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Tinturas homeopáticas Olney Leite Fontes O QUE t TINTURA-MÃE? O medicamento homeopático pode ser preparado a partir de drogas e de tin- turas homeopáticas, conhecidas como tinturas-mães. Tintura-mãe é o resultado da ação extrativa e/ou dissolvente, por rontato íntimo e prolongado, de um insumo inerte hidroalcoólico ou hidroglicerinado sobre determinada droga vegetal ou animal, fresca ou dessecada, por meio dos processos de maceração ou percolação. J Portanto, tintura-mãe, designada pelos símbolos TM e 0, é a preparação bá- sica que dá origem, assim como outras drogas, a todas as potências medicamen- tosas. A TM pode ser obtida a partir de vegetal fresco ou dessecado, e de animal vivo, recém-sacrificado ou dessecado. PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE TINTURAS-MÃES . Os principais processos de obtenção das tinturas-mães são a maceração, a percolação e a expressão. Esses métodos de extração são utilizados de acordo com a natureza da droga empregada na preparação da TM. Assim, por exem- plo, não é conveniente utilizar pós muito finos ou grossos em um processo de 107 108 A· TEORIA E PRÁTICA FARMÁCIA HOMEOPAT_!:.._· favorecer a compactação da dr . . t finos podem . og:i P""rcola\c"llO, p01s. enquan o os · os orioinam canais por onde ..., " 1' 'd os gross o- os l' dilicultando a P,Wagem do 1qw o, otamento dos tifrmacos solú1reis. Toda,/ q uidos passam diretamente sem O esg da consegmmos melhores resuJt d ª· com uma droga fresca, devi amen s •d te rasura , a 0 com o processo de maceração. . d or Hahnemann, que o conside - ti · · d aliza o P ra 0 O método de expressao 01 1 e • s a partir de vegetais frescos (O - d f turas-mae rga. mais eficaz para a obtençao e m . ente na redução do vegetal fir · t basicam · , esc 0 non, § 267). Esse processo consis e, fina, envolvida depois em llin p , ti uma pasta an 0 em ~edaços pequenos ate ?rmarsado ara obter o suco, o qual é imediatarnentt de linho novo. Esse tecido e pren P e. amA bar por alguns dias ao ah . , d em 1rasco ' rigo misturado com álcool e conserva O I de boa qualidade. cal afinal ser filtrado em pape ela luz e do or, para, ' . d brar a droga 1regetal ou animal O método de maceração consiste em e . _ em d d com ag1taçao, por certo tempo Tr contato com o líquido extrator a equa o, . A • a. ta-se de um processo e extraçao, e , . d - m que os principais fenomenos envolVidos sao a difusao e a osmose. mSum . _ . - 0 • 0 inerte atua sobre a superficie celular, exer. d - di lvente até O estabelecimento de igualdade de concentração cen o sua açao sso 1 , • entre os líquidos intra e extracelulares. Por isso, t~nto º. vo ume do liquido ex. ·t - -0 1·mportantes na extraçao, pms, enquanto um maior trator como a agi açao sa . . , volume de veículo extrator garante sua entrada para o 1ntenor da celula, pro- vocando O rompimento desta, a agitação proporciona melhor distribuição da droga, diminuindo a concentração ao redor das células, alterando o equfubrio das concentrações. o método da percolação consiste essencialmente em fazer passar o insumo inerte atra1rés da droga já umedecida, contida em um recipiente adequado, onde o líquido é continuamente deslocado de cima para baixo, até que todos os fár- macos solúveis sejam esgotados. Nesse processo duas forças estão envolvidas: a pressão hidrostática, que ocorre de cima para baixo, em função do peso do veícu- lo extrator; e a força da capilaridade, que ocorre de baixo para cima, Para vencer a força da capilaridade são necessárias adições sucessivas de insumo inerte no percolador. Neste livro, adotamos os métodos de maceração e de percolação, os mesmos adotados pela Farmacopeia homeopática brasileira, pois O método de expressão não considera a quantidade de água que o vegetal fresco contém, Uma TM obtida pelo processo de e~pr~ão poderá proporcionar diferentes concentrações de fár- macos, na dependenc1a de a planta ter sido coletada em época seca ou chuvosa, mesmo sendo da mesma espécie. .