escravas indianas. (p.14)
“(...) eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que
posso esperar do futuro? Um leito em campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero
matar o Jânio quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto
pelos políticos.” (p.29)
“Tinha arroz, feijão e repolho e lingüiça. Quando eu faço quatro pratos penso que sou alguém.
Quando vejo meus filhos comendo arroz e feijão, o alimento que não está ao alcance do
favelado, fico sorrindo atoa. Como se eu estivesse assistindo um espetáculo deslumbrante.”
(p.44)
“Que gargalhada sonora! Que espetáculo apreciadíssimo para o favelado que aprecia
profundamente tudo que é pornográfico! As crianças sorriem e batem palmas como se
estivessem aplaudindo. ” (p.64)
Os meninos ganharam uns pães duro, mas estava recheado com pernas de barata.
Joguei fora e tomamos café. Puis o único feijão para cozinhar peguei a sacola e saí.
Levei os meninos. Fui na Dona Guilhermina, na Rua Carlos de Campos. E pedi para
ela um pouco de arroz. Ela deu-me arroz e macarrão. E eu fiquei conversando com
seu esposo. Ele deu-me umas garrafas para eu vender. E eu catei uns ferros. (p.90)
“Eu estou contente com os meus filhos alfabetizados. Compreendem tudo. O José Carlos
disse-me que vai ser um homem distinto e que eu vou trata-lo de seu José. ” (p.123)
2. Texto crítico
A obra “O Quarto de Despejo” irá abordar a vida da autora, Carolina Maria de Jesus,
que é uma mulher negra, solteira e mãe de três filhos, vivendo em uma sociedade com muitas
dificuldades financeiras, machista e conflituosa. Dessa forma, Carolina trava uma batalha na
busca do pão de cada dia, pensando primeiramente, em seus filhos (José Carlos, Vera Eunice e
João José), vivendo na favela de Canindé, em São Paulo, tem uma vida com muito sofrimento
e vive como catadora de lixo trabalhando todos os dias deixando seus filhos na escola ou
então no seu barraco, ela revolta-se, muitas vezes, com o abandono da favela por parte dos
políticos que só aparece nos tempos das eleições, além de se recusar a ser submissa a qualquer
homem, prendendo-se a leitura e na escrita do seu diário. Contudo, o livro esta repleto de
grandes tramas que será possível vermos ao longo do texto.
O livro inicia-se com dia do aniversário de Vera Eunice, onde a mãe pensa em comprar
um par de sapatos para presenteá-la, no entanto não tem dinheiro. A autora diz “Aniversário
de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas os custos
dos gêneros alimentícios nos impedem a realização dos nossos desejos. Atualmente somos
escravos do custo da vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela
calçar.” (p.9) já nesse inicio nota-se o quão é difícil a vida dessa mulher da favela buscando
arduamente levar comida para casa além de procurar satisfazer as vontades dos filhos quando
não consegue, tenta improvisar o objeto desejado por um velho e tenta remendá-lo como fez
com os sapatos da filha.
Carolina ainda critica o egoísmo presente na favela e valoriza o pouco estudo que teve.
Ela escreve: “tenho apenas dois anos de grupo escolar, mas procurei formar meu caráter. A
única coisa que não existe na favela é solidariedade” (p.13). Nota-se que apesar de pouca
escolaridade ela destaca sua importância percebe-se também, os erros ortográficos que a
escritora comete fruto do pouco tempo de estudos.
A vida da autora-personagem está sujeitada a humilhações e vários trabalhos para
poder sustentar os filhos, porém, ela se recusa a se submeter a um homem, vivendo sua vida
independente e com suas crianças, tem uma rotina diferentemente dos seus vizinhos que esses,
por sua vez, está repleto de conflitos conjugais e, com isso, sente-se em paz.
Os meus filhos não são sustentados com pão da igreja. Eu enfrento qualquer espécie
de trabalho para mantê-los. E elas, tem que mendigar e ainda apanhar. Parece
tambor. A noite em quanto elas pedem socorro eu tranquilamente no meu barracão
ouço valsas vienenses. Enquanto os esposos quebram as tabuas do barracão eu e
meus filhos dormimos sossegados. Não invejo as mulheres casadas das favelas que
levam vida de escravas indianas. (p.14)
Com o descaso na favela tornando-se um quarto de despejo da cidade elitista, a
escritora/personagem faz fortes criticas aos políticos que só aparecem na favela em épocas das
eleições, depois de eleitos somem e não fazem mais nada para a melhorar a vida miserável
dos habitantes do subúrbio. Assim, faz reflexões “... eu não ia comer porque o pão era pouco.
