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Unidade II - Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas

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Prévia do material em texto

Economia Brasileira
Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof Ms Nelson Calsavara Garcia Junior
Revisão Textual:
Profa Ms Rosemary Toffoli
5
•	Efeitos da crise para o Brasil
•	Correntes de pensamento
•	Aspectos iniciais do governo do presidente 
Vargas: política e economia 
Para o bom andamento dos trabalhos, será fundamental o seu envolvimento e interesse. 
Assim, seguem as seguintes recomendações:
 leitura de: ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica 
Republicana, 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004, Capítulo III (Crise, Crescimento 
e Modernização Autoritária: 1930-1945, páginas 73 a 104); bem como do conteúdo 
proposto e do material complementar.
 audição do arquivo em PowerPoint.
 A leitura integral da bibliografia é fundamental e deve ser feita antes da utilização de 
quaisquer recursos que foram colocados à sua disposição. Com isso, haverá por parte do 
aluno um entendimento inicial e ele deverá utilizar os demais os recursos para complementar 
e ou facilitar a compreensão da bibliografia em questão.
 · Devido à grande quantidade de acontecimentos (início da 
substituição de importações, surgimento de correntes de 
pensamento para explicar o início da industrialização e a II 
Guerra Mundial, além do “conturbado” primeiro mandato do 
Governo Vargas) que fazem parte do período (1930-1945), 
em estudo nesta unidade, parte desses acontecimentos serão 
abordados com mais profundidade na próxima unidade. 
Isso se aplicará aos temas II Guerra Mundial e a queda do 
Presidente Vargas. 
Crise de 1929 e a política econômica 
no governo de Vargas
•	Processo de industrialização por meio da 
substituição de importações
•	A política econômica adotada pelo governo 
de Getúlio Vargas
•	Autoritarismo e Estado Novo
6
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
Contextualização
No fim da década de 20, uma crise econômica teve início nos EUA e se alastrou pelo mundo, 
chegando até o Brasil. Aqui, a crise atingiu com muita intensidade o comércio do café, nosso 
principal produto para exportação. Isso ocorreu basicamente por dois motivos: forte queda 
em seu preço e superprodução no período. No plano político, o destaque foi a vitória de Júlio 
Prestes para o cargo de Presidente da República, porém, foi impedido de assumir o poder, e o 
então Presidente Washington Luís foi destituído do final de seu mandato, devido à Revolução 
de 30. Com isso, quem assumiu o poder foi o candidato da oposição Getúlio Vagas, como chefe 
do governo provisório até 1934, quando foi eleito indiretamente pela assembléia constituinte 
para um novo mandato. 
Com o esgotamento do modelo agroexportador, foi iniciada justamente nesse contexto a 
industrialização por substituição de importações (ISI). Tal iniciativa desencadeou o surgimento 
de diversas correntes de pensamento, quando foi analisado o papel da crise como fato gerador 
da industrialização. A partir daí, o foco é a política econômica do Governo Vargas até que 
ocorreu oficialmente em 1937, o golpe chamado de Estado Novo (ditadura de Vargas), para, 
segundo o presidente, impedir que o comunismo tomasse o país. Até 1945, todo o poder foi 
centralizado no poder executivo e o Estado teve um papel ainda mais intervencionista, sob o 
aspecto econômico e político.
7
1- Efeitos da crise para o Brasil
A crise, iniciada em 1929, nos EUA, espalhou-se pelo mundo e chegou até o Brasil. Como o 
país ainda era um forte dependente da receita oriunda de exportação de produtos primários, o 
setor cafeeiro foi duramente atingido.
Em termos práticos, isso ocorreu motivado por uma forte crise de demanda pelo café, 
resultando em queda do preço do produto. Entretanto, a queda do preço não foi a única 
preocupação do governo, pois o setor experimentou, nesse momento, uma superprodução que, 
praticamente, obrigou o governo a comprá-lo e estocá-lo, prática que ficou conhecida como 
“estoque regulador”.
