Buscar

MATERIAL 01 - TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CONSTITUCIONALISMO 
 
Constitucionalismo: teoria que envolve o princípio do governo limitado 
indispensável à garantia dos direitos de uma comunidade. Técnica específica 
de limitação do poder com fins garantidos. 
 
Segundo Kildare Gonçalves Carvalho o constitucionalismo consiste: 
 
- Sistema normativo baseado na constituição; 
- Está acima dos detentores do poder. 
 
André Ramos Tavares: 
 
- Movimento que visa limitar o poder arbitrário; 
- Imposição de que haja Constituição escrita; 
- Indicar a função e a posição das Constituições nas diversas sociedades; 
- Evolução histórico constitucional de um determinado Estado. 
 
OBS: Na teoria do constitucionalismo, todo Estado deve possuir uma 
Constituição com regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência aos 
direitos fundamentais. 
 
Neoconstitucionalismo – século XXI 
 
- Desenvolvimento doutrinário; 
- Positivação e concretização dos direitos fundamentais. 
- O Estado tem o dever de não intervir. 
 
Direitos de Primeira Geração: direito à vida, à liberdade, à propriedade, à 
liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à inviolabilidade do 
domicílio, à liberdade de reunião. Obrigações de não fazer, ligados a 
liberdade do homem de decidir seu próprio destino. 
 
Direitos de Segunda Geração: Estado passa a ser responsável para 
concretizar um ideal de vida digna. Direito à assistência social, saúde, 
educação, trabalho, lazer, etc. São direitos sociais – valor de igualdade. 
 
Direitos de Terceira Geração: ligados ao valor de fraternidade e 
solidariedade, visam a proteção do gênero humano. Direito ao meio 
ambiente (Art. 225/CF), direito de propriedade sobre patrimônio 
comum da humanidade, direito à comunicação. 
 
Direitos de Quarta Geração: globalização política. Direitos à democracia, 
informação e pluralismo (várias formas de pensar sobre uma mesma ideia ). 
 
 
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
 
1. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
1.1 CONCEITOS 
 
Paulo Gustavo Gonet Branco - É o ramo de estudo jurídico 
dedicado à estrutura do ordenamento normativo, no qual se 
examinam as regras matrizes do todo o direito positivo (as normas 
impostas pelo Estado) e do qual advém os princípios do Direito 
Administrativo, Tributário, Processual, Penal e Privado. 
 
José Afonso da Silva – O Direito Constitucional é o ramo do 
Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e 
normas fundamentais do Estado, podendo ser considerado a ciência 
positiva das constituições. 
 
José Afonso da Silva: Direito Constitucional como direito público 
fundamental estabelece: 
§ A estrutura do estado; 
§ A organização de suas instituições; 
§ O modo de aquisição e exercício do poder; 
§ Bem como a limitação desse poder, por meio, especialmente, 
da previsão dos direitos e garantias fundamentais”. 
 
Em outras palavras, o Direito Constitucional busca 
interpretar as normas fundamentais do Estado, a sua 
organização e estruturação política, bem como os limites de 
atuação e os princípios fundamentais que o norteiam; e 
justamente por isso é tratado dentro do ramo de Direito 
Público. 
 
1.2 OBJETO DO DIREITO CONSTITUCIONAL: 
Paulo Bonavides – O objeto do Direito Constitucional = o 
estabelecimento de poderes supremos, a distribuição da 
competência, a transmissão e o exercício da autoridade, a 
formulação dos direitos e das garantias individuais e sociais. 
§ É A CONSTITUIÇÃO; (P.Ferreira): O objeto do Estudo do 
D.Constitucional é a Constituição; (conceito sintético) ; 
§ (A.Moraes/Canotilho): Como produto legislativo máximo do 
D.Constitucional encontramos a própria Constituição, elaborada 
para exercer dupla função: garantia do existente e 
programa ou linha de direção para o futuro. 
§ (A.Barbosa): “são objetos do D.Constitucional tanto as teorias 
que se criaram acerca da Constituição, formadas por 
especialistas no assunto, quanto o texto da própria 
Constituição”. 
1.3 HISTÓRICO DO DIREITO CONSTITUCIONAL: 
§ 1691: FRANÇA: Escola de Paris: Grande movimento 
(Constituição Escrita – derrubada do Rei): Revolução Francesa; 
Direito Constitucional matéria lecionada na faculdade; 
§ 1797: ITÁLIA: Escola de Bolonha: Escolas – Direito 
Constitucional (disciplina); 
§ 1940: BRASIL: Dec. Lei 3.269: Deve ser ensinado nas 
cadeiras (separando o Direito Constitucional da Teoria do 
Estado); prazo mínimo de 3 anos, formar professores de Direito 
Constitucional; 
 
1.4 FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
FONTES DO DIREITO – são os modos de criação e revelação das 
normas jurídicas, podendo ocorrer de duas formas: escritas e não 
escritas. 
 
