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30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 1/10 Introdução No capítulo anterior, você teve oportunidade de estudar a estrutura e as características de textos narrativos, uma das tipologias textuais. Mas dissertar e narrar não constituem as únicas modalidades textuais de aplicação acadêmica. Por essa razão, o presente capítulo abordará outro tipo de texto, qual seja, a descrição. No mundo acadêmico, a informatização torna-se cada vez mais presente, até mesmo na sala de aula, seja ela virtual ou presencial. Tal fato, porém, não nos autoriza pressupor que, nesse meio, a escrita possa, algum dia, ser abolida. Em vista disso, é e continuará sendo fundamental que o acadêmico de qualquer área tenha, no mínimo, algumas noções da tipologia textual, bem como das características de um texto coeso, claro e proficiente. No presente capítulo, você verá no que consiste o texto descritivo, suas características, sua tipologia e algumas dicas que possam nortear sua produção para fins acadêmicos. 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 2/10 Como você sabe, hoje, temos muitos recursos imagéticos que podem iluminar um texto descritivo. Mesmo assim, há casos em que a palavra escrita e o texto em si precisam dar conta da comunicação e revelar, o mais fielmente possível, os detalhes do objeto da descrição. Segundo Martins (2007), a descrição prescinde de ação (a qual é típica do texto narrativo), pois “é uma estrutura pictórica, onde os aspectos sensoriais predominam”. Descrever, segundo ela, envolve “uma contemplação e uma apreensão de algo objetivo ou subjetivo” (Martins, 2007), sendo fundamental que o autor possua algum grau de sensibilidade. Martins (2007) estabelece uma comparação entre o pintor e o autor de um texto descritivo, o qual, assim como a pintura, A mesma autora apresenta-nos um esquema para visualizar as subdivisões que o texto descritivo pode assumir. Aqui não iremos reproduzir literalmente esse esquema, todavia, convém mencionar que, para ela, o texto descritivo pode apresentar-se sob a forma literária ou não literária, sendo que ambas as modalidades podem ser executadas de forma subjetiva, objetiva ou mista, conforme você poderá conferir nos exemplos que exporemos adiante. 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 3/10 Veja abaixo a descrição da apresentação de Cecília, personagem central de O Guarani de José de Alencar: Em geral, personagens (tipos) podem ser descritos física ou psicologicamente. Nos aspectos físicos, é comum observar-se a predominância da objetividade, enquanto os aspectos psicológicos são descritos de maneira mais subjetiva. No texto literário são frequentes as descrições de pessoas (personagens), em seus aspectos físicos e psicológicos, de objetos e file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte2_Rec1.mp4 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 4/10 de ambientes. Nada impede que uma descrição seja expressa num texto poético, como o trecho em que João Cabral de Melo Neto apresenta um dos personagens de Morte e vida severina : Mais um exemplo: file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte4_Rec2.mp4 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 5/10 Compare, nos três textos literários dados como exemplo, a adjetivação, os advérbios, as minúcias, a subjetividade da escrita romântica de Alencar com a concisão, a secura, a objetividade do texto modernista de João Cabral de Melo Neto e com a simplicidade direta e enxuta de Augusto Cury. Por outro lado, você poderá perceber que os textos descritivos não literários ocupam-se do objeto com uma maior precisão, com uma exatidão de detalhes, o que envolve até mesmo o vocabulário escolhido. Empregando, predominantemente, a denotação, o autor expõe como o objeto se apresenta efetivamente. Temos, então, o texto objetivo. A descrição não literária igualmente pode ter como alvo pessoas, objetos e ambientes. Da mesma forma que no texto literário, aqui também podemos empregar um maior ou menor grau de objetividade ou subjetividade. Seja qual for o texto descritivo, sempre é importante levar em conta o objetivo que se pretende atingir. Há casos em que a objetividade absoluta, principalmente em áreas tecnológicas, torna-se indispensável. As instruções de operação de um Boeing ou de um batiscafo, por exemplo, precisam ser rigorosamente objetivas, técnicas, mas, ao mesmo tempo, claras, simples, diretas, sem margem para 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 6/10 ambiguidades ou conotações, sob risco de pequenos ou