A manutenção desses estoques foi efetuada com empréstimos internacionais que cessaram 
em 1930 e foram mantidos através de expansão monetária oriunda do Banco do Brasil e do 
imposto sobre exportação.
Apesar da utilização do termo “obrigar” ser muito forte, ele se aplica em um cenário em que o 
governo precisou amortecer (ou proteger) a economia do efeito multiplicador da queda nas vendas 
e no preço do café, afetando negativamente uma parcela importante da atividade econômica. 
Mesmo com a intervenção pesada do governo na economia, a renda nominal caiu entre 20% 
a 25% e, para remediar esses problemas, o governo decidiu, então, queimar o café. Durante os 
anos de 1931 a 1944, foram destruídas 26,96% das sacas de café produzidas. Somente no ano 
de 1937, foram destruídos 70% da produção total, conforme apresentado na Figura I.
Como não poderia deixar de ser, esse cenário de retração da atividade econômica foi refletido 
no Balanço de Pagamentos. Houve uma saída vigorosa de capitais externos (reverso da década 
de 20) ocasionando déficit no Balanço de Pagamentos. No período de 1929-1932, o câmbio 
desvalorizou-se em mais de 50%.
“O choque externo sobre a economia brasileira afetou o balanço de pagamentos 
principalmente através de brutal queda dos preços de exportação, não compensada 
por aumento do quantum exportado, e da interrupção do influxo de capitais 
estrangeiros”. ABREU (2004)
Você se recorda das informações que esse relatório contempla? Agora é uma boa hora para 
relembrar aspectos básicos da economia. Se você tem curiosidade para ver esse relatório, basta 
acessar o site do Banco Central (www.bcb.gov.br) efetuar a procura e fazer o download, o 
arquivo está em formato de planilha Excel.
8
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
Figura I: Café destruído pelo governo federal e produção nacional (1931-1944) - toneladas
Fonte: GREMAUD, Amaury Patrick & SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr, Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 7. ed. São 
Paulo: Atlas, 2007. Página 350.
Para completar a análise dos efeitos da crise de 1929 na economia brasileira, ainda resta a 
exposição de dois itens, a saber:
a) utilização de capacidade ociosa formada durante a década de 20, fato que contribuiu 
para a possibilidade de abertura para importação de bens de capital de segunda mão 
da Inglaterra (produtos que eram mais baratos). Em outras palavras, foi formada uma 
demanda reprimida que pode ser atendida pela compra de máquinas e equipamentos 
ingleses de segunda mão;
b) entre os anos de 1929 a 1932 a taxa de câmbio foi desvalorizada (você se lembra 
do que é valorização e desvalorização cambial? E os efeitos dessas práticas? Em 
caso de dúvidas, procure qualquer manual de economia disponível na biblioteca da 
Universidade) em mais de 50%. Com toda a dificuldade para exportar, já que a crise 
tornou-se mundial, essa desvalorização teve como objetivo incentivar as exportações. 
Por outro lado, as importações ficaram 50% mais caras no mesmo período.
9
Por fim, em análise posterior o renomado economista Celso Furtado alegou que o choque mundial 
de 1929 fez o Brasil mudar de base de produção, passando de primário exportador para a criação de 
uma base industrial produtiva. Sob essa ótica, o choque desfavorável foi positivo.
A análise dos efeitos da crise para a economia brasileira foi estudo de outros economistas e 
será apresentada com maior ênfase a seguir.
2- Correntes de pensamento
Será apresentada a análise das teorias econômicas elaboradas pelos economistas Celso 
Furtado, Carlos Manuel Peláez/Warren Dean, João Manuel Cardoso de Melo e Flávio Rabelo 
Versiani que procuraram explicar as consequências da crise de 1929 para a economia brasileira, 
e também o resumo dessas correntes de pensamento.
2.1) Análise dos efeitos da crise
Sob a ótica de Celso Furtado, com a instalação da crise na economia nacional, o governo 
atuou destacando a importância da manutenção da demanda agregada. A necessidade de 
sustentaçãoda demanda agregada foi viabilizada pagando aos agricultores um preço mínimo 
para a realização de suas plantações. De fato essa análise pode ser interpretada como uma 
aplicação da Teoria Keynesiana, já que manteve o emprego e o efeito multiplicador da economia. 
