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História da Ásia

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História da Ásia
Vagner Carvalheiro Porto
Revisada por Vagner Carvalheiro Porto (janeiro/2013)
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de História da Ásia, parte 
integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que 
a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 ÁSIA ................................................................................................................................................................. 7
1.1 Informações Preliminares .............................................................................................................................................7
1.2 O Imperialismo do Século XIX ....................................................................................................................................9
1.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11
1.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................11
2 BRIC ............................................................................................................................................................... 13
2.1 Os Países do BRIC ..........................................................................................................................................................13
2.2 China: Momento Atual ...............................................................................................................................................15
2.3 Brasil e China: Potencial da Parceria ......................................................................................................................18
2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................19
2.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................20
3 ÍNDIA ............................................................................................................................................................ 21
3.1 Uma das Potências Atuais .........................................................................................................................................21
3.2 Uma Herança do Período Colonial ........................................................................................................................22
3.3 O Projeto Nacional Populista ..................................................................................................................................23
3.4 Índia e Brasil: do Distanciamento à Aproximação ............................................................................................23
3.5 As Estruturas Hegemônicas de Poder ..................................................................................................................25
3.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................29
3.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 31
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 33
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 35
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Este manual busca apresentar ao(à) aluno(a) do curso de História da Unisa, na modalidade a distância, as 
principais informações e decorrentes discussões daquilo que é chamado, hoje em dia, História da Ásia. Apresen-
taremos, ao longo das páginas que seguem, os fundamentos da disciplina, refletindo sobre aspectos histórico-
-geográficos da Ásia e perpassando por discussões que enfatizam o caráter político, econômico, social e cultural 
desse imenso continente.
Ao optar por discutir a História da Ásia a partir do século XIX, determinamos nossa intenção e preocupa-
ção: observar a importância desse continente gigante no contexto atual da globalização. Não que a Antiguida-
de da Ásia não tenha importância, muito pelo contrário. É que tal abordagem requer outro curso, tamanha a 
demanda e importância da Ásia em tempos antigos. De todo modo, não nos furtaremos a apontar, em estra-
tégicos momentos, questões do passado antigo da Ásia, para refletirmos sobre suas implicações no período 
de colonização do século XIX e no quadro de desenvolvimento de algumas nações asiáticas no contexto de 
nações emergentes, a partir do último quartel do século XX.
Procuramos dividir a apostila em 3 partes. Primeiro, apresentaremos a você um quadro mais geral sobre 
o continente asiático, no primeiro capítulo. Optamos por fazer esse capítulo, pois existem muitas informações 
geográficas que, muitas vezes, não dominamos tão bem. Assim, acreditamos que essas informações poderão 
ajudá-lo(la) a entender melhor a localização e o histórico de formação dos países que compõem a Ásia. Abor-
daremos, também, as motivações de nações europeias para interferirem na vida dos países asiáticos e como se 
deu o processo de colonização da Ásia. 
 No segundo capítulo, apresentaremos uma breve discussão bastante recente a respeito dos países que 
compõem o BRIC, a saber: Brasil, Rússia, Índia e China. Entendemos que essa discussão é importante tanto para 
a compreensão dos alunos frente às questões econômicas que envolvem o Brasil e os países asiáticos no con-
texto mundial quanto para prepararmos os alunos para as discussões dos capítulos seguintes, quando mostra-
remos questões que dizem respeito às relações Brasil-China e Brasil-Índia. Também será foco de observações 
nossas, nesse capítulo, a discussão de conteúdos vinculados à China, sua trajetória histórica desde o século 
XIX, quando esteve sob domínio britânico, até seu impressionante crescimento nos últimos anos. Também fará 
parte de nossa proposta prolongar a discussão recente sobre os países emergentes, assim estabelecemos im-
portantes comparações do Brasil com a China nos contextos econômico e político vinculados à Globalização. 
Por fim, procuraremos discutir, no terceiro capítulo de nossa apostila, a Índia, importante país asiático, 
destacando o período de domínio europeu, a luta pela independência e o contexto de país emergenteem que 
a Índia se enquadra nos dias de hoje. Da mesma forma que fizemos com a China, procuraremos apontar ques-
tões que aproximem Índia e Brasil, para compreendermos melhor esse momento histórico tão importante que 
atravessa esse grupo de países da Ásia e como as relações econômicas e políticas do Brasil com eles podem vir 
a se tornar extremamente frutíferas para todos.
Será um prazer acompanhá-lo(la) ao longo desse trajeto.
Vagner Carvalheiro Porto
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7
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, discutiremos primeiramen-
te aspectos ligados à geografia da Ásia extrema-
mente importantes para compreender certos 
aspectos da vida política que esse continente gi-
gante vivencia. Logo após, trataremos do Impe-
rialismo do século XIX e de como essa visão pro-
movida pelos países europeus foi determinante 
para o estado político e econômico dos países 
asiáticos durante todo o transcorrer do século XX.
Como você já deve ter ouvido falar em al-
gum lugar, a Ásia é o maior continente da Terra. 
Possui cerca de 8,6% da superfície de nosso pla-
neta. Parte oriental da Eurásia (lembrando que 
Eurásia é a reunião de dois continentes: Europa e 
Ásia), a Ásia também é o continente que concen-
tra a maior população do mundo.
ÁSIA1 
1.1 Informações Preliminares
Figura 1 – Mapa político da Ásia.
Fonte: www.webbusca.com.br/atlas/asia/.
Vagner Carvalheiro Porto
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8
Com localização tanto no Oriente quanto 
na parte setentrional (mais ao norte) do planeta, 
a Ásia é usualmente definida como a parte da Eu-
frásia (o grupo de continente europeu, africano e 
asiático) que se localiza do lado oriental do mar 
Vermelho, dos montes Urais e do Canal de Suez e 
que fica mais ao sul da região do Cáucaso, do mar 
Negro e do mar Cáspio. A Ásia é, ainda, banhada 
do lado oriental pelo oceano Pacífico (além do 
mar Amarelo, mar da China do Sul, mar do Japão 
e mar de Bering), pelo oceano Índico ao sul e pelo 
Ártico ao norte.
É importante que você saiba que a história 
da Ásia pode ser tida como a história de várias 
regiões litorâneas distintas, que compreendem a 
Ásia do Sul, o Oriente Médio e a porção oriental 
da Ásia. Berço das primeiras cidades do mundo, 
a Ásia veria nascer, pouco a pouco, grandes e im-
portantes estados e impérios naquela importante 
área.
Os chamados vales férteis, nos quais dois 
importantes rios atravessam, o rio Tigre e o rio 
Eufrates, viram desenvolver ali o desabrochar das 
primeiras cidades complexas. É muito possível 
que os povos que habitaram o vale da China e 
do Indo e as regiões, principalmente, da Baixa te-
nham efetuado trocas das mais variadas esferas, 
dos aspectos tecnológicos aos religiosos, passan-
do pela complexificação dos primeiros núcleos 
habitacionais.
Grandes e diversificadas civilizações e cul-
turas havia na Ásia. Na região da Palestina, surgiu 
tanto o Judaísmo quanto o Cristianismo. Durante 
o terceiro século a.C., Alexandre, o Grande, efe-
tuou uma série de incursões militares na Ásia, 
conquistando a área que vai da atual Turquia até 
parte da região que entendemos como Índia e Pa-
quistão. Depois, foi a vez de o Império Romano ter 
o controle da maioria das terras asiáticas do oeste. 
Tiveram sequência, na região persa, as dinastias 
aquemênida (proveniente do povo aquemênida 
que habitava a região), selêucida (proveniente 
do rei Seleuco, um dos generais de Alexandre, 
o Grande, que ficou com essa região depois da 
morte deste), parta (povo de origem iraniana que 
ofereceu grande resistência à dominação do Im-
pério Romano na região) e sassânida (linhagem 
real que governou a Pérsia entre 224 e 651 d.C.). 
Muitos povos da Antiguidade tinham sua vida 
econômica completamente vinculada à Rota da 
Seda, que ligava a Índia, o Oriente Médio, a China 
e a Europa. A Rota da Seda era caminhos que se 
interconectavam pela Ásia do Sul, num comércio 
da seda que envolvia o Oriente e o continente eu-
ropeu. 
A Rota da Seda era cortada por embarca-
ções e caravanas, que ligavam, do ponto de vista 
comercial, a Europa com o Extremo Oriente. Evi-
dências arqueológicas recuam para o oitavo mi-
lênio a.C. a movimentação em torno dessa rota.
A partir do século VII, o califado islâmico e 
outros Estados muçulmanos começaram a domi-
nar o Oriente Médio. Posteriormente, eles expan-
diram seus domínios até o arquipélago Malaio 
(trata-se de ilhas que ficam entre a Austrália e o 
sudeste da Ásia). A partir do século XII, teve início 
o movimento das Cruzadas, expedições militares 
e religiosas que tinham como intenção retomar 
dos árabes (muçulmanos) a Terra Santa, cristiani-
zar o maior número possível de pessoas, além de, 
é claro, voltar para a Europa com algum espólio. 
Mongóis e russos controlariam grande parte da 
Ásia até meados do século XIX. No século XVII, os 
manchus (grupo originário da Manchúria – ex-
tremo nordeste da China) tomaram o poder da 
dinastia Ming e deram início à chamada dinastia 
Qing. Foram governantes supremos da China até 
1911, quando os ingleses tomaram-lhe o poder.
