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Tema 3 - Introdução à Imunologia

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DESCRIÇÃO
Introdução à Imunologia: histórico, principais células, tecidos e órgãos que compõem o sistema
imunológico e o reconhecimento dos antígenos.
PROPÓSITO
Estudar o histórico da Imunologia, a composição e a resposta imune é importante para
entender o funcionamento fisiológico do sistema imunológico e compreender como ele age no
combate às doenças.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir as funções do sistema imunológico e as principais características das respostas
imunológicas
MÓDULO 2
Identificar os órgãos linfoides e as características das células que compõem o sistema
imunológico
MÓDULO 3
Reconhecer o processamento dos antígenos e de que forma são apresentados e identificados
INTRODUÇÃO
 
Fonte: Shutterstock.com
Vamos iniciar nosso estudo sobre o sistema imunológico, explorando, desde o histórico dessa
incrível ciência, até a sua composição e funcionamento. Além disso, iremos abordar os
principais conceitos, as células que compõem esse sistema, assim como os órgãos que são
responsáveis por proteger o nosso organismo contra possíveis invasores.
Antes de começar a explorar essa ciência, precisamos entender que as células que compõem
o sistema imunológico são formadas a partir de células precursoras.
Você sabe o que são células precursoras?
As células precursoras são “células-mãe”, ou seja, que sofrem o processo de
diferenciação originando células especializadas, como por exemplo, células da pele, dos
ossos, do sangue, dos músculos, entre outros. Além disso, é importante lembrar que os
órgãos são estruturas que desempenham funções específicas no organismo, como a boca, os
pulmões, intestinos, vasos sanguíneos, medula óssea e muitos outros.
Para o bom funcionamento do sistema imunológico, a participação dos órgãos é
fundamental.
E o que é imunologia?
É um ramo da ciência que estuda a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças e
alergias. Um sistema imunológico eficaz é essencial para que estejamos vivos.
A seguir, vamos juntos conhecer esse mundo extraordinário que é a Imunologia.
MÓDULO 1
 Definir as funções do sistema imunológico e as principais características das
respostas imunológicas
HISTÓRICO DA IMUNOLOGIA COMO
CIÊNCIA
A palavra imunidade é derivada do latim immunis ou immunitas cujo significado é “isento de
carga”. Na Antiguidade, ela era empregada na política para designar a proteção oferecida aos
senadores romanos durante seus mandatos contra possíveis processos legais. Até hoje, a
palavra tem esse uso.
Na área da saúde, imunidade é a proteção contra doenças, principalmente doenças
infecciosas. Indivíduos que não sucumbem a uma doença quando infectados são chamados de
imunes, e a resistência específica a uma determinada doença é chamada de imunidade. A
Imunologia é um ramo da Biologia que tem como responsabilidade o estudo das reações de
defesa de um organismo que irão conferir resistência a uma determinada doença.
 
Fonte: Shutterstock.com
 
Fonte: Wellcomeimages / Wikimedia Commons / CC-BY-4.0
 Edward Jenner.
A Imunologia é uma ciência relativamente nova. Sua origem foi datada no final do século XVIII,
quando Edward Jenner (naturalista e médico britânico) observou que a varíola bovina, que
normalmente se manifestava de forma branda, parecia conferir proteção contra a varíola
humana, que era geralmente fatal. Isso porque ele notou que as pessoas que ordenhavam
vacas e tinham contraído a forma bovina da doença, não contraiam a varíola humana.
Em 1796, Edward Jenner coletou o pus de pústulas provenientes da mão da ordenhadora
Sarah Nelmes, que havia contraído a varíola bovina, e inoculou em um menino de oito anos
saudável chamado James Phillips.
Após a inoculação, James adquiriu a forma branda da doença e logo ficou curado. Alguns
meses depois, Jenner inoculou o líquido extraído de uma pústula de varíola humana no mesmo
menino e este não contraiu a doença. Dessa forma, Jenner conseguiu demonstrar que a
inoculação da varíola bovina poderia conferir proteção contra a varíola humana.
 
Fonte: Gastón Melingue / Wikimedia Commons / domínio público
 Edward Jenner aplicando a primeira vacina em James Phillips.
Edward Jenner chamou esse procedimento de vacinação, termo que é utilizado até hoje, para
descrever a inoculação de amostras atenuadas ou enfraquecidas de agentes patológicos
em indivíduos saudáveis, com a finalidade de conferir proteção contra essas doenças.
Quando Jenner introduziu o processo de vacinação, ele não conhecia os agentes infecciosos
que causam as doenças.
 
Fonte: Autor desconhecido / Wikimedia Commons / domínio público
 Robert Koch (1843 -1910).
No final do século XIX, o alemão Robert Koch provou que microrganismos patogênicos
eram os causadores de doenças infecciosas, sendo cada microrganismo responsável por
determinada patologia ou enfermidade. Atualmente, os microrganismos patogênicos
podem ser classificados em quatro grandes classes: os vírus, as bactérias, os fungos
patogênicos e protozoários. A partir das descobertas de Koch e de outros pesquisadores foi
possível o desenvolvimento da imunologia, por meio da vacinação para outras doenças.
Em meados de 1880, Louis Pasteur desenvolveu uma vacina contra a cólera aviária e uma
vacina antirrábica, ambas bem-sucedidas. Apesar de Pasteur ter tido sucesso no
desenvolvimento das vacinas, ele tinha pouco conhecimento sobre os mecanismos que
estavam envolvidos no processo de imunização. Propôs que organismos presentes na vacina
eram capazes de remover nutrientes essenciais do corpo e, dessa forma, os agentes
causadores das doenças não conseguiriam crescer e proliferar. Esses vários acontecimentos
práticos resultaram na busca pelo entendimento dos mecanismos de proteção imunológica.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Louis Pasteur (1822 – 1895).
 
Fonte: Wellcomeimages / CC – BY – 4.0
 Emil von Behring e Shibasaburo Kitaso.
Além desses marcos relacionados à vacinação, também é importante destacar que, no início
da década de 1890, Emil von Behring e Shibasaburo Kitaso demonstraram que a proteção
exercida pela vacinação não era oriunda da remoção de nutrientes, mas estava relacionada a
fatores de proteção presentes no soro de indivíduos vacinados. Os dois cientistas
descobriram que o soro de animais imunes ao tétano e à difteria possuía uma “atividade
antitóxica” específica que poderia promover proteção a curto prazo contra os efeitos das
toxinas dessas doenças. Esta atividade antitóxica era desempenhada por substâncias que
foram então chamadas de anticorpos, que são capazes de se ligar especificamente às toxinas
e as neutralizar. Em 1901, Emil von Behring recebeu o primeiro prêmio Nobel de Medicina
por seu trabalho sobre os anticorpos.
 
Fonte: Shuttestock.com
Processo de absorção de microrganismos pelos fagócitos.
Em 1882, a primeira grande controvérsia surgiu, quando Elie Metchnikoff demonstrou que
algumas células eram capazes de “comer” microrganismos. Isso foi primeiramente
demonstrado em animais invertebrados, e, mais tarde, nos mamíferos. Metchnikoff sugeriu que
estas células faziam parte do principal mecanismo de defesa contra microrganismos — a elas
foi dado o nome de fagócitos – e que os anticorpos tinham pouca relevância no sistema
imunológico.
 
Fonte: Shuttestock.com
No entanto, em 1904, Almroth Wright e Joseph Denys mostraram que os anticorpos eram
capazes de se ligar às bactérias e induzir a destruição delas pelos fagócitos, mostrando a
importância dos anticorpos na defesa do organismo.
Descobertas sobre diferentes células, antígenos, estruturas moleculares, sistemas, entre outras
tantas, foram fundamentais para que chegássemos ao conhecimento que temos atualmente.
Também abriram possibilidades para a evolução da ciência.
FUNÇÃO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO
Para entendermos melhor cada um dos elementos que compõem o sistema imunológico, é
preciso compreendê-lo com uma visão mais ampla. Vamos juntos?
HOMEOSTASIA
Processo de regulação pelo qual um organismo mantém constante o seu equilíbrio.O sistema imunológico pode ser definido como um conjunto de moléculas, células e tecidos
que medeiam a resposta imunológica, a fim de reconhecer determinadas estruturas
moleculares ou antígenos e promover uma resposta efetiva, provocando a sua destruição ou
inativação. Ou seja, o sistema imunológico é responsável por reconhecer e desenvolver
uma resposta contra antígenos potencialmente patogênicos. Ele possui importante papel
na manutenção da homeostasia, juntamente com os sistemas nervoso e endócrino, e é muito
importante para a sobrevivência dos animais.
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Fonte: Shutterstock.com
 Exemplos de agentes patogênicos.
Existe uma enorme variedade de componentes e mecanismos atuando no sistema
imunológico. Alguns desses elementos são responsáveis por defender o organismo contra um
único invasor, enquanto outros são direcionados contra uma ampla quantidade de agentes
infecciosos. O sistema imune compreende as principais vias com as quais o ser humano
responde e se adapta aos desafios exógenos (Provocados por agentes externos) e
endógenos (Provocados por agentes internos) . Além disso, têm papel fundamental na defesa
contra infecções e circunstâncias que comprometam a integridade do organismo.
A principal função biológica executadas pelo sistema imunológico, é a capacidade de
reconhecer e eliminar:
Moléculas alteradas e células lesadas ou mortas do próprio organismo.
Os agentes infecciosos, tais como vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos.
As células tumorais.
Células, tecidos ou órgãos de origem genética diferente (como no caso de transplantas e
enxertos).
Alguns dos elementos do sistema imunológico têm a capacidade de reconhecer de forma
específica determinados antígenos ou fragmentos celulares. A natureza dos antígenos é
extremamente variável e sua origem pode ser tanto externa quanto interna. Com isso, são
produzidas interações com outros sistemas, como os sistemas nervoso e endócrino, de forma
mais ou menos intensa, podendo acarretar alterações morfológicas e funcionais no organismo.
Várias funções executadas pelo sistema imunológico são consideradas redundantes, uma vez
que diversos mecanismos são ativados contra um único invasor.
 SAIBA MAIS
Uma característica considerada fundamental para o sistema imunológico é a sua capacidade
de aprendizagem e memória. Ele é capaz de extrair informações dos agentes infecciosos e
disponibilizá-las para utilização no futuro em novas infecções ocasionadas pelos mesmos
agentes ou por agentes similares.
Mas por que é importante estudar Imunologia?
 