------- -~ RAS HOMEOPA 109 - ---- TICAS ,,,,, ---- --pREPARAÇÃO DA TM A PARTIR DE VEGETALFREs(:-------- - . Logo após a colheita, o veoetal r. . o J resco dev te Iaboratóno, onde se procede à sele à · e ser encaminhado imediatamen ª 0 das e impurezas diversas (ca çdo do vegetal, eliminando-se partes dete· d r jJJlals etc.). Em seguida, 0 vegetal é lava s, penas de aves, insetos, pelos e an. 0 com ág· ua purificada o ex do com água torrente e enxaguado, por ií}tiJll , · cesso de á d exemplo, uma peneira. Por fim O ·· gua . eve ser eliminado utilizando-sei por I vegetal é enxugado com um pano limpo e seco. . . . Com o mtu1to de uniformizar a _ tomada, após a lim eza do preparaçao da TM, a primeira providência a ser d' P, vegetal fresco, é calcular seu resíduo sólido (r. l) Esse proce 1mento e necessár• . so • · 10 para verificar quanto de parte seca tem a planta, uma vez que ª quantidade de TM a ser obtida deverá corresponder a dez s O porcentual do r. sol encontrad o d , · veze . · o. teor esse res1duo pode ser obtido por lhos ou por me10 de técn1·cas · · l · · apare mais s1mp es, como a descnta a seguir. Pesar 100 g do vege~al limpo e rasurá-lo em pequenos fragmentos. Colocar essa amostra em uma capsula de porcelana previamente tarada, tomando o cui- dado de evitar que os fragmentos fiquem sobrepostos. Levar a cápsula à estufa até que o vegetal elimine toda a água e atinja peso constante. Esse peso final corres- ponderá ao r. sol. do vegetal disponível para a preparação da TM. Para as plantas que contêm resinas, materiais voláteis e óleos essenciais, a temperatura da estufa não deve exceder S0°C. Para as demais, a dessecação poderá ocorrer entre l00ºC e 105ºC. A seguir, calcular a porcentagem dor. sol. na amostra. Se o r. sol. obtido for inferior a 20%, considerá-lo igual a 20%. Para obter a quantidade final da TM em volume, multiplicar o valor dor. sol por 10. Portanto, a relação droga/insumo inerte é de 1:10 (p/v), ou seja, 10%. A amostra do vegetal utilizada para calcular 0 r. sol. deverá ser descartada. Exemplo: r. sol. encontrado = 25% vegetal fresco disponível= 1.000 g 25% de 1.000 g = 250 g Portanto, 250 g do vegetal referem-se ao resíduo sólido total do vegetal e 750 mL referem-se à quantidade de água contida no vegetal. Logo, o volume final de TM a obter será igual a 250 x 10 = 2.500 mL. Se ndo a 3• edição da Farmacopeia homeopática brasileir~, caso n~o haja es- gu al 'l' final da extraçao devera ser de 55 pecificação em monografias, o teor coo ico ao IA E PRATICA pATl(A: TEOR - --- ---- FARMÁCIA HOMEO , , a mistura de agua e álcoo1 ri ,· no __ , ser UJll "' '-'Jo - - deYera ) 65% (v/v), e o liquido extrai w(;abela 5). (v/v a . d , do r so • teor alcoólico depen era . . de vegetal ~esco. d TM a partir . . a preparaçáo a Tabela 5. Líquido extrator unh2ndo n . Resíduo sólido -· trnólico Uliisalir e•tan•ol-a 90% (v/v) Usar etanol a 80% (v/v) Igual ou acima de 4096 Usar etanol a 70% (v/v) s valores de r. sol superiores a 50%. te encontramo Em vegetais frescos raramen . 