Será que só é eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em campos do
Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Jânio quero enforcar o Adhemar e queimar
o Juscelino. As dificuldades corta o afeto pelos políticos.” (p.29)
É uma jornada de sobrevivência, que envolve restos de comidas encontrados no lixo e
sopa de ossos recebido dos açougueiros. Há ainda raros momentos de felicidades de comer
carne junto com arroz e outros alimentos em apenas uma refeição. “Tinha arroz, feijão e
repolho e lingüiça. Quando eu faço quatro pratos penso que sou alguém. Quando vejo meus
filhos comendo arroz e feijão, o alimento que não está ao alcance do favelado, fico sorrindo
atoa. Como se eu estivesse assistindo um espetáculo deslumbrante” (p.44). A falta de dinheiro
é muito recorrente, muitas vezes, sem ter o bastante para comprar carne tendo que improvisar
na substituição com aveia, por exemplo.
Por mais que, more na comunidade, Carolina, não tem nenhum orgulho disso, pelo
contrário escreve muitas críticas a respeito da favela e possui um grande desejo de mudar para
um lugar mais decente. Não fala mal apenas do ambiente nefasto em que vive, mas também
de seus vizinhos e de toda a população presente no subúrbio. Ela diz: “Que gargalhada
sonora! Que espetáculo apreciadíssimo para o favelado que aprecia profundamente tudo que é
pornográfico! As crianças sorriem e batem palmas como se estivessem aplaudindo. ” (p.64).
Diante disso, percebe-se um certo enobrecimento por parte de Carolina em relação ao povo da
favela, julgando as atitudes e comportamentos das outras pessoas como errôneo.
Os filhos recebiam, algumas vezes, resto de alimentos e Carolina diversas vezes pedia
arroz, feijão, gordura e outros mantimentos que faltavam em sua casa algo que acontecia
rotineiramente, já que ganhava dinheiro catando lixo para vender, nem sempre encontrando o
bastante para ter uma refeição digna ou até mesmo para passar a fome. Assim, vivendo dia a
dia sem guardar dinheiro, pelo contrário muitas vezes nem era o suficiente tendo que recorrer
a alguns vizinhos.
Os meninos ganharam uns pães duro, mas estava recheado com pernas de barata.
Joguei fora e tomamos café. Puis o único feijão para cozinhar peguei a sacola e saí.
Levei os meninos. Fui na Dona Guilhermina, na Rua Carlos de Campos. E pedi para
ela um pouco de arroz. Ela deu-me arroz e macarrão. E eu fiquei conversando com
seu esposo. Eledeu-me umas garrafas para eu vender. E eu catei uns ferros. (p.90)
Apesar de pouco estudo, a autora/personagem gosta muito de ler, lendo de livros a
jornais algo que não é muito comum na favela em que vive. Sendo várias vezes, pedida para
ler matérias de jornais para as pessoas da comunidade analfabetas. Algo não muito comum
para a época, uma mulher pobre, negra, solteira e mãe saber ler e escrever além de valorizar a
educação como grande papel formador e influenciando os filhos a irem à escola. “Eu estou
contente com os meus filhos alfabetizados. Compreendem tudo. O José Carlos disse-me que
vai ser um homem distinto e que eu vou trata-lo de seu José. ” (p.123)
Carolina em vários momentos fica com grande desânimo, pois trabalha como poucos,
no entanto, não consegue ter uma vida digna que, possa comprar sapatos para os filhos, ter
uma casa decente, refeições com carnes e não apenas com ossos, além de uma vida fora
daquela imundice que era a favela do Canindé. Ela inveja a vida da classe elitista, onde
tinham roupas caras e, mais que isso, vivem fora da favela. A autora, não tem um apego da
sua comunidade.
A vida vivida pela autora, retratado no diário é muito dura, sem dinheiro, sem casa de
tijolos, sem água encanada e com muitos conflitos diários. Resta a Carolina batalhar pelos
filhos, pois o que a não faz suicidar-se pelas mazelas sofridas são eles. João José, José Carlos
e Vera Eunice são os motivos pela batalha no cotidiano, eles são influenciados a estudar e ter
uma boa educação enquanto a mãe luta nas ruas na procura de conseguir dinheiro para levar
algo para comer. Antes de dormir, Carolina ler e escreve algo que se tornou hábito como
também acordar as cinco horas para pegar água com balde.
Nessa leitura, foi possível perceber as mazelas sofridas pelo povo das comunidades
carentes que só eram lembrados por parte dos políticos em anos das eleições, a partir daí os
moradores das favelas eram completamente esquecidos. A autora relata suas atividades do
cotidiano e suas dificuldades naquele momento, em uma sociedade predominantemente
patriarcal, Carolina recebe diversos comentários dizendo que ela precisa de um marido,
porém, sempre é rejeitado pois ela observava os casamentos ao seu redor, onde muitas
mulheres apanhava ou então eram completamente submissa ao homem, algo que a própria,
repudiava. Ela foi contra tudo, já que era negra, pobre e mãe solteira, algo que era muito
criticado por parte da sociedade da época e no final conquistou seus objetivos que era publicar
seu livro e sair da favela.

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