Fonte: Shutterstock.com
Para conhecer melhor as características antigênicas dos patógenos.
 
Fonte: Shutterstock.com
Para desenvolver métodos imunológicos (diagnósticos sorológicos) mais eficazes na
identificação de microrganismos.
 
Fonte: Shutterstock.com
Para conhecer os fatores de virulência dos agentes infecciosos.
 
Fonte: Shutterstock.com
Para o desenvolvimento de vacinas.
 
Fonte: Shutterstock.com
Para entender como as respostas imunológicas atuam e, com isso, desenvolver métodos
eficazes de detecção e quantificação dessas respostas.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Anticorpos atacando um vírus, um dos exemplos de respostas imunológicas.
PROPRIEDADES GERAIS DAS RESPOSTAS
IMUNOLÓGICAS
Como já vimos, a resposta imunológica é a reação desencadeada pelo sistema imunológico
diante de um agente agressor com o intuito de proteger o organismo contra os danos que esse
agente possa promover. Há situações em que a resposta imunológica pode ser considerada
normal ou anormal.
Quando o sistema imunológico promove uma resposta considerada normal, podemos
classificá-la em algumas etapas, de forma simplificada:
O sistema imunológico reconhece um antígeno estranho potencialmente nocivo.

Ativa e mobiliza os componentes do sistema de defesa contra o antígeno.

Promove o ataque propriamente dito.

Controla e finaliza o ataque, ou seja, finaliza a resposta imunológica.
Infelizmente, a resposta imunológica pode ocasionar efeitos negativos, como: insucesso de
transplantes, respostas imunológicas anormais promovendo doenças com alto grau de
morbidade e mortalidade, reações inflamatórias exacerbadas e dano orgânico.
Vamos, agora, conhecer alguns casos em que a resposta imunológica se encontra anormal:
O ORGANISMO PRODUZ UMA RESPOSTA
IMUNOLÓGICA CONTRA O PRÓPRIO CORPO DO
INDIVÍDUO, DESENVOLVENDO UMA DOENÇA
AUTOIMUNE
No caso de disfunção da resposta, o sistema imunológico confunde o próprio corpo como algo
estranho, promovendo ataque aos tecidos do próprio organismo e causando as famosas
doenças autoimunes: artrite reumatoide, tireoidite de Hashimoto, lúpus eritematoso
sistêmico, esclerose múltipla, diabetes tipo 1, entre outras. Ainda não se sabe exatamente
o que leva o sistema imunológico a desencadear respostas contra as próprias células do
indivíduo.
O ORGANISMO NÃO É CAPAZ DE GERAR RESPOSTAS
IMUNOLÓGICAS EFICIENTES CONTRA
MICRORGANISMOS QUE O INVADEM
Isto acontece em doenças decorrentes de imunodeficiência. Indivíduos com respostas
imunológicas defeituosas se tornam suscetíveis a uma série de infecções, que frequentemente
os colocam em risco de vida. O crescimento da síndrome da imunodeficiência adquirida
(AIDS), a partir dos anos 1980, mostrou de maneira trágica a importância de um sistema
imunológico eficiente para a saúde das pessoas. É importante destacar que a relevância da
Imunologia vai além das infecções.
O CORPO PROVOCA UMA RESPOSTA EXCESSIVA A
ANTÍGENOS QUE PREJUDICA TECIDOS NORMAIS
Pode ocorrer em situações como no caso de uma reação alérgica.
EXISTEM CASOS EM QUE O SISTEMA IMUNOLÓGICO
DO INDIVÍDUO ESTÁ FUNCIONAL, PORÉM NÃO
CONSEGUE COMBATER DE FORMA EFICAZ ALGUMAS
ANORMALIDADES
Acontece em algumas doenças infecciosas ou no câncer. Nestes casos, a resposta
imunológica específica leva tempo para se desenvolver, e muitas vezes o agente agressor, tal
como microrganismos ou mesmo células neoplásicas, desenvolve mecanismos de evasão para
fugir da resposta.
Em suma, as respostas imunológicas em indivíduos saudáveis são capazes de prevenir e
controlar diversas infecções, além de otimizarem as respostas contra diferentes tipos de
microrganismos.
 VOCÊ SABIA
O sistema imunológico também é capaz de avisar sobre a presença de uma infecção,
acionando os mecanismos que irão atuar contra os microrganismos causadores de doenças
que conseguiram ultrapassar as respostas imunológicas iniciais.
 
Fonte: Shutterstock.com
RECENTES AVANÇOS DA IMUNOLOGIA
Os estudos na área da Imunologia começaram no século XVIII, como vimos, e se estendem até
os dias de hoje. Esses estudos proporcionaram à área da saúde diferentes avanços, desde as
vacinas, o diagnóstico sorológico e até mesmo a possibilidade de transplantes entre
indivíduos diferentes. Certamente, as pesquisas científicas continuarão a nos surpreender.
Vamos agora conhecer um pouco mais das recentes descobertas da ciência.
IMUNOTERAPIA
A imunoterapia consiste em um tratamento biológico que procura potencializar o sistema
imunológico do indivíduo de forma que ele consiga combater infecções e outras doenças. Esta
modalidade de terapia pode agir estimulando o sistema imunológico de uma forma geral,
enquanto outras terapias auxiliam o sistema imunológico a agir de forma específica contra
células cancerosas, por exemplo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Tratamento oncológico utilizando imunoterapia com células de defesa.
Nas últimas décadas, cresceu o número de pesquisas que visa o desenvolvimento de
tratamentos imunoterápicos. Além disso, essa terapia ganhou destaque e se tornou uma
importante ferramenta para o tratamento de alguns tipos de câncer como melanoma, câncer
renal, câncer de pulmão, entre outros, podendo se associar a outras terapias, como a
quimioterapia tradicional, a fim de promover uma maior eficácia no tratamento.
TRANSPLANTES E DROGAS
IMUNOSSUPRESSORAS
O transplante consiste na transferência de células, tecidos ou órgãosde uma pessoa doadora
para outra pessoa receptora. Um dos principais problemas deste procedimento é a grande
chance de rejeição pelo sistema imunológico do receptor.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Exemplo de droga imunossupressora.
Para contornar este problema, foram descobertos medicamentos que poderiam ser usados
como imunossupressores. Esses medicamentos, de uma forma geral, são capazes de
driblar o sistema imunológico enfraquecendo-o, minimizando os riscos de rejeição. Essa
descoberta possibilitou que o transplante fosse viável entre indivíduos que não fossem gêmeos
idênticos.
Nos últimos dez anos, houve um avanço importante nos resultados dos transplantes, com o
surgimento de novas e poderosas drogas imunossupressoras. Muitas delas já estão liberadas
para uso nas clínicas, enquanto outras ainda estão na fase de estudo experimental e pré-
clínica.
 
Fonte: Shutterstock.com
VACINAÇÃO
De forma geral, a produção das vacinas atuais acontece da mesma forma que era produzida
antigamente: a partir da inoculação no corpo humano de bactérias ou vírus enfraquecidos
(atenuados), mortos ou fragmentados que não são capazes de causar infecções, mas
desencadeiam uma resposta imunológica.
Existem vírus tão complexos, sobre os quais as vacinas convencionais não conseguem ter
eficácia, como o vírus da dengue e o da hepatite C. Como alternativa, os cientistas buscam
novas técnicas para criação de vacinas, como por exemplo a utilização de vírus modificados
geneticamente.
Os vírus modificados carregam genes de vírus causadores de outras doenças e por isso são
chamados de vetores virais. Ao entrarem no organismo humano, esses vetores virais não
causam infecções, mas produzem proteínas de vírus de outras doenças, estimulando o sistema
imunológico a produzir anticorpos contra essas proteínas.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Os vírus modificados estimulam a produção de anticorpos.
Mas por que escolher vírus como vetores?
A escolha dos vírus como vetores acontece porque já sabemos que eles evoluem e
desenvolvem estratégias para penetrar nas células-alvo, “sequestrar” a maquinaria celular e, a
partir disso, produzirem suas progênies, ou seja, seus descendentes virais.
Esse conhecimento é a base para o desenvolvimento e fabricação das vacinas utilizando
vetores virais.
 EXEMPLO
Para que cientistas criem uma vacina contra o vírus A, utilizam um vetor viral B geneticamente
modificado. Neste caso, o vírus B será modificado de forma que os genes essenciais à
replicação e à patogenicidade sejam eliminados, assim ele funcionará apenas como um
transportador de material genético que, neste caso, é o material genético do vírus A. Sendo
assim, ao entrar no organismo, o vírus não causa doença, mas aumenta a síntese de proteínas
do vírus A, estimulando nosso organismo a reconhecer essas proteínas e produzir anticorpos
contra elas.
Essas novas vacinas ainda estão em fase de estudo e precisam de novos testes até que
possam ser aplicadas na população.
POR QUE DESENVOLVER VACINAS É TÃO
COMPLEXO?
Assista ao vídeo que apresenta os desafios e as etapas envolvidas no desenvolvimento de
vacinas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDA ÀS FUNÇÕES
EXERCIDAS PELO SISTEMA IMUNOLÓGICO.
A) O sistema imunológico é incapaz de reconhecer de forma específica algumas estruturas
moleculares ou antígenos, e desencadear uma resposta imunológica.
B) O sistema imunológico exerce apenas a função de defesa do organismo.
C) O sistema imune é capaz de orquestrar a resposta imunológica a partir unicamente de
células, já que as moléculas e os tecidos não são hábeis para participar das respostas imunes.
D) A capacidade de aprendizagem e memória é uma característica fundamental do sistema
imunológico, pois essas informações armazenadas podem ser utilizadas em uma futura
reinfecção, ou infecção com patógenos similares.
E) Quando ocorre o reconhecimento de um elemento estranho, apenas um mecanismo do
sistema imunológico é ativado contra um único invasor.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTA UMA
CARACTERÍSTICA DAS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS.
A) Quando o sistema imunológico está com a sua resposta considerada normal, ele consegue
identificar o antígeno estranho, desenvolver uma resposta contra este antígeno, controlar a
resposta, mas não finaliza o ataque.
B) O sistema imunológico, quando desempenha sua resposta de forma anormal, pode produzir
uma resposta imune contra o próprio corpo do indivíduo, o que é definido como reação
alérgica.
C) Podem existir situações em que o sistema imunológico do indivíduo está funcional, mas não
é capaz de combater de maneira eficaz algumas anormalidades, como é o caso do câncer, por
exemplo.
D) Apesar do sistema imunológico ser de grande importância para a proteção do organismo,
ele não é capaz de avisar sobre a presença de uma infecção ocasionada por microrganismos
patogênicos invasores.
E) As drogas imunossupressoras potencializam o sistema imunológico de maneira que este
consiga combater doenças e infecções.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que corresponda às funções exercidas pelo sistema
imunológico.
A alternativa "D " está correta.
 