29 % são muito comuns. No entanto, valores de r. sol infenor~ ª d final de TM a obter e o teor alcoólico quant1da e d d lí 'd A partir do r. sol. tem-se ª cal ular a quantida e e qw o extra- ilizado Falta e . , . do líquido extrator a ser ut · , 1 de princípios ativos soluveis. Para . úmero possIVe tor capaz de extrair o maior ai de TM a quantidade de água do vegetal. tanto, basta subtrair da quantidade fin Exemplo: r. sol. encontrado = 30% vegetal fresco disponível = 800 g S l = 300L lí uido extrator a ser utilizado será o etanol a 80% (v/v), e r. so . ro, o q conforme a Tabela 5. 30% de 800 g = 240 g (r. sol. total do vegetal) 800 g - 240 g = 560 g = 560 mL de água ( quantidade de água contida no ve- getal) 240 X 10 = 2.400 mL (volume final de TM a ser obtido) Logo, subtrair da quantidade de TM a obter a quantidade de água que o vege- tal contém, para chegarmos à quantidade de etanol a 80% (v/v) que seráutilizada na preparação da TM. 2.400 mL de TM - 560 mL de água do vegetal= l.840 mL de etanol a 80% (v/v) Relação resíduo sóüdo/volume final de TM = 1/IO (p/v) (l0%). O título alcoólico da TM desse exempl , d água contida no vegetal fresco dil . , I' 0 sera iferente de 80% (v/v), pois a título hidroalcoólico da TM deve lllrla O iquido extrator usado. Para calcular o , -se ançar d mao os seguintes cálculos: TINTURAS HOMEOPÃTICAS 111 1.84() mL de etanolª S0% (v/v) contêm, teoricamente, em torno de 20% de ág\lª e so% de álcool absoluto, ou seja, 368 mL de água e 1.4n mL de álcool bsoluto- a portanto, basta aplicar urna simples regra de três para chegarmos ao titulo ·(iroalcoólico da TM a obter. bl 2.400 mL------ 100% 1.472 mL X X::: 61,33% (v/v) podemos ainda utilizar a seguinte fórmula: 1 Ci x Vi = Cf x Vf 1 Em que: Ci = concentração inicial Vi = volume inicial Cf = concentração final Vf = volume final 80% X 1.840 mL = Cf X 2.400 mL Cf = 61,33% (v/v) A Farmacopeia homeopática dos Estados Unidos admite variação de até 15%, para mais ou para menos, nos teores etanólicos finais das tinturas homeopáticas. No exemplo citado, segundo a farmacopeia norte-americana, é tolerável uma va- riação de 51,86 a 70,45%. Contudo, para a 31 edição da Farmacopeia homeopática brasileira, o teor alcoólico deverá estar situado entre 55 (v/v) e 65% (v/v), caso não haja especificações em monografias. Para vegetais muito suculentos, com altos teores de água, o r. sol. é inferior a 20%. Nesses casos, para efeito de cálculo, considerar o r. sol. igual a 20%, pois do contrário iremos utilizar quantidades insuficientes de líquido extrator para extrair os princípios ativos e conservar a TM. Com o r. sol. igual a 20% conse- guem-se bons resultados. Exemplo (considerando o r. sol. igual a 10%): r. sol. encontrado = 10% vegetal fresco disponível = 1.000 g 10% de 1.000 g = 100 g (r. sol. total do vegetal) 112 . TEORIA E PRATICA FARMACIA HOMEOPA~ :..:.:...--------- --- - -- L d água (quantidade de água contid 1.000 g - 100 g = 900 g = 900 m e ª no vegetal) fi ai d TM a ser obtido) 100 x 10 = 1.000 mL (volume n e fculo extrator a ser utilizado será O et Como o r. sol. é inferior a 25%, 0 ve ano1 a 90% {v/v). d , do vegetal= 100 mL de etanol a 90% (v/ ) 1.000 mL de TM - 900 mL e agua v . ( / ) ( 100 mL) é insuficiente para extr • Essa quantidade de etanol a 90% v v , . .d air os M E t- é necessano cons1 erar o r. sol igual princípios ativos e conservar a T • n ao, · a 20%, mesmo que o valor obtido tenha sido 10%. 