Porém vale lembrar que o governo adotou políticas keynesianas antes mesmo da publicação do 
livro de Keynes. 
Já os economistas Peláez e Dean criticam a teoria defendida por Furtado, pois segundo elem, 
caso não ocorresse à crise de 1929, a indústria teria se desenvolvido mais rapidamente devido 
à criação de ferrovias e do setor bancário (para o financiamento).
2.2) Resumo das ideias
A proposta agora é apresentar ainda que seja de modo sucinto, uma compilação das principais 
ideias defendidas pelas diferentes correntes de pensamento:
a) teoria dos Choques Adversos: elaborada por Celso Furtado defendendo ideias 
keynesianas e antiliberais;
b) teoria da Complementaridade: entre a expansão cafeeira e o crescimento industrial 
defendida por Dean e Peláez; 
c) referencial teórico marxista: apresentada por João Manuel Cardoso de Melo, onde a 
indústria surgiria por meio da exploração do café, porém com limites muito claros. 
Continha elementos que englobavam as duas teorias anteriores a esta;
10
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
d) a importância da indústria têxtil do Rio de Janeiro: defendida por Flávio Rabelo Versiani, 
onde o crescimento industrial ocorreu devido o desenvolvimento da indústria têxtil do 
Rio de Janeiro, teoria que por motivos óbvios, não possuía nenhuma sustentação.
3- Aspectos iniciais do governo do presidente Vargas: 
política e economia 
Como você já deve saber, separar acontecimentos econômicos, políticos e até sociais é muito 
difícil, pois a economia acaba permeando ou mesmo sendo utilizada por outras ciências.
É importante destacar essa interação, uma vez que além dos efeitos da crise de 1929 afetarem 
a economia brasileira, o contexto político também foi muito conturbado, aumentando ainda 
mais a incerteza em relação aos rumos que o país tomaria.
Um exemplo disso foi á revolta ocorrida em 1930, que em suma, foi um movimento polítco-
militar que derrubou o então presidente Washington Luís e impediu a posse do novo presidente 
da república (eleito) Júlio Prestes. Esse movimento foi liderado por Getúlio Vargas (derrotado na 
eleição para presidente) representando a ala que pretendia acabar com o domínio da oligarquia 
cafeeira paulista. 
O movimento obteve êxito e a oligarquia cafeeira paulista foi derrotada e Getúlio Dornelles 
Vargas ocupou a Presidência da República durante o período de 03/11/1930 a 29/10/1945.
Assim que Getúlio Vargas assumiu o cargo, o cenário econômico ganhou destaque devido á 
adoção de um modelo de industrialização, conhecido como a Industrialização por substituição 
de importação, voltada para atender a demanda do mercado interno e não para a exportação.
Com isso, a meta desejada pelo governo seria alcançar o desenvolvimento e a autonomia 
com base na industrialização, sem influências externas e a tendência à especialização de 
exportar produtos primários. Contudo, esse modelo apresentou problemas, dado a queda 
das exportações e a continuidade de pelo menos parte da demanda interna, iniciou-se uma 
tendência de escassez das divisas, ilustrada no Balanço de Pagamentos.
Para minimizar os efeitos colaterais desencadeados após a adoção da industrialização 
por substituição de importações, o governo em um segundo momento implantou medidas 
protecionistas para amenizar a crise, protegendo a indústria nacional. Por exemplo, os setores 
que antes importavam passaram a produzir aumentando a renda nacional.
11
4- Processo de industrialização por meio da substituição de importações
Esse modelo de desenvolvimento foi uma resposta ao modelo de desenvolvimento liberal, 
vivenciado pela economia mundial desde a publicação da obra a Riqueza das Nações (publicado 
em 1776, pelo economista Adam Smith) e, sobretudo pela Teoria das Vantagens Comparativas 
(você lembra-se dessa teoria? É um bom momento para consultar um manual de economia e 
rever esse conceito), elaborada pelo economista inglês David Ricardo. 