O sistema imunológico é responsável pela homeostasia e defesa do organismo, sendo capaz
de reconhecer de forma específica diversos antígenos e moléculas, e em seguida, produzir
memória e aprendizagem. Quando a resposta é desencadeada contra um único invasor, vários
mecanismos do sistema imunológico são ativados.
2. Assinale a alternativa que representa uma característica das respostas imunológicas.
A alternativa "C " está correta.
 
O sistema imunológico com uma resposta normal, é capaz de iniciar e finalizar esta resposta.
Já uma resposta anormal, pode promover um ataque contra o próprio organismo,
caracterizando muitas vezes uma doença autoimune. Além disso, o sistema imunológico pode
estar funcional, mas não consegue combater algumas alterações, como acontece no câncer.
MÓDULO 2
 Identificar os órgãos linfoides e as características das células que compõem o
sistema imunológico
PRINCIPAIS CÉLULAS DO SISTEMA
IMUNOLÓGICO
Como aprendemos, o sistema imunológico executa sua função de proteção por meio de suas
respostas imunológicas. Essas respostas precisam distinguir o que é próprio do organismo e o
que não é. Além disso, também precisam ser capazes de identificar diferentes antígenos,
mesmo quando suas estruturas são muito parecidas.
As respostas imunológicas podem ser divididas em dois tipos: a resposta imune inata e a
resposta imune adquirida. Não iremos abordá-las especificamente agora, pois, para entendê-
las, precisamos conhecer os principais componentes que fazem parte desse sistema tão
complexo.
ORIGEM DAS CÉLULAS DO SISTEMA
IMUNOLÓGICO
As células do sistema imunológico são produzidas na medula óssea vermelha, que se
localiza nas cavidades ósseas, no interior do tecido ósseo esponjoso. Elas estão presentes no
fêmur, nos ossos do crânio, na crista ilíaca, entre outros.
As células que compõem o sistema imunológico estão, normalmente, distribuídas em vários
locais do organismo: circulando no sangue e na linfa, presentes nos órgãos linfoides e
dispersas em vários tecidos do corpo. A capacidade das células de se deslocar entre
sangue, linfa e tecidos representa uma grande importância para a geração das respostas
imunológicas.
 
Fonte: Shutterstock.com
 A medula óssea é a origem das células imunológicas.
 
Fonte: Shutterstock.com
Diferenciação de uma célula-tronco hematopoiética na medula óssea vermelha.
No caso das células do sistema imunológico, elas são chamadas células-tronco
hematopoiéticas pluripotentes.
 
Fonte: Shutterstock.com
Processo de hematopoiese.
As células-tronco hematopoiéticas pluripotentes são responsáveis pela formação das células e
derivados celulares circulantes do sangue, originando variáveis tipos de células sanguíneas.
HEMATOPOIESE
Nome dado ao processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementosdo
sangue a partir de um precursor celular comum.
As células-tronco hematopoiéticas originam os eritrócitos (Hemácias) , os leucócitos e os
megacariócitos (Células que dão origem às plaquetas) pelo processo chamado
Hematopoiese.
Os eritrócitos, também conhecidos como glóbulos vermelhos do sangue, não participam do
sistema imunológico. Eles apresentam como principal função o transporte de gases no sangue.
Já as plaquetas são fragmentos celulares que participam da coagulação sanguínea.
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Fonte: Shutterstock.com
 Origem das plaquetas.
DIFERENCIAÇÃO CELULAR
Também conhecida como “especialização celular”, é um processo que torna as células
especializadas em determinada função, ou seja, é gerada uma diversidade celular com
funções específicas.
Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, compõem nosso sistema imunológico.
Mas como isso acontece?
As células-tronco hematopoiéticas pluripotentes são células menos diferenciadas responsáveis
pela formação das células do sangue. Elas sofrem sucessivas mitoses e participam do
processo de diferenciação celular que origina duas principais e importantes linhagens
celulares: a mieloide e a linfoide.
LINHAGEM MIELOIDE
Linhagem celular que origina os neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e mastócitos, que
são as células que compõem a imunidade. Além disso, também origina eritrócitos e plaquetas.
LINHAGEM LINFOIDE
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Linhagem celular que origina os linfócitos T, linfócitos B e células NK.
Esse processo é altamente regulado e controlado por fatores de crescimento, hormônios e
moléculas sinalizadoras que estimulam a diferenciação das células-tronco.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Células do sistema imunológico divididas em linhagem mieloide e linhagem linfoide.
Em resumo, podemos entender o processo de origem das células da seguinte forma:
Células-tronco hematopoiéticas recebem estímulos para produção celular.

Realizam sucessivas mitoses e se multiplicam.

Promovem a diferenciação em células de duas linhagens diferentes: linhagem mieloide e
linhagem linfoide.
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO –
LINHAGEM MIELOIDE
Veja a seguir as características das células da linha mieloide:
NEUTRÓFILOS
Os neutrófilos apresentam o núcleo segmentado (de três a cinco lóbulos) e seu citoplasma
contém grânulos específicos repletos de enzimas, que podem ser divididos em grânulos
primários (Azurófilos) e grânulos secundários (Específicos) .
 
Os grânulos primários participam da digestão celular, enquanto os secundários agem
principalmente no combate a patógenos e proteção celular. Constituem a população mais
abundante entre os leucócitos circulantes e representam o principal tipo de célula que atua nas
reações inflamatórias agudas. Atuam na defesa do organismo contra processos infecciosos
bacterianos e apresentam importante capacidade fagocítica. A capacidade fagocítica, também
chamada de fagocitose, é um processo em que a célula engloba e destrói partículas sólidas,
como bactérias e restos celulares, com a intenção de promover proteção ao organismo. Isso é
feito a partir dos seus grânulos citoplasmáticos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Neutrófilo (esquerda) e esfregaço sanguíneo contendo neutrófilos e hemácias (direita).
EOSINÓFILOS
Os eosinófilos apresentam núcleo bilobulado e são células que apresentam grânulos
citoplasmáticos com enzimas nocivas às paredes celulares de parasitas. Os eosinófilos
circulam no sangue e podem ser recrutados para os tecidos.
 
Alguns eosinófilos podem estar presentes nos tecidos periféricos, especialmente nos
revestimentos de mucosa dos tratos respiratório, geniturinário e gastrointestinal. O número de
eosinófilos pode aumentar em determinado tecido por conta do recrutamento a partir do
sangue, que ocorre no caso de inflamação e presença de parasitas alojados no tecido.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Eosinófilo (esquerda) e um esfregaço sanguíneo (direita) contendo eosinófilos, hemácias e
um neutrófilo (seta).
BASÓFILOS
Os basófilos apresentam núcleo volumoso, irregular e muitas vezes está encoberto por
grânulos abundantes que preenchem o citoplasma. São granulócitos sanguíneos que
constituem menos de 1% dos leucócitos do sangue. Embora essas células estejam
normalmente ausentes nos tecidos, podem ser recrutadas para locais inflamatórios.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Basófilo (esquerda) e um esfregaço sanguíneo (direita) contendo um basófilo e hemácias.
MASTÓCITOS
Os mastócitos apresentam núcleo redondo ou ovalado, com grânulos no citoplasma. São
células que se encontram nos epitélios da pele e das mucosas. Quando são ativadas, liberam
seus potentes mediadores inflamatórios que promovem defesa contra infecções por parasitas;
também produzem os sintomas das doenças alérgicas.
 