 
CONCEPÇÃO DE Paulo Gustavo Gonet Branco 
 
 
a) As emendas constitucionais advindas do poder constituinte de 
reforma são fontes formais de Direito Constitucional. 
 
b) Os tratados e convenções internacionais aprovados em dois 
turnos por cada uma das casas do Congresso Nacional, com 3/5 dos 
votos dos seus respectivos membros, passam a ser normas 
constitucionais, portanto, são fontes de Direito Constitucional. (art. 
5º, par. 3º, da CF). 
 
c) A jurisprudência, especialmente do STF, é fonte complementar, 
na medida que a atividade jurisdicional da Corte manifesta os 
sentidos das normas e os princípios inseridos na Lei Fundamental. 
 
d) O costume (prática reiterada de uma conduta que não está 
disposta em norma escrita) também é fonte complementar do 
Direito Constitucional. 
OBS: os costumes como fonte do Dir. C. são o secundum legem 
(segundo uma lei já existente) e praeter legem (que supre uma 
lacuna da lei). O contra legem não é fonte, pois que já é contrário 
a texto de lei. 
 
CONCEPÇÃO DE Paulo Bonavides 
 
 
Fontes Escritas 
 
a) as leis constitucionais; 
b) leis complementares e regulamentares – figura especial de leis 
ordinárias que servem de apoio à Constituição e fazem com 
inúmeros preceitos constitucionais seja aplicados; 
c) as prescrições administrativas contidas em regulamentos e 
decretos de importância do Direito Constitucional; 
d) os regimentos das Casas do Poder Legislativo ou do órgão 
máximo do Poder Judiciário; 
e) os tratados internacionais, o Direito Canônico, a legislação 
estrangeira, as resoluções das comunidades internacionais, sempre 
que o Estado os aprovar ou reconhecer; 
f) a jurisprudência (EUA as decisões da Suprema Corte integram 
quase metade da Constituição); 
g) a doutrina – a palavra dos tratadistas, a lição os grandes 
mestres. 
 
Fontes não escritas 
 
a) costumes - praticas reiteradas de certos atos por uma 
coletividade que os adota como regra; 
b) os usos constitucionais – tem relevância em países 
desprovidos de Constituição escrita ou com textos sumários. Nos 
Estados Unidos, por exemplo, é evidente a presença de tal 
fenômeno, no qual as convenções partidárias e algumas práticas de 
funcionamento do Poder executivo se assentam tão-somente em 
usos constitucionais. 
 
1.5 DIVISÕES DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
1.5.1) Direito Constitucional Positivo (particular ou 
especial) – Tem por objeto o estudo dos princípios e normas de 
uma constituição concreta, de um Estado determinado. Trata-se da 
interpretação, crítica e sistematização das normas vigentes em certo 
Estado. 
Assim, fala-se em Direito Constitucional Particular quando se 
examinam as peculiaridades da organização jurídica de cada Estado, 
e em Direito Constitucional Positivo quando se ressalva a vigência e 
eficácia das normas que compõem o seu ordenamento jurídico. 
 
- Estudo de uma Constituição específica vigente em um 
Estado determinado. Orientação puramente dogmática: 
ocupa-se do DIREITO POSITIVO, procedendo à análise, 
interpretação, sistematização e críticas a regra e princípios 
integrantes ou derivados de uma constituição (nacional ou 
estrangeira). 
 
1.5.2) Direito Constitucional Comparado – analisa diversas 
Constituições para obter da comparação dessas normas positivas 
dados sobre semelhanças ou diferenças que são úteis ao estudo 
jurídico, captando o que há de essencial na unidade e na 
diversidade entre elas. O Direito Constitucional Comparadoassenta-
se em sistemas jurídicos positivos, embora não necessariamente 
vigentes. 
 
1.5.2.a) Finalidades: 
 
1) Mostrar ao Estado a origem de um instituto nele introduzido. 
 
2) Dissipar dúvidas quanto a origem de determinado instituto 
explicando que, apesar de ser semelhante a um que se encontra em 
outro país, não pode ser colhido neste. 
 
