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UnB - Universidade Nacional de Brasília. ADM - Departamento de Administração. Disciplina: Microeconomia Aplicada. Professor: Jose Carneiro da Cunha Oliveira Neto. Turma: C. Teoria do Consumidor: Origens, Aplicações e Conceitos Fundamentais. Aluno: Rafael Gomes da Silva. Matrícula: 202062080. Brasília, 25 de Março de 2021. 1 INTRODUÇÃO: O presente trabalho objetiva sistematizar de maneira ampla as origens, aplicações e conceitos fundamentais que regem a Teoria do Consumidor, que é uma ramificação das Ciências Econômicas, precisamente em Microeconomia. Nesse sentido, o grande ícone da Teoria do Consumidor são as Curvas de Indiferença, que serão analisadas posteriormente no desenvolvimento do assunto na tentativa de aplicar de maneira clara a ideia da monotonicidade, ou seja, de que o consumidor, baseando-se no conceito de “ceteris paribus”, presume-se que o consumidor sempre irá querer mais de um item. Nesse sentido, se um produto X está disponível para uso pessoal, este bem deverá ser o “melhor” dentre os demais, no objetivo de satisfação da vontade do consumidor. Em complemento, a Teoria da Utilidade Marginal faz-se presente pois em um cenário mais real possível, o objetivo da satisfação de bem-estar ao consumir unidades adicionais de um bem diminui ao longo do consumo. Este texto introdutório visa fundamentalmente a teoria do consumidor, sendo a questão da produção de bens e serviços disponíveis é um dado do problema do consumidor e concentra- se na decisão de escolha, novamente, para satisfação da sua “vontade”. Por ser um desenvolvimento introdutório ao nível de uma disciplina semestral, considera-se a aplicação dos preceitos de que os mercados estão em equilíbrio. A leitura do texto pode obrigar o leitor a ter conhecimentos matemáticos sobre funções reais de variáveis reais, para análise gráfica, em especial no que se refere ao significado do conceito de função contínua e derivável em determinado ponto. Nesse sentido, a Microeconomia objetiva o tratar das oportunidades de escolhas dos seres sociais no que se refere aos fundamentos das escolhas econômicas de gostos e preferências, da tecnologia, da informação, entre outros. A Microeconomia estuda, também, o resultado que esta interação resulta em termos de preferências individuais de decisão. Assim sendo, além das escolhas individuais tem-se, também, um certo nível de agregação normalmente de coisas idênticas e considerada em quantidades, tal como ocorre com os consumidores de maçãs e, em conjunto, os vendedores de maçãs, é certo que em termos genéricos são idênticas, sendo possível que a agregação seja feita em quilos, toneladas, por exemplo. Oposto à Microeconomia, tem-se a Macroeconomia, que objetiva o estudo da realidade econômica em termos capitais (monetários), ao nível dos países. Esta primeira, por questões de contextualização, pode ser dividida em ramificações diversas, sendo a teoria do consumidor, produtor, dos mercados, dos bens públicos, do bem-estar, sendo todas as ideias antecessoras sujeitas a restrições que são impostas pelo sistema econômico. 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO: 2.1.2 CONTEXTO HISTÓRICO: Começamos nosso desenvolvimento com a Teoria de Valor que é desenvolvida em “An Inquiriy into the Nature and Causes of the Wealth of Nations” (ADAM SMITH, 1776). Pode- se definir o preço (valor) de um produto determinado pelos custos de produção e em última análise pelo trabalho. Adam Smith detalha mais precisamente dois conceitos: Valor de uso, que é a utilidade do bem e o Valor de troca, que e a utilidade associada à escassez que confere ao referido bem um valor de troca. O trabalho então seria a fonte de valor dos recursos produzidos. A ideia de Utilidade surge e portanto é utilizada como afirma William Stanley (1871), “Utilidade deve ser considerada como uma mensuração por, ou também por algo idêntico, onde a adição de uma unidade pode satisfazer a necessidade pessoal das pessoas”. Nesse sentido, a Utilidade é a faculdade de que as pessoas têm para servir ao homem de qualquer maneira que seja e assim a trazer valor ao ser humano que dele se satisfaz. A