Esses mediadores inflamatórios, como por exemplo a histamina, são capazes de promover
alterações nos vasos sanguíneos causando a inflamação. Os mastócitos maduros são
normalmente encontrados na circulação sanguínea, mas também podem estar nos tecidos em
condições normais, próximos a pequenos vasos sanguíneos e nervos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Um mastócito (esquerda) e esfregaço sanguíneo (direita) contendo um mastócito
degranulando o seu conteúdo (células maiores).
MONÓCITOS
Os monócitos são células que apresentam núcleo ovoide em forma de rim e seu citoplasma
possui grânulos pouco visíveis.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Monócito (esquerda) e um esfregaço sanguíneo (direita) contendo um monócito, hemácias
e um neutrófilo (seta).
Essas células estão circulantes no sangue e, quando são recrutadas e migram para os tecidos,
principalmente em reações inflamatórias, se diferenciam em macrófagos. Além disso, os
monócitos são precursores das células dendríticas, que compõem o sistema imunológico, e
dos osteoclastos, células que compõem a matriz óssea.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Diferenciação de monócitos.
MACRÓFAGOS
Os macrófagos, por sua vez, são fagócitos que estão amplamente distribuídos nos tecidos do
organismo (pulmão (Macrófagos alveolares) , fígado (Células de Kupffer) , rins (Células
mesenquimais) , sistema nervoso (Micróglias) e tecido conjuntivo (Histiócitos) ) e atuam na
defesa desses tecidos. Em contato com o agente agressor, os macrófagos apresentam
uma enorme capacidade fagocítica. Ele funciona tanto na resposta imune inata (inicial)
quanto é capaz de estimular a resposta imune adaptativa (mais especializada), pois apresenta
antígenos aos linfócitos T.
 
Devido a essa função de apresentar antígenos a outras células do sistema imunológico,
podemos chamá-las de “células apresentadoras de antígenos”, mas isso vamos entender
depois.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Macrófagos
CÉLULA DENDRÍTICA
As células dendríticas são originadas a partir de monócitos. Elas são células circulantes e
residentes nos tecidos que percebem e iniciam reações contra patógenos. Também são
apresentadoras de antígenos aos linfócitos T. Seu nome “dendríticas” refere-se às inúmeras
projeções membranares longas (ou dendritos) que possuem.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Formação das células dendríticas.
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO –
LINHAGEM LINFOIDE
Linfócitos T e B são células muito importantes no sistema imunológico. São capazes de
reconhecer moléculas estranhas de diversos agentes infecciosos e combatê-las a partir de
respostas imunológicas. Seu núcleo é redondo com cromatina condensada e o citoplasma é
escasso. Apesar de sua semelhança morfológica, os linfócitos T e B apresentam funções
diferentes: Os linfócitos B são responsáveis pela produção de anticorpos e desencadeam uma
resposta chamada de humoral. Os linfócitos T, por sua vez, são divididos em linfócitos T CD4
(auxiliares) e T CD8 (auxiliares) que são responsáveis pela reposta imune celular. Vamos
entender um pouco mais sobre essas células no próximo módulo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Linfócito rodeado por hemácias (esquerda) e esfregaço sanguíneo com linfócitoativado.
APOPTOSE
Processo de “autodestruição” celular, pela ativação de uma cascata enzimática que
culmina na morte da célula.
LISE
Rompimento da membrana plasmática, que leva a destruição ou morte celular.
As células NK, também chamadas de células natural killer, apresentam morfologia
semelhante aos linfócitos T e B, mas são células maiores. Apresentam função citotóxica
conferindo defesa inicial contra patógenos infecciosos, reconhecendo células do
hospedeiro que se encontram lesadas e ajudando a eliminá-las. Também influenciam na
resposta imune adaptativa.
Essas células citotóxicas possuem pequenos grânulos citoplasmáticos compostos por
proteínas chamadas granzimas. As granzimas compreendem perforinas e proteases. Após
serem liberadas, as perforinas formam poros na membrana plasmática da célula-alvo. São por
esses poros que os demais grânulos penetram na célula, induzindo à apoptose e à lise da
célula infectada.
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Fonte: Shutterstock.com
 Ilustração de célula NK destruindo célula cancerosa.
ENTENDENDO AS CÉLULAS
APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS
O vídeo apresenta uma abordagem detalhada sobre este grupo de células.
PLASMÓCITOS
Células derivadas do linfócito B.
TECIDOS LINFOIDES ASSOCIADOS À MUCOSA
Diversos patógenos que atingem o organismo humano, a partir da ingestão de alimentos
contaminados, inalação de patógenos ou pela transmissão sexual, infectam as mucosas.
As mucosas dos tratos gastrointestinal, respiratório e geniturinário precisam de uma proteção
imunológica para combater possíveis patógenos. Essa proteção é obtida a partir de células
e de tecidos linfoides presentes na própria mucosa. Estes tecidos linfoides podem ser
coleções difusas de células, como fagócitos, plasmócitos e linfócitos, ou um tecido linfoide
associado a mucosa (MALT).
O tecido linfoide associado à mucosa é um microambiente antigênico com características
imunológicas que o torna único, já que ele é capaz de desenvolver respostas imunológicas
especializadas para a mucosa em que está contido. Ele apresenta como função geral a
capacidade de desenvolver uma defesa primária na superfície mucosa.
MALT é um tecido povoado por macrófagos, células dendríticas e linfócitos, que em seres
humanos compreende as tonsilas, as placas de Peyer do intestino delgado e o apêndice.
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Fonte: Shutterstock.com
 Micrografia mostrando Placas de Peyer no íleo distal (parte do intestino delgado).
FUNÇÕES FISIOLÓGICAS
Absorção de alimentos (intestino), troca de gases (pulmões), atividade sensorial (olhos,
nariz, boca e orofaringe) e função reprodutiva (vagina e útero).
As mucosas são sítios frágeis devido às suas funções fisiológicas. Por conta dessa
fragilidade, é necessária a presença de mecanismos de defesa como o MALT. No entanto, é
importante destacar que ele não é a única forma de defesa existente nas mucosas do
organismo.
Outras formas de defesa, que não são o MALT:
Barreiras mecânicas (exemplo: integridade do epitélio).
Barreiras químicas (exemplos: HCl presente no suco gástrico no estômago, lágrima, bile etc.).
Barreira biológica (exemplo: microbiota).
Resposta imunológica inata (exemplos: sistema complemento, células fagocíticas etc.).
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O MALT é um tecido responsável pela modulação da resposta imunológica diante do número
de antígenos com que o organismo entra em contato. Contudo, ele detecta esses patógenos
que penetram no intestino e os destrói.
ÓRGÃOS LINFOIDES E REDES
LINFOCITÁRIAS
O sistema imunológico é constituído por vários órgãos linfoides, que possuem como
principal função a produção de linfócitos. Essas células são derivadas das células-tronco
hematopoiéticas da medula óssea e desempenham importante papel no desenvolvimento das
respostas imunológicas e na produção de anticorpos.
Os linfócitos podem ser divididos em linfócitos B e linfócitos T. Os linfócitos B começam a
amadurecer na medula óssea, entram na circulação e migram para o baço, onde completam
sua maturação. No entanto, os precursores dos linfócitos T precisam sair da medula óssea,
seguir pela corrente sanguínea e chegar ao timo, local onde essas células realizam a sua
maturação. Apenas depois de maduros os linfócitos T migram para outros órgãos.
 
