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A Importância da Leitura dos Contos de Fadas na Educação Infantil

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A Importância da Leitura dos Contos de Fadas na Educação Infantil
PEDAGOGIA
Ler é essencial. Através da leitura, examinamos os nossos próprios valores e conhecimentos com os dos outros. Tal como as pessoas, os livros podem ser surpreendentes, formar e informar leitores, nos transportar para outros mundos possíveis e fazer de nós, indivíduos aprendizes e mestres.
Escutar histórias é o início da aprendizagem para ser um bom leitor, tendo um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo.Os contos de fadas conseguem deixar fluir o imaginário e levar a criança a ter curiosidade, que prontamente é respondida no transcorrer da leitura dos contos. É uma possibilidade de descobrir o mundo colossal dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos problemas que vão sendo encarados ou não, resolvidos ou não, pelas personagens de cada história.
Dessa forma, a leitura dos contos de fadas na Educação Infantil faz-se importante na formação das crianças que através deles poderão formar-se e informar-se sobre a vida e os ambientes que as cercam.
O presente artigo abordará a Importância da Leitura dos Contos de Fadas na Educação Infantil. Teremos como objetivo a realização de um estudo acerca da Apresentação da Leitura para as crianças da Educação Infantil e dos contos de fadas e as formas pelas quais eles cativam os menores, permitindo uma perspectiva formativa.
Para fundamentar este artigo, utilizaremos as teorias de kleiman (2007), Martins (2004), Khéde (1986), Lajolo (2002), Machado (1994), Coutinho (1997), Abramovich (1994), Villardi (1999), entre outros.
A Apresentação da Leitura para as Crianças da Educação Infantil
Sabemos que o primeiro contato que a criança tem com a leitura é através da audição, alguém está lendo para ela. É por meio dessa prática que a leitura vai se apresentando para a criança. Segundo Villardi (1999, p. 11): “Há que se desenvolver o gosto pela leitura, afim de que possamos formar um leitor para toda vida”. Quando chega a escola, a criança encontrará através da leitura, um mundo mágico, habitado por seres incríveis e que chamam a atenção dela. “A leitura seria a ponte para o processo educacional eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo”. (MARTINS, 1994, p.25).
Por esse motivo notamos que é função primordial da escola ensinar a ler. É função essencial da escola ampliar o domínio da leitura e orientar por meio dos professores a escolha dos materiais de leitura. Cabe formalmente a escola desenvolver as relações entre leitura e indivíduo em todas as suas interfaces.
Na Educação Infantil a apresentação da leitura tem por obrigação de vir acompanhada de entusiasmo pelo professor, e este, deve atuar como mediador para que a leitura se desenvolva com todo vigor entre os pequenos. “Para formar leitores devemos ter paixão pela leitura”. (KLEIMAN, 2007, p. 15).
Ao ouvir a leitura ou relato de uma história, as crianças, mesmo caladas, participam ativamente do enredo narrativo, conseguem caracterizar as personagens e comunga da linguagem em que o relato vai sendo feito.
Em nossa prática docente, o objetivo que procuramos atingir na formação do leitor é que a criança consiga diverti-se, chorar, admirar-se, ficar extasiada diante de uma história envolvente que ouve ou realiza a leitura.
O primeiro contato com a leitura deve ser uma fonte de entretenimento, prazer e valorização da própria leitura. Algumas crianças têm a sorte de morar num lar que a leitura faz-se presente desde berço. Outras só têm a sorte de encontrá-la ao chegar na escola. É muito importante que pais e professores valorizem e incentivem o ato de ler. É comum observarmos crianças da Educação Infantil que têm exemplos de leitores em casa, pegar um livro e começar a lê-lo sem saber ler. Segundo Lajolo (2002, p. 7): “quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mas intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela”. O incentivo ou estímulo é a peça-chave para formar leitores.
O tempo que o professor tem em contato com as crianças dentro da escola é muito valioso e durante esse tempo, ele deve propor situações para que estas, possam tornar-se leitores apaixonados pela leitura.