1 · ai 20% apesar dos 10% encontrados t Assim, considerando o r. so . 1gu a • • ere. mos: r. sol.= 20% vegetal fresco disponível = 1.000 g 20% de 1.000 g = 200 g (r. sol. total do vegetal) 200 x 10 = 2.000 mL (volume final de TM a ser obtido) Todavia, 90% do peso do vegetal é composto de água, pois, na realidade, seu r. sol. é 10%. Desse modo, temos: 1.000 g - 100 g = 900 g = 900 mL de água ( quantidade de água contida no vegetal) 2.000 mL de TM - 900 mL de água no vegetal = 1.100 mL de etanol a 90% (v/v). 1.100 g de etanol a 90% (v/v) representam uma quantidade mais que sufi- ciente para promover a lise das células vegetais, liberando os princípios ativos e a água intracelular. Quando o título em etanol da tintura-mãe estiver especificado na monogra- fia, cálculos deverão ser realizados para a determinação do teor alcoólico inicial do líquido extrator, conforme o exemplo abaixo: 1 Vi X Ci = Vf X Cf] Em que: Vi = volume inicial Ci = concentração inicial Vf = volume final Cf = concentração final TINTURAS HOMEOPÁTICAS ~---- --- --- ExemPl0: r. sol. encontrado = 30% vegetal fresco disponível = 800 g 30% de 800 g = 240 g (r. sol. total do vegetal) gOO g - 240 g = 560 mL = 560 mL d , . , al) e agua (quantidade de agua contida no veget 240 x 10 = 2.400 mL (volume final de TM a b 'd ) ser o ti o Logo, subtrair da quantidade de TM a obter a t'd d d , , quan 1 a e e agua que o ve- tal contem, para chegarmos à quant'd d d , · · ge 1 a e e etanol que sera utihzada na pre- paração da TM. 2.400 mL de TM - 560 mL de água do vegetal = 1.840 mL Título em etanol da TM identificado na monografia= 45% (v/v) Vi X Ci = Vf x Cf I.840 mL X Ci = 2.400 mL x 45% (v/v) Ci = 58,7% (v/v) Processo de Maceração Tomar o vegetal fresco devidamente rasurado e misturá-lo com o volume to- tal do álcool etílico cujos teor e quantidade foram previamente calculados. Dei- xar a mistura em recipiente de vidro ou de aço inoxidável, ao abrigo da luz, em temperatura entre 16 e 22°C. Agitar a mistura diariamente (no mínimo 3 vezes ao dia), por pelo menos 15 dias. Depois, filtrar o macerado e guardar o filtrado. Prensar o resíduo, filtrar o líquido obtido por meio desse processo e juntar ao líquido anteriormente filtrado. Acrescentar ao resíduo de prensagem quantidade suficiente de insumo inerte, misturar bem, prensar novamente e filtrar. Repetir o processo até que se atinja a quantidade de 10 vezes o r. sol. Deixar em repouso por 48 horas e filtrar em papel de filtro de boa qualidade. Para a TM cuja mono- grafia determine a concentração de um marcador específico, pode-se fazer um ajuste adicionando-se etanol de mesmo título que aquele utilizado na preparação da tintura-mãe. PREPARAÇÃO DA TM A PARTIR DE VEGETAL DESSECADO -- ----------------- A quantidade de água nos vegetais varia de acordo com o tecido, atingindo valores bastante elevados. As folhas, por exemplo, apresentam teores de água en- . TEORIA E PRATICA 1~14!__ _____ __:_:FA_R_MA_CI_A _HO_M_EO_P~ ------~ a de 90%; órgãos subterrâneos d tre 60 e 90%; as flores e certos frutos, cerc 1 . d ' e 7o , l t do vegeta , 1mpe e a conservaç· a 85%. A presença de água, apos a co e ª • . 