Fonte: EnsineMe.
 Processo de maturação dos linfócitos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Anatomia dos órgãos linfoides.
Os órgãos linfoides podem ser divididos em primários e secundários. Os órgãos linfoides
primários ou centrais possuem função de produção de linfócitos, ou seja, são órgãos
geradores. São exemplos de órgãos linfoides primários: a medula óssea, responsável pela
hematopoiese (processo de produção e renovação celular do sangue; e o timo, onde ocorre o
desenvolvimento das células T.
Já os órgãos linfoides secundários ou periféricos são os locais onde se desenvolvem
respostas imunológicas em nosso organismo: os linfonodos, o baço e o MALT. Eles são
povoados por diferentes células do sistema imunológico.
Podemos organizar os órgãos linfoides primários e secundários e suas funções conforme os
quadros a seguir:
Órgão linfoide primário Timo Quadro Medula óssea
Função: Produção e
amadurecimento
Amadurecimento
de linfócitos T
Produção celular e
amadurecimento de linfócitos B
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro 1 – Órgãos linfoides primários.
Órgão linfoide
secundário
Linfonodos Baço MALT
Função:
Resposta
imunológica
Contra
antígenos nos
tecidos
Contra
antígenos no
sangue
Contra antígenos na
superfície mucosa
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro 2 – Órgãos linfoides secundários.
Os órgãos linfoides secundários têm localização anatomicamente estratégica no
organismo, pois facilitam as interações celulares para o desenvolvimento da resposta
imunológica. Basicamente, os linfonodos são responsáveis por drenar os antígenos
diretamente dos tecidos ou que são transportados por células do sistema imunológico. O baço
é responsável por monitorar o sangue e o MALT, que está localizado estrategicamente nas
mucosas do corpo, funciona como um sistema de defesa avançado.
Vamos agora conhecer um pouco mais os órgãos linfoides:
MEDULA ÓSSEA
A medula óssea, como já aprendemos, é o local responsável pela geração de células do
sangue. Após o nascimento, a hematopoiese acontece em todos os ossos do nosso corpo,
porém, com o passar dos anos, ela vai se tornando restrita aos ossos chatos.
Na puberdade, a hematopoiese acontece principalmente no esterno, vértebras, ossos ilíacos e
costelas. A medula óssea vermelha encontrada nesses ossos é formada por uma estrutura
esponjosa reticular situada entre as trabéculas dos ossos longos. Se ocorrer uma lesão na
medula óssea ou se houver uma demanda excepcional pela produção de células
sanguíneas, o baço e o fígado geralmente se tornam locais de hematopoiese
extramedular.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Localização anatômica do Timo.
TIMO
O timo é onde ocorre a maturação das células T. É um órgão bilobado que involui após a
puberdade. Cada lobo do timo é dividido em múltiplos lóbulos, e cada lóbulo é constituído por
um córtex externo e uma medula interna. O córtex é formado por uma densa coleção de
linfócitos T, enquanto a medula mais clara é povoada por poucos linfócitos maduros.
Além de linfócitos, a medula do timo também contém macrófagos, células dendríticas, entre
outras células. As células T do timo também podem ser chamadas de timócitos, que são
células T em estágios de maturação diferentes.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Localização anatômica do Timo.
 SAIBA MAIS
Para que um linfócito T maduro seja considerado adequadamente funcional, ele precisa se ligar
à molécula do complexo de histocompatibilidade — MHC (seleção positiva) e não reagir contra
antígenos próprios (seleção negativa). No córtex acontece a seleção positiva, e na medula do
timo ocorre a seleção negativa. Após esseprocesso, as células T maduras e com funções
adequadas deixam o timo, entram na corrente sanguínea e chegam aos tecidos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Anatomia 3D de secção de um linfonodo.
LINFONODOS
Os linfonodos são órgãos linfoides secundários, encapsulados e vascularizados, que
possuem características anatômicas favoráveis para a iniciação das respostas imunológicas
contra antígenos que foram transportados dos tecidos pelos vasos linfáticos. Esses órgãos
estão localizados no corpo inteiro, ao longo dos canais linfáticos, e por esse motivo têm acesso
facilitado aos antígenos originários da maioria dos tecidos, que são drenados pelos vasos
linfáticos.
Existem aproximadamente 500 linfonodos no corpo humano e estes são circundados por uma
cápsula fibrosa. Abaixo desta cápsula, existe um sistema sinusal repleto de linfócitos,
macrófagos, células dendríticas e outros tipos celulares.
BAÇO
O baço é um órgão extremamente vascularizado que possui como funções principais remover
células sanguíneas envelhecidas e danificadas da circulação e iniciar respostas imunológicas a
antígenos que são transportados pelo sangue. Situa-se no quadrante superior esquerdo do
abdome.
O baço é dividido em polpa vermelha, formada principalmente por sinusoides vasculares cheios
de sangue, e polpa branca, que é rica em linfócitos T e B. Os macrófagos que estão presentes
na polpa vermelha funcionam como um filtro do sangue, removendo microrganismos, células
danificadas (como eritrócitos velhos) e células ou microrganismos que estão cobertos por
anticorpos (opsonizados).
 
Fonte: Shutterstock.com
 Ilustração 3D do baço.
OPSONIZAÇÃO
Mecanismo de facilitação da fagocitose, em decorrência de uma opsonina (anticorpo ou
proteínas que participam da resposta imunológica) se ligar a um receptor na superfície do
fagócito.
 VOCÊ SABIA
As pessoas que não possuem baço são suscetíveis a infecções. Isso acontece porque os
microrganismos responsáveis por infecções, como as bactérias, por exemplo, são normalmente
depurados através da opsonização e fagocitose. Essa função fica defeituosa na ausência do
baço.
MALT
MALT, além de ser associado a mucosa também são órgãos linfoides secundários. E, como já
vimos, é um componente do sistema imunológico que está associado às mucosas, envolvido
nas respostas imunológicas contra antígenos e microrganismos ingeridos e inalados.
 
Fonte: Shutterstock.com
REDE LINFOCITÁRIA
O sistema linfático é formado por vasos especializados (que podem ser chamados somente de
linfáticos) e por linfonodos. Os vasos linfáticos associados aos linfonodos formam uma
impressionante rede, responsável pela drenagem de líquido (chamado de linfa) dos tecidos e o
reconduz para o sangue. Os vasos linfáticos são indispensáveis para a homeostasia dos
fluidos teciduais e para o desenvolvimento de respostas imunológicas.
O líquido intersticial é formado a partir do movimento de um filtrado do plasma para fora dos
capilares e esse movimento acontece constantemente em tecidos vascularizados. A velocidade
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de formação desse líquido intersticial pode aumentar de forma significativa caso o tecido seja
lesado ou infectado.
 VOCÊ SABIA
Aproximadamente dois litros de linfa são devolvidos à circulação por dia. Dessa forma, uma
desorganização do sistema linfático por infecções ou tumores pode gerar um grave inchaço
tecidual.
VASOS LINFÁTICOS CONVERGENTES
São aqueles que se unem e se dirigem para o mesmo ponto ou mesmo lugar.
VASOS LINFÁTICOS AFERENTES
Drenam a linfa dos tecidos para o interior dos linfonodos.
VASOS LINFÁTICOS EFERENTES
Drenam a linfa dos linfonodos em direção a circulação sanguínea.
DUCTO TORÁCICO
Vaso linfático amplo, resultado da união de vasos linfáticos eferentes.
Os capilares linfáticos são canais vasculares revestidos por células endoteliais sobrepostas,
sem as junções comunicantes e sem a membrana basal, que são características típicas dos
vasos sanguíneos. Eles absorvem o excesso de líquido intersticial acumulado nos tecidos, que
é bombardeado para o interior dos vasos linfáticos convergentes que vão se tornando
maiores. Estes, por sua vez, se fundem aos vasos linfáticos aferentes que irão drenar a linfa
para o interior dos linfonodos. De forma diferente, os vasos linfáticos eferentes drenam a linfa
para fora dos linfonodos e se unem para formar um vaso calibroso, chamado de ducto torácico.
A linfa oriunda do ducto torácico se esvazia na veia cava superior e, dessa forma, devolve o
líquido para a corrente sanguínea.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Sistema linfático.
A comunicação estabelecida entre os órgãos linfoides e o restante do corpo é mantida por
linfócitos que são circulantes e passam do sangue para os linfonodos, para o baço e para
outros tecidos; depois voltam ao sangue pelos canais linfáticos, como o ducto torácico.
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É importante ressaltar que, nos vasos linfáticos, também é possível o desenvolvimento de
respostas imunológicas, pois esses vasos coletam antígenos microbianos e os distribuem aos
linfonodos, onde serão estimuladas as respostas imunológicas.
Agora que conhecemos as principais funções do sistema imunológico e as células que o
compõem, como será que o nosso organismo reconhece as substâncias estranhas? Como se
inicia a resposta imune? Vamos entender tudo isso no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE A
CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS QUE COMPÕEM O SISTEMA
IMUNOLÓGICO:
A) As células do sistema imunológico estão distribuídas em diferentes locais do organismo e
não possuem um precursor celular menos diferenciado comum.
B) As células tronco hematopoiéticas pluripotentes são capazes de se diferenciar e originar
diversas células, exceto as que compõem o sangue.
C) Os linfócitos são células que compõem a linhagem mieloide e são muito importantes no
reconhecimento e no combate a moléculas estranhas através da resposta imunológica.
D) Os leucócitos e eritrócitos possuem funções primordiais ao sistema imunológico, como por
exemplo, a defesa contra microrganismos.
E) A mobilidade que as células possuem entre sangue, linfa e tecidos, auxilia na geração das
respostas imunológicas, já que várias células podem migrar para locais infectados ou lesados.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS ÓRGÃOS
LINFOIDES.
A) Os órgãos linfoides primários e secundários são responsáveis pela produção e renovação
celular.
B) Os órgãos linfoides secundários são capazes de desenvolver uma resposta imunológica
apenas contra os antígenos no sangue.
C) O timo é um órgão importante na remoção de células sanguíneas envelhecidas e
danificadas da circulação.
D) Os linfonodos estão distribuídos pelo corpo ao longo dos canais linfáticos, e são
responsáveis por desenvolver respostas contra antígenos transportados dos tecidos pelos
vasos linfáticos.
E) Os vasos linfáticos atuam na drenagem da linfa dos tecidos, mas não possuem papel
contribuinte no desenvolvimento de respostas imunológicas.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que corresponde a características das células que compõem o
sistema imunológico:
A alternativa "E " está correta.
 
As células do sistema imunológico possuem as células-tronco hematopoiéticas pluripotentes
como precursores comuns. Após a diferenciação dessas células tronco, origina-se duas
linhagens importantes, são elas a mieloide e a linfoide (como linfócitos). As células sanguíneas
possuem mobilidade, assim podem ser recrutadas para um determinado local que fora
infectado ou lesado, a fim de auxiliar no combate a um patógeno.
2. Assinale a alternativa correta sobre os órgãos linfoides.
A alternativa "D " está correta.
 