Como veremos no próximo capítulo, a Ásia 
passou a fazer cada vez mais parte dos interesses 
dos mercados produtores europeus, pois constituía 
um grande mercado consumidor. No século XX, 
durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão conse-
guiu se expandir invadindo os limites dos vizinhos 
rivais de longa data, a saber: a China. Durante a 
AtençãoAtenção
O Budismo e o Hinduísmo, religiões iniciadas na 
Índia, influenciaram sobremaneira outros povos 
da Ásia, principalmente os que se localizavam 
mais ao sul e à leste da Ásia.
História da Ásia
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9
Guerra Fria, o norte da Ásia estava sendo contro-
lado pelos comunistas, diga-se: República Popular 
da China e União Soviética. Por seu lado, os países 
ocidentais capitalistas, capitaneados pelos Estados 
Unidos, organizaram vários pactos, entre eles, des-
taca-se o chamado Southeast Asia Treaty Organiza-
tion (SEATO). 
SEATO, traduzindo para o português, é a 
sigla para a Organização do Tratado do Sudeste 
Asiático. Esse tratado foi assinado em 1954, a pro-
pósito da reorganização da Ásia no pós-Segunda 
Guerra Mundial, numa tentativa de barrar o avan-
ço comunista na região. 
A Guerra do Vietnã, a invasão soviética do 
Afeganistão e a Guerra da Coreia foram palcos de 
conflitos ferozes entre os principais representan-
tes e aliados comunistas e capitalistas. 
Não se pode deixar de mencionar que os 
conflitos entre judeus e palestinos em Israel, nos 
últimos, pelo menos, quarenta anos, dominam a 
maior parte da história recente do Oriente Próxi-
mo. Por fim, a crise da União Soviética, no início 
da década de 1990, foi de suma importância para 
a sua desintegração e a origem de várias nações 
independentes da região central da Ásia.
Saiba maisSaiba mais
O total de vítimas da Guerra do Vietnã é impreciso, 
oscilando entre 1 milhão e meio e dois milhões de 
vietnamitas mortos (900 mil soldados e 1 milhão de 
civis). Os mutilados graves chegaram a mais de 500 
mil, fazendo com a nação perdesse parte considerá-
vel da sua juventude.
Muito bem, aluno(a). A Europa do século XIX 
viveu o auge do desenvolvimento do capitalismo. 
Tal fator desencadeou a necessidade de buscar 
novos mercados de investimentos para o capital 
excedente gerado no continente europeu, para 
que fossem garantidos tanto o escoamento da 
imensa produção industrial quanto o fornecimen-
to de matéria-prima.
Outros fatores ainda tornaram atraente a po-
lítica colonialista para os governantes europeus: a 
chance de transferir colonos europeus para as re-
giões conquistadas, conseguindo dar um jeito na 
difícil questão do excesso de população no con-
tinente europeu. Considere-se, ainda, que a mão 
de obra barata era alvo de interesse dos empre-
endedores europeus (como fora também durante 
a colonização do século XVI), pois, na Europa, os 
trabalhadores há muito já tinham uma organiza-
ção que levava seus salários lá para cima.
 Sabe-seque o comércio entre a Ásia e a Eu-
ropa remonta ao Império Romano. Nessa época, 
a Ásia constituía-se enquanto importante forne-
cedora de artigos de luxo para o continente euro-
peu. Depois da Revolução Industrial, tudo mudou. 
1.2 O Imperialismo do Século XIX
O crescimento da indústria têxtil da Inglaterra fez 
com que a produção asiática diminuísse conside-
ravelmente, pois a Europa não constituía mais um 
mercado consumidor para os produtos produ-
zidos na Ásia. Com tudo isso, os países asiáticos 
começaram mais e mais a ficar dependentes dos 
produtos europeus, principalmente dos produtos 
da Grã-Bretanha.
Pensando em termos mais pontuais, analisan-
do a colonização da Índia, na segunda metade do sé-
culo XVIII, ela já tinha sido começada pela Inglaterra. 
Após conquistar a costa, o governo da Inglaterra, aju-
dado pela Companhia das Índias Orientais, começou 
sua corrida econômica para o interior. 
Saiba maisSaiba mais
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra, na 
segunda metade do século XVIII, e encerrou a tran-
sição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acu-
mulação primitiva de capitais e de preponderância 
do capital mercantil sobre a produção. Completou, 
ainda, o movimento da revolução burguesa iniciada 
na Inglaterra no século XVII.
Vagner Carvalheiro Porto
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10
Figura 2 – França, Alemanha, Rússia, Inglaterra e Japão 
decidem como irão repartir a China – Século XIX.
Fonte: http://iranecastro.blogspot.com/2009/08/o-
imperialismo-do-seculo-xix.html.
Várias foram as tentativas de revolta con-
tra a presença inglesa na Ásia, mas todas foram 
duramente reprimidas. Agora, em se tratando da 
China, tudo ia até bem quando a Companhia das 
Índias Orientais começou a introduzir o ópio, por 
intermédio de contrabando, na China. 
Depois de conflitos armados entre China 
e Inglaterra, a derrota chinesa e as condições in-
glesas ficaram registradas, em 1842, no Tratado 
de Nanquim. O sudeste asiático foi reduzido, na 
segunda metade do século XIX, à condição de 
colônia francesa. Após 57 anos de lutas, em 1859, 
as cidades de Tourane e Saigon foram finalmente 
dominadas pela França. 
É possível dizer que as grandes potências 
da Europa Ocidental, no século XIX, controlavam 
a África, a América e a Ásia, ou seja, praticamente 
todo o planeta.
O filme intitulado Indochina (França, 1992), dirigido 
por Régis Wargnier e estrelado pela bela atriz Cathe-
rine Deneuve, possibilita-nos conhecer um pouco 
melhor a realidade da partilha da Ásia, sob foco des-
se pedaço do continente que coube à França.
MultimídiaMultimídia
Figura 3 – Impérios coloniais.
Fonte: picasaweb.google.com/.../EI8NVW0QVzBkMNHpRi0WBw.
História da Ásia
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11
Em termos gerais, os asiáticos possuíam um 
sistema econômico autossuficiente. A infiltração 
cada vez maior dos produtos europeus na Ásia foi 
minando pouco a pouco o equilíbrio que lá existia.
Não só a economia, como o modo de vida 
das pessoas, mudou; agora, tinha-se que produzir 
matéria-prima para os países europeus, ao mesmo 
tempo que se devia consumir os produtos manu-
faturados da Europa. Soma-se a isso o fato de os 
países asiáticos terem perdido sua característi-
ca produtora, além de terem de ver os europeus 
criando toda uma infraestrutura local que atendia 
tão somente seus anseios, suas necessidades eco-
nômicas.
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, discutimos as seguintes questões:
�� os aspectos geográficos do continente asiático;
�� a Ásia é o berço das primeiras cidades do mundo, em que se viu nascer, pouco a pouco, grandes 
e importantes estados e impérios;
�� na região da Palestina, surgiu tanto o Judaísmo quanto o Cristianismo;
�� muitos povos da Antiguidade tinham sua vida econômica completamente vinculada à Rota da 
Seda, que ligava a Índia, o Oriente Médio, a China e a Europa;
�� a Ásia passou a fazer cada vez mais parte dos interesses dos mercados produtores europeus, 
pois constituía um grande mercado consumidor;
�� o Imperialismo do século XIX foi implacável com o continente asiático: a Ásia foi literalmente 
partilhada pelos países europeus.
1.3 Resumo do Capítulo
1.4 Atividades Propostas
Caro(a) aluno(a),
Agora que já iniciamos a discussão, vamos verificar a compreensão:
1. Por que devemos considerar o enorme tamanho do continente asiático para refletir sobre sua 
importância no planeta?
2. Em virtude da corrida imperialista europeia, como se deu o enfraquecimento da economia 
local na Ásia?
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13
Caro(a) aluno(a),
Em pesquisa realizada pelo grupo financeiro 
Goldman Sachs, que teve como líder o economis-
ta Jim O’Neill, no ano de 2001, China, Brasil, Índia e 
Rússia ficaram conhecidos como BRIC, constituin-
do países que apresentaram um crescimento eco-
nômico muito alto. México e Coreia do Sul ficaram 
de fora desse grupo, pois foram considerados paí-
ses com uma economia outrora consolidada.
A pesquisa de O’Neill (GOLDMAN SACHS, 
2001) aponta que o BRIC atualmente representa 
40% da população do mundo e, em 2050, poderá 
ir além das economias dos países mais desenvol-
vidos da atualidade, constituindo uma forte influ-
ência geopolítica. Nesse cenário, o Brasil e a Rússia 
representariam grandes fornecedores de matéria-
-prima e a China e a Índia encarregar-se-iam da 
tecnologia e mão de obra.
 
BRIC2 
2.1 Os Países do BRIC
Figura 4 – Do BRIC, o Brasil é o caso mais interessante hoje 
em dia. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, 
café e suco de laranja, o segundo maior de soja e o terceiro 
maior de milho.
Fonte: http://neccint.wordpress.com/2009/11/16/john-mauldin-brasil-e-
o-melhor-entre-os-bric/.
Vagner Carvalheiro Porto
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
14
Goldman Sachs (2001) não diz que o BRIC 
deva se organizar em um bloco econômico, como 
acontece com a União Europeia. Todavia, há gran-
des evidências de que os países do BRIC têm bus-
cado formar um grupo político ou um “pacto”, 
assim transformando sua crescente força econô-
mica em uma maior influência geopolítica. Os pa-
íses do BRIC reuniram-se oficialmente em 2009, 
em Yekaterinburg, na Rússia, em cúpula em que 
discutiram a crise que ocorreu em 2008. Reivin-
dicaram, nessa reunião, que a economia mundial 
apresentasse-se de forma multipolar.