'd ªº dos . . s decompoem rap1 amente p . fármacos, pois diversos m1crorgamsmos O • or isso . d d , a para algo em torno de 5% a fi ' recomenda-se reduzir a quantida e e agu · _ e ' m de d. . . . , . D sse modo se a droga nao 1or usada fr 1mmu1r as reações enz1maticas. e ' . esca, precisa-se proceder à dessecação logo após a sua limpe:ª· O processo de estabilização da droga, pela dessecaçao, pode ser feito expon. do-a ao calor natural ou artificial. O calor, além de provocar evaporação, permite destruir as enzimas e evitar a fermentação. Em locais secos e quentes promove- -se a secagem à temperatura do ambiente, colocando ª droga em_ camadas finas sobre tabuleiros, à sombra, em lugar com boa circulação do ar. E necessário re~ volvê-la algumas vezes, até a completa dessecação. Todavia, nos países tropicais de clima bastante úmido, usam-se secadores especiais, conhecidos por estufa~ de secagem, com ventilação forçada, para facilitar a evaporação da umidade e a escolha da temperatura de acordo com as características das drogas. Para conservar as drogas dessecadas deve-se evitar a ação da luz, da umidade do calor, da poeira, de insetos e de roedores. Com o tempo, o teor de princípio~ ativos tende a exaurir-se. Assim, as drogas devem ser renovadas a cada ano. Ge- ralmente, essas drogas são acondicionadas em recipientes de madeira, em sacos de papel e em sacos plásticos, estes últimos para as drogas aromáticas. Para a preparação da TM a partir de vegetal dessecado não é necessário cal- cular o r. sol., uma vez que a droga vegetal, se devidamente estabilizada e aco _ dicion_ada, está praticamente isenta de umidade. Para obter dez partes da T~ a partir de uma parte da droga, resultando numa proporção de l · 10 ut·1· . . . , 11zaro msumo merte indicado na monografia do vegetal Assim tem se u · 1· · · , - ma eqmva- enc1a entre a TM preparada a partir de vegetal fresco e a preparada a partir de vegetal dessecado. Processo de Maceração Deixar o vegetal dessecado, convenientemente d' 'd'd - t.d d d l' · IVI 1 o, em maceraçao com quan I a e e iqmdo extrator calculado d . , a 10%, de título alcoólico d t . d e maneira que se obtenha uma TM e ermma o na monografil . em recipiente de vidro ou d . . , a, por pe o menos 15 dias, e aço mox1davel a b · d entre 16 e 22°C. Agitar a m • t , . ' 0 ª ngo a luz, em temperatura is ura no mm1mo 3 ve d' . filtrar o macerado e guardar O filt d p zes ao Ia. Posteriormente, ra o. rensar o resíd fil l' 'd b 'd por meio desse processo e juntar ao lí uido a . uo, trar o 1qm o o tI o repouso por 48 horas e filtrar em p ql d ntenormente filtrado. Deixar em . ape e filtro de b l'd d TM CUJa monografia determine a concentração de oa qua 1 a e. Para a um marcador específico, pode-se TINTURAS HOMEOPÃTICAS 115_ fazer um ajuste adicionando-se etanol de mesmo título que aquele utilizado na preparação da tintura-mãe. Processo de Percolação Deixar a droga vegetal reduzida a pó moderadamente grosso ou semifino (ta- mis 40 ou 60) em um recipiente bem vedado, com quantidade de veículo extrator correspondente a 20% do peso da droga, por 4 horas, a fim de promover a fragi- lização da membrana celular. Utilizar o veículo extrator indicado na monografia do vegetal. Colocar sobre a placa-base do percolador uma folha de papel de filtro para evitar que o pó entupa a torneira. Transferir o pó umedecido para o perco- lador, aplicando pressão igual sobre toda a camada da droga, para evitar que uma parte fique mais compactada que outra, o que poderia fazer o líquido escoar pela parte mais livre. Pelo mesmo motivo, a droga deve ficar homogeneamente distri- buída. A torneira deve permanecer aberta para evitar a formação de vácuo, o que impediria a saída do líquido. Adicionar volume suficiente de insumo inerte para obtenção da quantidade previamente calculada de TM. Para