Segundo os PCNs, 1997, p.58: “para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura – a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender), requer esforço”.
Esse esforço deve ser entendido como do professor na tentativa de fazer uma apresentação da leitura de forma cativante, despertando nas crianças curiosidades, simpatia e admiração pelo livro. Também deve ser entendido como do aluno, no sentido dele querer aprender a ler, gostar de ler e também dos incentivos dos pais que fará diferença na formação de crianças leitoras.
De acordo com o Referencial curricular nacional para a Educação Infantil, 1998, p.135:
O ato de ler é cultural. Quando o professor faz uma seleção prévia da história que irá contar para as crianças, independente da idade delas, dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto para a beleza das ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro (ou revista, gibi, etc) e pela escrita.
É interessante que os professores da Educação Infantil organizem um ambiente especial para os livros na sala de aula, criem rodas de leituras, num clima aconchegante e prepare um ambiente que entusiasme os alunos, fazendo com que eles construam uma relação prazerosa com a leitura. Os professores podem e devem ler contos de fadas para cativar as crianças.
Contos de Fadas: Histórias que Cativam
O texto ficcional amplia e mobiliza os limites do imaginário pessoal e coletivo. Enquanto alguém lê ou conta histórias, nós nos reportamos ao ambiente em que acontece o fato narrado e participamos do enredo.
Dentre os inúmeros textos pertencentes ao domínio estético/artístico temos o conto. “O conto é um relato em prosa de fatos fictícios” (KAUFMAN & RODRÍGUEZ, 2005, p. 21). Este relato quando lido ou ouvido tem o poder de despertar no leitor uma gama de sentimentos indescritíveis, porque consta de três momentos perfeitamente diferenciados: O conto começa apresentando um estado de equilíbrio, dá lugar a uma série de episódios que se convertem em conflitos e culmina com a resolução destes conflitos no estágio final.
O conto pode ser uma espécie de sonho voluntário ou qualquer história que o autor quiser chamar de conto. Nos contos vemos aflorar sutilmente uma fatia da vida real e é essa relação que o faz despertar em nós muito interesse.
A fantasia dos contos de fadas é fundamental para o desenvolvimento da criança. Há significados mais profundos nos contos de fadas que se contam na infância do que na verdade que a vida adulta ensina.
Nos contos surgem relatos surpreendentes de histórias simples e doces, porque contar histórias é a arte de capturar os mistérios da vida em palavras.
Segundo Rocha, 2003, p. 4:
A palavra conto, usada para designar uma história curta, somente ficou popular depois que os irmãos Grimm criaram uma coletânea de narrativas tradicionais chamada contos para crianças e famílias. A partir do sucesso desta obra, que foi publicada no ano de 1812, em diversos países, contos de fadas foram recolhidos e organizados para a leitura das crianças.
São variados os motivos que nos faz prestar atenção a um bom conto e desde criança até a fase adulta todos nós nos debruçamos para ouvir um bom conto porque ele tem o poder de nos cativar.
Contos de fadas como o próprio nome diz, são histórias que se absorve nos poderes mágicos das fadas, dos magos ou de algum outro ser dotado de poderes sobrenaturais. Machado, 1994, p. 44: enfatiza que “Fadas: são os seres que fadam, isto é, orientam ou modificam o destino das pessoas. Fada é um termo originado do latim fatum, que significa destino”.
Os contos de fadasou os contos maravilhosos (com ou sem fadas) têm suas origens em um passado muito longínquo.
Khéde, 1986, p. 16, fala que:
As origens dos contos de fadas são as mais diversas. Proveniente de contos folclóricos europeus e orientais, há neles um interessante cruzamento de princípios, entre os quais predominam os judaicos- cristãos e os da vertente mística da antiguidade greco-latina.
Podemos observar que aqui no Brasil os nossos contos de fadas tiveram origem europeia e oriental. Citamos os contos dos irmãos Grimm e Charles Perrault, como exemplo.