A resposta consiste na Teoria Centro-Periferia criada pelo economista argentino Raúl 
Prebisch, fundador da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) que apontava 
a necessidade da industrialização dos países exportadores de produtos primários, rompendo 
com a dependência externa de países desenvolvidos. Para tanto, a ISI (industrialização pela 
substituição das importações) seria uma saída.
Na Figura II, estão apresentados alguns dos resultados desse processo durante os anos de 
1949 a 1964.
4.1) Características básicas
a) processo presente principalmente nos países latino americanos;
b) foram adotadas medidas que protegessem a indústria nacional, conhecido como 
protecionismo; 
c) processo rápido de crescimento quando comparado com países que não o adotaram, 
pois, copiaram o modelo já existente;
d) o papel do Estado foi centralizador; 
e) não gerou tecnologia própria nos países latinos, que estiveram sempre atrasados 
tecnologicamente, entre 05 a 10 anos;
f) o balanço de pagamentos retratou vários problemas, entre eles, citam-se os pagamentos 
de royalties; 
g) CEPAL: Comissão Econômica para a América Latina, que formulou os conceitos do 
Programa de Substituição de Importações e que foram utilizados como referência 
acadêmica para o Governo; 
h) estrangulamento interno: devido o aumento da demanda agregada e a falta de oferta 
para supri-la.
12
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
Figura II: Estrutura de produção doméstica e importação de produtos manufaturados: 1949-1964
Fonte: GREMAUD, Amaury Patrick & SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr, Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 7. ed. 
São Paulo: Atlas, 2007. Página 357.
4.2) Características pontuais
a) Padrão de Financiamento do Setor Público: 
- houveram dificuldades encontradas de mecanismos para adequar os gastos;
- a participação do Estado apresentou um crescimento constante nos setores de 
infraestrutura, siderurgia e mineração. O Estado tornou-se o provedor de recursos ao 
setor privado com taxas subsidiadas;
- foi adotada a expansão da carga tributária sem a velocidade adequada;
- setor financeiro era pouco desenvolvido e com dificuldade de colocação de títulos 
de dívidas;
- foi adotada em alguns casos a prática de monetização de dívidas, levando-se 
em conta os preços públicos (que geraram as crises nas empresas Estatais, pois eram 
pesos enormes nos orçamentos governamentais) e os gastos estatais (pois o Estado 
não conseguiu desenvolver mecanismos para cobrir seus gastos, comprometendo o 
crescimento futuro).
13
b) Padrão de Financiamento do Setor Público e Privado: 
- ausência de padrão definido (público e privado);
- foi adotada a sub-correção de preços públicos para as tarifas dos setores de: energia, 
transportes, e assim sucessivamente;
- entre 1964 a 1967 houve recuperação de parte dos subsídios devido aumento dos 
preços públicos, porém em meados de 1970 o Governo segurou o aumento das tarifas 
públicas devido à inflação. Para cobertura de gastos públicos foram utilizadas verbas 
da Previdência Social através de empréstimos compulsórios com juros negativos, pagos 
pelo BNDE;
- os endividamentos internos e externos aumentaram substancialmente a partir de 
1960;
- ausência de mercado financeiro e de capitais de longo prazo, tendo como único 
emprestador o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico). As reformas 
financeiras de 1964/65 tentaram viabilizar o mercado de capitais, porém não lograram 
sucesso;
- na interpretação de Paulo Roberto Davidoff existiram três razões para explicar 
o crescimento do país após a II Guerra Mundial: Reinvestimento do lucro obtido, 
Empréstimos públicos através do BNDE e Empréstimos externos.
c) a participação do Estado na Economia acelerou o crescimento atéque o mesmo não 
conseguiu manter o volume necessário;
d) concentração de renda:
- os dados concretos a partir de 1960: No senso de 1970 foi percebido que as pessoas 
estavam saindo do campo e migrando para a indústria;
- a política tributária e social foi altamente regressiva com impostos indiretos maiores 
do que os impostos diretos. Com isso, a política social beneficiou mais a classe média.
e) tendência ao desequilíbrio externo com problemas conjunturais (relacionados com a 
supervalorização cambial) e estruturais (devido á competitividade do setor externo 
brasileiro estar defasada).