evitar a formação de cavidades na droga, pode-se colocar sobre o pó uma folha de papel de filtro no local onde o insumo inerte irá cair. À medida que o veículo extrator for escoan- do, deve-se evitar o seu desaparecimento na superfície do papel de filtro antes da nova adição, impedindo, com isso, a inclusão de ar na droga, o que dificultaria o processo de extração dos fármacos. Fechar a torneira do percolador e mantê-la assim por 24 horas, pois com isso ocorrerá o equilíbrio de concentração. Per- colar, regulando a torneira de tal forma que, para cada 100 g da droga utilizada no processo, escoam 8 gotas por minuto. A abertura da torneira fará o líquido escoar, o que provoca desequilíbrio, fazendo que a difusão ocorra sempre no sentido do pó para o solvente. Prensar o resíduo e misturar o líquido assim ob- tido com o líquido resultante do processo (percolado ). Acrescentar quantidade suficiente de insumo inerte para completar o volume. Cessar o processo quando o percolado atingir dez partes da droga. Deixar em repouso por 48 horas e, em seguida, filtrar em papel de filtro de boa qualidade. PREPARAÇÃO DA TM A PARTIR DE ANIMAL VIVO, RECÉM-SACRIFICADO OU DESSECADO A TM de origem animal é preparada a partir de animal vivo, recém-sacrifica- do ou dessecado, podendo ser utilizado inteiro, suas partes ou secreções, de acor- do com a respectiva monografia. O processo empregado é a maceração, em que se utiliza uma mistura hidroalcoólica ou hidroglicerinada como líquido extrator. OPAJICA · T.EO ·:.:..:.R_IA_E _PR_AT_IC_A ___ _____ FARMAclA HOME · - ------1~16~ ____ :..:.:=--- , . brasileira recomenda os seguintes 1. • ia homeopatica . . . . I-A 3ª ediçao da Farmacope ( / ) mistura em partes iguais de ghcerin I a 65 a 70% v v ' . • d . a quidos extratores: etano . monografia. Cita am a uma mistura de I . ndicado na respect1va e água, ou ague e I ·o l·l·l I' · a proporça • · · • . , etanol, água e g icenna n . mo inerte nas tinturas-maes vegetais e de l:Io Enquanto a relação drog_a/ms~ . ssa relação é de 1:20 (p/v) (5%). Para as ) t' t ras-maes amma1s, e . . (p/v) (10% , nas m u _ 1 ulamos O r. sol., ou seJa, tmturas-mães . · · s frescas nao ca c matérias-pnmas ani~ai . . ' , -sacrificados ou dessecados são prepara-obtidas a partir de amma1s vivos, recem das do mesmo modo. . . periores como fígado, tireoide e hipó-p , • glândulas de ammais su ' ara orgaos e I áveis pelos medicamentos Hepatina, Thyroi- fise, entre outros exemp os, respons . tilizadas misturas de água e gli. dinum e Hypophysinum, respecttvamente, sao u • . . ,1 ool pois este altera os componentes organicos. cerina. Nesses casos evtta-se o a c , . 1 . 1 · t de animais sadios e deVIdamente se ec1onados órgãos e glându as provemen es • . h , . . 1 . h dos para o laboratório industrial farmaceutlco omeopatico, sao ogo encamm a - d • . loca e preparaçao as m · 1 d • d t· turas-mães Para seu transporte sao usa os rec1p1en- tes esterilizados e mantidos em temperatura inferior a 8°C. Em uma sala estéril, são retirados os tecidos estranhos, descartados os órgãos e a~ g:ândulas ~oentes e elaboradas as TMs. Medicamentos preparados a partir de orgaos ou glandulas são conhecidos por opoterápicos ou organoterápicos. Para a elaboração de TMs obtidas a partir de insetos, como as TMs de Apis mellifica ( abelhas inteiras vivas colocadas em maceração) e a de Cantharis ve- sicatoria ( cantárida inteira, dessecada), são utilizadas misturas hidroalcoólicas. Processo de Maceração Manter uma parte da