Lei da Variação da Utilidade de Jevons (1871), nos indica que a utilidade não e a mesma, sendo um produto em função da posse anterior maior ou menor do mesmo produto ou mesmo artigo. Um pedaço de pão por dia salva uma pessoa da fome, e tem a maior concentração de utilidade. O segundo pedaço de pão por dia não tem a mesma utilidade: isso mantém ele(a) em um estado de comparação, não sendo, portanto, indispensável. Já um terceiro pedaço, começaria a ser, para ele, supérfulo. (JEVONS, 1871). Nesse sentido, a ideia do autor nos propõe uma ideia de Utilidade Marginal ou adicional de cada produto que ele venha a consumir. Assim tem-se que a conceituação de que a Utilidade representa o acréscimo de utilidade relativa ao consumo de mais uma unidade adicional de um produto. Fonte: Jevons, 1871. Assim, a compra do primeiro produto, compra de um primeiro produto é igual à Utilidade total inicial. A compra de uma segunda unidade de um mesmo produto, confere um acréscimo de Utilidade total inferior a da primeira vez. Por conseguinte, uma terceira compra de um mesmo produto, produz uma utilidade total maior, porém uma utilidade marginal maior. Graficamente, tem-se: Fonte: Repositórios USP, 2021. Matematicamente, define-se Utilidade Marginal (Umg) como sendo a taxa de aumento da utilidade em função do produto consumido, sendo a utilidade decrescente, necessariamente. Umg = 𝑑𝑈 𝑑𝑞 Assim, enquanto a utilidade marginal for maior ou igual ao preço, haverá, por parte do consumidor, a necessidade de satisfação de sua “vontade” através do consumo para seu bem- estar. Assim, o preço do produto no mercado será, de igual forma, função de sua utilidade marginal. Nesse sentido, se uma pessoa, por exemplo comprar um item de vestuário e o preço de mercado for abaixo do valor que este par de tênis terá para esta pessoa, ela então irá comprar este produto. Se ela comprar um segundo item de vestuário, se o preço de mercado estiver ainda menor ou igual ao valor que este par de tênis terá para esta pessoa em termos de satisfação, e assim por diante. Quando aplicamos este conceito a vários itens de consumo, surge o conceito de CI (Curvas de Indiferença). 2.1.3 Curvas de Indiferença: Pode-se assim definir curvas de indiferença como sendo a combinação da quantidade de produtos que geram a mesma utilidade para o consumidor, ou seja sua satisfação da vontade. À medida que se afastam da origem, aumenta-se o seu valor. Associada às curvas de indiferença, tem-se a Restrição Orçamentária, que representam o potencial de compra que um consumidor tem em função de sua renda. Nesse sentido, presume-se que o consumidor usa toda a sua renda para maximizar sua utilidade. Assim como o consumo representa o ponto de tangência da restrição da renda à curva de indiferença mais alta. Em caso de mudança de renda, a curva de distribuição de renda desloca-se para a direita (para cima), enquanto a nova curva de indiferença atinge-se maior satisfação/utilidade com o consumo total e, havendo mudanças de preços de um dos produtos, muda-se a forma da curva da restrição orçamentária, portanto altera-se também a combinação de produtos que têm a máxima utilidade. Efeito de aumento de renda Efeito de aumento de preços. Fonte: Repositórios USP, 2021. Fonte: Repositórios USP, 2021. 2.1.3 EXCEDENTE DO CONSUMIDOR: Sabemos que o objetivo do consumidor é adquirir produtos que satisfação seu bem-estar social, aumentando o mesmo da melhor forma possível. Nesse sentido, o excedente do consumidor se preocupa em que medida será maior esta referidasatisfação pelo fato de diferentes consumidores atribuírem valores diferentes ao consumo de cada mercadoria, este mesmo valor para diferentes mercadorias também difere. Pode-se definir o excedente como: “O excedente do consumidor individual é a diferença entre o preço que um consumidor estaria disposto a pagar por uma mercadoria e o preço que realmente paga”. Por exemplo, se um estudante Universitário está disposto a pagar R$ 210 em um Congresso de Contabilidade Governamental, sendo o valor do ingresso em realidade R$ 208 aqueles 2 reais economizados representariam o excedente do consumidor, salvo em casos em que tem-se grandes variações