Veja bem, aluno(a), não podemos deixar de 
destacar as várias diferenças que existem entre 
esses países. Por exemplo: China, Índia e Rússia 
são fortes potências bélicas, diferentemente do 
Brasil, que nunca se envolveu com tal questão.
Especulações em História são sempre peri-
gosas. Todavia, existem projeções de que, se for 
considerado um bloco econômico, no ano de 
2050, o grupo do BRIC poderá ultrapassar a União 
Europeia e os Estados Unidos em termos de pro-
dução econômica. 
Se não houver nenhum fator que desequili-
bre a política e a economia, em 2050, a China de-
verá ser a grande economia global, tendo como 
base o rápido crescimento sustentado de sua 
economia, no começo do século XXI. 
A teoria de Goldman Sachs (2001), bastante 
popular, acabou por gerar outras possibilidades, 
como, por exemplo: a união dos países Rússia, 
Brasil, China, Índia e México, que geraria o BRIMC; 
ou a união de Rússia, Índia, África do Sul, Brasil, 
China, o BRICS; e BRIIC: Indonésia, Brasil, Rússia, 
China, Índia, incluindo África do Sul, Indonésia 
e México como países com semelhante força de 
crescimento nos próximos anos. A economia da 
África do Sul, incluída no grupo, pode representar 
uma importante mudança na ordem mundial.
São características comuns desses países: a 
economia estabilizada recentemente; uma situa-
ção política estável; possuir mão de obra em gran-
de quantidade, em processo de qualificação; ter 
níveis de produção e exportação em crescimento; 
possuir boas reservas de recursos minerais; ter in-
vestimentos em setores de infraestrutura (estra-
das, ferrovias, portos, aeroportos, usinas hidrelé-
tricas etc.); ter o ProdutoInterno Bruto (PIB) em 
crescimento; apresentar índices sociais em pro-
cesso de melhoria; apresentar uma diminuição, 
embora lenta, das desigualdades sociais; rápido 
acesso da população aos sistemas de comunica-
ção, como, por exemplo, celulares e internet (in-
clusão digital); possuir mercados de capitais (Bol-
sas de Valores) recebendo grandes investimentos 
estrangeiros; e ter investimentos de empresas es-
trangeiras nos diversos setores da economia.
Para finalizar, é importante destacarmos 
que, uma semana antes da cúpula do BRIC, o Bra-
sil tinha oferecido dez bilhões de dólares ao Fun-
do Monetário Internacional (FMI). O Brasil nunca 
tinha feito um empréstimo dessa natureza, mas 
já havia recebido antes empréstimo do FMI; claro 
que a repercussão no exterior foi bastante positi-
va, evidenciando a confirmação de uma mudança 
de postura. Rússia e China também anunciaram 
que fizeram empréstimos ao FMI, que correspon-
dem, respectivamente, a cinquenta bilhões e dez 
bilhões de dólares.
AtençãoAtenção
O BRIC não é um bloco econômico e sim uma 
associação comercial, em que os países integran-
tes apresentam situações econômicas e índices 
de desenvolvimento parecidos, cuja união visa à 
cooperação para alavancar suas economias em 
escala global.
História da Ásia
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
15
Querido(a) aluno(a),
Um dos fatos históricos mais importantes 
deste final de século, certamente, é o desenvol-
vimento econômico recente da China. Entender 
sua natureza e dinâmica constitui um dos mais 
intrigantes desafios para os estudiosos do desen-
volvimento econômico. Possivelmente, como nos 
lembra Hobsbawn, isso seja tarefa para os histo-
riadores do século XXI.
O debate sobre a China é realizado com al-
tas doses de ideologia. A queda abrupta e intensa 
da ex-União Soviética e das economias socialis-
tas do Leste Europeu e a ascensão do liberalismo 
econômico marcam, sem dúvida, os termos em 
que se desenvolve o debate sobre o desenvolvi-
mento recente na China.
Afinal, poderíamos perguntar: o seu extra-
ordinário êxito econômico desde o final dos anos 
1970 significou exatamente êxito do quê? De 
uma bem-sucedida transição para o capitalismo? 
Ou terá sido o sucesso da economia socialista de 
mercado? Ou se insere no contexto de sucesso do 
desenvolvimentismo dos países asiáticos? Pen-
sando num tipo de questionamento menos abs-
trato, poderíamos perguntar: que mecanismos 
foram os propulsores do seu desenvolvimento? 
Empresas estatais lideradas pelo Estado plane-
jador ou a força de um “terceiro setor”, formado 
pelas empresas rurais de propriedade coletiva? 
Que contradições existem? O amplo debate na li-
teratura especializada provocado pela via chinesa 
de desenvolvimento possui dimensão compará-
vel à que se deu sobre o desenvolvimentismo do 
leste asiático. Tal como naquela discussão, a pre-
sente é marcada por visões distintas sobre o fun-
cionamento do capitalismo e das relações entre 
o Estado e o mercado. O atual confronto coloca 
em destaque dois rumos diferentes de transição 
ao capitalismo, trilhados, respectivamente, pela 
China e pelo Leste Europeu e ex-União Soviética.
Semelhante à contenda sobre a natureza 
da industrialização na Ásia, a discussão dos eco-
nomistas sobre a via chinesa de desenvolvimen-
to encontra-se marcada por duas posições do-
minantes. Para muitos autores, o sucesso chinês, 
contrastando com a transição radical e caótica do 
Leste Europeu e da ex-União Soviética, aconteceu 
de forma gradual, na qual foram sendo incremen-
tadas reformas e criadas instituições, na China, a 
partir de 1978. 
No caso dessa vertente, mais importantes 
do que o plano e as intenções iniciais dos refor-
mistas chineses para a dinâmica e a forma da 
transição foram os movimentos interativos de 
fatores econômicos e políticos formados por cir-
cunstâncias não antecipadas pelo governo. 
Nessas análises, são destacados, princi-
palmente, o papel da pequena indústria rural, o 
regime de contratos com os produtores agríco-
las e o sistema dual de formação de preços e de 
controle sobre a economia. Resumindo, a China 
buscava um caminho marcado por novidades ins-
titucionais que estavam sendo adaptadas às suas 
características, em claro contraste com o percorri-
do pelos países do Leste Europeu, que buscavam 
inserir-se no contexto das típicas instituições do 
capitalismo ocidental. 
Ao contrário dessa leitura, certamente inspira-
da na “economia institucionalista”, discute-se a visão 
ortodoxa do desenvolvimento, representada pelas 
2.2 China: Momento Atual
DicionárioDicionário
Terceiro setor: é uma terminologia sociológica 
que dá significado a todas as iniciativas privadas 
de utilidade pública com origem na sociedade ci-
vil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um 
vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para 
definir as diversas organizações sem vínculos di-
retos com o Primeiro setor (Público, o Estado) e o 
Segundo setor (Privado, o Mercado). Traduzindo: o 
Terceiro Setor é o conjunto de entidades da socie-
dade civil com fins públicos e não lucrativos.
Vagner Carvalheiro Porto
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16
análises do Banco Mundial e consultores ocidentais 
de governos que estão em transição. Para certos eco-
nomistas, o gradualismo chinês não comprometeu 
o desenvolvimento, por causa dos seguintes fatores: 
a criação de instituições consideradas tipicamente 
de mercado, a liberalização dos preços e a política 
de abertura externa. Para essa linha de pensamento, 
o acelerado ritmo de crescimento ocorrido nos últi-
mos 20 anos explica-se pela acumulação de capital 
numa economia com baixo nível de renda per capita 
inicial, alta concentração de mão de obra rural, uma 
estrutura econômica descentralizada e ampla oferta 
de trabalho barato.
É impressionante notar, nesse debate, a au-
sência de reflexões sobre os condicionantes polí-
ticos e as estratégias de poder ocorridos na China, 
posto que a China foi peça-chave da política do 
pós-guerra e que seus movimentos responderam 
aos desafios postos pela polarização do mundo 
entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética.
Veja só: os anos 1980 foram marcados pela 
forte instabilidade econômica, pela descontinui-
dade nos arranjos econômicos internacionais, 
pela ofensiva de políticas econômicas liberais e 
pela ruína do bloco socialista. Assim, a pergunta 
que não quer calar é: como foi possível reeditar, 
ainda que com diversas singularidades, a fórmu-
la desenvolvimentista? Reduzi-la aos fatores mais 
gerais da industrialização em economias atrasa-
das compromete de forma inescapável o enten-
dimento não apenas da estratégia de desenvol-
vimento implementada, mas também das razões 
de seu sucesso e de suas contradições.
Figura 5 – Mapa político da China. 
Fonte: http://wwwgeografiainglaterrachinacsicom.blogspot.com/2008/05/mapa-politico-da-china-dividido-em.html.
História da Ásia
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17
A hipótese geral que preside essas reflexões 
é que o espetacular crescimento econômico com 
mudança estrutural ocorrido na China a partir das 
reformas de 1978 foi o resultado de três vetores 
principais: a estratégia americana de isolar e des-
gastar a ex-União Soviética, o crescimento comer-
cial dos Estados Unidos com o Japão e a luta do 
governo chinês para fortalecer a soberania do Es-
tado sobre o território e sobre a população, atra-
vés do crescimento econômico e da tentativa de 
modernizar a indústria.
A entrada da China no confronto dos Esta-
dos com a ex-União Soviética foi, até 1992, um 
fator importantíssimo para a arrancada exporta-
dora chinesa. Por outro lado, a desvalorização do 
dólar, em 1985, e a ofensiva comercial dos Esta-
dos Unidos provocaram grande deslocamento do 
capital da Ásia para a China.
