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QUESTIONÁRIO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

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Brenda Amengol 
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QUESTIONÁRIO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
1- Flávio e Lúcio foram denunciados pela prática do crime de sequestro qualificado, 
tendo sido arroladas como testemunhas de acusação a vítima, pessoas que 
presenciaram o fato, os policiais responsáveis pela prisão em flagrante, além da 
esposa do acusado Flávio, que teria conhecimento sobre o ocorrido. Na audiência de 
instrução e julgamento, por ter sido arrolada como testemunha de acusação, Ana, 
esposa de Flávio, compareceu, mas demonstrou que não tinha interesse em prestar 
declarações. O Ministério Público insistiu na sua oitiva, mesmo com outras 
testemunhas tendo conhecimento sobre os fatos. Temendo pelas consequências, já 
que foi prestado o compromisso de dizer a verdade perante o magistrado, Ana disse 
o que tinha conhecimento, mesmo contra sua vontade, o que veio a prejudicar seu 
marido. Por ocasião dos interrogatórios, Lúcio, que seria interrogado por último, foi 
retirado da sala de audiência enquanto o corréu prestava suas declarações, apesar 
de seu advogado ter participado do ato. Com base nas previsões do Código de 
Processo Penal, considerando apenas as informações narradas, explique se houve 
alguma ilegalidade nos trâmites ocorridos durante a AIJ. 
Com base nas previsões do Código de Processo Penal, considerando apenas as 
informações narradas, Lúcio não teria o direito de anular a instrução probatória com base 
na sua ausência no interrogatório do outro acusado, Flávio. Isso porque nos termos do art. 
191, CPP, havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. Em relação 
a outro fato ocorrido na AIJ, digamos que deveria ter sido questionado a oitiva de Ana, 
esposa de Flávio que fora arrolada como testemunha de acusação. Isso porque, embora a 
testemunha tenha comparecido, ela demonstrara que não tinha interesse em prestar 
declarações, e, ainda assim o Ministério Público insistiu na sua oitiva, mesmo com outras 
testemunhas tendo conhecimento sobre os fatos. Dessa forma, houve ilegalidade neste 
último ato, pois a testemunha Ana poderia recusar -se a depor, tendo em vista que ela se 
encontra na especificidade do art. 206, CPP. 
 
2- Bruno está sendo processado pela prática de um crime de furto qualificado. 
Durante a audiência de instrução e julgamento, que ocorreu na ausência do réu, em 
razão do temor da vítima e da impossibilidade de realização de videoconferência, o 
Ministério Público solicitou que a vítima descrevesse as características físicas do 
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autor do fato. Após a vítima descrever que o autor seria branco e baixo e responder 
às perguntas formuladas pelas partes, ela foi conduzida à sala especial, para a 
realização de reconhecimento formal. No ato de reconhecimento, foram colocados, 
com as mesmas roupas, lado a lado, Bruno, branco e baixo, André, branco e alto, e 
Mateus, negro e baixo, apesar de a carceragem do Tribunal de Justiça estar repleta 
de presos para a realização de audiências, inclusive com as características descritas 
pela ofendida. A vítima reconheceu Bruno como o autor dos fatos, sendo lavrado 
auto subscrito pelo juiz, pela vítima e por duas testemunhas presenciais. 
Considerando as informações narradas, analise se o procedimento de 
reconhecimento de pessoas descrito no CPP foi observado de forma correta. 
Considerando as informações narradas, o procedimento de reconhecimento de pessoas 
não foi observado de forma correta, segundo o art. 226, CPP. Isso porque, as 
características físicas apresentadas pelas demais pessoas colocadas ao lado do réu quando 
da realização do ato, eram distintas, fazendo com que a vítima fosse induzida a 
reconhecer o acusado, Bruno. Logo, o que deveria ter ocorrido no caso supracitado, é 
que, havendo necessidade de fazer-se o reconhecimento do acusado, este deve ser 
colocado, se possível, ao lado de outras pessoas que com ela tiver qualquer semelhança, 
o que de fato não ocorreu. 
 
