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1 TEXTO 02 – DESENVOLVIMENTO DE EQUIPE DE ALTA PERFORMANCE No texto anterior vocês puderam conhecer as diferenças entre grupo e equipe, os tipos de equipes e as variáveis que interferem para que as equipes possam ter eficácia em seus objetivos e/ou no atingimento de metas. Neste texto vocês conhecerão a metodologia para desenvolver equipes, pois é sabido que, apesar de as organizações valorizarem muito o trabalho em equipe, existem pessoas que culturalmente trabalham melhor de forma individual e são diversos os fatores que interferem para o gestor desenvolver ou incentivar o trabalho em equipe dentro da organização. Conforme já lhes apresentamos, uma das formas de transformar indivíduos em membros de equipe pode ser por selecionar pessoas que já têm experiência em trabalhar em equipe; desenvolver pessoas por meio de treinamento e, por último, criar sistema de recompensa que ofereça incentivos para um bom trabalho em equipe. Atualmente a pandemia do vírus Covid 19 desde março/2020 exigiu da população o isolamento social em todos os estados da União e municípios, com o fim de evitar que o maior número de pessoas fosse contaminado. Como consequência, com a obrigação de “Fique em Casa”, todos os serviços foram interrompidos por mais de sessenta dias e durante esse período, o trabalho passou a ser desenvolvido por home offfice, ou seja, no próprio domicílio do funcionário, por meio das diversas plataformas tecnológicas. As organizações passaram a monitorar e organizar o trabalho a distância, para que os produtos e serviços não sofressem solução de continuidade. Então, mediante este contexto, no papel de gestores como fazer para desenvolver equipes e mais, equipes de alta performance por meio do trabalho à distância? 2.1 O que é equipe de alta performance Inicialmente é necessário entender o que são equipes de alta performance. Adotamos a definição de Fiorelli (2006) que entende equipe um conjunto de pessoas que tem um senso de identidade que se manifesta através1 de comportamentos desenvolvidos e mantidos para buscar resultados e 1 Estava desta mesma forma no texto. 2 interesses comuns a todos os integrantes. Existe um vínculo emocional e de interdependência entre os membros da equipe para atingir os objetivos propostos. Equipes que demonstram bons resultados são compostas de pessoas que tenham um claro sentido de propósito, estabelecem vínculo de confiança, os participantes são comprometidos com os objetivos e prazos do trabalho, tomam decisões de forma coletiva, seguem os processos e garantem a qualidade do trabalho de forma a atingir os resultados esperados. Robbins e Decenzo (2004), apud DREHER etal afirmam que uma equipe de trabalho tem uma ‘sinergia’, por meio de esforços coordenados. Suas contribuições individuais resultam num nível de desempenho que é superior à soma das contribuições individuais. 2.2. Características das equipes de alta performance As equipes de alta performance geralmente são constituídas por profissionais de diferentes áreas, interessam-se pela execução do trabalho com afinco, conhecem a missão, visão e meta a alcançar. Trabalham em clima descontraído que favorece a comunicação aberta tanto interna, quanto externamente ao grupo, as divergências de opiniões são tratadas com respeito, os papéis de cada integrante são claros, assim como as atribuições bem definidas. A liderança é compartilhada e rodiziada entre os membros, periodicamente, examinam as ações realizadas e identificam os fatores que levou a equipe a atingir sua eficácia. 2.3. Desenvolvimento de equipes de alta performance Segundo Robbins e Decenzo (2004) o desenvolvimento de equipes ocorre de forma processual e dinâmica, pois as equipes estão em constante processo de mudança, no entanto há um padrão geral para a evolução da grande maioria delas. O desenvolvimento de equipes acontece em cinco estágios: 1.formação, este é o momento da incerteza a respeito do propósito da equipe, estrutura de funcionamento e liderança; 3 2.tormenta no qual ocorre o conflito inicial entre os participantes do grupo; 3.normalização, estágio em que se desenvolvem os relacionamentos e os participantes passam a demonstrar coesão; 4. desempenho, no qual a estrutura é funcional e receptiva aos membros do grupo. A energia que os envolvem é para