Com o fim da Guerra Fria, a lógica da geo-
política mudou inteiramente. A China, contudo, já 
tinha alcançado condições econômicas que a sus-
tentassem. Em relação aos fatores condicionantes 
internos, podemos considerarque o sucesso da 
estratégia chinesa deveu-se, principalmente, à 
possibilidade de enfrentar os estrangulamentos 
mundiais da economia, combinando os mecanis-
mos do planejamento de governo e do mercado 
e enfatizando a descentralização do plano e a 
concentração dos mercados. Podemos exempli-
ficar esse poderio econômico da China se obser-
varmos os dados estatísticos dos últimos anos. 
Com isso, a China situou-se entre os países 
que mais conseguiram ter entradas de investi-
mentos do globo, chegando ao primeiro lugar 
entre os países que estão em processo de desen-
volvimento. A participação da China nos investi-
mentos de países ricos passou de 7%, entre 1980 e 
1989, para 23%, entre 1990 e 1999, beirando 24%, 
entre 2000 e 2003. Perceba que a China, sozinha, 
respondeu por cerca de 39% dos investimentos 
enviados à Ásia durante o período mencionado.
Apesar de todos os indicativos positivos e 
das melhores expectativas possíveis, de acordo 
com Vieira (2006), a China precisa flexibilizar seu 
regime cambial. O autor argumenta que
alguns aspectos dão suporte à noção de 
que a rigidez (em relação ao dólar) da 
taxa de câmbio da China pode ter atin-
gido um grau de desenvolvimento no 
tempo onde já não se justifica mais sua 
sobrevida, sistematizando sete argumen-
tos que corroborariam a necessidade de 
se flexibilizar o atual regime cambial:
1. A economia chinesa encontra-se sobre 
aquecida e as pressões inflacionárias já se 
mostram relevantes, sendo que uma fle-
xibilização cambial associada a uma apre-
ciação da taxa de câmbio deve minimizar 
tais pressões. 
2. O nível atual de reservas internacionais 
é significativamente elevado para fun-
cionar como proteção em caso de uma 
eventual crise monetária.
3. A política de esterilização das entradas 
de capitais tem se tornado cada vez mais 
difícil e o impacto monetário destes in-
fluxos pode exercer pressão inflacionária 
adicional.
4. Embora o equilíbrio externo possa ser 
atingido por políticas redutoras de gastos 
(elevação de juros), a existência de duas 
metas de política (equilíbrio interno e ex-
terno) deve exigir não apenas a utilização 
da taxa de juros, mas também a taxa de 
câmbio.
5. Uma economia do tamanho da China 
deve fazer uso de mudanças na taxa de 
câmbio nominal e não nos preços como 
forma de ajustar sua taxa de câmbio real. 
6. As experiências de outras economias 
emergentes no que se refere à transição 
de regimes cambiais sugerem que tal 
mudança deve ocorrer num contexto 
onde a economia está equilibrada sob o 
ponto de vista macroeconômico e a moe-
da é forte, e não ocorrer sob condições de 
fragilidade macroeconômica e monetária 
onde freqüentemente ocorrem os cha-
mados ataques especulativos. 
Saiba maisSaiba mais
Durante a década de 1990, a China desenvolveu um 
crescimento médio de quase 10% ao ano e, durante 
essa época, juntou por volta de 213 bilhões de dóla-
res em investimento direto de fora do país.
Vagner Carvalheiro Porto
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18
7. Uma análise de longo prazo sugere que 
os preços dos bens e serviços na China 
encontram-se em um nível baixo. Consi-
derando-se as experiências de diversos 
países, as correções nas defasagens da 
taxa de câmbio em relação ao seu nível 
de equilíbrio são alcançadas pela metade 
na década seguinte à transição do regime 
cambial. (VIEIRA, 2006).
Temos aqui duas situações postas: por um 
lado, uma China que impressiona o mundo todo 
com seu acelerado crescimento e, por outro, uma 
situação que exige muitos cuidados por parte da 
China, para que consiga se manter com um cres-
cimento desejável, como vem ocorrendo nesses 
últimos anos.
O 25º aniversário do estabelecimento de re-
lações diplomáticas entre Brasil e China, em 1999, 
foi o primeiro de três importantes acontecimentos 
entre os dois países. Passados cerca de 50 anos, o 
presidente Ernesto Geisel fez com que a China tor-
nasse-se comercialmente reconhecida pelo Brasil.
O lançamento do satélite sino-brasileiro 
(Chinese-Brazilian Earth Resources Satellite – CBERS) 
constituiu o segundo importante acontecimento 
entre os dois países. O satélite rompeu o monopó-
lio dos norte-americanos e dos europeus no que diz 
respeito ao conhecimento de nossas riquezas natu-
rais e nosso ambiente. A cooperação sino-brasileira, 
inaugurada com o estabelecimento de relações em 
1974, ampliou-se com a visita presidencial de 1984 
e adensou-se profundamente em 1988, com o lan-
çamento do projeto conjunto de construção dos 
satélites que monitorariam a crosta terrestre.
As visitas que o presidente Jiang Zemin e 
primeiro-ministro Li Peng fizeram ao Brasil, ao lon-
go da década de 1990, serviram para consolidar os 
laços de amizade e cooperação entre os dois paí-
ses. Foi possível identificar elementos estruturais 
na relação, que apontam para um protagonismo 
no século XXI: China e Brasil são dois megaestados 
emergentes e podem sustentar juntos o combate 
por uma nova ordem econômica e política interna-
cional. 
Ainda em 1999, o embaixador Samuel Pi-
nheiro Guimarães, diretor do Instituto de Pesquisa 
de Relações Internacionais (IPRI), da Fundação Ale-
xandre Gusmão, reuniu no Rio de Janeiro políticos, 
acadêmicos, diplomatas e funcionários estatais, no 
Seminário Brasil-China. O encontro entre intelectu-
ais chineses e brasileiros serviu também para apro-
ximar os dois povos.
Outros eventos não menos importantes na 
China, em 1999, foram o retorno de Macau à sobe-
rania chinesa, 452 anos depois do domínio luso na 
região, e o cinquentenário da fundação da Repú-
blica Popular da China. Todos esses eventos repre-
sentam, também, o grande desafio da China de dar 
continuidade ao diálogo entre os povos. 
Eco de um passado que parece ressurgir, Ma-
cau, com sua língua portuguesa em pleno território 
chinês, propõe-se como ponto de encontro da cul-
tura multimilenar da China com a nossa cultura la-
tina. Essa nova China, que se desenvolve em ritmo 
acelerado, encontra o Brasil na jornada em busca 
de uma superação das dificuldades que ainda insis-
tem em existir no mundo do pós-Guerra Fria. 
Vivemos num mundo cuja conjuntura inter-
nacional é dominada por pretensões hegemônicas, 
que procuram impor a via da unipolaridade e do 
pensamento único. Será que cabe ao diálogo sino-
-brasileiro, que se instaura e se aprofunda, por seus 
próprios esforços, oferecer à História algum mo-
vimento novo e sem precedentes? Nesse sentido, 
o Seminário Brasil-China, sob os cuidados do IPRI, 
esteve voltado, nos dias 18 e 19 de novembro de 
1999, para o debate do futuro das relações de coo-
peração entre esses dois países, demarcando qua-
tro áreas de atuação, verdadeiras avenidas temáti-
cas abertas aos pesquisadores de Brasil e China. 
As questões-chave, abordadas a partir de 
diferentes perspectivas, foram as que se seguem: 
2.3 Brasil e China: Potencial da Parceria
História da Ásia
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19
políticas nacionais e possibilidades de coopera-
ção: Ciência e Tecnologia; Energia: políticas nacio-
nais e possibilidades de cooperação; o Brasil e a 
China na política internacional; e a China e o Brasil 
dentro da globalização. 
Nesse momento em que a divisão e a per-
plexidade parecem rondar algumas das lideran-
ças do país, face aos desafios da “globalização”, 
deve-se retomar, atualizando, a forma como os 
enfrentaram, no passado, os brasileiros, que sou-
beram melhor pensar e agir em defesa das aspira-
ções nacionais. Nesse sentido, ninguém mais do 
que o Barão do Rio Branco pode antecipar o pro-
tagonismo nacional no mundo. Veja só o discurso 
que ele dirigiu ao III Congresso Científico Latino-
-Americano e note como, já no século XIX, ele 
evidenciava uma visão do megaestado brasileiro: 
“A Nação Brasileira só ambiciona engrandecer-se 
pelas obras fecundas da paz, com seus próprios 
elementos, dentro das fronteiras em que se fala a 
língua dos seus maiores, e quer vir a ser forte entre 
vizinhos grandes e fortes, por honra de todos nós 
e por segurançado nosso continente, que talvez 
outros possam vir a julgar menos bem ocupado.” 
Ficam, pois, evidentes, prezado(a) aluno(a), 
que são muitas as chances que ambos os países 
possuem de ganhar com a cooperação nos vários 
campos da ação comum. Em todos eles, o esfor-
ço de acadêmicos, cientistas, políticos e técnicos 
tem sido decisivo e está elevando a capacidade 
de mobilização das duas comunidades. 
2.4 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, discutimos as seguintes questões:
�� China, Brasil, Índia e Rússia ficaram conhecidos como BRIC, constituindo países que apresenta-
ram um crescimento econômico muito alto;
�� os países do BRIC reuniram-se oficialmente em 2009, na Rússia, onde discutiram a forte crise 
que ocorreu em 2008;
�� a queda abrupta e intensa da ex-União Soviética e das economias socialistas do Leste Europeu 
e a ascensão do liberalismo econômico marcam, sem dúvida, os termos em que se desenvolve 
o debate sobre o desenvolvimento recente na China;
�� para muitos autores, o sucesso chinês, contrastando com a transição radical e caótica do Leste 
Europeu e da ex-União Soviética, aconteceu de forma gradual, na qual foram sendo incremen-
tadas reformas e criadas instituições, na China, a partir de 1978;
�� a aliança Brasil-China.