droga animal, devidamente fragmentada ou não, con- forme sua monografia, em contato com 20 partes do líquido extrator indicado na monografia, por pelo menos 20 dias, agitando o recipiente no mínimo 3 vezes ao dia. Essa maceração deverá ser realizada num ambiente refrigerado e protegido da luz. Filtrar sem promover a prensagem ou a expressão do resíduo. Se a quan- tidade de TM final não atingir 20 vezes o peso da droga animal, acrescentar ao resíduo do macerado quantidade suficiente do veículo extrator. Manter o líquido obtido em repouso por 48 horas. Filtrar em papel de filtro de boa qualidade. ACONDICIONAMENTO E CONSERVAÇÃO DA TM -As. TMs devem ser conservadas em frascos de vidro âmbar, bem fechados, ao abngo da luz e do calor. Enquanto as tinturas-mães hidroa!coólicas precisam TINTURAS HOMEOPATICAS 117 ficar armazenadas em locais cuja temperatura se situe entre 16 e 22ºC, as tin- turas-mães hidroglicerinadas devem ficar estocadas em ambientes refrigerados com prazo de validade inferior a 6 meses. O acondicionamento da TM em frasco plástico é impróprio, pois este altera sua qualidade, conforme as condições de estocagem e a natureza do recipiente e da própria TM. O prazo de validade da TM vai depender fundamentalmente das condições de estocagem e da natureza da TM (fenólica, resinosa, alcaloídica, tânica etc.). Durante a armazenagem as tinturas-mães poderão sofrer alterações de várias or- dens, como oxidações, precipitações, hidrólises e reações com os componentes cedidos pelos recipientes que as acondicionam. Entre as oxidações encontram-se as que ocorrem nos taninos ( os anidridos tânicos são transformados em flabafe- nos ), na clorofila, nas flavonas, no etanol (o próprio álcool da TM vai se oxidando e formando ácido acético e aldeído acético) etc. Entre as precipitações são co- muns as de resinas, mucilagens, tanatos de alcaloides, silicatos, amidos e sais de cálcio e potássio. Entre as hidrólises podem-se citar as modificações que ocorrem com muitos alcaloides (aconitina, lobelina, atropina etc.), com os heterósidos cardiotônicos encontrados, por exemplo, na Digitalis purpurea L., no Strophan- thus hispidus DC. e na Scilla marítima L., com os flavonoides etc. A perda de álcool por evaporação é muito comum em tinturas-mães mal acondicionadas. As tinturas-mães, à medida que envelhecem, perdem suas propriedades far- macológicas, em tempo maior ou menor conforme as condições de armazena- mento e de acondicionamento. Desse modo, o farmacêutico homeopata deverá proceder à renovação das tinturas-mães dentro de um prazo de acordo com a instabilidade que apresentam. Em geral, os laboratórios farmacêuticos indus- triais homeopáticos costumam dar 5 anos de validade para elas. Aconselhamos proceder ao controle de qualidade da TM hidroalcoólica ao fim deum ano. To- davia, se surgir uma eventual turvação, precipitação ou mudança nos caracteres organolépticos, a TM deverá ser descartada. O prazo de validade das tinturas- -mães deve ser determinado pelo fabricante, segundo a legislação em vigor. GLOSSÁRIO CARACTERES ORGANOLÉPTICOS. Referem-se às propriedades com que certas substâncias medicinais impressionam os sentidos por meio da cor, do odor, do sabor e do tato. PERCOLADOR. Aparelho empregado na extração de princípios ativos vegetais ou animais, de forma cilíndrica ou cônica, em que se processa a percolação ou lixiviação. Ele pode ser de vidro ou aço inoxidável. Apresenta uma placa
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