da renda. O excedente do consumidor pode ser melhor calculado quando tem-se a curva de demanda. À exemplo de uma curva de demanda individual de ingressos para um show de rock, é possível medir o valor que esse consumidor obtém de sua aquisição para o ingresso de um show, de forma escalonada. Tem-se: Fonte: Pindyck, 2010. Para decidir sua quantidade, o indivíduo irá efetuar os seguintes cálculos: o primeiro ingresso curta R$ 14, mas vale R$ 20. Esse mesmo valor representa o máximo que o consumidor estaria disposto a pagar na aquisição de uma unidade adicional do ingresso. Vale, então, a compra do ingresso pois o mesmo gera R$ 6 em valor excedente ao preço de aquisição. Vale a pena, também, adquirir o segundo, visto que o mesmo gera R$ 5 (19 – 14), em valor excedente do preço de aquisição. O terceiro gera um excedente no valor de R$ 4. Já o sétimo ingresso não traria para o indivíduo um benefício, visto que o valor excedente é 0. Já para o excedente do consumidor agregado, calcula-se a área situada abaixo da curva de demanda do mercado, ou seja um triângulo. O gasto corrente vem a ser R$ 6.500 * 14 = R$ 91.000. O excedente do consumidor seria, nesse sentido: Área = (b.h) /2 Área = [(20 – 14) * 6500] /2 = R$ 19.500. Este valor representa o benefício total dos consumidores menos o que eles pagam efetivamente pelos ingressos. 2.1.4 EXEMPLO PRÁTICO E MÉTODO DOS MULTIPLICADORES DE LAGRANGE: Partindo-se da premissa de que os consumidores buscam maximizar suas vontades, o método dos multiplicadores de Lagrange é uma técnica que utiliza-se de máximos e mínimos de funções sujeitas a restrições. Objetiva-se assim contextualizar de maneira matemática e condizente com a realidade do dia-a-dia os conceitos aqui aplicados. Nesse sentido, suponhamos que Gomez seja um estagiário financeiro que gasta R$ 1.000 em jantares e ida ao cinema. Ela costuma gastar, em média, R$ 700 em jantares e R$ 300 com cinema. Sendo Pc = 60 e Pj = 140. Como será a escolha de Gomez? 1) Dispondo da restrição orçamentária de R$ 1.000 percebemos que este ser gasta com dois bens. Nesse sentido, os dois bens (jantares e idas ao cinema) são, em certo ponto, substitutos e, em certo ponto, complementares (recomenda-se aprofundamento de estudo nos conceitos de utilidade relacionado à curva Cobb-Douglas). Assim sendo, o primeiro passo para resolução de nosso dilema é encontrar a função Utilidade. Nesse sentido, U(Xc ; Xj) = Xc0,3 * Xj0,7 A estes índices, dar-se o nome de potenciadores percentuais da renda. (%w). 2) O segundo passo para resolução do dilema é encontrar a Restrição Orçamentária do estudante. Nesse sentido: 1.000 = 60Xc + 140Xj. 3) Definidos os dois anteriores define-se, agora, nosso problema de otimização com o objetivo de maximizar a utilidade. Nesse sentido: U(Xc ; Xj) = Xc0,3 * Xj0,7 S.a.: 1000 = 60Xc + 140Xj. 4) Com os dados dispostos até o momento, tem-se um entrave: a derivação torna-se um trabalho complexo e trabalhoso. Porém, mantendo-se a essência de nossa função utilidade, faremos uma transformação monotônica para otimização de cálculos posteriores. Nesse sentido: U(Xc ; Xj) = Xc0,3 * Xj0,7 U(Xc ; Xj) = 0,3Ln*Xc + 0,7Ln*Xj. 5) Feitos todos os passos anteriores, estamos aptos ao cálculo do Lagrangeano. Nesse sentido: L = 0,3Ln*Xc + 0,7Ln*Xj - λ (60Xc + 140Xj – 1.000). *Define-se λ como “preço sombra”, ou seja, representa o custo de oportunidade, sendo portanto o verdadeiro preço econômico do bem. 6) Realizado os procedimentos anteriores, procede-se ao cálculo das derivadas de primeira ordem e, da mesma forma, iguala-se o resultado a zero. Portanto, com as variáveis apresentadas, tem- se: 𝜕𝐿 𝜕𝑋𝑐 = 0,3 𝑋𝑐 – λ 60 = 0 0,3 60𝑋𝑐 = λ. 𝜕𝐿 𝜕𝑋𝑗 = 0,7 𝑋𝑗 – λ 140 = 0 0,7 140𝑋𝑗 = λ. 𝜕𝐿 𝜕𝑋𝜆 = 60Xc + 140Xj – 1.000 = 0. λ = λ 0,3 60𝑋𝑐 = 0,7 140𝑋𝑗 = 0,3 0,7 * 140 60 Xj = Xc Xj = Xc. 60Xc + 140Xc = 1.000 200Xc = 1.000 Xc = 5 Portanto, Xj = 5. Nesse sentido, ao consumir 5 idas ao cinema e cinco jantares, nosso usuário tem seu ponto de escolha maximizado. Prova real: 140 * 5 = 700; 160 * 5 = 300. 