o interesse em conhecer uns aos outros com foco no desempenho das tarefas; 5.interrupção esse é o estágio final, quando há o término do trabalho ou do projeto, a equipe é preparada para sua dissolução . Outra autora Moscovici (2002) “entende o desenvolvimento de equipes como um programa dirigido a grupos interdependentes2 que necessitam unir esforços nos procedimentos de trabalho e na resolução de problemas” Para a autora, as técnicas de dinâmica de grupo desenvolvidas junto ao grupo possibilitam a aplicação, inovação e aperfeiçoamento de conhecimentos e o desenvolvimento interpessoal no contexto da organização. Melhor dizendo, transformar o grupo em uma equipe coesa que traga resultados para a organização. Os conceitos e práticas abordados são diversificados e promovem a análise da eficiência e dos estilos de funcionamento do grupo pelos próprios membros. É também uma prática de diagnóstico organizacional e de estabelecimento de metas. O objetivo é incrementar a afetividade de um grupo, que precisa trabalhar de forma colaborativa para alcançar resultados. Para desenvolver ou fazer o grupo adquirir a habilidade de relacionamento interpessoal, dentre outras, Moscovic3i, realiza este trabalho por meio do “laboratório de sensibilidade” que consiste em (...) o participante de um laboratório de sensibilidade não é considerado doente, apenas desconhecedor de alguns aspectos de seu comportamento e seus efeitos sobre os outros, de suas dificuldades e possibilidades de incrementar seu relacionamento interpessoal e sua eficiência como líder e membro de grupo (MOSCOVICI, 1998, p.20) 2.3.1. Relacionamento interpessoal 2 Estamos nos referindo a palavra grupo, porque na formação de uma equipe os membros passam pelas fases de desenvolvimento como grupo. Existem diversas pesquisas e teorias que apontam as características de um grupo que se torna equipe à medida que têm metas/objetivos a atingir ou entregar resultados. 3 Mosocovici apresenta as diferenças entre grupos de psicoterapia de grupo e grupo de laboratório de sensibilidade. 4 O relacionamento interpessoal é um conceito do âmbito da sociologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais pessoas. Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto em que ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade. O relacionamento interpessoal implica uma relação social, ou seja, um conjunto de normas comportamentais que orientam as interações entre membros de uma sociedade. O conceito de relação social, da área da sociologia, foi estudado e desenvolvido por Max Weber. O conteúdo de um relacionamento interpessoal pode ser de vários níveis e envolver diferentes sentimentos como o amor, compaixão, amizade, etc. Um relacionamento deste tipo também pode ser marcado por características e situações como competência, transações comerciais, inimizade, etc. Um relacionamento pode ser determinado e alterado de acordo com um conflito interpessoal, que surge de uma divergência entre dois ou mais indivíduos. No contexto das organizações, e das equipes de alta performance, o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um relacionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da produtividade. Notrabalho, esse relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas é alcançado quando as pessoas conhecem a si mesmas, quando são capazes de se colocar no lugar dos outros (demonstram empatia), quando expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofender o outro (assertividade), são cordiais e têm um sentido de ética. Conforme afirmamos acima, a autora Moscovici desenvolve o relacionamento interpessoal por meio do laboratório de sensibilidade. Para Moscovici, (1998, p. 21), os participantes do laboratório de sensibilidade apresentam-se como sistemas mais abertos à aprendizagem, às mudanças que significam melhor ajustamento e funcionamento pessoal. A autora apresenta as propriedades do laboratório de sensibilidade: 1. Participantes: os treinando não conflitados seriamente, que procuram adquirir e aperfeiçoar habilidades como membros de grupo. 2. Orientação predominante: competências interpessoais e/ou de crescimento 5 3. Coordenador: ele é um educador 4. Conteúdo principal: Trabalha-se o Aqui-Agora dos eventos do grupo, ideias e sentimentos examinados e confrontados conjuntamente. 