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02 - TIPOS DE DEMOCRACIA E EVOLUÇÃO DA CIDADANIA

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A democracia é o chamado do governo do povo. Da etimologia, a palavra democracia é união das palavras gregas demos e
kratos, que significam, respectivamente, povo e governo/poder.
Antes de analisarmos a evolução da democracia brasileira, cumpre informar ao aluno que há classificações diversas sobre
as formatações existentes da democracia. Passaremos a estudar as classificações. Primeiro quanto à forma de organização
do Estado, que se dará em democracia direta, indireta e semi-direta. Em segundo momento quanto à forma de exercício da
democracia (pelo cidadão) que será representativa ou participativa.
 
DEMOCRACIA DIRETA, DEMOCRACIA INDIRETA e DEMOCRACIA SEMI-DIRETA
1. Democracia direta
A primeira experiência de um governo democrático que se tem conhecimento ocorreu na cidade estado grega de Athenas.
Nesta cidade estado os cidadãos atenienses eram considerados iguais e, desta forma, a cidade necessitava de uma forma de
governo que respeitasse esta igualdade.
É bom lembrarmos que o conceito de “cidadão” na cidade estado de Athenas era muito diferente do conceito de cidadão
atual, conforme vimos no módulo anterior. Na antiga Athenas, cidadão era o homem (mulheres excluídas), livre (a
escravidão na Grécia antiga poderia decorrer de dívidas, derrotas em guerras e batalhas, etc – nada associada à cor da pele
das pessoas como na escravidão existente nos tempos do Brasil colonial e imperial), nascido em Athenas (estrangeiros
excluídos e sem a possibilidade de naturalização) e de posses.
Na antiga Athenas, os “iguais” – cidadãos atenienses – se reuniam em praça pública para decidirem os rumos da gestão da
coisa comum a todos. Ou seja, eles diretamente atuavam na gestão da cidade-estado.
2. Democracia Indireta
Após as revoluções burguesas que se espalharam pelo mundo – em especial a revolução francesa de 1789 – a nova
sociedade precisava organizar-se de forma oposta ao absolutismo que combatia. Surge novamente o conceito de igualdade
entre os cidadãos (conceito ainda diferente do dos tempos atuais mas bem mais próximo que o conceito vigente na Grécia
antiga).
Contudo, as nações são entes muito mais complexos e com uma população muito maior do que era a cidade-estado grega.
Por este motivo, a Democracia direta se mostra impraticável. (É inconcebível na França de 1789 imaginar-se a reunião de
todos os cidadãos em praça pública para deliberarem sobre os assuntos comuns. A reunião é fisicamente impossível pela
quantidade de pessoas/cidadãos que ali habitam.)
Para possibilitar que o povo siga no governo (demos + kratia), surge a ideia da Democracia indireta.
É indireta pois o exercício do poder não se dá (como outrora) diretamente por cada cidadão. As decisões passam a ser
tomadas por um grupo de pessoas que agem “no lugar”, fazendo as vezes de toda a população.
Assim, o povo não mais toma as decisões do Estado diretamente. As decisões passam a ser tomadas de maneira indireta
por interpostas pessoas.
3. Democracia Semi-direta
Uma insatisfação popular com a democracia indireta ( que veremos mais detalhadamente em outro ponto) fez surgir a
democracia semi-direta.
A impossibilidade prática de reunião de toda a população para as deliberações permanece existindo. Contudo, criam-se
procedimentos para que, sobre determinados temas, a população possa atuar diretamente na gestão do Estado, sem excluir
que a gestão cotidiana permaneça sendo executada de forma indireta. Ou seja, é uma democracia predominantemente
indireta mas com mecanismos de participação direta da população.
Alguns destes mecanismos, dentre os mais utilizados pelas democracias contemporâneas no mundo, são plebiscitos,
referendos e iniciativa popular.
O Brasil atual, conforme definido pela “Constituição Cidadã” ( Constituição Federal de 1988) se enquadra no conceito de
democracia semi-direta vez que o poder é exercido indiretamente por representantes eleitos mas possui mecanismos de
atuação direta dos cidadãos.
 
DEMOCRACIA REPRESENTATIVA VERSUS DEMOCRACIA PARTICIPATIVA (ou deliberativa)
Outra classificação das democracias (quanto à forma de exercício do cidadão) divide-as entre Democracias Representativas
e Democracias Participativas (também chamadas deliberativas).
A democracia representativa é a mais comum dentre todos os países do globo, na atualidade. Significa que votamos em
representantes para que eles possam gerir a coisa pública. No Brasil, está presente em todos os níveis da Federação:
federal, estadual, municipal e distrital. O sistema representativo é o mecanismo utilizado para a realização da chamada
democracia indireta (ou mesmo da parte indireta das democracias semi-diretas como no Brasil), pois o povo não participa
diretamente da gestão da coisa pública.
Ao contrário, na democracia participativa (ou deliberativa), o povo é quem participa diretamente da feitura das leis e
fiscaliza o exercício do poder. É o que acontece nas democracias diretas e na parcela direta das democracias semi-diretas.
Democracias puramente participativas são raras no mundo, haja vista que é de difícil implementação dos mecanismos de
exercício direto da democracia. Não é tarefa fácil conceber a presença de um número muito grande de populares em um
único recinto para a deliebaração dos diversos assuntos de interesse do Estado. Contudo, a existência de atos de
Democracia Participativa/deliberativa na Gestão dos Estados é muito comum. Ferramentas como plebiscitos e referendos
são amplamente difundidas e utilizadas nas democracias atuais.
 
