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AO JUIZO DE DIREITO DO TERMO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS – SANTA CATARINA AUTOS nº 0004733-33.2019.8.24.0023 Recorrente Mariana Borges Ferreira Recorrido André de Camargo Aranha MARIANA BORGES FERREIRA, devidamente qualificada nos autos em epígrafe, através de seu advogado e assistente de acusação, com legitimidade perante Vossa Excelência, conforme procuração em anexo, vem mui respeitosamente perante esse Juízo, interpor tempestivamente RECURSO DE APELAÇÃO Com fundamento no art. 593, I do Código de Processo Penal. Outrossim, requerer ao Juízo sentenciante que receba o presente Recurso, com as razões em anexo, e após seja feita a intimação do recorrido para apresentar as conta-razões, em seguida, seja encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, conforme artigo 600, § 4º, e Artigo 601, ambos do Código de Processo Penal. N. Termos, Requer deferimento. Local........., data, mês, ano assinatura do advogado OAB/UF RAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: MARIANA BORGES FERREIRA APELADO: EGRÉGIO TRIBUNAL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 1. DOS FATOS Ocorre que no dia 15 de dezembro de 2008, entre as 22h25min e 22h31min, no estabelecimento Café da La Musique, situado a Av. dos Merlins, Posto 1B, Jurerê Internacional, nesta cidade e comarca o acusado André de Camargo Aranha, teria segundo a vítima a levado para uma parte reservada do estabelecimento onde manteve conjunção carnal com a mesma. Informa ainda que horas antes teria tomado uma bebida (gim), vindo a sentir-se mal após isso, motivo pelo qual acredita que tenha ingerido substancia entorpecente, que foi posta em sua bebida. Ao procurara por suas amigas e não encontrar, foi abordada pelo acusado que manteve com ela conjunção carnal contra a sua vontade vez que se encontrava dopada e sem forca para se defender da injusta agressão contra ela praticada. Após o ato a vítima desceu as escadas do Café e muito nervosa e sentindo muito mal devido ao efeito do entorpecente, pediu um Uber e foi para sua residência. La chegando foi recebida por sua genitora, que com auxílio da irmã a ajudou a tomar banho e a pôr no seu quarto, vindo a desmaiar e acordar apenas no dia seguinte. Ao acordar ainda se sentindo muito mal, Mariana foi informada pela mãe que ela tinha sofrido abusos sexual, que chegou com a roupas sujas de sangue e esperma, pois a mesma tinha lapsos de memória do ocorrido, devido a ação de substancia entorpecente. Maria e sua genitora então foram ao IML, para que a mesma fosse submetida a exame de corpo delito, oportunidade em que foi constatado a ruptura do hímen da vítima pelo perito, após isso foi colhido exames laboratoriais para detectar o uso de álcool e a eventual droga. No dia 16/12/2018 a vítima registrou boletim de ocorrência contra o acusado por estupro de vulnerável, descrito em nossa legislação no artigo 2017-A § 1°, do Código Penal. Após o acusado ser intimado, apresentou-se perante a autoridade policial, onde mentiu no seu primeiro depoimento, ao dizer ao delegado de polícia que não teria mantido qualquer contato com a vítima e muito menos feito sexo com ela. Outro fato grave do processo vem a ser o sumiço das imagens cedida pelo estabelecimento onde ocorreu o fato, ficando apenas as imagens externas onde aparece a vítima indo embora. Após um julgamento longo onde a vítima foi exposta e teve um esgotamento emocional exaustivo vindo inclusive a desenvolver síndrome do pânico, e assim não podendo se quer trabalhar para manter seu sustento, teve que assistir seu algoz ser inocentado e um tipo penal inexistente na legislação brasileira passou a ser dado ao caso que é “ESTUPRO CULPOSO”, sendo amplamente divulgado e ridicularizado pela mídia pela mídia. 2. DO DIREITO 2.1 - DAS PRELIMINARES Conforme o disposto no Art. 217-A, que: ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1°- Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Sobre o tipo penal, leciona Rogério Greco: "O dolo é o elemento subjetivo necessário ao reconhecimento do delito de estupro de vulnerável, devendo abranger as características exigidas pelo tipo do art. 217- A do Código Penal, vale dizer, deverá o agente ter conhecimento de que a vítima é menor de 14 (catorze) anos, ou que esteja acometida de enfermidade ou deficiência mental, fazendo com que não tenha o discernimento necessário para a prática do ato, ou que, por outra causa, não possa oferecer resistência. No caso em tela, a vítima encontrava-se sozinha e dopada, não podendo oferecer resistência, ou seja, seria impossível o agressor não perceber o estado de incapacidade da recorrente naquele momento, não podendo oferecendo qualquer resistência ao perigo ao mesmo, ainda que em se tratando de uma mulher adulta, mas, seu estado físico e mental, estavam em efeito de drogas, portanto com total capacidade para se defender de quaisquer ato. Contudo, não existe relato das partes no tangente de que a vitima teria pedido socorro, ou mesmo, tentado fugir da cena do crime, haja vista, não estar em sua sã consciência. Então Senhor Julgador, resta mais que evidenciado e desqualificado a tese de Estupro Culposo, uma vez que afronta a normas jurídicas, criando um tipo inexistente no ordenamento jurídico, causando assim, uma insegurança jurídica, vez que qualquer acusado poderá utilizar de tal manobra para permanecer impune de um crime odioso em que a sociedade repudia. 