5. Participantes como sistemas de aprendizagem: mais abertos, motivação para crescimento, menor resistência às mudanças 6. Fontes de aprendizagem: confiança em si mesmo e nos grupos, membros do grupo como recursos de aprendizagem. 7. Tipos de feedback predominante: pouco distorcido, diretamente verificável, pouco avaliativo 8. Aceitação de feedback: maior dependência no feedback pessoal de colegas de grupo. 9. Autoconhecimento: Insights4 mais superficial de seu desempenho em situações sociais e profissionais 10. Duração: tempo fixado previamente entre 20/60 horas de reuniões com o grupo Essas peculiaridades acima descritas que Moscovici aponta são importantes para o desenvolvimento da habilidade de relacionamento interpessoal, a fim de o grupo possa se ver e se sentir como grupo, no qual existe uma sóciodinâmica interna que dá a tonalidade do grupo com características próprias. A pesquisa efetuada ao site de Reinando Passadori, (palestrante, escritor, líder nacional em comunicação verbal), nos forneceu indicações de “Como desenvolver equipes de alta performance5” em sete passos No texto, o autor faz referência a John Forbes Nash, famoso matemático que recebeu o Prêmio Novel de Matemática em 1994 que diz: “O melhor resultado é obtido quando todos no grupo fazem o melhor para si e para o grupo”. O desenvolvimento de uma equipe eficaz de alto desempenho ocorre desde que os participantes modifiquem suas atitudes em prol do bom funcionamento do grupo e sintam o grupo como possibilidade de crescimento pessoal. 2.3.2. Como desenvolver equipes de alta performance 4 Compreensão repentina de um problema, ocasionada por uma percepção mental clara e, geralmente intuitiva, dos elementos que levam a sua resolução. 5 Resumo das indicações com adaptações 6 Primeiro passo: Definir Metas: os participantes são convidados a definir os objetivos do projeto. Isso aumenta a motivação e cria sensação de responsabilidade na execução de tarefas, já que todos concordaram com o combinado desde o início. Uma vez que as metas foram definidas, devem ser escritas e formalizadas, pois, quando as informações são compartilhadas com todos, elas se transformam em acordo no time, o que exigirá motivação da equipe para alcançar os resultados planejados. Para esse momento, recomenda o autor que o lugar seja bastante aprazível e descontraído para fluir a criatividade Segundo passo: Compartilhar Valores: é necessário contar com pessoas que compartilhem os mesmos valores da empresa, por essa razão é crucial que a empresa invista na contratação de pessoas qualificadas, mas que tenham a mesma visão da empresa. Outro ponto, é que os participantes tenham confiança e respeito pelas atividades dos outros, valorizem o ambiente de trabalho para favorecer a troca de ideias, a colaboração e demonstrar engajamento para alcançar os objetivos. Terceiro passo: Desenvolver uma boa comunicação: a comunicação precisa ser eficiente e contínua entre os membros, isso gera confiança, evita conflitos e favorece esclarecimentos de dúvidas. O líder pode criar canal de comunicação aberto como o Slack para perguntas e respostas rápidas, fazer reuniões semanais para compartilhamento de informações, dentre outras opções. Essa prática contribui a criação de um ambiente colaborativo e possibilita alinhar as expectativas de todos. Ela também permite o compartilhamento do andamento dos projetos, o que dá mais transparência das ações para a equipe. Quarto passo: Dar autonomia para a equipe de alta performance: o líder só terá profissionais engajados e orientados para o sucesso da empresa se der autonomia para a equipe trabalhar. Dessa forma, tarefas podem ser delegadas a pessoas que demonstram responsabilidade e explicar-lhes as necessidades de cada diligência. A partir disso, observamos quão importante é saber orientar os profissionais, fazer treinamentos e ao dar autonomia para a equipe, essa liberdade estreita os laços de confiança. Com o tempo, logo, isso favorece o desenvolvimento de profissionais melhor capacitados para atender aos objetivos da empresa. Quinto passo: Facilitar o desenvolvimento de habilidades: o líder tem que facilitar o desenvolvimento de habilidades individuais dos participantes, porque 7 à medida que o profissional percebe que não consegue mais ter crescimento na empresa, provavelmente buscará outro lugar para