Vagner Carvalheiro Porto
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20
Caro(a) aluno(a),
Agora que já iniciamos a discussão, vamos verificar a compreensão:
1. Por que é importante discutir o BRIC nesse contexto de História da Ásia?
2. Por que é possível acreditar na parceria entre Brasil e China?
2.5 Atividades Propostas
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21
Caro(a) aluno(a),
Assim como no caso da China, a Índia é 
apontada hoje, pela maioria dos especialistas, 
como uma das prováveis grandes potências do 
século XXI. Mas por quê? Um dos fatores reside 
na taxa de crescimento econômico do país, que, 
ano após ano, crise após crise, apresenta-se acima 
da média mundial.
Mas estariam mesmo asseguradas as condi-
ções necessárias para que a Índia venha a ser uma 
grande potência? A não transformação radical 
das estruturas herdadas do capitalismo colonia-
lista é uma realidade que salta aos olhos se nos 
concentrarmos na Índia. Será possível que a Índia 
ascenda ao estatuto de uma grande potência mo-
derna, sem passar primeiro por uma verdadeira 
revolução social?
ÍNDIA3 
3.1 Uma das Potências Atuais
Figura 6 – Mapa da Índia.
Fonte: http://resistir.info/samir/india_samir_port.html.
Vagner Carvalheiro Porto
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22
Assim como vimos no capítulo referente ao 
Imperialismo do século XIX, se analisarmos com 
calma, de fato, a colonização inglesa converteu 
a Índia em uma sociedade capitalista, com um 
sistema que dependia da agricultura. A Inglater-
ra criou tipos de propriedade privada das terras 
agriculturáveis, o que impossibilitou que a maio-
ria dos camponeses tivesse acesso a elas. Essa 
política originou a formação de grandes latifún-
dios, que predominaram na parte setentrional do 
país, não sendo vantagem nenhuma para as pro-
priedades menores dos camponeses do sul, que, 
se compararmos, eram mais ricos. A maior parte 
dos camponeses foi convertida em uma categoria 
empobrecida, praticamente sem nada. Com isso, 
as condições de pobreza da população só tinham 
que crescer e foi o que aconteceu. Até os dias de 
hoje, podemos ver as condições de pobreza extre-
ma em que vive a maioria da população indiana.
Na Índia, antes da colonização britânica, as 
terras eram divididas pelas comunidades aldeãs, 
de maneira igual (com base em princípios de de-
sigualdade, que se baseavam no sistema de cas-
tas). Essas comunidades, por sua vez, tinham que 
se submeter ao Estado (que cobrava taxas das co-
munidades). Os britânicos elevaram à categoria 
de proprietários de terras, com vários níveis dife-
renciados de autoridade, os líderes políticos, pro-
movendo, dessa forma, seu modelo próprio de 
capitalismo. Esse modelo foi acompanhado em 
outros países da Europa, como também ocorreu 
na América e em países da África e da Ásia.
Ainda nos anos 1930, os comunistas indianos 
lutavam por um programa de reforma agrária mais 
efetivo. Para eles, a terra deveria ser coletivizada e 
concedida a quem trabalhava de fato, traduzindo, 
os camponeses. A elite indiana jamais colocou em 
prática as propostas dos agricultores e a reforma 
agrária nunca passou de um sonho. Nesse ponto, a 
elite brasileira também foi bastante eficiente. 
Ainda que, primeiramente, o ponto basilar da 
propriedade das terras agriculturáveis fosse uma 
das questões centrais de discussão entre os comu-
nistas indianos, como também entre uma burgue-
sia democrática e populista, o alcance da ideologia 
liberal impôs noções equivocadas sobre a real im-
portância da propriedade privada da terra, como, 
por exemplo, de que não existia a mínima chance 
junto à solução proposta pelo Ocidente (em que a 
classe dos camponeses vai se esvaindo conforme 
é absorvida pelo crescimento da área urbana, no 
bojo do capitalismo) e que, dessa forma, exigir uma 
reforma agrária era algo completamente démodé. 
Parece que a situação está em vias de ser al-
terada, principalmente pela radicalidade da luta 
dos camponeses maoístas naxalistas (guerrilhei-
ros maoístas indianos).
É fato que essas revoltas são totalmente su-
focadas. Todavia, movimentações revolucionárias 
começaram a inverter a ordem das coisas na Ín-
dia: os dalits entraram no cenário político e isso 
pode ser considerado um passo gigantesco na 
direção do futuro econômico e político da Índia.
Outro ponto importante para ser considera-
do é com respeito ao processo de industrialização 
da Índia. A esse respeito, Amim (2005) afirma que, 
logo de início, a colonização levou a cabo 
uma desindustrialização da Índia, avan-
çada na altura, em beneficio da Grã-Bre-
tanha que estava em vias de industriali-
zação. Por isso, a Índia independente deu 
prioridade à sua industrialização, o que 
foi encarado com um alto grau de siste-
matização, pelo menos inicialmente. Para 
além disso, promoveu-se a combinação 
do grande capital privado indiano com 
as empresas do sector público, para col-
matar as falhas do sistema de produção 
herdado da colonização, acelerar o cres-
cimento e reforçar as indústrias básicas.
3.2 Uma Herança do Período Colonial 
Saiba maisSaiba mais
Maoísmo, também chamado Marxismo-Leninismo-
-Maoísmo (MLM), é uma corrente do comunismo 
baseada nos ensinamentos de Mao Tse Tung (1893-
1976).
História da Ásia
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23
A proposta muito clara de industrializar o 
país, desde que a Índia tornou-se independente, 
deve ser entendida como importante ingrediente 
nessa difícil tarefa de entender como se deu e de 
que maneira continua, de certa forma, o proces-
so de crescimento econômico desse grande país 
asiático. 
Um plano nacional, motivado pelas vitórias 
dos movimentos de libertação na África e na Ásia 
após a Segunda Guerra Mundial, foi empreendi-
do na Índia. O plano incluía medidas de grande e 
pequena abrangência.
Mesmo com grandes limitações, foram mui-
to significativas as vitórias do plano nacional po-
pulista indiano de Indira Ghandi e de Jawaharlal 
Nehru, seja analisado do ponto de vista econômi-
co, seja do ponto de vista político. 
A Índia independente priorizou, com grande 
força, a indústria no país, para tentar se reerguer 
dos anos de colonização inglesa. Estabeleceu-se 
um plano para desenvolver a produção agrícola 
(principalmente concernente a cereais), embasa-
do naquilo que os indianos chamaram revolução 
verde, enfatizando a produção de alimentos para 
que o país não dependesse de outros nesse que-
sito.
 Ao contrário da China, onde o crescimen-
to dos níveis econômicos era acompanhado por 
uma grande melhoria na vida das pessoas, o mes-
mo não ocorreu na Índia, onde somente parte das 
novas classes médias sentiu os benefícios do cres-
cimento econômico do país.
3.3 O Projeto Nacional Populista3.4 Índia e Brasil: do Distanciamento à Aproximação
Se, por um lado, Brasil e Índia apresentam 
diferenças significativas como sociedades e Es-
tados, o que explica o isolamento histórico re-
cíproco, que se caracterizou pela fragilidade de 
vínculos políticos e econômicos entre essas duas 
nações, por outro, encontram-se em uma cate-
goria diferenciada quanto ao conjunto de países 
que são a periferia do sistema econômico e políti-
co do capitalismo mundial.
Brasil e a Índia são tidos como grandes pa-
íses periféricos. Os desafios para esses grandes 
países periféricos são superar tanto as vulnera-
bilidades de fora quanto as diferenças internas 
e arquitetar uma democracia real, sendo, assim, 
hábeis para vir, ou virem, a integrar aquelas estru-
turas hegemônicas ou deixar de se subordinar a 
elas. O principal dilema é: ou encaram esses desa-
fios – e, para tal, terão um relacionamento difícil, 
tenso e, de certo modo, arriscado com aquelas es-
truturas – ou permanecem em situação de eterna 
inferioridade, devido à concentração de poder 
político, econômico e militar, e, assim, enfrenta-
rão um processo que lhes desagregará economi-
camente, tanto interna quanto externamente, e 
continuarão a sequência histórica de instabilida-
de política. 
Enquanto o Brasil é uma sociedade de raí-
zes ocidentais, extremamente recente e em for-
mação, a Índia é uma sociedade oriental, milenar 
e consolidada. As diferenças são enormes e já 
AtençãoAtenção
Esse grupo, ao qual pertenceriam o Brasil e a Ín-
dia, defronta-se com um cenário internacional, 
resultado de um longo processo histórico, orga-
nizado em torno do que poderia ser conceituado 
como “estruturas hegemônicas de Poder”.
Vagner Carvalheiro Porto
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24
começam por aí. Todavia, ambas as sociedades 
estão sujeitas ao impacto ininterrupto das ideias, 
dos costumes e das políticas criadas e desenvolvi-
das no centro da sociedade internacional, difun-
dido pelos meios globais de comunicação, mas, 
apesar de tudo, permanecem isoladas entre si. 
 Enquanto o Brasil é um país puramente im-
portador de ideologias ocidentais, a Índia é um dos 
berços de religiões e filosofias. As religiões e filosofias 
da Índia correspondem a uma sociedade multirra-
cial, de inúmeros idiomas e dialetos, de desigualda-
des de gênero e de classe, estratificada por costumes 
milenares, com poderosos conflitos latentes. O Brasil, 
sociedade de origens raciais tão plurais, miscigena-
da, na qual a origem étnica ou religiosa por si só não 
“classifica”, caracteriza-se pelo idioma único e sua 
unidade territorial não se encontra abalada. 