1.5.2.b) OBJETIVO: estudo comparativo de uma pluralidade 
de constituições, destacando os contrastes e as 
semelhanças entre elas. Podendo adotar o critério: 
1.5.2.b1) TEMPORAL OU COMPARAÇÃO VERTICAL: 
§ Confrontam-se no tempo as Constituições de um mesmo 
Estado, observando-se as semelhanças e diferenças em 
épocas distintas da evolução constitucional daquele 
Estado. 
§ Trata-se, assim, do estudo das normas jurídicas 
positivadas nos textos das Constituições de um mesmo 
Estado em diferentes momentos histórico-temporais. 
§ Ex: Brasil: CF do Império X CF/88; 
1.5.2.b2) ESPACIAL OU COMPARAÇÃO HORIZONTAL: (mais 
utilizado) 
§ Comparam-se, no espaço, constituições vigentes de 
diferentes Estados, preferencialmente, de áreas 
geográficas contínuas. 
§ Ex: CF Brasil X CFs dos demais países da America Latina; 
1.5.2.b3) DA MESMA FORMA DE ESTADO: 
§ Confrontam-se Constituições que adoram a mesma forma 
de Estado, as mesmas regras de organização. 
§ Ex: Comparação das CF de alguns países que adotam a 
forma Federativa. 
1.5.3) Direito Constitucional Geral – utiliza normas positivas, 
peculiares ao Direito Constitucional daquele Estado, estabelecendo 
conceitos, princípios e apontando tendências gerais. Ou seja, é a 
própria teoria geral do Direito Constitucional (ex.: conceito de 
Direito Constitucional, seu objeto e conteúdo, teoria da constituição, 
hermenêutica, interpretação e aplicação das normas constitucionais, 
teoria do poder constituinte etc.). 
 
OBJETIVO: delinear, sistematizar e dar unidade aos 
princípios, conceitos e instituições que se acham presentes 
em vários ordenamentos constitucionais. Função: 
elaboração de uma teoria geral de caráter científico (ciência 
teórica, não meramente dogmática ou descritiva). Cabendo, 
assim, definir as bases da denominada teoria geral do direito 
constitucional, tais como: 
§ Conceitos de Direito Constitucional; 
§ Fontes do Direito Constitucional; 
§ Conceito de Constituição; 
§ Classificação das Constituições; 
§ Conceito de Poder Constituinte; 
§ Métodos de interpretação da Constituição; 
§ (…); 
1.5.4) Direito Constitucional Internacional	 –	 O direito 
internacional constitucional, sob o ponto de vista doutrinário, 
constitui área interdisciplinar e recente. Duas perspectivas podem 
ser identificadas no estudo do direito constitucional internacional. 
 
1) Tem por objeto o processo de internacionalização das 
constituições nacionais; 
 
2) Estuda-se o fenômeno da constitucionalização do direito 
internacional, o qual indica as seguintes tendências: 
 
a) o aprofundamento da sistematicidade da ordem jurídica 
internacional; 
 
b) o reconhecimento de regras gerais e fundamentais e, em 
alguns casos, hierarquicamente superiores no direito 
internacional; 
 
c) e a progressiva expansão dos temas abarcados pelas 
normas de direito internacional constitucional, aspecto que 
corresponde às mudanças na sociedade internacional e à 
ampliação dos interesses comuns da humanidade. 
 
Esta, por sua vez, como explicado por Bryde, passa a ser entendida 
como destinatária final das normas jurídicas internacionais, em 
substituição aos Estados, que passam a figurar como destinatários 
imediatos, subordinados a preceitos que protegem o ser humano, 
sua dignidade e seus interesses permanentes. 
 
Leia mais: http://jus.com.br/artigos/23790/aspectos-do-direito-
internacional-constitucional-manifestacoes-constitucionais-da-
ordem-juridica-internacional/2#ixzz3iF8yCc16	
 
2. A CONSTITUIÇÃO 
 
2.1 Origem e conceito de Constituição 
 
Desde a Antiguidade já se constatava que, entre as leis, pelo menos uma delas 
se destacava em face de seu propósito de organizar o próprio poder, fixando os 
seus órgãos, estabelecendo as suas atribuições e seus limites, enfim, definindo 
a sua Constituição. A noção de Constituição, pois, já existia entre os gregos e 
romanos, no domínio do pensamento filosófico e político. 
 
A palavra Constituição deriva do verbo latino constituere 
(estabelecer definitivamente), contudo, é usada no sentido 
de Lei Fundamental do Estado, com efeito, a Constituição é 
a organização jurídica fundamental do Estado, um conjunto 
de regras sistematizadas em um texto único, por 
conseguinte, formal. 
 
A Constituição do Estado é a sua Lei Fundamental; a Lei das leis; a Lei 
que define o modo concreto de ser e de existir do Estado; a Lei que 
ordena e disciplina os seus elementos essenciais (poder-governo, 
povo, território e finalidade). 
 
A estrutura do ordenamento jurídico é escalonada. Essa ideia remonta a Kelsen, 
segundo o qual todas as normas situadas abaixo da Constituição devem ser 
com ela compatíveis. 
 