Somente os órgãos linfoides primários apresentam a função de produção e renovação celular.
Já os órgãos linfoides secundários promovem resposta imunológica contra antígenos do
sangue, tecidos e superfícies mucosas. O baço é um órgão importante na remoçãode células
sanguíneas envelhecidas e danificadas da circulação, já o timo é onde ocorre a maturação das
células T. Os linfonodos são órgãos linfoides secundários que estão distribuídos pelo corpo ao
longo dos canais linfáticos, e que são responsáveis pelo desenvolvimento de respostas contra
antígenos transportados dos tecidos pelos vasos linfáticos.
MÓDULO 3
 Reconhecer o processamento dos antígenos e de que forma são apresentados e
reconhecidos
ANTÍGENO E ANTICORPOS
Os anticorpos são proteínas que ficam circulantes no corpo, produzidas em resposta a
estruturas estranhas que foram reconhecidas. Os anticorpos são muito variados e específicos
na sua capacidade de reconhecer estruturas estranhas. Já as substâncias que estimulam a
produção de anticorpos (ou são reconhecidas por eles) chamamos de antígenos.
É importante ressaltar que outras moléculas são capazes de se ligar aos antígenos (como
os receptores de células T), mas os anticorpos foram o primeiro tipo de molécula
descoberta com essa capacidade. Os anticorpos reconhecem uma enorme variedade de
estruturas antigênicas, possuem uma grande capacidade de reconhecer diferentes antígenos e
realizam ligações fortes com eles.
Os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, são glicoproteínas do tipo
gamaglobulina, produzidas por plasmócitos (células derivadas de linfócitos B diferenciados).
As moléculas de anticorpos compartilham as mesmas características básicas, porém possuem
uma gigantesca variabilidade nas regiões que se ligam ao antígeno.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Estrutura básica do anticorpo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Estrutura detalhada dos anticorpos.
As imunoglobulinas são formadas por quatro subunidades unidas entre si que conferem aos
anticorpos uma estrutura semelhante a um Y. Essas quatro subunidades são divididas em
cadeias leves e pesadas. Dessa forma, o anticorpo é constituído por duas cadeias pesadas e
duas cadeias leves. Na estrutura de Y, os “braços” do Y são chamados de fragmento Fab, que
é a porção que se liga ao antígeno; e o “pé” do Y é chamado de fragmento Fc.
Existem tipos diferentes de anticorpos de acordo com a forma que apresentam sua cadeia
pesada. São conhecidos como classes de isótipos, desempenham funções diferentes e
contribuem para dirigir a resposta imunológica de acordo com cada tipo de antígeno
encontrado. As cinco classes de anticorpos são: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM.
 
Fonte: Shutterstock.com
 As cinco classes de anticorpos.
AS PRINCIPAIS CLASSES DE ANTICORPOS
Assista ao vídeo para conhecer as classes de anticorpos.
Embora os anticorpos possuam uma estrutura geral muito semelhante, existe no ápice da
proteína uma pequena região variável chamada de região hipervariável. Ela permite que
existam em nosso organismo muitos tipos de anticorpos. Essa grande variedade de anticorpos
possibilita ao sistema imunológico reconhecer uma elevada diversidade de antígenos.
Os anticorpos são produzidos somente pelos linfócitos B e podem existir de duas formas
diferentes:
Anticorpos ligados à superfície dos linfócitos B que atuam como receptores antigênicos e
ativam esses linfócitos que iniciam uma resposta imune.
Anticorpos secretados para atuar na proteção contra microrganismos.
Quando os anticorpos são secretados na circulação e nas mucosas, eles são capazes de
neutralizar e eliminar microrganismos e toxinas que podem estar presentes no sangue e no
lúmen de órgãos mucosos, como trato respiratório e trato gastrointestinal.
Uma das principais funções dos anticorpos é impedir que patógenos (presentes no sangue ou
nas mucosas) tenham acesso e colonizem células e tecidos do indivíduo. Dessa forma, os
anticorpos impedem que infecções se estabeleçam.
Os anticorpos não conseguem acessar microrganismos que se multiplicam e vivem no interior
de células infectadas. Você imagina como esses microrganismos são reconhecidos? Já, já
vamos entender como isso acontece.
LINEARES
Resíduos dispostos de maneira linear em um antígeno que pode ser proteico ou
polissacarídico; a estrutura tridimensional desses epítopos não sofrem alterações.
CONFORMACIONAIS
Formados por uma proteína que se apresenta na estrutura secundária, terciária ou
quaternária, esses epítopos perdem suas funções quando são desnaturados.
 
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 Imunidade humoral, reconhecimento de antígenos pelos anticorpos.
ANTÍGENOS
Antígeno é qualquer substância a que o anticorpo ou o receptor de célula T pode se ligar
especificamente. Os antígenos não são reconhecidos em sua totalidade pelos anticorpos, mas
apenas uma parte deles, chamada de epítopo ou determinante antigênico. Um único
antígeno pode apresentar múltiplos epítopos em sua superfície. Os epítopos interagem com os
anticorpos ou receptores de células T e essa interação é altamente específica, apresentando
características físicas e químicas que auxiliam nesse reconhecimento. Existem dois tipos de
epítopos, os lineares ou conformacionais.
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A ligação realizada entre antígeno-anticorpo é do tipo chave-fechadura, em que a chave é
o antígeno e a fechadura é o anticorpo, pois o epítopo se alinha em uma fenda formada pelo
sítio de combinação do anticorpo. A união do antígeno e anticorpo é feita por ligações múltiplas
não covalentes que garantem ao antígeno se ligar fortemente ao anticorpo. Por serem
ligações não covalentes, essas reações entre antígeno-anticorpo são reversíveis.
A capacidade de um sítio de um anticorpo específico reagir com apenas um antígeno é
chamada de especificidade. O grau de especificidade das reações antígeno-anticorpo é
geralmente elevado. No entanto, pode acontecer de um anticorpo reagir com mais de um
antígeno, e a esse fenômeno damos o nome de reatividade cruzada ou reações cruzadas.
Isto é possível pois diferentes antígenos podem apresentar epítopos semelhantes. Dessa
forma, o anticorpo desencadeia um reconhecimento a um antígeno para o qual não foi
especificamente produzido.
Quando um anticorpo reconhece determinado epítopo, ele o deixa “marcado” para que outros
componentes do sistema imunológico realizem também o ataque. Além disso, os anticorpos
também podem neutralizar o antígeno através da ligação a uma porção necessária para que
este seja capaz de provocar infecção.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Anticorpos combatendo um patógeno, neutralizando-o.
LOCUS
Lugar específico em que um gene se localiza no cromossomo.
COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE
PRINCIPAL (MHC)
As moléculas do MHC são proteínas que se localizam na membrana de células
apresentadoras de antígenos (APC), que, como o próprio nome diz, possui a função de
apresentar antígenos peptídicos para os linfócitos T, que irão realizar o reconhecimento desses
antígenos.
O MHC foi descoberto com um grande locus do DNA, onde os produtos eram responsáveis
pela rejeição dos transplantes. Dessa forma, podemos entender que o MHC é uma região
genômica grande, possui papel fundamental no sistema imunológico e apresenta capacidade
de provocar intensa rejeição entre indivíduos da mesma espécie.
 EXEMPLO
Indivíduos que possuem o loci do MHC idêntico (gêmeos idênticos) aceitarão os enxertos uns
dos outros; por outro lado, os indivíduos com o loci do MCH diferente terão seus enxertos
rejeitados.
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Fonte: Emw / Wikimedia Commons / licença (CC BY-SA 3.0)
 Estrutura de proteína HLA.
As proteínas humanas codificadas a partir do gene MHC são chamadas de antígenos
leucocitários humanos ou HLA (sigla de human leukocyte antigens). Essas proteínas
receberam esse nome, porque foram descobertas como antígenos dos leucócitos que podiam
ser identificados por anticorpos específicos.
POLIMÓRFICOS
Gene polimórfico é quando ocorre mais de uma forma diferente de um gene específico.
Cada variante de um gene polimórfico é chamada de alelo.
O locus do MHC possui dois conjuntos de genes extremamente polimórficos que são
chamados de MHC de classe I e MHC de classe II. Alémdos genes polimórficos, o locus do
MHC possui diversos genes não polimórficos, que são responsáveis pela produção de
proteínas envolvidas na apresentação de antígenos.
O MHC de classe I e o de classe II são proteínas da membrana que possuem uma porção
aminoterminal, e nela há uma fenda que irá se ligar a peptídeos. A estrutura geral dos
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MHC de classe I e II é muito semelhante, apesar de haver diferença na composição das
subunidades das moléculas.
MHC DE CLASSE I
Possui uma cadeia alfa ligada de forma não covalente a uma proteína chamada β2-
microglobulina. Os domínios aminoterminais α1 e α2 do MHC formam uma fenda de ligação de
peptídeos, que é grande o bastante para acomodar peptídeos de 8 a 11 resíduos de
comprimento.
Os resíduos polimórficos são os aminoácidos que se diferem entre as moléculas de MHC de
indivíduos diferentes. Esses resíduos do MHC de classe I estão localizados nos domínios α1 e
α2. A variação desses resíduos na fenda de ligação peptídica permite reconhecer uma
diversidade de peptídeos. O domínio α3 é constante, ou seja, não ocorre variação nesses
aminoácidos, e este domínio é local onde o receptor do linfócito T (CD8) liga seu correceptor. É
importante saber que o MHC de classe I se expressa na superfície de todas as células
nucleadas.
 
Fonte: Atropos235 / Wikimedia commons / licença (CC BY 2.5 …).
 Estrutura do MHC de classe I.
 
Fonte: nagualdesign / wikimedia commons / licença (CC BY-SA 4.0…).
 Linfócito T CD8 combatendo uma célula infectada pelo reconhecimento por MHC de classe
I.
RESÍDUOS POLIMÓRFICOS
Significa dizer que naquela região os aminoácidos estão variando.
MHC DE CLASSE II
Apresenta duas cadeias, uma α e a outra β. As regiões aminoterminais das duas cadeias
(domínio α1 e domínio β1) possuem resíduos polimórficos e formam uma fenda maior que a
fenda de MHC de classe I, que acomoda e reconhece peptídeos que podem ter entre 10 a 30
resíduos de comprimento. O domínio β2 do MHC de classe II não é polimórfico e possui um
local onde o correceptor do linfócito T (CD4) se liga.
As moléculas de MHC de classe II se expressam principalmente na superfície das células
dendríticas, nos macrófagos e nos linfócitos B. Esta classe também é expressa nas
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células endoteliais e nas células epiteliais tímicas e podem ser induzidas em outros
tipos celulares.
 