2.2- DAS PROVAS QUE CORROBORAM A DENUNCIA: a). Inicialmente resta inquestionável que, no 15/12/2018, Mariana teve ruptura himenal provocada por conjunção carnal, comprovado por laudo pericial, onde o próprio perito considera como recente a ruptura que ocorreu dentro de 24 a 48 horas, pois nesse período ainda se observa bordas sangrastes na vítima. Nesse sentido a e confirmada a palavra da vítima com relação sua virgindade, devendo ser acolhida como prova solida de que a mesma foi submetida a conjunção carnal pela primeira vez nessa data, além da apresenta de esperma em sua peça intima e vestido corrobora tal conclusão. Por fim o próprio acusado confessa a pratica de atos libidinosos na mesma data com a vítima. b) Apesar de os exames da vítima de alcoolemia e toxicológico, terem apresentado resultado negativo os sintomas aprestados pela vítima condizem como uso de tal substancia, a mesma informou estado de semi inconsciência e amnesia, a tornava incapaz de compreender o ato contra ela praticado e muito menos de oferecer resistência a eles. O relato da vítima e da sua genitora levam a suspeita da ingesta involuntária de droga, também evidenciadas em mensagens enviadas pela vítima a seus amigos onde continham erros de português e palavras desconexas, levando a discurso incoerente típico de quem não tem completo domínio de consciência. c) Conforme dito pelo delegado de polícia “permitem dizer que o resultado não é irrefutável pois há limitação de substancias pesquisadas. ” Uma das principais substancia para se dopara vítima e GHB (droga do estupro), que produz efeito rapidamente, podendo não ser detectado, pois a sua eliminação pelo organismo também e célere. d) O motorista do Uber que conduziu a vítima após o ato WALTER RABBID, sem interesse no desfecho do caso, afirmou que Mariana entrou no carro chorando copiosamente enquanto estava ao telefone com sua genitora. Informou que a vítima aparentava estar sob efeito de substancia entorpecente. e) O depoimento da sua genitora corrobora com o de Mariana e do motorista de Uber, pois confirma que a filhachegou em casa em completo estado de desespero e se encontrava deformada, em completa anormalidade psíquica e emocional, chorando muito e proferindo palavras desconexas, chamando por seu pai. f) O réu mentiu na fase inquisitorial ao dize que não manteve relações sexuais com a vítima, o que foi refutado tanto pelo exame pericial, quanto pelo resultado de DNA. Assim se ele desconhecia o estado de vulnerabilidade da vítima não teria razão para faltar com a verdade. Bastaria invocar o erro, o que não o fez. Na fase processual o mesmo apresentou uma versão completamente mirabolante e inverossímil, que busca agredir a capacidade de entendimento das partes e julgadores, apenas para no final AFIRMAR que manteve contato sexual com a vítima. g). Ainda sobre a tese de falta de dolo, o próprio réu e a testemunha FRANCIELY, afirmaram que a vítima “era louca e estava mito bêbada”, restando claro a impressão do réu quanto ao estado de consciência alterado da vítima, e que a mesma não respondia por seus atos. Assim ainda que Mariana estivesse somente embriagada, e assim sem capacidade de resistência e estando o réu ciente desse fato (como ele mesmo demostrou estar), sem dúvidas o crime de ESTUPRO DE VULNERAVEL estaria intacto. A palavra da vítima que deve ser ter maior peso e se valorizada em crimes de tal envergadura e repudio social, visto que qualquer outro argumento testilhado pelo réu no sentido de dizer que não se encontrava em estado de agir conforme sua consciência deve ser descartado; pois as provas são claras. SENDO ASSIM CONCLUI-SE QUE: A vítima discorda totalmente do posicionamento do Promotor de Justiça, da sentença proferida e principalmente da tipificação inexistente dada ao caso, bem como o pedido de absolvição do réu com base na ocorrência de erro do tipo o que afasta o dolo no caso em questão. A alegação do Dr. Promotor de Justiça, envolveu apenas a sua impressão subjetiva, sem se apoiar nos elementos probatórios coletados. A tese de erro do tipo somente se invoca quando a prova e conclusiva o que não é o caso. A vítima Mariana, 21 anos de idade, jamais se poria em tal situação, tendo sua primeira relação sexual com um desconhecido, em um, Club, saindo de lá com as roupas sujas de sangue e esperma, sendo submetida a exames periciais invasivos e como se não bastasse foi obrigada a tomar medicações como profilaxia de DST/AIDS, por trinta dias. Ora são traumas gravíssimos e que geraram inclusive transtornos psicológicos como síndrome do pânico, além de completo abandono social frente ao vexame público de passar por algo tão grave e ver seu algoz ser inocentado, desenvolvendo fobia social além do prejuízo financeira por não poder trabalhar. De acordo com o artigo 385 do CPP, encontrasse devidamente recepcionado pela constituição federal o interesse público no devido processo legal justo, principalmente quanto ao pedido do promotor que não encontra amparo na prova dos autos. O magistrado não pode atuar como mero instrumento de homologação da atividade discricionária do Ministério Público. Por fim a vítima na qualidade de assistente esta postulando a condenação do réu, não podendo ser reconhecida apenas a sua simples posição supletiva, ante um crime tão bárbaro. Por fim o caso também não implica na aplicação do princípio in dubio pro reo, pois as provas do presente processo são absolutamente seguras no sentido de decretar a sentença condenatória a qual o crime em questão exige. 3. DOS PEDIDOS: Frente a todo o exposto pede-se: a) - Que se acate o pedido de apelação para revisão da sentença absolutória; b) - A condenação do réu pelo crime de ESTUPRO DE VULNERAVEL, conforme Art. 217-A § 1°, do CPP. Nestes termos pede-se e espera-se deferimento. local /data/mês/ano assinatura do advogado OAB/UF
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