grandes desastres. Na sequência, você poderá observar dois exemplos de descrições não literárias mais objetivas ou menos objetivas. Veja, abaixo, duas descrições, a primeira de uma pessoa e a segunda de um ambiente. Clique nas imagens abaixo e veja duas descrições. A primeira de um ambiente e a segunda de uma pessoa. No que concerne ao aspecto formal do texto descritivo, é importante empregarmos os verbos com moderação, preferencialmente, nas formas nominais, no presente e no pretérito perfeito do indicativo. Predominam verbos que denotam fenômeno ou estado. Você poderá observar em todos os exemplos acima (literários e não literários) o predomínio desse tipo de verbos, embora apareçam também alguns file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte6_Rec3.mp4 file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte8_Rec4.mp4 file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte10_Rec5.mp4 file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte12_Rec6.mp4 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 7/10 verbos de ação. O texto descritivo faz largo uso de adjetivos, advérbios e de estruturas comparativas, o que também fica bem evidente nos exemplos apresentados. Dicas Branca Granatic (2002), em seu livro Técnicas básicas de redação, mostra vários esquemas que podem ser bastante úteis na produção de seus textos descritivos. Ela apresenta diversos esquemas que podem nortear você na elaboração de diferentes tipos de descrição. Granatic apresenta dois esquemas diferentes para descrevermos pessoas, dos quais o primeiro parece ser o mais prático. Esse esquema propõe a elaboração de uma descrição com quatro parágrafos: introdução, dois desenvolvimentos e conclusão. Na introdução, segundo ela, você vai dar uma ideia de caráter geral, sem pormenores. file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte14_Rec7.mp4 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 8/10 Já no desenvolvimento, você pode produzir um parágrafo abordando os aspectos físicos (altura, peso, cor, rosto, vestuário etc.), com muitos ou poucos detalhes, dependendo da extensão que seu texto pretende ou precisa apresentar. No parágrafo seguinte, conforme tal esquema, você terá que ater-seàs características psicológicas da pessoa (caráter, gostos, temperamento, objetivos, etc.). Na conclusão cabe, então, retomar algum outro aspecto geral que você considere relevante. Os esquemas que essa autora nos apresenta para descrever objetos, ambientes e paisagens são semelhantes. Todos partem de ideia básica de um texto acadêmico simples, em quatro parágrafos, do tipo que você elabora a título de exercício para praticar sua textualidade. Assim, ao descrever um objeto, você traça seu aspecto geral, como origem, localização (introdução), os detalhes, formato, dimensões, peso, material, textura etc. (desenvolvimento) e uma observação de caráter geral sobre sua utilidade (conclusão). Na descrição de um ambiente, você igualmente inicia dando uma noção geral do mesmo na introdução, apresentando os detalhes de sua estrutura e de seu conteúdo no desenvolvimento, concluindo com uma observação da atmosfera do ambiente. Veja abaixo a descrição de um ambiente, no caso, uma sala de aula. 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 9/10 Independente da tipologia textual, escrever, sobretudo escrever bem, requer muita leitura e, acima de tudo, muita prática. Podemos comparar a boa textualidade com natação e com o ato de dirigir. Como na escrita, para bem nadar e bem dirigir, você pode estudar e até decorar todas as teorias existentes sobre a melhor forma de desempenhar essas atividades. Mas, sem dirigir, não dirige nada e sem nadar, não nada nada. Eis aí um paralelo que nos dá uma ideia do quanto é importante praticar a escrita, para que um acadêmico se torne um produtor de textos coesos, coerentes e claros. Referências Bibliográficas ALENCAR, José de. O guarani. 11. ed. São Paulo: Ática, 1984. GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 4. ed. São Paulo: Scipione, 2002. file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/resources/Mat_Empresarial_Aula8_Parte15_Rec8.mp4 30/03/2019 8. Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo file:///C:/Users/Lizete/AppData/Local/Temp/Rar$EX24.412/PRODUCAO_TEXTUAL_104509/aula_8.html 10/10 KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. 26. ed. Português instrumental: de acordo com as normas da ABNT. São Paulo: Atlas, 2007. NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Record, 1976. Revista NationalGeographic. Astana. Ano 12 – nº 142 - 31/01/2012 - pág.76