Tanto o Brasil quanto a Índia apresentam 
respeitáveis disparidades de renda e de proprie-
dade, de riqueza e de pobreza, e de cultura. O Bra-
sil, apesar disso e possivelmente pela sua história 
recente, apresenta um grau mais elevado de mo-
bilidade, tanto social quanto espacial.
A Índia, ou melhor, os vários Estados que 
vieram a se converter no que chamamos Índia, 
corresponde a sociedades milenares e a Estados 
estruturados quando foram invadidos e conquis-
tados por uma potência ocidental que se tornaria 
hegemônica, a Inglaterra. As populações indíge-
nas brasileiras, reduzidas e espalhadas pelo vasto 
território, de organização social e política própria, 
sem linguagem escrita, foram dominadas por 
uma potência europeia, Portugal, que não supe-
rou a etapa mercantil de sua evolução capitalista 
e, muito depressa, colocou-se sob a proteção bri-
tânica, estruturando o Brasil como parte integran-
te do sistema político colonial.
Por seu turno, a Índia, após uma demorada 
e impressionante luta anticolonialista, alcançou 
sua independência em 1947 e se achava, naque-
le momento, afastada geograficamente do novo 
centro de poder, os Estados Unidos; todavia, cer-
cada de Estados agressivos ou poderosos. O Bra-
sil, na transição da Colônia para a Independência, 
não se afastou da esfera de influência hegemôni-
ca do capital europeu, por meio de Portugal. 
Apesar de todas essas diferenças, Brasil e 
Índia compartilham semelhanças e interesses 
comuns, por serem “grandes países periféricos”, o 
que os separa radicalmente dos países pequenos 
e médios da periferia. Poderíamos definir como 
grandes países periféricos aqueles países não 
desenvolvidos, populosos e de grande território 
contínuo, não inóspito, com grande potencial de 
exploração econômica. 
Para adquirir importância econômica efeti-
va, uma grande população depende de seu nível 
educacional, de saúde, de sua produtividade (que 
depende, por sua vez, do estoque de capital) e, 
portanto, de sua renda. Ainda, quando os indica-
dores de educação, saúde e produtividade desses 
países não são muito positivos, não se pode ne-
gar que uma população numerosa, num extenso 
território, traz, em si, um imenso potencial econô-
mico, tecnológico, político e militar. 
Uma grande população pode possibilitar, 
em princípio, o desenvolvimento de um maior 
número de atividades produtivas e, claro, em 
cada uma delas, atingir escalas econômicas mí-
nimas de produção. Também, a existência de um 
mercado interno mais amplo, dinâmico e diversi-
ficado pode diminuir a importância do mercado 
externo, deixar o sistema econômico mais sólido 
e, por consequência, diminuir a chance de oscila-
ções bruscas nos níveis de bem-estar das pessoas 
e de desenvolvimento do país. 
Saiba maisSaiba mais
A Índia é uma democracia parlamentar que, apesar 
das diferenças econômicas, dos conflitos religiosos 
e étnicos e das contendas externas, não cedeu ao 
autoritarismo militar, mesmo tendo forças armadas 
alinhadas aos interesses governamentais, numero-
sas e fiéis. O Brasil, com tensões internas e externas 
bem diferentes das da Índia, sofreu, durante 20 
anos, somente no período posterior à Guerra, com 
a Ditadura Militar.
História da Ásia
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25
O palco e a dinâmica internacionais em que 
atuam os grandes países periféricos não são no-
vos nem deixam de ser imparciais, e as socieda-
des, os Estados e os Governos jamais começam 
sua atuação internacional a partir da “estaca zero”, 
com os mesmos direitos, deveres e oportunida-
des. Apesar do que parece ser a opinião de alguns 
analistas, estes não são o cenário e a dinâmica em 
que os Estados, ao sabor dos ventos e com plena 
independência, organizam alianças e participam 
de estruturas, escolhendo, a cada momento, seus 
aliados para atingir seus objetivos. 
Querido(a) aluno(a), analise comigo. O ce-
nário internacional, com que se defrontam qual-
quer sociedade, Estado e governo, organiza-se 
em torno de estruturas hegemônicas de poder 
político e econômico. Essas estruturas, resultado 
de um processo histórico, beneficiam os países 
que as integram e têm como principal objetivo 
sua própria perpetuação. 
O conceito de estruturas hegemônicas é pre-
ferível ao de Estado hegemônico. Por Estado hege-
mônico, pode-se entender aquele Estado que, em 
razão da sua incrível superioridade de poder eco-
nômico, político e militar em relação aos demais Es-
tados, está em condições de gerir o sistema interna-
cional, em seus diversos aspectos, de tal forma que 
seus interesses, de toda ordem, sejam assegurados 
e mantidos, se necessário pela força, sem poder ou 
coalizão de poderes que possam impedi-lo de agir. 
Seria, por exemplo, a situação dos Estados 
Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Poderí-
amos amenizar alguns dos aspectos dessa defini-
ção ou incluir a ideia de que o Estado caracteriza-
-se como hegemônico na medida em que tem 
condições de abrir mão de algumas vantagens 
que sua situação confere-lhe, no interesse maior 
de garantir seus interesses em longo prazo. É o 
que teriam feito os Estados Unidos em relação 
ao Japão, permitindo uma política protecionista 
japonesa enquanto abriam seu mercado aos pro-
dutos japoneses e, de forma semelhante, quanto 
à sua aceitação do projeto europeu de constitui-
ção de uma Comunidade Econômica Europeia. 
Veja, aluno(a), épreferível utilizar o conceito 
de “estruturas hegemônicas de Poder” do que uti-
lizar o termo ‘potência hegemônica’, que, no caso, 
trata-se dos Estados Unidos. Conforme definição 
de Guimarães (1998), 
o conceito de estruturas hegemônicas é 
preferível ao de Estado hegemônico. Por 
Estado hegemônico se pode entender 
aquele Estado que, em função de sua ex-
traordinária superioridade de poder eco-
nômico, político e militar em relação aos 
demais Estados, está em condições de or-
ganizar o sistema internacional, em seus 
diversos aspectos, de tal forma que seus 
interesses, de toda ordem, sejam assegu-
rados e mantidos, se necessário pela for-
ça, sem Poder ou coalizão de Poderes que 
possa impedi-lo de agir. Seria, por exem-
plo, a situação dos Estados Unidos após 
a Segunda Guerra Mundial. Poder-se-ia 
‘atenuar’ alguns dos aspectos dessa defi-
nição ou incluir a idéia de que o Estado se 
caracteriza como hegemônico na medi-
da em que tem condições de abdicar de 
algumas vantagens que sua situação lhe 
confere no interesse maior de garantir o 
conjunto de seus interesses a longo pra-
zo. É o que teriam feito os Estados Unidos 
em relação ao Japão, permitindo uma 
política protecionista japonesa enquanto 
abriam seu mercado aos produtos japo-
neses e, de forma semelhante, quanto 
à sua aceitação do projeto europeu de 
constituição de uma Comunidade Econô-
mica Européia.
O conceito de “estruturas hegemônicas” é 
mais flexível e apresenta ligações de interesse e 
de direito, de grupos internacionais, de atores pú-
blicos e privados plurais; existe também a chance 
de incorporação de novos parceiros. 
Ao pensarmos em estruturas hegemônicas, 
entendemos que há uma variação da liderança 
em conformidade com o espaço geográfico ou o 
3.5 As Estruturas Hegemônicas de Poder 
Vagner Carvalheiro Porto
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momento ou o tema em questão. Elas desenvol-
vem táticas de preservação de seu poder tecnoló-
gico, político, militar e ideológico. 
As estruturas hegemônicas possuem sua 
origem na expansão econômica e política da Eu-
ropa, que começa lá atrás, com a formação dos 
grandes Estados nacionais. 
A acumulação capitalista e as relações entre 
o grande capital privado, o Estado, a tecnologia, 
as forças armadas e a sociedade explicam, em 
grande medida, os processos de formação das es-
truturas hegemônicas de poder. Esses processos 
passaram, entre 1917 e 1989, por uma fase crucial 
de disputa com o modelo socialista alternativo de 
organização da sociedade e do Estado, interrom-
pida pelo conflito, surgido no interior da própria 
estrutura, com os Estados contestatórios, a Ale-
manha e o Japão (1939-1946). 
Superada essa etapa crucial, as estruturas 
hegemônicas vêm procurando consolidar sua 
contundente vitória ideológica, econômica e polí-
tica, por meio da ampliação de seu alcance e ação 
sobre os territórios que ficaram, até recentemen-
te, sob disposição socialista (Europa Oriental, ex-
-União Soviética, países socialistas da Ásia) e sobre 
aqueles territórios da periferia que haviam estra-
tegicamente consentido “desvios” de organização 
econômica e política no período mais acirrado da 
contenda com o paradigma socialista alternativo. 
Os grandes países periféricos, ao contrário 
das pequenas e médias nações da periferia, ape-
sar de possuírem muitas semelhanças, possuem 
muitas diferenças que os distinguem daquelas. 
Esses grandes países que se encontram na perife-
ria do mundo enfrentam difíceis dilemas para de-
finir e executar seus objetivos estratégicos nesse 
contexto de densas transformações econômicas 
e políticas que envolve o cenário mundial.
Preservação e expansão, eis aqui os principais 
objetivos estratégicos das estruturas hegemônicas 
de poder. Os grandes países periféricos, como Bra-
sil, Índia e China, teriam como objetivo estratégico 
final participar dessas estruturas hegemônicas de 
forma ajustada com suas potencialidades ou pro-
mover a diminuição de suas fragilidades diante 
dessas estruturas. 