Os contos de fadas encantam, comovem e educam indiretamente. Devem estar presentes nos trabalhos escolares, principalmente na Educação Infantil.
As histórias infantis são contos bem antigos e ainda hoje podem ser consideradas verdadeiras obras de arte, lembrando sempre que seus enredos falam de emoções comuns a todos nós, como: inveja, medo, ódio, ciúme, ambição, rejeição e decepção, que só podem ser compreendidos e vivenciados pela criança através das emoções e da fantasia. Os contos de fadas trabalham como instrumentos para a descoberta desses sentimentos dentro da criança e muitas vezes de adultos, pois são capazes de nos envolver em sua teia, de nos excitar a mente e comover-nos com a sina de suas figuras.
Os contos de fadas podem ser lidos pelo professor e este, ter como objetivo ensinar as crianças valores como não mentir (Pinóquio), a não desobedecer à mãe (Chapeuzinho vermelho), entre outros.
É através da leitura diária dos contos de fadas que o professor da Educação Infantil conseguirá fazer com que os pequenos absorvam a perspectiva formativa dos contos e recebam os valores morais e cristãos da vida em sociedade.
Leitura de Contos de Fadas e Educação Infantil: uma perspectiva formativa
Os contos de fadas exercem um grande fascínio nas crianças, são caminhos de descoberta e compreensão do mundo. Segundo Bettelheim: "O conto de fadas procede de uma maneira consoante ao caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo; por esta razão os contos de fadas são tão convincentes para elas".
Os contos de fadas contribuem muito na formação da personalidade, ajudam as crianças a entenderem um pouco melhor este mundo que as cercam. Se no processo de ensino se desse uma atenção especial ao emocional que existe em cada uma das crianças, este mundo seria bem melhor!
Os contos começam de maneira simples e partem de um problema ligado à realidade como a carência afetiva de Cinderela, a pobreza de João e Maria ou o conflito entre filha e madrasta em Branca de Neve. Na busca de soluções para esses conflitos, surgem as figuras “mágicas”: fadas, anões, bruxas malvadas. E a narrativa termina com a volta à realidade, em que os heróis se casam ou retornam ao lar.
Bettelheim, em seu livro A psicanálise dos contos de fadas (2004, p.19), diz:
“Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fada (a criança) pode se encontrar; e fazendo-o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz para sempre; isto é, sem nunca mais ter de experimentar a ansiedade de separação. O conto de fadas é orientado para o futuro e guia a criança – em termos que ela pode entender tanto na sua mente inconsciente quanto consciente – a ao abandonar seus desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatoriamente independente”.
A fantasia facilita a compreensão das crianças, pois se aproxima mais da maneira como veem o mundo, já que ainda são incapazes de compreender respostas realistas. Não esqueçamos que as crianças dão vida a tudo. Para elas, o sol é vivo, a lua é viva, assim como todos os outros elementos do mundo, da natureza e da vida. Acreditam em monstros, fadas, duendes e em todos os seres que os adultos inventam para elas. Se contarmos a ela que a empregada entrou voando pela janela, montada em um cavalo branco, as crianças acreditarão e serão capazes de fazer o mesmo.
Todos nós já ficamos maravilhados em algum momento de nossa existência com um belo conto de fadas e se a apresentação foi para nós significativa, ainda hoje somos capazes de passar horas a fio ouvindo ou lendo uma boa história. “Os contos de fadas são tão ricos que têm sido fonte de estudo para psicanalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua interpretação e se aprofundando no seu eixo de interesse”. (ABRAMOVICH,1994, p.121).
É porque os contos de fadas abordam conteúdos de sabedoria popular da condição humana, é que se tornam tão importantes e se perpetuam até os dias atuais.
Na literatura os contos de fadas, atualizam ou reinterpretam questões universais como os conflitos de poder e a formação dos valores, combinando realidade e fantasia no clima do Era uma vez... misturando criaturas sobrenaturais que chamam a nossa atenção.