 
CONCEITO OBJETIVO - a Constituição como um conjunto de 
normas jurídicas supremas que estabelecem os fundamentos de 
organização do Estado e da Sociedade, dispondo e regulando a 
forma de Estado, a forma e sistema de governo, o seu regime 
político, seus objetivos fundamentais, o modo de aquisição e 
exercício do poder, a composição, as competências e o 
funcionamento de seus órgãos, os limites de sua atuação e a 
responsabilidade de seus dirigentes, e fixando uma declaração de 
direitos e garantias fundamentais e as principais regras de 
convivência social. 
 
a. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO MATERIAL – é o conjunto de 
normas que instituem e fixam as competências dos principais órgãos 
do Estado – como serão dirigidos e por quem, disciplinando as 
interações e controles recíprocos entre estes órgãos. 
 
b. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO FORMAL – é o documento 
escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da 
comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte 
específico. 
 
O conceito de Constituição, todavia, não pode ficar desvinculado do 
exame do sentido ou concepção que ela pode apresentar. Assim, 
sintetizando as diversas teorias da constituição, cumpre verificar em 
que sentido se deve conceber e compreender a Constituição estatal: 
no sentido sociológico, político ou jurídico? Ou numa conexão 
(união) de todos esses sentidos (sentido cultural)? 
 
Vejamos as concepções a seguir. 
 
2.2 Concepções sobre a Constituição 
 
A Constituição pode ser sentida e compreendida a partir de 
perspectivas ou concepções diversas, segundo o ângulo de visão de 
seu observador. 
 
Efetivamente, o sociólogo vai conceber a Constituição como um fato 
social ou produto da realidade social, dotada de força própria 
extraída dos elementos da mesma realidade da qual proveio. 
 
O adepto da concepção política certamente verá na Constituição a 
síntese de uma decisão política fundamental de um povo acerca do 
modo e da forma concreta de existência de sua comunidade. 
 
O jurista, por sua vez, verá a Constituição como uma lei pura, que 
se distingue das demais em razão de sua superioridade jurídica. 
 
Vamos ver então algumas considerações sobre as 
concepções da Constituição: 
 
2.2.1 A concepção sociológica 
 
Numa concepção sociológica, a Constituição haure a sua origem na 
própria realidade social. 
 
A Constituição, nesse sentido, não é produto da Razão, mas 
sim resultado das forças sociais; não é algo criado ou 
inventado pelo homem, mas sim realidade política e social 
do presente; não é pura forma de “dever ser”, mas de “ser”. 
 
Ferdinand Lassalle, na sua significativa obra A Essência da 
Constituição, revelou os fundamentos sociológicos das 
Constituições: os fatores reais do poder que regem uma 
determinada sociedade. 
 
Constituem esses fatores reais do poder: a monarquia, a 
aristocracia, a grande burguesia, os banqueiros e, com especial 
conotação, a pequena burguesia e a classe operária, todos, sem 
exceção, compondo parte da Constituição, queele denomina de 
Constituição real e efetiva. 
 
Ele distinguia entre a Constituição real (realidade social) e a 
Constituição jurídica (Constituição escrita pelo Homem), afirmando 
que a verdadeira Constituição é a soma dos fatores extraídos da 
realidade social, enquanto a Constituição escrita não passa de uma 
mera folha de papel. 
 
2.2.2 A concepção política 
 
Carl Schmitt, em sua clássica obra Teoria da Constituição, sustentou 
que a Constituição significa, essencialmente, decisão política 
fundamental, decisão concreta de conjunto sobre o modo e 
a forma de existência da unidade política. 
 
Por isso mesmo, para o autor, a Constituição corresponde apenas a 
um conjunto de normas (escritas ou não-escritas) referentes aos 
aspectos fundamentais do Estado, que ele denomina de decisões 
políticas fundamentais. Tudo o mais, por não se relacionar com 
aqueles aspectos, está fora do conceito político de Constituição. 
 
2.2.3 A concepção jurídica 
 
Numa concepção estritamente jurídica, a Constituição é concebida 
como uma norma jurídica, uma norma jurídica fundamental de 
organização do Estado e de seus elementos essenciais, dissociada 
de qualquer fundamento sociológico, político ou filosófico. 
 
Foi em Hans Kelsen que encontramos a figura do defensor 
intransigente do conceito puramente jurídico de Constituição. Para 
ele, a Constituição pode ser concebida em dois sentidos: no lógico-
jurídico, como a norma hipotética fundamental (Grundnorm), 
pressuposta, que serve de fundamento lógico transcendental de 
validade da própria Constituição jurídico-positiva; e no jurídico-
positivo, como a norma positiva suprema, fundamento de validade 
para todas as outras normas positivas, ocupando, assim, o vértice 
do ordenamento jurídico do Estado. Nesse sentido, pois, “a 
Constituição representa o escalão de Direito positivo mais elevado”. 
 
De acordo com a Teoria Pura do Direito, Kelsen destaca vários 
significados de constituição: 
 
Ø Material – é o conjunto de normas que regulam a criação 
dos preceitos jurídicos gerais e prescrevem o processo que 
deve ser seguido em sua elaboração. 
 
Ø Formal – consiste no conjunto de normas jurídicas que só 
podem ser modificadas mediante a observância de 
prescrições especiais, que têm por objetivo dificultar a 
modificação destas normas. 
 