A partir dessa leitura, que se contrapõe à 
leitura que se advoga, de forma implícita ou ex-
plícita, os grandes países periféricos têm seu des-
tino já traçado, ou seja, estão fadados a continuar 
na periferia por sua própria incapacidade ou por 
não terem força suficiente para participar das es-
truturas hegemônicas de poder ou, mesmo, para 
diminuir sua fragilidade diante delas. 
Veja só, querido(a) aluno(a), os grandes pa-
íses periféricos, como a Índia e o Brasil, deveriam 
se utilizar de três expedientes para se inserir no 
contexto. O primeiro desses objetivos é a redução 
de sua fragilidade externa; o segundo é reduzir 
suas desigualdades internas; e o terceiro é cons-
truir sistemas democráticos verdadeiros. 
A redução das fragilidades externas é es-
sencial para garantir uma direção sustentada de 
desenvolvimento político e econômico (até pen-
sando do ponto de vista ambiental). Com isso, a 
sociedade e o Estado não estariam sujeitos a cri-
ses externas que desestabilizem a vida do país. 
Tais crises econômicas afetam a disposição 
de investimento da economia e, dessa forma, os 
programas de preenchimento de possíveis “lacu-
nas” na produção, de redução dos desequilíbrios 
regionais, de ampliação do emprego e de aumen-
to da produção, de maneira indireta, superando 
possíveis tensões políticas e sociais. 
O mercado interno é chave para a diminui-
ção da fragilidade econômica externa.
Para que isso ocorra, são necessários: um es-
forço consistente de aumento da poupança priva-
da e pública; a procura de táticas de uso dos fatores 
de produção que são disponibilizados pelas políti-
cas tecnológicas (e, portanto, de emprego) diferen-
ciadas; a luta por atingir um desenvolvimento tec-
nológico e científico, importando-se mão de obra 
altamente qualificada e fortalecendo os centros de 
pesquisa, como os institutos e universidades que 
desenvolvem pesquisas importantes para o país; o 
esforço de ampliação da indústria de bens de ca-
pital, setor extremamente importante no qual se 
introduzem as inovações tecnológicas no sistema 
produtivo; uma política de comércio exterior que 
eleve ao máximo o uso das parcas reservas cam-
biais para fortalecer o sistema produtivo interno e 
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não para incentivar a criação de costumes de con-
sumo que se baseiam na importação de bens su-
pérfluos, diretamente ligados à entrada de capitais 
especulativos no país; e, finalmente, uma política 
cambial que contribua para o aumento das expor-
tações e para proteger as novas indústrias. Somen-
te com esse enfoque estratégico, diminuiria a causa 
principal da fragilidade, que é a alta e constante-
mente crescente dívida externa e as dificuldades 
que isso acarreta, pois são necessárias políticas de 
juros elevados. Com isso, a confiança da população 
no governo vai “por água abaixo” e a confiança da 
população na estabilidade da moeda nacional tam-
bém se esvai. 
Do ponto de vista interno, um dos princi-
pais problemas é as disparidades que ocorrem 
nos setores mais diversos. A diminuição das desi-
gualdades internas extremas tem de começar por 
um articulado programa que intencione diminuir 
as disparidades entre as diferentes regiões do 
país, ou seja, entre a atual e a potencial qualidade 
de vida das pessoas que habitam essas regiões. 
O futuro de qualquer país, dessa forma, não 
existe ou fica prejudicado demais, caso as rivalida-
des regionais tornem-se agudas em um contexto 
de falta de recursos, de instabilidade internacio-
nal e de internacionalização da economia. As dis-
paridades internas e o enfraquecimento dos laços 
econômicos podem levar a um enfraquecimento 
político dos laços das mais diferentes regiões do 
país.
Quando existem disparidades internas de 
ordem econômica, imediatamente veem-se seus 
reflexos nos índices de concentração crescente 
de renda (e de riqueza), tanto entre as regiões 
quanto entre os indivíduos, e isso, no caso do 
Brasil, conhecemos muitobem. A diminuição das 
desigualdades internas não pode acontecer por 
programas assistencialistas que ficam dependen-
do da boa vontade e da bondade das pessoas, 
de empresas e de organizações sociais, como as 
Organizações Não Governamentais (ONGs), por 
mais meritórios que sejam esses programas. 
Para que se diminuam as desigualdades, 
precisa-se de um bom projeto de redistribuição 
de renda e de riqueza garantida pelo Estado, com 
a adoção de um sistema fiscal progressivo e dire-
to que invista em programas de serviços públi-
cos, nas áreas de saneamento básico, transporte, 
saúde, educação e justiça, que de fato beneficiem 
parcelas crescentes da população menos privile-
giada da nação. 
Para que tais programas surtam efeito, é ne-
cessário que haja redistribuição de renda de for-
ma permanente e, para que isso ocorra, precisa-se 
que sejam seguidos de políticas diferenciadas de 
geração de emprego, que possibilitem a amplia-
ção da produtividade (e dos ganhos) do trabalho. 
Apenas o crescimento da produção, caso esta seja 
adequada, em parte, pelo trabalho, pode alargar 
de forma permanente o grau de renda de um ci-
dadão. 
A mídia tem papel preponderante no qua-
dro das disparidades internas. Economicamente, 
a mídia proeminente, isto é, a que atinge grande 
audiência, na imprensa, na radiodifusão e, em es-
pecial, na TV, está organizada como grande em-
presa que tem objetivos de lucratividade. Suas 
conexões com o setor produtivo privado, através 
das agências de publicidade, fazem com que ela 
seja, antes de qualquer coisa, veículo de difusão 
de anúncios comerciais e, portanto, induzem o 
público ao consumo. 
Essa indução ao consumo está diretamente 
relacionada com a precisão de se aumentar a taxa 
de poupança interna com vistas a acrescer a taxa 
de investimento, sem dependência exagerada da 
poupança externa. Do ponto de vista político, e 
no caso brasileiro, os meios de comunicação de 
massa, em especial, o rádio e a TV, são conces-
sões do poder público e, muitas vezes, estão vin-
culados às agências do Estado por operações de 
empréstimo. Do ângulo social, a televisão, em es-
pecial, explora excessivamente a violência, o in-
dividualismo e o sexo, com reflexos nos padrões 
de comportamento da juventude em geral e da 
parcela da população mais sensível a esse tipo de 
exploração. 
O terceiro objetivo estratégico dos grandes pa-
íses periféricos como Brasil e Índia, como apontamos 
linhas antes, para fazer parte das estruturas hegemô-
nicas de poder é a edificação de uma democracia 
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verdadeira e não apenas a preservação dos regimes 
democráticos formais e precários, que são mais para 
“inglês ver” do que qualquer outra coisa. 
Os grandes obstáculos dos sistemas polí-
ticos, nos grandes países da periferia do mundo, 
são a força do poder econômico, os custos do pro-
cesso político e o baixo nível de cultura, educação 
e de informação política de amplas camadas da 
população, usando demagogia e, também, a má-
quina estatal para fins privados. 
O grande dilema entre capitalismo e demo-
cracia é que, do ponto de vista político, o indiví-
duo tem, enquanto cidadão, direito a um voto; 
na economia de mercado, cada consumidor tem 
tantos “votos” quanto a sua renda. Ou seja, não 
existe uma mesma lógica de intervenção desse 
indivíduo do ponto de vista de sua capacidade de 
influenciar as decisões políticas e as decisões do 
sistema econômico. 
Estamos calejados de saber que, quan-
to maior a concentração da renda e da riqueza, 
maior também é o desacerto entre o sistema 
econômico e o sistema político e maior é a influ-
ência do poder econômico na política, para dar 
substrato ao peso dos interesses econômicos, 
que corresponderá, assim, à sua influência no 
sistema de decisão política, inclusive para que os 
interesses dessa elite econômica e política fiquem 
protegidos. Dessa forma, a característica principal 
da democracia, no mundo de hoje, é o controle 
do poder econômico sobre a política, através das 
modernas estratégias de publicidade, de pesqui-
sas de opinião e do uso da televisão na política. 
As modernas técnicas de publicidade, atre-
ladas aos novos hábitos sociais gerados pela te-
levisão, ou seja, a quebra do discurso lógico e da 
troca de ideias, imagens que não se conectam e 
o fim do intercâmbio de ideias e de experiências 
na família e na comunidade, facilitaram e muito a 
vida dos políticos mal-intencionados, pois trans-
formaram campanhas eleitorais em campanhas 
de consumo político. 
As atuais técnicas de pesquisa de opinião, 
dirigidas e fragmentadas por segmentos sociais 
que possuem interesses comuns, permitem e le-
gitimam a identificação científica das mensagens 
que os vários segmentos sociais desejam ouvir, 
diminuem o compromisso efetivo dos candidatos 
com um programa político que tenha consistên-
cia e com seus eleitores, e impossibilitam que os 
eleitores tenham acesso ao diferente e ao debate 
de ideias. 
O gasto das campanhas eleitorais pela TV 
e os sistemas majoritários de eleição, em que os 
candidatos precisam percorrer extensos territó-
rios, pois os colégios eleitorais são muito amplos 
e diversificados, como no caso do Brasil, em que 
o candidato precisa se tornar conhecido da Ama-
zônia ao Pantanal, do litoral nordestino ao Sul do 
país, tornam ainda maior a influência do poder 
econômico na política e nas eleições. 
É claro que a concentração da renda e da 
propriedade reverberará na esfera econômica e 
reproduzirá os anseios das elites na esfera política. 
