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A democracia é o chamado do governo do povo. Da etimologia, a palavra democracia é união das palavras gregas demos e kratos, que significam, respectivamente, povo e governo/poder. Antes de analisarmos a evolução da democracia brasileira, cumpre informar ao aluno que há classificações diversas sobre as formatações existentes da democracia. Passaremos a estudar as classificações. Primeiro quanto à forma de organização do Estado, que se dará em democracia direta, indireta e semi-direta. Em segundo momento quanto à forma de exercício da democracia (pelo cidadão) que será representativa ou participativa. DEMOCRACIA DIRETA, DEMOCRACIA INDIRETA e DEMOCRACIA SEMI-DIRETA 1. Democracia direta A primeira experiência de um governo democrático que se tem conhecimento ocorreu na cidade estado grega de Athenas. Nesta cidade estado os cidadãos atenienses eram considerados iguais e, desta forma, a cidade necessitava de uma forma de governo que respeitasse esta igualdade. É bom lembrarmos que o conceito de “cidadão” na cidade estado de Athenas era muito diferente do conceito de cidadão atual, conforme vimos no módulo anterior. Na antiga Athenas, cidadão era o homem (mulheres excluídas), livre (a escravidão na Grécia antiga poderia decorrer de dívidas, derrotas em guerras e batalhas, etc – nada associada à cor da pele das pessoas como na escravidão existente nos tempos do Brasil colonial e imperial), nascido em Athenas (estrangeiros excluídos e sem a possibilidade de naturalização) e de posses. Na antiga Athenas, os “iguais” – cidadãos atenienses – se reuniam em praça pública para decidirem os rumos da gestão da coisa comum a todos. Ou seja, eles diretamente atuavam na gestão da cidade-estado. 2. Democracia Indireta Após as revoluções burguesas que se espalharam pelo mundo – em especial a revolução francesa de 1789 – a nova sociedade precisava organizar-se de forma oposta ao absolutismo que combatia. Surge novamente o conceito de igualdade entre os cidadãos (conceito ainda diferente do dos tempos atuais mas bem mais próximo que o conceito vigente na Grécia antiga). Contudo, as nações são entes muito mais complexos e com uma população muito maior do que era a cidade-estado grega. Por este motivo, a Democracia direta se mostra impraticável. (É inconcebível na França de 1789 imaginar-se a reunião de todos os cidadãos em praça pública para deliberarem sobre os assuntos comuns. A reunião é fisicamente impossível pela quantidade de pessoas/cidadãos que ali habitam.) Para possibilitar que o povo siga no governo (demos + kratia), surge a ideia da Democracia indireta. É indireta pois o exercício do poder não se dá (como outrora) diretamente por cada cidadão. As decisões passam a ser tomadas por um grupo de pessoas que agem “no lugar”, fazendo as vezes de toda a população. Assim, o povo não mais toma as decisões do Estado diretamente. As decisões passam a ser tomadas de maneira indireta por interpostas pessoas. 3. Democracia Semi-direta Uma insatisfação popular com a democracia indireta ( que veremos mais detalhadamente em outro ponto) fez surgir a democracia semi-direta. A impossibilidade prática de reunião de toda a população para as deliberações permanece existindo. Contudo, criam-se procedimentos para que, sobre determinados temas, a população possa atuar diretamente na gestão do Estado, sem excluir que a gestão cotidiana permaneça sendo executada de forma indireta. Ou seja, é uma democracia predominantemente indireta mas com mecanismos de participação direta da população. Alguns destes mecanismos, dentre os mais utilizados pelas democracias contemporâneas no mundo, são plebiscitos, referendos e iniciativa popular. O Brasil atual, conforme definido pela “Constituição Cidadã” ( Constituição Federal de 1988) se enquadra no conceito de democracia semi-direta vez que o poder é exercido indiretamente por representantes eleitos mas possui mecanismos de atuação direta dos cidadãos. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA VERSUS DEMOCRACIA PARTICIPATIVA (ou deliberativa) Outra classificação das democracias (quanto à forma de exercício do cidadão) divide-as entre Democracias Representativas e Democracias Participativas (também chamadas deliberativas). A democracia representativa é a mais comum dentre todos os países do globo, na atualidade. Significa que votamos em representantes para que eles possam gerir a coisa pública. No Brasil, está presente em todos os níveis da Federação: federal, estadual, municipal e distrital. O sistema representativo é o mecanismo utilizado para a realização da chamada democracia indireta (ou mesmo da parte indireta das democracias semi-diretas como no Brasil), pois o povo não participa diretamente da gestão da coisa pública. Ao contrário, na democracia participativa (ou deliberativa), o povo é quem participa diretamente da feitura das leis e fiscaliza o exercício do poder. É o que acontece nas democracias diretas e na parcela direta das democracias semi-diretas. Democracias puramente participativas são raras no mundo, haja vista que é de difícil implementação dos mecanismos de exercício direto da democracia. Não é tarefa fácil conceber a presença de um número muito grande de populares em um único recinto para a deliebaração dos diversos assuntos