Ø Sentido amplo – compreende as normas que estabelecem 
as relações dos súditos com o poder estatal. 
 
 
 
 
2.2.4 A concepção cultural (conexão das concepções 
anteriores) 
 
Tal concepção parte da afirmação do Direito como objeto 
cultural. Isto porque, assim como a cultura, o Direito é produto da 
atividade humana. Tudo que existe, ou sucede, por intervenção do 
homem, e em que se incorpora ou procura incorporar-se um valor, é 
cultura. 
 
Assim, um conceito adequado de Constituição deve partir da sua 
compreensão como um sistema aberto de normas em correlação 
com os fatos sociopolíticos, ou seja, como uma conexão das várias 
concepções desenvolvidas no item anterior, de tal modo que 
importe em reconhecer uma interação necessária entre a 
Constituição e a realidade a ela subjacente, indispensável à sua 
força normativa. 
 
Konrad Hesse, na sua famosa obra A Força Normativa da 
Constituição, afirma que a Constituição, para irradiar a sua força 
ativa, motivadora e ordenadora da vida do Estado e da sociedade, 
ou seja, para produzir e manter a sua força normativa, deve 
interagir com a realidade político-social, num condicionamento 
recíproco. 
 
2.3. Classificação das Constituições 
 
As Constituições nem sempre se apresentam de maneira idêntica, 
seja no domínio do mesmo Estado, seja entre Estados distintos. 
Assim, surge a necessidade de classificar as Constituições, visando 
identificar os seus vários tipos ou espécies. 
 
2.3.1 Quanto ao conteúdo: Material e Formal 
 
a) Constituição material - A Constituição material é o conjunto 
de normas, escritas ou não escritas (costumeiras), que regulam a 
estrutura do Estado, a organização do poder e os direitos e 
garantias fundamentais, inseridas ou não no texto escrito. O 
fundamental é a matéria ou conteúdo objeto da norma, 
sendo irrelevante a localização desta. 
 
b) Constituição formal - A Constituição formal é o conjunto de 
normas escritas reunidas num documento solenemente elaborado 
pelo poder constituinte, tenham ou não valor constitucional 
material, ou seja, digam ou não respeito às matérias tipicamente 
constitucionais (estrutura do Estado, a organização do poder e os 
direitos e garantias fundamentais). O que se afigura relevante 
aqui é a formalidade que caracteriza essas normas. 
 
2.3.2 Quanto à forma: Escrita e Não-Escrita 
 
a) Constituição escrita - Constituição escrita, ou instrumental, é 
aquela cujas normas – todas escritas – são codificadas e 
sistematizadas em texto único e solene, elaborado racionalmente 
por um órgão constituinte. 
 
b) Constituição não-escrita ou costumeira - Constituição não-
escrita, ou costumeira, é aquela cujas normas não estão 
plasmadas em texto único, mas que se revelam através dos 
costumes, da jurisprudência e até mesmo em textos constitucionais 
escritos, porém esparsos, como é exemplo a Constituição da 
Inglaterra. 
 
2.3.3 Quanto à origem: Democrática e Outorgada 
 
a) Constituição democrática (ou promulgada ou popular ou 
votada) - Constituição democrática é aquela elaborada por 
representantes legítimos do povo, que compõem, por 
eleição, um órgão constituinte. Na sua origem se verifica a 
efetiva participação popular, sendo fruto da soberana manifestação 
de vontade de um povo, que elege com liberdade os seus 
representantes para a tarefa fundamental de elaborar uma 
Constituição. 
 
b) Constituição outorgada - Já a Constituição outorgada é 
aquela cuja elaboração se processa sem qualquer 
participação do povo. É fruto do autoritarismo, do abuso, da 
usurpação do poder constituinte do povo. São impostas pelo 
governante e normalmente são designadas pela doutrina de Cartas. 
►► Como o assunto foi tratado pela FGV? 
(Sefaz/MS/Agente/2006) Quanto à origem, as Constituições são: 
a) rígidas e flexíveis. 
b) escritas e analíticas. 
c) escritas e democráticas. 
d) democráticas e outorgadas. 
e) democráticas e promulgadas. 
Obs: A resposta correta é a letra “D”. 
 
Existem, ainda, outras duas espécies, segundo este critério de 
classificação. 
 
c) Constituição cesarista - Segundo José Afonso da Silva, as 
chamadas constituições cesaristas, que são aquelas que, não 
obstante impostas, dependem da ratificação popular por meio de 
referendo. A participação popular, nesse caso, não é democrática, 
pois visa tão-somente ratificar a vontade do detentor do poder (Ex.: 
plebiscitos napoleônicos; e plebiscito de Pinochet, no Chile). 
 
d) Constituição pactuada - A Constituição pactuada é aquela que 
oficializa um compromisso político instável de duas forças políticas 
opostas: a realeza absoluta debilitada, de um lado, e a nobreza e a 
burguesia, em ascensão, de outro. Surge, assim, como termo dessa 
relação de equilíbrio a monarquia limitada. Exa.: a Constituição 
francesa de 1791. 
 