3- Lucio, empresário, residente na cidade de Belo Horizonte/MG, durante uma 
fiscalização realizada em sua empresa por um auditor fiscal da receita federal, no 
mês de setembro de 2018, ofereceu ao referido funcionário público a quantia de R$ 
20.000,00 para que sua empresa não fosse autuada após a constatação de sonegação 
tributária, cometendo, portanto, o crime de corrupção ativa, disposto no artigo 333 
do Código Penal. No curso das investigações, Lúcio foi eleito para o cargo de 
Deputado Federal. O inquérito policial foi relatado e o Ministério Público Federal 
deverá oferecer denúncia. Nesse caso hipotético, indique qual é o órgão competente 
para julgamento do Deputado Lúcio e fundamente sua resposta. 
O STF restringiu o foro por prerrogativa de função aos Deputados Federais e Senadores, 
condicionando que somente serão julgados pelo STF caso cometam crimes durante o 
exercício do mandato e desde que o crime tenha relação com o cargo, tendo os demais 
crimes julgados pelos respectivos juízes de 1ºgrau. Logo, diante esse entendimento, Lúcio 
será julgado pelo TJ. 
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4- Paulo foi preso por ter em tese praticados os crimes conexos de lesão corporal 
seguida de morte, ocultação de cadáver e dois delitos de furto qualificado em razão 
do rompimento de obstáculo de acordo com as informações obtidas, na cidade de 
Nova Lima, Paulo, mediante rompimento de obstáculo, subtraiu bens de duas 
residências, sem emprego de violência ou grave ameaça à pessoa. Já quando estava 
com os bens dentro de um caminhão, na cidade de Belo Horizonte, veio a ser 
encontrado por uma das vítimas, iniciando-se uma discussão. Durante a discussão, 
Paulo desferiu um golpe na cabeça da vítima, com intenção de lesioná-la, mas 
acabou por causar o resultado morte de maneira culposa. Temendo pelas 
consequências de seus atos, Paulo enterrou o corpo da vítima em Brumadinho, 
evadindo-se, em seguida, para se esconder em sua residência, localizada em Betim. 
Ocorre que o autor do fato foi localizado e preso em flagrante por policiais, em 
Contagem, antes de chegar em sua casa. Diante do caso narrado, indique qual é o 
órgão competente para julgar Paulo, explicando os critérios utilizados. 
Na competência por conexão, deve ser observada a regra quando no concurso de 
jurisdições da mesma categoria, a preponderância do lugar da infração, à qual for 
cominada a pena mais grave, ou seja, será competente a Comarca de Belo Horizonte, onde 
ocorreu o crime com pena mais grave, lesão corporal seguida de morte, o órgão 
competente é a Justiça Estadual de BH. 
 
5- Fabiano está sendo acusado de ter praticado no dia 18 de janeiro de 2019, na 
cidade do Rio de Janeiro, um roubo contra a vítima Priscila, subtraindo o seu 
veículo. Em seguida, de posse do referido automóvel, já na comarca de Niterói, 
praticou outros dois roubos, se apossando de relógio e celular das vítimas Bernard 
e João Pedro. Acionada a policial local, Fabiano foi preso algumas horas depois, na 
cidade de Duque de Caxias. No caso em apreço, tendo em vista que todos os delitos 
foram praticados de maneira idêntica, indique qual cidade será competente para 
julgamento de Fabiano, explicando o critério escolhido. 
No caso em questão, tratam-se de crimes de categorias iguais, sendo que o crime o 
primeiro crime julgado pela Justiça Estadual do Rio de Janeiro e o 2º pela de Niterói. 
Nesse caso, por não ser possível mensurar qual o crime mais grave, pois os dois possuem 
a mesma pena, será competente a comarca de Niterói, pois foi o local onde ocorreu o 
maior número de infrações. 
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6- Analise a assertiva abaixo, avaliando-o como certo ou errado. Justifique sua 
resposta, de forma fundamentada: “Em fiscalização aeroportuária, apreendeu-se 
grande quantidade de produtos oriundos de país estrangeiro, cuja comercialização é 
proibida no território nacional. Apurou-se que a entrada, no Brasil, dos produtos 
contrabandeados ocorreu em local diverso do de suaapreensão. Nessa situação, a 
competência para o processamento e o julgamento da ação, definida territorialmente, 
será a do local de entrada dos produtos ilegais no país”. 
Errado. Nesse caso, segundo a súmula 151 do STJ, a competência em razão do lugar será 
a do local de apreensão e não a do local de entrada no país. 
 
7. Em determinado estado da Federação, um juiz de direito estadual, um promotor 
de justiça estadual e um procurador do estado cometeram, em momentos distintos, 
crimes comuns dolosos contra a vida. Não há conexão entre esses crimes. Diante da 
situação hipotética narrada, indique a competência para julgamento de cada um dos 
crimes, justificando sua resposta. 
A Súmula Vinculante 45 diz que a competência constitucional do Tribunal do Júri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela 
Constituição Estadual. Logo, o Promotor de Justiça Estadual será julgado pelo Tribunal 
de Justiça; o Juiz de Direito Estadual será pelo Tribunal de Justiça em que exerce suas 
funções, e o Procurador do Estado pelo Tribunal do Júri.

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