de interesse do Estado. Contudo, a existência de atos de Democracia Participativa/deliberativa na Gestão dos Estados é muito comum. Ferramentas como plebiscitos e referendos são amplamente difundidas e utilizadas nas democracias atuais. EVOLUÇÃO DA CIDADANIA POLÍTICA NO BRASIL A Constituição de 1988 assegura que o Brasil é uma República Federativa. A República (res publicae, do latim – res: coisa e publicae: publica) é forma de governo. A teoria Geral do Estado define duas formas de governo: república ou monarquia. Adotamos a primeira no brasil desde 1889.A República denota organização do Estado e, também, forma de relação do Estado com os cidadãos. Na república, exatamente com a intenção de evitar a concentração do poder, temos a tripartição dos Poderes proclamada por Montesquieu, em 1748, pouco antes da Revolução Francesa. Temos os seguintes Poderes – que se repetem no Brasil: Legislativo, Executivo e Judiciário. Os 3 Poderes hoje consagrados são independentes e harmônicos entre si. Significa dizer que não há interferência de um Poder em outro, salvo casos previstos na Constituição Os Poderes têm funções típicas (Legislativo: legislar; Judiciário: julgar; Executivo: executar as leis e administrar) e atípicas (Legislativo – julgar o Presidente da República em crimes de responsabilidade; Judiciário – conceder aposentadoria a um de seus servidores; Executivo – elaborar um ato normativo). Os Poderes seguem o princípio da correção funcional, pelo qual um não interfere na atuação típica de outro. Mas o Presidente deve, por exemplo, acatar decisões do Supremo Tribunal Federal. É o que a doutrina costuma chamar de sistema de freios e contrapesos. Nos tempos do império Brasileiro, convivemos, por ocasião da Constituição de 1824, com 4 Poderes, a saber: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. O Poder Moderador era exercido pelo Imperador e era o poder de anular certas decisões do Judiciário ou do Legislativo e Executivo por vontade do Imperador que, apesar da separação de poderes estabelecida (nitidamente inspirada no pensamento revolucionário francês), seguia sendo o comandante absoluto do país. Mas, somos, também, uma Federação (Federalismo). Definição também estabelecida quando do advento de nossa primeira Constituição Republicana de 1891 e repetida até os dias de hoje. Federalismo é forma de organização do Estado que impacta na formatação da divisão territorial de um Estado. Um Estado pode ser Unitário ou Federal. Adotamos este último, em que os Estados-membros cedem parcela de sua soberania para formar a União, entidade primordialmente concebida para proteger fronteiras. O Estado Unitário não tem, em seu território, divisão em Estados-membros, mas sim em províncias que apesar de geograficamente corresponderem à divisãodos Estados, não estão sequer perto de possuir a autonomia politica e administrativa que possui um Estado-Membro. “Foeder”, que deu origem ao termo Federal, em latim, significa pacto. Os Estados-membros firmam um pacto para criação da União. É o pacto federativo. Sua característica essencial é ser indissolúvel após formado. O Federalismo surgiu em 1787 nos Estados Unidos da América, criando-se a figura da União (governo federal) para proteger fronteiras e os Estados-membros (as chamadas 13 colônias) de invasões estrangeiras. No Brasil Atual temos um Estado Democrático de Direito. O Brasil é, pois, um Estado Democrático (participação do povo nos afazeres do Estado) e, também, um Estado de Direito (em que prevalecem a ordem e as leis). Muito comum encontrarmos doutrinadores afirmando que, hodiernamente, o Brasil evoluiu para um Estado Democrático e Social de Direito. O termo “Social” indica que o Estado Brasileiro deve desenvolver prestações positivas a favor dos cidadãos, e não ser mero agente passivo e observador da sociedade. Prestações positivas na área da saúde e educação, por exemplo, com medidas efetivas e protetivas dos cidadãos (benefícios). O que dá fundamento ao Brasil, enquanto República Federativa e Estado Democrático e Social de direito esta estampado na própria constituição: soberania (nenhum outro Estado internacional pode interferir nas nossas questões internas, somos soberanos p/ decidir nossos próprios rumos, p/ ditar nossas próprias regras), cidadania (o vocábulo cidadania indica o direito de ter direitos, é muito mais do que simplesmente o direito de votar e ser votado), dignidade da pessoa humana (todos têm direito a experimentar um conforto mínimo/são valores morais e espirituais que a pessoa cultiva e que devem ser protegidos/autodeterminação da própria vida e respeito à vida alheia), valores sociais do trabalho e livre iniciativa (trabalho voltado para o desenvolvimento coletivo e, quando a Constituição menciona o vocábulo “livre iniciativa” ela quer dizer “capitalismo; nosso modelo de economia, de Estado, é capitalista, ou seja, não se admite, salvo raras exceções constitucionais, a intervenção do Estado na economia) e pluralismo político (temos, no Brasil, vários partidos políticos/liberdade de convicção). São essas as bases de nosso Estado. Além de seus fundamentos, a constituição também, enumera os objetivos da República Federativa do Brasil. São eles: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
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