 
EVOLUÇÃO DA CIDADANIA POLÍTICA NO BRASIL
A Constituição de 1988 assegura que o Brasil é uma República Federativa. A República (res publicae, do latim – res: coisa
e publicae: publica) é forma de governo. A teoria Geral do Estado define duas formas de governo: república ou
monarquia. Adotamos a primeira no brasil desde 1889.A República denota organização do Estado e, também, forma de
relação do Estado com os cidadãos.
Na república, exatamente com a intenção de evitar a concentração do poder, temos a tripartição dos Poderes proclamada
por Montesquieu, em 1748, pouco antes da Revolução Francesa. Temos os seguintes Poderes – que se repetem no Brasil:
Legislativo, Executivo e Judiciário.
 Os 3 Poderes hoje consagrados são independentes e harmônicos entre si. Significa dizer que não há interferência de um
Poder em outro, salvo casos previstos na Constituição Os Poderes têm funções típicas (Legislativo: legislar; Judiciário:
julgar; Executivo: executar as leis e administrar) e atípicas (Legislativo – julgar o Presidente da República em crimes de
responsabilidade; Judiciário – conceder aposentadoria a um de seus servidores; Executivo – elaborar um ato normativo).
Os Poderes seguem o princípio da correção funcional, pelo qual um não interfere na atuação típica de outro. Mas o
Presidente deve, por exemplo, acatar decisões do Supremo Tribunal Federal. É o que a doutrina costuma chamar de sistema
de freios e contrapesos.
 
Nos tempos do império Brasileiro, convivemos, por ocasião da Constituição de 1824, com 4 Poderes, a saber: Legislativo,
Executivo, Judiciário e Moderador. O Poder Moderador era exercido pelo Imperador e era o poder de anular certas
decisões do Judiciário ou do Legislativo e Executivo por vontade do Imperador que, apesar da separação de poderes
estabelecida (nitidamente inspirada no pensamento revolucionário francês), seguia sendo o comandante absoluto do país.
Mas, somos, também, uma Federação (Federalismo). Definição também estabelecida quando do advento de nossa primeira
Constituição Republicana de 1891 e repetida até os dias de hoje. Federalismo é forma de organização do Estado que
impacta na formatação da divisão territorial de um Estado. Um Estado pode ser Unitário ou Federal. Adotamos este último,
em que os Estados-membros cedem parcela de sua soberania para formar a União, entidade primordialmente concebida
para proteger fronteiras. O Estado Unitário não tem, em seu território, divisão em Estados-membros, mas sim em
províncias que apesar de geograficamente corresponderem à divisãodos Estados, não estão sequer perto de possuir a
autonomia politica e administrativa que possui um Estado-Membro. “Foeder”, que deu origem ao termo Federal, em latim,
significa pacto. Os Estados-membros firmam um pacto para criação da União. É o pacto federativo. Sua característica
essencial é ser indissolúvel após formado.
O Federalismo surgiu em 1787 nos Estados Unidos da América, criando-se a figura da União (governo federal) para
proteger fronteiras e os Estados-membros (as chamadas 13 colônias) de invasões estrangeiras.
No Brasil Atual temos um Estado Democrático de Direito. O Brasil é, pois, um Estado Democrático (participação do povo
nos afazeres do Estado) e, também, um Estado de Direito (em que prevalecem a ordem e as leis).
Muito comum encontrarmos doutrinadores afirmando que, hodiernamente, o Brasil evoluiu para um Estado Democrático e
Social de Direito. O termo “Social” indica que o Estado Brasileiro deve desenvolver prestações positivas a favor dos
cidadãos, e não ser mero agente passivo e observador da sociedade. Prestações positivas na área da saúde e educação, por
exemplo, com medidas efetivas e protetivas dos cidadãos (benefícios).
O que dá fundamento ao Brasil, enquanto República Federativa e Estado Democrático e Social de direito esta estampado
na própria constituição: soberania (nenhum outro Estado internacional pode interferir nas nossas questões internas, somos
soberanos p/ decidir nossos próprios rumos, p/ ditar nossas próprias regras), cidadania (o vocábulo cidadania indica o
direito de ter direitos, é muito mais do que simplesmente o direito de votar e ser votado), dignidade da pessoa humana
(todos têm direito a experimentar um conforto mínimo/são valores morais e espirituais que a pessoa cultiva e que devem
ser protegidos/autodeterminação da própria vida e respeito à vida alheia), valores sociais do trabalho e livre iniciativa
(trabalho voltado para o desenvolvimento coletivo e, quando a Constituição menciona o vocábulo “livre iniciativa” ela
quer dizer “capitalismo; nosso modelo de economia, de Estado, é capitalista, ou seja, não se admite, salvo raras exceções
constitucionais, a intervenção do Estado na economia) e pluralismo político (temos, no Brasil, vários partidos
políticos/liberdade de convicção). São essas as bases de nosso Estado.
Além de seus fundamentos, a constituição também, enumera os objetivos da República Federativa do Brasil. São eles: a)
construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

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