trabalhar e se desenvolver, quando o time consegue aprimorar as competências, a corporação ganha em resultados. Nos times as habilidades se complementam. Passadori dá o exemplo de um funcionário cursar área tecnológica, enquanto outro, procura desenvolver melhor as habilidades de escrita e comunicação. No momento que eles trabalharem juntos, as aptidões e conhecimentos se complementam, possibilitando resultados sensacionais para a organização. Com isso, a equipe consegue trabalhar com sinergia e produtividade. Sexto passo: Arriscar e quebrar paradigmas: O líder também deve ter uma mente aberta e disposta a mudanças. Isso porque, muitas vezes, é preciso inovar e quebrar paradigmas para obter resultados de alta performance. Em ambiente de confiança, ao seguir diferentes caminhos, fazer a atividade de forma diferente, podem ser encontradas soluções diferenciadas para o negócio. Portanto, é fundamental que o gestor/líder esteja disposto a correr alguns riscos e assumir responsabilidades para obter ótimos resultados. Não se deve esquecer, porém, que é necessário sempre trabalhar com foco nos valores da empresa. O líder poderá encontrar oportunidades incríveis para a organização ao respeitar diferentes ideias e permitir que os colaboradores olhem em outras direções. Sétimo passo: Manter a equipe preparada para mudanças: o papel do líder tem a função de manter o time pronto para mudanças. É preciso estimular a resiliência e flexibilidade na equipe, poder mostrar que as adversidades que surgem no meio do percurso favorecem o aprendizado e o ganho de experiência. Para isso ocorrer, o líder poderá utilizar os contratempos a seu favor, fazer ajustes no projeto. Além de todos esses passos, para criar uma equipe de alta performance é necessário ter uma visão estratégica e voltada para o desenvolvimento de profissionais. Complementando as sugestões dos autores Moscovici e Passadori, existem consultorias especializadas em treinamentos comportamentais que desenvolvem por meio de dinâmicas de grupo a criatividade, espontaneidade com o objetivo de as equipes obterem alto desempenho. Em tempos de pandemia com o trabalho remoto, mediante pesquisa ao jornal e demais mídias como é algo inusitado que o mundo está vivendo, não há8 bibliografia a este respeito, apenas a análise de alguns profissionais referência no mundo acadêmico e empresarial, obtivemos as seguintes indicações: o líder da equipe ser realista e humano, não negar a realidade que o vírus é virulento, continuar a inspirar sua equipe com acolhimento e aproximação, cuidar de si e de sua equipe para continuar a engajar pessoas e compreendê-las em suas necessidades. Resumo: Para se desenvolver equipes de alta performance é fundamental a contratação de pessoas com características que favorecem o trabalho em grupo. Uma das possiblidades de estratégias para o desenvolvimento de grupo é o laboratório de sensibilidade, apresentado por Moscovici em que são trabalhadas as relações interpessoais. Outra sugestão é de Passadori com os sete passos de como desenvolver equipes de alta performance. Além disso, as consultorias especializadas em treinamentos comportamentais. BIBLIOGRAFIA DREHER, M. T, VIEIRA S.S, ULLRICH, D, FLORIANI, C.Equipes de alta Performance e Obtenção de Resultados: avaliação de desempenho na empresa de intercâmbio CI em Blumenau – SC CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional. RJ: Elsevier, 2ª Ed., 2010. FRITZEN, J. Silvino. Relações Humanas Interpessoais. RJ: Vozes, 14ª Ed., 2002. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal Treinamento em grupo, 8ª ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1998. https://passadori.com.br/como-montar-uma-equipe-de-alta-performance-em-7-passos/?gcli 14junho2020 https://www.significados.com.br/relacionamento- interpessoal/#:~:text=Relacionamento%20interpessoal%20%C3%A9%20um%20conceito,de%2 0trabalho%20ou%20de%20comunidade. Acesso 18 agosto 2020. ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM 1 – Fazer a leitura do livro Qual é a tua Obra? inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Mário Sérgio Cortella, 3ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. 2 – Assistir ao vídeo Dicas de liderança: como desenvolver equipes de alto desempenho. Consultor Ricardo Mallet
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