Assim, tornará mais difícil a adoção de medidas 
de correção das diferenças econômicas, princi-
palmente uma quebra na concentração de renda, 
pois tais medidas teriam de ser adotadas, em um 
processo democrático, pelos próprios represen-
tantes políticos diretos ou indiretos das áreas que 
são beneficiadas pela dinâmica de concentração 
de renda em questão. 
Dessa forma, a democracia real exigirá: a 
democratização do processo de escolha de can-
didatos, em que os eleitores deverão participar 
efetivamente; uma representação popular mais 
efetiva e verdadeira; e a diminuição do uso da TV 
e do rádio nas campanhas eleitorais. Contudo, 
como aquele que atualmente se beneficia desse 
sistema abrirá mão das vantagens que obtém em 
favor das minorias suplicantes?
Mesmo com as incríveis diferenças exis-
tentes entre a Índia e o Brasil, que foram aqui ex-
postas, o fato de compartilharem uma infinidade 
de características e de interesses comuns como 
grandes países periféricos e o fato de estarem 
localizados em regiões geograficamente bem 
longínquas e, dessa forma, de não estarem seus 
interesses diretamente em conflito ou em com-
petição podem criar condições promissoras para 
a confecção de projetos políticos que sejam co-
muns tanto para a Índia quanto para o Brasil. 
História da Ásia
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Um fator complicador é que Índia e Brasil, 
compartilhando do mesmo objetivo estratégico 
central de suplantar sua condição de grandes pa-
íses que se situam na periferia do mundo e, dessa 
forma, inserirem-se nas estruturas hegemônicas 
de poder existentes ou de diminuir suas fragilida-
des diante dessas estruturas, podem acreditar que 
enfrentarão séria resistência dos Estados que sem-
pre integram aquelas estruturas, a saber, Estados 
Unidos e as principais potências europeias. Não 
dá para acreditarmos que esses países ricos, que 
tradicionalmente mandam no mundo, aceitarão 
“dividir o bolo” com esses países que não foram 
convidados para a sua festa. 
Assim, a colaboração estratégica entre a Ín-
dia e o Brasil, a interação regular das experiências, 
a confecção de projetos e sua execução na área da 
alta tecnologia, e a organização de ações de políti-
ca internacional para defender interesses comuns 
possibilitariam a potencialização de seus recursos, 
relativamente parcos, e alargar a expectativa de 
êxito que visa a “fugir da periferia”, fundamental 
para garantir-lhesum desenvolvimento político-
-econômico sustentado, uma justiça social verda-
deira e a prática de uma democracia real. 
Vale a pena dar uma conferida no livro: China, 
Índia e Brasil: o país na competição do século, de 
coordenação de João Paulo dos Reis Velloso.
MultimídiaMultimídia
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, discutimos as seguintes questões:
�� na Índia, antes da colonização britânica, as terras eram divididas pelas comunidades aldeãs, 
de maneira igual;
�� um plano nacional, motivado pelas vitórias dos movimentos de libertação na África e na Ásia 
após a Segunda Guerra Mundial, foi empreendido na Índia. O plano incluía medidas de grande 
e pequena abrangência;
�� Brasil e Índia aproximam-se economicamente;
�� a Índia, após uma demorada e impressionante luta anticolonialista, alcançou sua independên-
cia em 1947 e se achava, naquele momento, afastada geograficamente do novo centro de po-
der, os Estados Unidos;
�� discutir as diferenças do conceito de estruturas hegemônicas é preferível ao de Estado hegemônico;
�� a mídia tem papel preponderante no quadro das disparidades internas;
�� a democracia real exigirá a democratização do processo de escolha de candidatos, em que os 
eleitores deverão participar efetivamente.
3.6 Resumo do Capítulo
Vagner Carvalheiro Porto
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3.7 Atividades Propostas
Caro(a) aluno(a),
Agora que já iniciamos a discussão, vamos verificar a compreensão:
1. Do ponto de vista da organização política e econômica, como era a Índia antes da colonização 
britânica?
2. Por que é possível acreditar na parceria entre Brasil e Índia?
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Caro(a) aluno(a),
Esperamos que a disciplina – e apostila – História da Ásia tenha atingido seus objetivos: primeiro, 
apresentar a você as principais características do continente asiático, com sua geografia e história, as-
sim como a trajetória político-econômica de dois gigantes asiáticos: China e Índia; segundo, mostrar as 
principais discussões existentes sobre as relações econômicas que o Brasil pode e deve estabelecer com 
esses dois países emergentes. 
A História da Ásia esteve, durante muito tempo, ausente dos parâmetros curriculares do ensino 
de História. Como você já tive a oportunidade de aprender, somente o conteúdo eurocêntrico foi con-
templado pelas escolas ao longo de séculos. Finalmente, agora, a história mais plural e mais humana 
consegue se desvencilhar dessa construção historiográfica e podemos dar a devida atenção a povos 
extremamente importantes para a história da humanidade. Assim, o conteúdo de História da Ásia está 
diretamente ligado às demandas da História e à vivência do historiador e, lógico, do professor de história. 
Ter a oportunidade de estudar a História da Ásia pode significar contribuir enormemente para a 
formação de nossos alunos das séries do Ensino Fundamental, que têm que aprender sobre a História 
da Ásia, e também dos alunos do Ensino Médio, que ganharão muito ao participarem, com você, das 
ferrenhas discussões sobre o papel dos principais países emergentes que se encontram no continente 
asiático.
São muitos os países e assuntos relativos ao continente asiático; assim, vimo-nos obrigados a fazer 
um recorte, aqui nesta apostila, que permitisse a você entrar em contato com os aspectos mais relevan-
tes dos países da Ásia. É claro que essa decisão é subjetiva e depende de uma série de fatores. Enten-
demos que escolhemos o viés mais econômico, porque permite relacionar com o Brasil. Dessa forma, 
estabelecemos um elo entre o mundo asiático e nosso país. Pudemos perceber, ao longo dessas linhas, 
a enorme semelhança que temos com a Índia ou a China e como podemos aprender com as lições que 
esses países já nos legaram.
Não seja ingênuo(a) nem negligente; saiba que prestar atenção na História da Ásia significa estar 
atento(a) aos movimentos que a economia global está dando nos últimos tempos e nós, brasileiros, 
temos muito a ganhar alinhando-nos com estratégias econômicas desenvolvidas e vivenciadas pelas 
nações asiáticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS4 
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CAPÍtUlO 1
1. A Ásia é o maior continente que existe. Ao longo de séculos, uma multiplicidade de diferentes 
povos ocupou áreas que perpassam por diferentes mares, rios, planaltos e planícies. Seu tama-
nho foi crucial para demonstrar o poder de generais e imperadores no passado e, ao mesmo 
tempo, despertar a cobiça de povos ocidentais ávidos por mão de obra barata e matéria-prima 
em abundância. 
2. As disparidades internas e o enfraquecimento dos laços econômicos podem levar a um en-
fraquecimento político dos laços das mais diferentes regiões do país. A corrida imperialista 
europeia procurou minar as formas de produção preexistentes nos países asiáticos, impondo-
-lhes a necessidade de consumir produtos industrializados, que vinham, principalmente, da 
Inglaterra. Alemanha e França.
CAPÍtUlO 2
1. Não poderíamos deixar de abarcar um tema tão atual e latente como o do BRIC, por sua impor-
tância econômica no contexto de mundialização que atravessamos. Com isso, estabelecemos 
também uma ponte para aproximar o mundo asiático do Brasil, pois as fronteiras e as distân-
cias geográficas, tão marcadas no passado, perderam sua razão de ser nos dias de hoje. Índia e 
China, apesar de distantes geograficamente do Brasil, estão muito mais próximas, do ponto de 
vista econômico e político, em muitos aspectos, do que muitos países vizinhos do Brasil. 
2. Apesar de vivermos num mundo cuja conjuntura internacional é dominada por pretensões 
hegemônicas, que procuram impor a via da unipolaridade e do pensamento único, as relações 
Brasil-China apresentam-se como uma alternativa interessante e muito saudável do ponto de 
vista político-econômico e cultural. Ficam, pois, evidentes que são muitas as chances que am-
bos os países possuem de ganhar com a cooperação, nos vários campos da ação comum. Em 
todos eles, o esforço de acadêmicos, cientistas, políticos e técnicos tem sido decisivo e está 
elevando a capacidade de mobilização das duas comunidades. 
RESPOSTAS COMENTADAS DAS 
ATIVIDADES PROPOSTAS
Vagner Carvalheiro Porto
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CAPÍtUlO 3
1. Na Índia, antes da colonização britânica, as terras eram divididas pelas comunidades aldeãs, 
de maneira igual (com base em princípios de desigualdade, que se baseavam no sistema de 
castas). Essas comunidades, por sua vez, tinham que se submeter ao Estado (que cobrava taxas 
das comunidades). Os britânicos elevaram à categoria de proprietários de terras, com vários 
níveis diferenciados de autoridade, os líderes políticos, promovendo, dessa forma, seu modelo 
próprio de capitalismo. Esse modelo foi acompanhado em outros países da Europa, como tam-
bém ocorreu na América e em países da África e da Ásia.
2. Assim como no caso da China, a parceria entre Brasil e Índia será extremamente enriquecedora 
a esses dois países do ponto de vista das trocas comerciais, do fortalecimento político exter-
no e das pesquisas conjuntas, nas áreas ambientais, tecnológicas e médicas. Além disso, essa 
relação pode contribuir para distribuir melhor o peso das decisões mundiais, permitindo que 
ambos os países ajudem-se mutuamente a crescer.
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AMIN, S. A Índia, uma grande potência? 2005. Disponível em: <http://resistir.info>. Acesso em: jan. 
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GARAUDY,

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