Tendo em vista o período do início até o ano de 1933, as dificuldades encontradas pelo 
14
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
5- A política econômica adotada pelo governo de Getúlio Vargas
governo foram muitas. Entre elas destacam-se a desvalorização real do câmbio (conhecida 
como crise cambial de 1930), pois em setembro de 1931 a moeda local já fora desvalorizada 
em 55%, a moratória no pagamento das parcelas dívida externa (1930 e 1931) e a situação das 
reservas internacionais. No ano de 1929 o país possuía 31 milhões de libras, mas em 1930, esse 
montante foi reduzido para 14 milhões de libras e em 1931 o país já não possuía mais reservas. 
A partir de meados de 1934 notou-se que os bancos brasileiros possuíam maior resistência a 
crise e esse padrão foi percebido na economia como um todo (Figura III). Em comparação com 
a crise americana, pode-se afirmar que o Brasil conseguiu atravessar o momento com maior 
facilidade. 
Algumas das variáveis que contribuíram positivamente para esse resultado foram:
a) a manutenção do nível da renda, devido à política de defesa do café; o papel do 
Banco do Brasil que foi de autoridade monetária. Como exemplo, pode-se dizer que os 
depósitos obrigatórios de reservas dos bancos comerciais eram efetuados nesse banco;
b) a participação das importações na oferta total da indústria, já que em 1928 representava 
45% da Balança Comercial, e em 1931 caiu para 25% e 1939 chegou a 20% da Balança 
Comercial;
c) o rápido crescimento econômico, devido à prática de políticas expansionistas, sobretudo 
no período entre 1934 a 1937;
d) as importações de equipamentos no período de 1933-1939 totalizaram uma média 
inferior ao período de 1925/1929, contribuindo positivamente para a composição do 
saldo da balança comercial;
e) a assinatura em 1935 do acordo comercial entre o Brasil e os EUA que conseguiu a 
redução de tarifas aos produtos importados dos EUA, fato que desencadeou a resistência 
dos industriais. Foi o primeiro grande lobby do setor industrial, particularmente o setor 
têxtil, devido à intensificação da concorrência.
Figura III: Evolução do produto real na década 
de 30: Brasil e Estados Unidos
Fonte: GREMAUD, Amaury Patrick & 
SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr, 
Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 
7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Página 349.
15
6- Autoritarismo e Estado Novo
Novamente o cenário político ganhou destaque, pois o presidente da república (Getúlio Vargas) 
aplicou um golpe de estado, permanecendo no poder de 1937 até o ano de 1945 com base em 
um regime ditatorial, que censurou os meios de comunicação, perseguiu opositores políticos e 
represou manifestações políticas e sociais, entre outras práticas. A justificativa apresentada para 
tanto foi à ameaça eminente de comunistas que poderiam tomar o poder.
No plano econômico, ainda havia vários problemas que permeavam a economia nacional. 
Entre eles, destaca-se a falta de planejamento para atender as demandas existentes no mercado 
nacional.
Ao final de 1937 a situação se agravou com novos problemas, como a escassez de divisas e a 
suspensão de pagamentos da dívida externa. Como o intuito de aliviar a situação das reservas, 
o governo promoveu a adoção de um sistema de controle cambial para reduzir o total das 
importações e o monopólio cambial do governo contava com uma taxa única desvalorizada.
É importante também destacar um passo muito importante dado pelo governo no intervalo 
de 1937-1945 para promover a industrialização do país, com a criação de um conjunto de 
empresas de base, todas estatais. Foram criadas a Companhia Nacional de Álcalis, a Companhia 
Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce e Fábrica Nacional de Motores (FNM).