2.3.4 Quanto à estabilidade ou consistência ou 
mutabilidade: Imutável, Fixa, Rígida, Flexível e Semi-rígida 
ou Semiflexível 
 
a) Constituição imutável - A Constituição imutável é aquela 
que não prevê nenhum processo de alteração de suas 
normas, sob o fundamento de que a vontade do poder 
constituinte exaure-se com a manifestação da atividade 
originária. 
 
b) Constituição fixa - Diz-se daquela que só pode ser 
alterada pelo próprio poder constituinte originário, 
circunstância que implica, não em alteração, mas em 
elaboração, propriamente, de uma nova ordem 
constitucional. 
 
c) Constituição rígida - Constituição rígida é aquela que não 
pode ser alterada com a mesma simplicidade com que se 
modifica uma lei. Caracteriza-se por estabelecer e exigir 
procedimentos especiais, solenes e formais, necessários para a 
reforma de suas normas, distintos e mais difíceis, do que aqueles 
previstos para a elaboração ou alteraçãodas leis. 
 
OBS: Da rigidez constitucional decorre, como corolário 
lógico, a supremacia da Constituição, que é atributo de que 
se revestem as Constituições rígidas e em face do qual 
passam elas a exercer uma força subordinante de todo o 
ordenamento jurídico, condicionando a validade de todas as 
suas normas. 
 
►► Como o assunto foi tratado pela FGV? 
(TCM/RJ/Procurador/2008) É consequência da rigidez constitucional: 
a) o princípio do Estado Democrático de Direito. 
b) o princípio da Supremacia da Constituição. 
c) a inalterabilidade do texto constitucional. 
d) o controle concentrado da constituição. 
e) a presença, em seu texto, de normas fundamentais. 
Obs: A resposta correta é a letra “B”. 
 
d) Constituição flexível - Já a Constituição flexível é aquela 
que, em sentido oposto, pode ser alterada pelo mesmo 
procedimento observado para as normas legais. A 
Constituição não exige, para sua alteração, qualquer processo mais 
solene. 
 
e) Constituição semi-rígida ou semiflexível - Cuida-se de 
uma Constituição parcialmente rígida e parcialmente 
flexível, ou seja, uma parte é rígida (exigindo-se, pois, para 
sua alteração procedimentos especiais) e outra é flexível 
(podendo ser alterado por processos mais fáceis, à 
semelhança das leis). É exemplo deste tipo de Constituição, a 
Constituição imperial de 1824. 
 
2.3.5 Quanto à extensão: Sintética e Analítica 
 
a) Constituição sintética (ou concisa) - São Constituições 
breves que regulam sucintamente os aspectos básicos da 
organização estatal. Limitam-se a prever os princípios gerais de 
organização e funcionamento do Estado, cuidando exatamente da 
matéria essencialmente constitucional. Exemplo admirável de 
Constituição concisa é a Constituição dos EUA, de 17 de setembro 
de 1787, que dispõe de apenas sete artigos. 
 
b) Constituição Analítica (ou prolixa) - São Constituições 
extensas que disciplinam longa e minuciosamente todas as 
particularidades ocorrentes e consideradas relevantes no 
momento para o Estado e para a Sociedade, definindo 
largamente os fins atribuídos ao Estado. 
 
OBS: A Constituição Federal de 1988 é modelo exemplar de 
Constituição analítica. Compõe-se de 250 artigos só na 
parte permanente. 
 
 
2.3.6 Quanto à finalidade: Garantia e Dirigente 
 
a) Constituição garantia (ou liberal ou defensiva ou 
negativa) - A Constituição garantia foi o paradigma de 
Constituição adotado após as revoluções do século XVIII 
para servir de instrumento de garantia das liberdades 
públicas individuais, visando limitar o poder. Assim, a 
finalidade maior desta Constituição é garantir as liberdades públicas 
contra a arbitrariedade estatal, limitando-se praticamente a isso. 
 
b) Constituição dirigente (ou social) - A Constituição 
dirigente é uma consequência do constitucionalismo social 
do século XX, que provocou a evolução do modelo de 
Estado, de Estado liberal (passivo) para Estado social 
(intervencionista). Observa Canotilho que a Constituição dirigente 
se volta à garantia do existente, aliada à instituição de um programa 
ou linha de direção para o futuro, sendo estas as suas duas 
finalidades. 
 