Fonte: Atropos235 / Wikimedia commons / licença (CC BY 2.5…).
 Estrutura de MHC de classe II.
Como já vimos, os genes do MHC de classe I e II são extremamente polimórficos, isto é,
existem diversos alelos diferentes entre os indivíduos de uma população. A quantidade de
polimorfismos nos genes do MHC é tão grande que dois indivíduos de uma mesma população
provavelmente não terão o mesmo conjunto de genes e moléculas do MHC.
Essa enorme variabilidade de polimorfismos garante que os indivíduos sejam capazes de lidar
com ampla diversidade de microrganismos e que pelo menos alguns desses indivíduos irão
desencadear uma resposta imunológica eficaz contra os peptídeos antigênicos desses
microrganismos.
O MHC se liga somente a peptídeos e não a outros tipos de antígenos. Isso porque apenas os
peptídeos possuem as características estruturais e a carga necessária para se ligar às fendas
das moléculas de MHC. É exatamente por isso que os linfócitos T (CD4 e CD8) só conseguem
reconhecer e responder a antígenos proteicos.
Em relação à ligação dos antígenos às moléculas do MHC, cada molécula do MHC apresenta
somente um peptídeo por vez, isso porque o MHC dispõe apenas de uma fenda de ligação
(local de ligação). Após esta ligação, o complexo MHC + peptídeo será reconhecido e
apresentado ao linfócito T, veremos isso no próximo tópico.
 
Fonte: ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H, 2009.
 Receptor de linfócito T reconhecendo peptídeo apresentado via molécula de MHC.
Porém, cada molécula de MHC possui a capacidade de apresentar diferentes tipos de
antígenos. Isso porque as moléculas de MHC apresentam uma grande especificidade para
ligação peptídica, ou seja, um único alelo de MHC pode apresentar diversos peptídeos
diferentes às células T, no entanto, apenas um peptídeo por vez.
É importante destacar que as moléculas de MHC possuem uma incapacidade de discriminar
antígenos estranhos (antígenos microbianos) e antígenos próprios (do próprio indivíduo). Isso
nos leva a alguns questionamentos:
A QUANTIDADE DE PROTEÍNAS PRÓPRIAS É
EXTREMAMENTE MAIOR QUE A DE ANTÍGENOS
MICROBIANOS, POR QUE OS MHC DISPONÍVEIS NÃO
ESTÃO OCUPADOS CONSTANTEMENTE POR
PEPTÍDEOS PRÓPRIOS?
A resposta mais provável é que as moléculas do MHC são sintetizadas constantemente,
possibilitando que elas estejam prontas para reconhecer um peptídeo.
ENTÃO, SE A MOLÉCULA DO MHC PODE SE LIGAR A
ANTÍGENOS PRÓPRIOS, POR QUE NÃO
DESENVOLVEMOS CONSTANTEMENTE RESPOSTAS
CONTRA ANTÍGENOS PRÓPRIOS, QUE SERIA A
CHAMADA RESPOSTA IMUNOLÓGICA AUTOIMUNE?
Os linfócitos T que reconhecem antígenos próprios são destruídos ou desativados.
 SAIBA MAIS
O MHC foi descoberto a partir de estudos sobre transplante de tecido em camundongos.
Somente depois de vários anos de pesquisa, a estrutura e a função do MHC foram definidas.
Os cientistas da época verificaram que os transplantes de tecidos entre indivíduos não
idênticos eram rejeitados. No entanto, quando o transplante era realizado entre gêmeos
idênticos, os tecidos eram aceitos. Isso mostrou que o processo de rejeição tecidual estava
determinado pelo DNA dos indivíduos.
APC
Células dendríticas, macrófagos e linfócitos B.
ORGANELAS
Proteassomas e retículo endoplasmático.
PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS E
APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS AOS
LINFÓCITOS T
O processamento de antígenos acontece por meio de duas vias quem envolvem organelas e
proteínas celulares diferentes. Quando as APC internalizam proteínas extracelulares, essas
proteínas são processadas no interior de vesículas endocíticas e apresentadas por MHC de
classe II. Enquanto isso, as proteínas que estão no citosol das células nucleadas são
processadas pelas organelas e apresentadas por MHC de classe I.
 
Fonte: ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H, 2009.
 Funcionamento de vias de processamento de antígenos proteicos.
O processamento de antígenos por MHC classe II ocorre após a ingestão do antígeno, a
proteólise deste antígeno nas vesículas endocíticas e uma associação dos peptídeos do
antígeno com as moléculas de classe II. As proteínas microbianas ou os microrganismos
extracelulares podem ser internalizados pelas células dendríticas e macrófagos a partir de
alguns mecanismos, como fagocitose, endocitose e pinocitose, formando as vesículas
intracelulares. Essas vesículas podem se fundir com os Lisossomos. Então, as proteínas
microbianas serão digeridas no interior dessas vesículas pelas enzimas proteolíticas,
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resultando em diferentes peptídeos de comprimentos e sequências variáveis que serão
associadas ao MHC.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Mecanismo de apresentação de antígeno pelas APC com microrganismos extracelulares.
PROTEÓLISE
Processo de degradação/digestão de proteínas.
ENDOCITOSE
É o processo em que a célula realiza a absorção de partículas através de vesículas
(endossomos).
PINOCITOSE
Englobamento de partículas na forma de partículas líquidas.
LISOSSOMOS
Organelas responsáveis pela degradação de partículas.
As novas moléculas de MHC de classe II produzidas em uma APC irão carregar consigo uma
proteína chamada de cadeia constante (Ii). Essa cadeia constante possui uma sequência
chamada CLIP, que é peptídeo de cadeia constante classe II. CLIP se liga fortemente à
fenda da molécula de MHC de classe II recém-formada. Dessa forma a molécula classe II fica
ocupada e isso impede que ela se ligue a peptídeos no retículo endoplasmático (RE), já que as
moléculas classe II são sintetizadas no RE. Assim, a molécula de MHC de classe II associadaa Ii será direcionada para as vesículas que estão com os peptídeos microbianos recém-
processados em seu interior.
É importante ressaltar que essas vesículas possuem dentro delas um outro tipo de MHC
classe II, que é o chamado DM. A função do MHC-DM (ou também chamado de HLA-DM) é
de trocar o CLIP do MHC de classe II por peptídeos que podem estar disponíveis neste
compartimento. Assim que o MHC de classe II se liga firmemente a um dos peptídeos gerados,
a partir das proteínas microbianas, esse complexo do MHC + peptídeo se torna estável e será
direcionado à superfície celular. Caso a molécula de MHC não encontre um peptídeo no qual
ela possa se ligar, a molécula ficará vazia e instável, com isso será degradada na vesícula por
proteases.
 
Fonte: ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2019.
 Processo de apresentação de antígenos através de moléculas MHC II.
Um único antígeno, que sofreu proteólise, pode originar vários peptídeos, porém somente
alguns poucos deles ligam-se às moléculas de MHC.
O processamento de antígenos por MHC de classe I pode ser dividido em algumas etapas:
 
Fonte: EnsineMe.
Vamos agora entender cada uma dessas etapas?
No citoplasma da célula ocorre a produção das proteínas antigênicas, que podem ser
oriundas de vírus que vivem nessa célula infectada, de alguns microrganismos que foram
fagocitados e que saíram dos fagossomas, e de genes do próprio hospedeiro que sofreram
mutações ou que foram modificados e codificam proteínas nucleares ou citosólicas, como
no caso dos tumores. Todas essas proteínas sofrem proteólise por uma organela proteolítica
chama de proteassoma. Essa organela cliva as proteínas em peptídeos de tamanho que
possibilitam que se liguem bem às moléculas de MHC de classe I.
 
Fonte: Mario Schubert / Wikimedia commons / licença (CC BY-SA 2.5…).
 Linfócito T CD8 (citolítico) reconhecendo peptídeo antigênico apresentado por uma APC
através de MHC classe I.
Como os peptídeos estão no citosol e as moléculas de MHC são sintetizadas no retículo
endoplasmático em dois compartimentos separados, elas precisam se encontrar. Assim uma
molécula transportadora chamada transportador associado ao processamento antigênico
(TAP) resolve esse problema. Isso porque TAP irá se ligar aos peptídeos que foram produzidos
no proteassoma, e irá os bombeá-los ativamente para o interior do RE. Uma molécula
chamada tapasina irá ligar os MHC de classe I com as moléculas TAP na membrana do RE.
Dessa forma, conforme os peptídeos vão entrando no RE, eles podem ser capturados pelas
moléculas de MHC classe I. Quando ocorre a ligação do MHC classe I com o peptídeo com o
ajuste certo, o complexo será estabilizado e TAP liberará esse complexo, que será
transportado para a superfície celular.
 
Fonte: Scray / Wikimedia Commons / licença (CC BY-SA 3.0…).
 Processamento de antígenos e apresentação por MHC de classe I.
APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO ASSOCIADO
AO MHC
As células T são restritas ao reconhecimento de peptídeos associados ao MHC e isso garante
que elas só reconhecerão e responderão a antígenos que estejam associados a uma célula.
Dessa forma, as células T podem reconhecer os antígenos de microrganismos intracelulares,
que requerem mecanismos de resposta mediados pelas células T, assim como microrganismos
extracelulares que geram respostas mediadas pelos Linfócitos B (anticorpos).
Com a separação das vias de MHC classe I e classe II de processamento antigênico, é
possível que o sistema imunológico responda aos microrganismos intracelulares e
extracelulares da melhor forma para combatê-los.
 