Já em 1939 o governo promoveu a liberação de 70% das exportações para o câmbio livre, a 
regularização dos pagamentos da dívida externa e as importações de bens de consumo duráveis 
eram responsáveis por mais de 90% da oferta interna. Além disso, teve início a II Guerra Mundial 
com a perda dos mercados europeus.
No ano seguinte, mais especificamente em 29 de novembro de 1940, foi assinado o Acordo 
Interamericano do café, autorizando o aumento do preço do café de 7,5 para 13,7 cents/libra-
peso. O café foi o produto chave para as exportações até o final de 1960.
Com o início da II Guerra Mundial, o próximo período em destaque foi o ano de 1942, 
motivado pela melhora da situação econômica do país: houve aceleração do crescimento 
industrial, acúmulo de reservas cambiais; aumento da entrada de capitais americanos e a 
execução de Política Fiscal, Monetária e Creditícia expansionista, resultando no aumento do 
M1 (você recorda o que significa essa sigla? Talvez seja um bom momento para consultar um 
manual de economia disponível na biblioteca da Universidade) da economia em 270% entre 
1939/1945.
A percepção de melhora da atividade econômica no ano de 1942 foi permeada pela 
aceleração da inflação. Alguns dos motivos para tanto foram à reforma monetária de 1942 com 
o aumento da liquidez, extinção da moeda “Mil Réis”, adoção de políticas expansionistas com 
déficit fiscal de aproximadamente 3% do PIB, restrição do acesso às importações e a competição 
entre consumo doméstico e exportações.
Próximo ao término da guerra notou-se menor generosidade do governo americano, 
demonstrada com a recusa em reajustar o preço do café, além da hostilidade a industrialização 
por substituição de importações e não houve cumprimento das promessas de suprimento de 
matérias-primas, bens intermediários e de capital.
16
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
“Com a aproximação do final da guerra verificou-se uma 
reorientação da política norte-americana relativa ao apoio a 
governos latino-americanos que não haviam sido eleitos por 
voto popular”. ABREU (2004)
Com o término do mandato do presidente Getúlio Vargas, pode-se afirmar que o período 
conhecido como “Estado Novo” cumpriu duas funções:
a) filtro político pelo controle autoritário do poder, para viabilizar a formação de uma 
economia urbano-industrial;
b) minimizar as tendências contraditórias das elites dirigentes, em relação às alianças 
internacionais devido à guerra mundial.
17
Material Complementar
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 1889-
1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004, capítulo III (Crise, Crescimento e Modernização Autoritária: 
1930-1945, páginas 73 a 104).
FISHLOW, Albert. Origens e consequências da substituição de importações no Brasil. In: 
VERSIANI, Flávio Rabelo & BARROS, José Roberto Mendonça de (orgs.). Formação Econômica 
do Brasil: a experiência de industrialização. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 7-40.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 
286-323.
SAES, Flávio Azevedo Marques de. A controvérsia sobre a industrialização na Primeira 
República. Estudos Avançados, v. 3, no. 7, set./dez. 1989, p. 20-39. Disponível no site: 
http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n7/v3n7a03.pdf
SILBER, Simão. Análise da política econômica e do comportamento da economia brasileira 
durante o período de 1929/1939. In: VERSIANI, Flávio Rabelo & BARROS, José Roberto 
Mendonça de (orgs.). Formação Econômica do Brasil: a experiência de industrialização. São 
Paulo: Saraiva, 1977, p. 173-207.
SOLA, Lourdes. O golpe de 37 e o Estado Novo. In:MOTA, Carlos Guilherme (org.) Brasil em 
perspectiva. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988, p.256-282.
TAVARES, Maria da Conceição. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro. 7ª. 
ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
18
Unidade: Crise de 1929 e a política econômica no governo de Vargas
Referências
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 1889-
1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004, Capítulo II (Apogeu e Crise na Primeira República: 1900-
1930). Páginas 73 a 104.
GREMAUD, Amaury Patrick & SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr, Rudinei. Economia 
Brasileira Contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Páginas 349, 350 e 357.
19
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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