2.3.7 Quanto ao modo de elaboração: Dogmática e Histórica 
 
a) Constituição dogmática (ou sistemática) - A Constituição 
dogmática, também denominada de sistemática, consiste 
num documento escrito e sistematizado, elaborado por um 
órgão constituinte em determinado momento da história 
político-constitucional de um País, a partir de dogmas ou 
ideias fundamentais da ciência política e do direito 
dominantes na ocasião. 
 
b) Constituição histórica - A Constituição histórica, sempre 
não escrita, é aquela cuja elaboração é lenta e ocorre sob o 
influxo dos costumes e das transformações sociais. Exemplo 
maior de Constituição histórica é a Constituição Inglesa. 
 
2.3.8 Quanto à ideologia: Ortodoxa e Eclética 
 
a) Constituição ortodoxa - Constituição ortodoxa é aquela 
que resulta da consagração de uma só ideologia. São 
exemplos dela as Constituições da União Soviética de 1923, 1936 e 
1977. 
 
b) Constituição eclética (ou pluralista) - Já a Constituição 
eclética, ou pluralista, é aquela que logra contemplar, plural 
e democraticamente, várias ideologias aparentemente 
contrapostas, conciliando as ideias que permearam as 
discussões na Assembleia Constituinte. 
 
3.9 Classificação da Constituição brasileira de 1988 
 
A Constituição brasileira de 1988: 
1) formal, quanto ao conteúdo; 
2) escrita, quanto à forma; 
3) democrática, quanto à origem; 
4) rígida, quanto à consistência ou estabilidade; 
5) analítica, quanto à extensão; 
6) dirigente ou social, quanto à finalidade; 
7) dogmática, quanto ao modo de elaboração; e 
8) eclética, quanto à ideologia. 
 
►► Como o assunto foi tratado pela FGV? 
(TJ/PA/Juiz/2007) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 deve ser 
classificada como: 
a) material, quanto ao conteúdo; escrita, quanto à forma; histórica, quanto ao modo de 
elaboração; promulgada, quanto à origem; flexível, quanto à estabilidade. 
b) formal, quanto ao conteúdo; escrita, quanto à forma; dogmática, quanto ao modo de 
elaboração; promulgada, quanto à origem; semiflexível, quanto à estabilidade. 
c) formal, quanto ao conteúdo; escrita, quanto à forma; histórica, quanto ao modo de 
elaboração; outorgada, quanto à origem; rígida, quanto à estabilidade. 
d) material, quanto ao conteúdo; escrita, quanto à forma; dogmática, quanto ao modo de 
elaboração; outorgada, quanto à origem; semiflexível, quanto à estabilidade, haja vista as 
inúmeras emendas constitucionais existentes. 
e) formal, quanto ao conteúdo; escrita, quanto à forma; dogmática, quanto ao modo 
de elaboração; promulgada, quanto à origem; rígida, quanto à estabilidade. 
Obs: A resposta correta é a letra “E”. 
 
2.4. Estrutura das Constituições 
 
As Constituições, de um modo geral, apresentam a seguinte 
estrutura: 
 
2.4.a) O Preâmbulo - O preâmbulo da Constituição é a parte 
precedente do texto constitucional que sintetiza a carga 
ideológica que permeou todo o documento constitucional, 
prenunciando os valores que a Constituição adota e 
objetivos aos quais ela está vinculada. 
 
OBS: O Supremo Tribunal Federal firmou sua posição no 
sentido da inexistência de força obrigatória do preâmbulo 
da Constituição, limitando a reconhecê-lo como um 
importante vetor para soluções interpretativas (ADI 2.076-
AC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJU de 23.8.2002). 
 
 
PREÂMBULO DA CF DE 1988 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos 
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das 
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a 
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL. 
2.4.b) A Parte Dogmática - A parte dogmática da 
Constituição é o seu texto articulado, que acolhe e reúne os 
direitos civis, políticos, sociais e econômicos, que, modernamente, 
por ela são veiculados. 
 
2.4.c) As Disposições Transitórias - Cuida-se da parte 
transitória da Constituição, que têm por finalidade, 
basicamente, realizar a integração entre a nova ordem 
constitucional e a que foi substituída ou disciplinar 
provisoriamente sobre determinadas situações enquanto não 
regulamentas em definitivo por leis. 
 
2.5. Elementos das Constituições 
 
As Constituições, não obstante se apresentem como um todo 
unitário e orgânico, contêm normas que incidem sobre as mais 
variadas matérias e que têm finalidades diversas. Em razão disso, a 
doutrina vem distinguindo, dentro de cada Constituição, os seus 
elementos formativos, que compreendem: 
 
2.5.1) elementos orgânicos – contidos nas normas que 
regulam a estrutura do Estado e do poder, como as normas 
que disciplinama divisão dos poderes e o sistema de 
governo. 
Ex.: Títulos III (organização do Estado), IV (organização do poder), 
V (das forças armadas e da segurança pública) e VI (da tributação) 
da CF/88. 
 