2.1.5 EFEITO RENDA, SUBSTITUIÇÃO E EQUAÇÃO DE SLUTSKY: Em linhas gerais, pode-se definir o Efeito Renda como sendo a mudança no consumo de um bem que resulta de uma aumento no poder de compra, com preço relativo mantido constante. Da mesma forma, define-se o Efeito Substituição como a variação do consumo de um bem associada a uma mudança em seu preço, mantendo-se constante o nível de utilidade. Nesse sentido, no efeito renda, quando um preço de um bem específico aumenta ou diminui, o consumidor acaba sofrendo uma mudança indireta na sua renda, mesmo que não ocorra nenhuma alteração, já que o efeito renda pode se comportar de maneiras distintas, dependendo do tipo de bem envolvido. As relações desta com o efeito substituição são bastante intrínsecas visto que esta segunda acompanha o contexto de que, além do poder de compra, a variação de preços também afeta a escolha de produtos pelo consumidor. Nesse sentido, o efeito substituição é a mudança no consumo de um bem em relação a outro, quando ocorre a variação de preço em algum dos dois. Desta maneira, suponhamos que uma Estudante Universitária goste de dois bens: petisco e cerveja. Originalmente a mesma consome a cerveja a um preço de R$ 15 e o petisco no valor de R$ 4. Suponhamos que a cerveja aumente em R$ 2 reais. Dados: U(Xc ; Xj) = Xc0,55 * Xp0,45 S.a.: 220 = 8Xc + 25Xp. 1) O primeiro passo é encontrar W’ que faça que a cesta original seja consumida. Nesse sentido: W’ = W + ΔW = 220 + 30 = R$ 250. ΔW = ΔP * Q = 2*15 = 30 2) Pergunta-se: Quanto é o consumo de C’? C’ = [ 0,55 * 250 ] / P’c = C’ = P’c = 137,5/10 = C’ = 13,75 3) Calcula-se o efeito substituição: Es = 13,75 – 15 = - 1,25 Nesse sentido, o aumento de dois reais no preço da cerveja. Faz com que o a estudante substitua a cerveja por outras unidades em 1,25. 4) Efeito Total = Efeito R – Efeito S. C’T = (0,55 * 220) / 10 = 12,1, nesse sentido o consumo da indivídua cai para 12,1 unidades de cerveja. Et = 12,1 – 15 = -2,9 unidades. 3) Efeito Total: -2,9 + 1,25 = 1,65. Pois com isso ele fica relativamente mais pobre. 3 CONCLUSÃO: Pode-se inferir do trabalho desenvolvido referente à teoria do consumidor uma série de aplicações e explicitações que, desde os períodos antigos até a atualidade, desenvolveram e enriqueceram ainda mais as ciências econômicas. O consumidor, baseando em sua cesta de consumo, busca sempre a otimização do consumo através da maximização e otimização dos mesmos para a busca de seu próprio bem-estar. “Devo ter um automóvel mais espaçoso, ou com maior potência?” “Devo comer quantos mexilhões fritos no selfie-service?” “Um aumento na carne bovina provoca um aumento de consumo de carne de frango?” Podem ser apenas algumas de várias questões a serem discutidas em estudos futuros. A questão orçamentária em conjunto com a curva de indiferença nos convida a um estudo mais aprofundado nas preferências do consumidor noque tange ao ponto de escolha e suas vontades. O efeito renda e efeito substituição propõem visar as alterações nos efeitos dos mesmos para a mesma e referida busca de satisfação. Vimos através de exemplos reais as aplicações de conceitos práticos na vida cotidiana de um bar e de um usuário comum. O que demonstra que as teorias aqui aprendidas podem ser perfeitamente aplicáveis no dia-a-dia, seja para um Micro Empreendedor Individual ou um gestor de uma grande empresa, na tentativa de otimizar estudos e proporcionar a eficiência das mesmas, e, consequentemente, um afetar nos lucros futuros. 4 BIBLIOGRAFIA: PINDYCK, R. E RUBINFELD, D. 2010, Microeconomia. São Paulo Revisão P1 Micro 22020-20210316_111243-Meeting Recording 6ª Aula de Micro 22020-20210304_110645-Meeting Recording 5ª Aula de Mirco 22020-20210225_110702-Meeting Recording https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=3735 https://www.youtube.com/watch?v=ni7VRg1uxBY https://www.suno.com.br/artigos/efeito-renda/ https://www.youtube.com/watch?v=nOusyF3dFHA https://www.youtube.com/watch?v=F6LdlHHZnqY&t=10s https://www.youtube.com/watch?v=yjGG2pARmMk&t=309s https://www.youtube.com/watch?v=ni7VRg1uxBY https://www.suno.com.br/artigos/efeito-renda/ https://www.youtube.com/watch?v=nOusyF3dFHA https://www.youtube.com/watch?v=F6LdlHHZnqY&t=10s https://www.youtube.com/watch?v=yjGG2pARmMk&t=309s
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