Fonte: ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H, 2009.
 Células APC apresentando peptídeos antigênicos via MHC de classe II.
As APC, incluindo linfócitos B e macrófagos, capturam e ingerem os microrganismos
extracelulares e são apresentados por MHC de classe II. Os linfócitos T são divididos em
linfócitos T CD4 (conhecidos como auxiliares) e em linfócitos T CD8 (conhecidos como
efetores ou citolíticos).
As células T CD4 são específicas para reconhecimento do MHC classe II, e essas células
auxiliam os linfócitos B a produzir anticorpos e os fagócitos a destruir os microrganismos
ingeridos. Dessa forma, as células T CD4 ativam os dois mecanismos efetores mais favoráveis
para eliminar os microrganismos que foram internalizados do ambiente extracelular.
No caso dos microrganismos citosólicos, como vírus, os antígenos são processados e
apresentados pelo MHC classe I, e esses antígenos ficam expressos na superfície de todas as
células nucleadas. Eles serão reconhecidos pelos linfócitos T CD8 que irão se diferenciar em
células citotóxicas (CTL). As CTL combatem e destroem essas células nucleadas que estão
infectadas, dessa maneira erradicando a infecção. Esse mecanismo é o mais eficaz para
destruir e eliminar os microrganismos citoplasmáticos.
 
Fonte: ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H, 2009.
 Células nucleadas apresentando peptídeos antigênicos via MHC de Classe I.
Portanto, as respostas imunológicas contra antígenos proteicos dos microrganismos dependem
de um sistema organizado e específico de captura e apresentação desses antígenos para
serem reconhecidos pelas células T. Os microrganismos que entraram no organismo são
capturados pelas células apresentadoras de antígenos. Logo depois, esses antígenos proteicos
são apresentados pelas APC às células T que estão circulando pelos órgãos linfoides. As APC
são ativadas pelos microrganismos e induzidas a expressar proteínas de membrana
(chamadas de coestimuladores) e a secretar citocinas que irão estimular as células T
específicas. Esses sinais de coestimulação e de citocinas garantem que as células T
respondam a antígenos microbianos e não a substâncias inofensivas não microbianas.
 
Fonte: Shutterstock.com
LINFÓCITOS VIRGENS
Aqueles que ainda não reconheceram nenhum antígeno.
RECEPTORES DE ANTÍGENOS E
MOLÉCULAS ACESSÓRIAS DOS
LINFÓCITOS T
Os receptores de antígenos possuem funções muito importantes na maturação dos linfócitos e
nas respostas imunes. Os linfócitos virgens, quando reconhecem um antígeno, iniciam
respostas e com isso as células T efetoras e os anticorpos são capazes de desempenhar suas
funções.
Os linfócitos B e T expressam vários receptores que possuem a função de reconhecer os
antígenos: os anticorpos ligados à superfície da membrana dos linfócitos B; e os receptores de
células T (TCR) nos linfócitos T.
Esses receptores apresentam características essenciais para a função das células diante das
respostas imunológicas. Apesar de estes receptores apresentarem estruturas muito
semelhantes, também possuem diferenças fundamentais relacionadas aos tipos de estruturas
antigênicas reconhecidas pelas células B e T.
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Fonte: Shutterstock.com
Nos receptores antigênicos, existem regiões (domínios) que estão relacionadas ao
reconhecimento do antígeno propriamente, e assim essas regiões variam entre os linfócitos. Já
as regiões que estão relacionadas à integridade estrutural e às funções efetoras são
conservadas em todos os clones (cópias de linfócitos). Dessa forma, os locais de
reconhecimento também são chamados de regiões variáveis (V), e as porções preservadas
são chamadas de regiões constantes (C).
Os anticorpos que estão na superfície da membrana plasmática dos linfócitos B funcionam
como receptores e são capazes de reconhecer uma variedade muito maior de estruturas
químicas do que os receptores antigênicos de células T.
As células T normalmente só reconhecem peptídeos apresentados pelas APC, enquanto os
anticorpos dos linfócitos B reconhecem várias formas e conformações de macromoléculas,
como: proteínas, lipídeos, carboidratos, ácidos nucleicos, entre outros.
AFINIDADE
Força de ligação resultante entre um anticorpo e um único epítopo do antígeno.
Os receptores de células T (TCR) são capazes de reconhecer somente o complexo formado
por MHC e peptídeo. O TCR se liga ao complexo MHC-peptídeo com uma afinidade
relativamente baixa e, para queessa ligação seja fortalecida, ocorre a junção de moléculas
acessórias. Essas moléculas não apresentam regiões variáveis, não são polimórficas e estão
envolvidas no processo de sinalização, ativação e regulação da resposta imunológica.
 
Fonte: Shutterstock.com
 
Fonte: ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H, 2009.
 Moléculas envolvidas na apresentação de antígenos à célula T.
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As moléculas acessórias se ligam especificamente a outras moléculas na membrana das APC
e aumentam a adesão entre o linfócito T e a APC. Além disso, as moléculas acessórias podem
apresentar outras funções como auxiliar na passagem dos linfócitos para um tecido e na
retenção dessas células no tecido. Podemos citar como exemplo de moléculas acessórias das
células T: CD4, CD8, CD28, CTLA-4, CD45R, CD2, LFA-1, L-selectina e CD44.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR CORRESPONDE AO
PROCESSAMENTO E APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS NO INTERIOR
DAS CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS ÀS MOLÉCULAS DE
MHC:
A) Os peptídeos antigênicos que são formados no interior de vesículas, são apresentados por
MHC de classe I.
B) Os antígenos citosólicos sofrem proteólise em uma organela proteolítica chama de
proteassoma.
C) As moléculas de MHC classe I produzidas em uma APC, irão carregar consigo uma proteína
chamada de cadeia constante (Ii).
D) As moléculas de MHC são sintetizadas no núcleo celular.
E) As proteínas extracelulares e as proteínas citosólicas normalmente utilizam a mesma via de
processamento de antígenos.
2. “RECONHECEM APENAS O COMPLEXO MHC-PEPTÍDEO E A LIGAÇÃO
ESTABELECIDA COM A CÉLULA APRESENTADORA DE ANTÍGENO
POSSUEM UMA AFINIDADE RELATIVAMENTE BAIXA”. A AFIRMAÇÃO
ANTERIOR ESTÁ DESCREVENDO UMA CARACTERÍSTICA DE:
A) Receptores de células T (TCR).
B) Linfócitos T CD8.
C) Anticorpos de superfície da membrana dos linfócitos B.
D) Regiões constantes dos receptores antigênicos.
E) Microrganismos intracelulares.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que melhor corresponde ao processamento e apresentação de
antígenos no interior das células apresentadoras de antígenos às moléculas de MHC:
A alternativa "B " está correta.
 
As moléculas de MHC são produzidas no retículo endoplasmático e possui como função se unir
a antígenos para apresentá-los na superfície celular. O MHC de classe I apresenta peptídeos
oriundos do espaço citosólico, enquanto o MHC classe II apresenta peptídeos que estão no
interior de vesículas, e carrega junto a si uma cadeia constante (Ii).
2. “Reconhecem apenas o complexo MHC-peptídeo e a ligação estabelecida com a célula
apresentadora de antígeno possuem uma afinidade relativamente baixa”. A afirmação
anterior está descrevendo uma característica de:
A alternativa "A " está correta.
 
Os receptores de células T, também chamados de TCR, ligam-se ao complexo MHC-peptídeo
na superfície da membrana de uma APC com uma afinidade baixa, e as moléculas acessórias
são responsáveis por fortalecer essa ligação.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a Imunologia é uma ciência que continua evoluindo até hoje. O estudo do
sistema imunológico é fundamental para que outras áreas da ciência possam progredir.
Vários recursos médicos utilizados nos dias de hoje são fruto de pesquisas realizadas na área
imunológica.
O conhecimento dos elementos formadores do sistema imunológico é de grande importância
para a compreensão do seu funcionamento. Esse sistema é composto por moléculas, células,
tecidos e órgãos que trabalham juntos, com a finalidade de proteger o organismo da invasão de
patógenos que possam acarretar doenças e prejuízos para o indivíduo infectado.
Para que ocorra a proteção contra patógenos, o sistema imunológico utiliza mecanismos para
reconhecê-los. Isso ocorre pela identificação dos antígenos presentes na superfície dos
microrganismos ou das proteínas microbianas. A identificação é feita via receptores presentes
nas células que compõem o sistema imunológico. A partir daí, é desenvolvida uma resposta,
desencadeada por vários elementos constituintes do sistema para promover a proteção.
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015.
ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H. Imunologia básica: funções e distúrbios do sistema
imunológico. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
CRUVINEL, Wilson de Melo et al. Sistema Imunitário – Parte I: fundamentos da imunidade
inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Rev. Bras.
Reumatologia, São Paulo, vol. 50, n. 04, p. 434-436, 2010.
MARTÍNEZ, Alfredo Córdova; ALVAREZ-MON, Melchor. O sistema imunológico (I): conceitos
gerais, adaptação ao exercício físico e implicações clínicas. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte, 5, 3, p. 120-125, 1999.
ROITT, I. M. & DELVES, P. J. Fundamentos de imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia o livro Imunologia básica:
funções e distúrbios do sistema imunológico, dos autores Abbas e Litchaman.
Pesquise o livro Conceitos e métodos para formação de profissionais em laboratórios de
saúde, do IOC (instituto Oswaldo cruz) /FIOCRUZ, o capítulo 01 é destinado a
imunologia.
Pesquise na internet o site da Sociedade Brasileira de Imunologia. Ele traz diversas
informações e eventos relacionados à comunidade de estudos sobre imunologia no
Brasil.
CONTEUDISTA
Thaíssa Queiróz Machado
 CURRÍCULO LATTES
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