2.5.2) elementos limitativos – correspondem às normas que 
formam o rol de direitos e garantias fundamentais: direitos 
individuais e suas garantias, direitos de nacionalidade, 
direitos políticos e democráticos. 
OBS: denominados limitadores porque limitam do poder estatal. 
Ex.: art. 5º da CF/88. 
 
2.5.3) elementos sócio-ideológicos – consubstanciados nas 
normas sócio ideológicas, se revelam no comprometimento 
das Constituições modernas entre o Estado individual e o 
Estado social. 
Ex.: os direitos sociais (art. 6º e 7º da CF) e os Títulos VII (ordem 
econômica e financeira) e VIII (ordem social) da CF/88. 
 
2.5.4) elementos de estabilização constitucional – contêm-
se nas normas que visam garantir a solução dos conflitos 
constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das 
instituições democráticas. 
Ex.: art. 34/36 (intervenção nos Estados-membros e nos 
municípios), art. 60 (processo legislativo das emendas 
constitucionais), art. 102, I (controle direto de constitucionalidade), 
art. 136/137 (estado de defesa e de sítio), Título V (da defesa do 
estado e das instituições democráticas) todos da CF/88. 
 
2.5.5) elementos formais de aplicabilidade – encontram-se 
nas normas que prescrevem regras de aplicação das 
Constituições. Ex.: o preâmbulo, as disposições transitórias e o § 
1º do art. 5º (segundo o qual as normas têm aplicação imediata) da 
CF/88. 
 
►► Como o assunto foi tratado pela FGV? 
(Sefaz/RJ/Fiscal/2008) São elementos orgânicos da Constituição: 
a) a estruturação do Estado e os direitos fundamentais. 
b) a divisão dos poderes e o sistema de governo. 
c) a tributação e o orçamento e os direitos sociais. 
d) as forças armadas e a nacionalidade. 
e) a segurança pública e a intervenção. 
Obs: A resposta correta é a letra “B”. 
 
 
http://www.editorajuspodivm.com.br/i/f/CONST-%20OAB%20-
%20SITE.pdf 
 
O Brasil já teve 7 constituições, incluindo a atual de 1988. 
CF 1824 - Autocrática: Liberal – Governo Monárquico: vitalício e hereditário 
Estado Unitário: províncias sem autonomia; 4 poderes: Legislativo, Executivo, 
Judiciário e Moderador (Soberano); O controle de constitucionalidade era feito 
pelo próprio Legislativo; União da Igreja com o Estado, sob o catolicismo. “a 
Constituição da Mandioca”. 
CF 1891 - Democrática: Liberal - Governo Republicano - Presidencialista 
Federalista: autonomia de Estados e Municípios. Introduziu o controle de 
constitucionalidade pela via difusa, inspirado no sistema jurisprudencial 
americano. Separou o Estado da Igreja. 
CF 1934 - Democrática: Liberal-Social - Governo Republicano – Presidencialista 
Federalista: autonomia moderada. Manteve o controle de constitucionalidade 
difuso e introduziu a representação interventiva. 
CF 1937 - Ditatorial: Liberal-Social - Governo Republicano – Presidencialista 
(Ditador) Federalista: autonomia restrita. Legislação trabalhista. Constituição 
semântica, de fachada. Também conhecida como “a Polaca” 
CF 1946 - Democrática: Social-Liberal - Governo Republicano – Presidencialista 
Federalista: ampla autonomia - Estado Intervencionista (Emenda 
Parlamentarista/1961; Plebiscito/1963 - Presidencialismo; Golpe Militar/1964 – 
Início da Ditadura. Controle de constitucionalidade difuso e concentrado, este 
introduzido pela EC nº 16/65 
CF 1967 - Ditatorial: Social-Liberal - Governo Republicano – Presidencialista 
(Ditador) Federalista: autonomia restrita - Ato Institucional nº 5 / 1969 – uma 
verdadeira carta constitucional: 217 artigos aprofundando a Ditadura: autorizou 
o banimento; prisão perpétua e pena de morte; supressão do mandado de 
segurança e do hábeas corpus; suspensão da vitaliciedade e inamovibilidade 
dos magistrados; cassação nos 3 poderes. Manteve o controle de 
constitucionalidade pela via difusa e concentrada. 
CF 1988 - Democrática: Social-Liberal-Social - Governo Republicano – 
Presidencialista Federalista: ampla autonomia - Direitos e garantias individuais: 
mandado de segurança coletivo, mandado de injunção, hábeas data, proteção 
dos direitos difusos e coletivos; Aprovada com 315 artigos, 946 incisos, 
dependendo ainda de 200 leis integradoras. Fase atual: Neoliberalismo e 
desconstitucionalização dos direitos sociais. Considerada “Constituição Cidadã”. 
 
 
Bibliografia 
 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 28. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2013. 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015. 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo 
Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 33. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2010.

Continue navegando