Segundo Machado, 1994, p. 43: “No espaço sobrenatural não existe tempo real, tudo acontece de repente e justamente, com total arbítrio do acaso. Os personagens existem, mas não foram criados por leis humanas. São, antes, fenômenos naturais. Por isso são seres encantados”.
O maravilhoso continua sendo um dos elementos mais importantes nos contos de fadas. Através do prazer ou das emoções que as histórias proporcionam, os personagens agem no inconsciente da criança, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver conflitos normais nessa etapa da vida.
Segundo Coutinho, 1997, p. 205: “há em tudo uma ordem humana, ensinando o bem, condenando o mal, socorrendo os desgraçados, exaltando os tenazes, fortalecendo a confiança no esforço ou mesmo na própria sorte, como no caso de A gata borralheira, exemplo de fé e esperança no destino”. Através das personagens vamos educando as crianças para o que é “certo” e o que é considerado “errado” na sociedade “, vamos fazê-las refletir acerca do bem e do mal, dessa forma os livros de literatura infantil, além de ensinar o aluno a gostar de ler, presta um serviço educativo para os pequenos”.
“É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens” (COELHO, 2000). De acordo com o pensamento da autora, verificamos que desde a mais tenra idade nós vamos assimilando a ideia de mundo, seus progressos, ou seja, o caminho para o desenvolvimento é a palavra, iniciando na literatura infantil. É muito respeitável esta fase inicial, pois ela tem papel fundamental de mudança que é: a de iniciar um processo de formação de um novo leitor.
Através da utilização dos contos, crianças aprendem sobre problemas internos dos seres humanos e sobre suas soluções e também é através deles que o legado cultural é informado às crianças, tendo uma grande contribuição para sua educação moral.
Os contos de fadas podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo em sua volta. A forma de julgamento que divide as personagens em boas ou más, belas e feias, fortes ou fracas, faz com que as crianças entendam alguns valores e condutas humanas para o convívio em sociedade.
Conclusão
Para aproximar o aluno da leitura, faz-se necessário que o educador atribua a literatura uma finalidade prazerosa e não apenas cumprir obrigações na escola ou no trabalho, pois só assim será possível formar leitores para a vida toda.
A iniciação da leitura na Educação Infantil pela criança é necessária e importante. Percebemos o quanto é importante o papel mediador do professor, pois será de sua responsabilidade proporcionar aos alunos espaços adequados de leitura, transformando estes espaços em situações prazerosas de aprendizagem. Os contos de fadas são primordiais para o ensino da leitura e da formação da criança, já que estes, são histórias que cativam os leitores de todas as idades.
O maravilhoso dos contos de fadas faz com que aos poucos a magia, o fantástico, o imaginário deixem de ser vistos como pura fantasia para fazer parte da vida diária de cada um, inclusive dos adultos ao permitirem em muitos momentos se transportarem para este mundo mágico, onde a vida se torna mais leve e bem menos trabalhosa.
Observamos que nãohá a necessidade de esperar pela Educação Infantil formal para que as crianças se envolvam com a leitura dos contos de fadas. Os pais podem e devem no ambiente familiar, mergulhar os pequenos, no mundo mágico da literatura infantil e assim, a criança conhecerá a realidade do mundo sem toda obscuridade nela presente, através da leitura dos contos de fadas.
Referência
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil, Gostosuras e Bobices. São Paulo: Scipione, 1994.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular para a educação infantil. Brasília: 1998.
. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa (1ª a 4ª série), Brasília, 1997.
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2004.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil, teoria, análise, didática. 1ª ed. – São Paulo. Moderna, 2000.
COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. 4. ed. ver. e atual. São Paulo: Global, 1997.
KAUFMAN, Ana MarÍa & RODRÍGUEZ, María Elena. Escola, leitura e Produção de textos. Porto /alegre: Artes Médicas, 2005.
KHÉDE, Sonia Salmão. Personagens da Literatura Infanto-Juvenil. São Paulo: Ática, 1986.
KLEIMAN, Angela. Oficina de Leitura: teoria e prática. 11ª Edição, Campinas, SP: Pontes, 2007.
LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo. 6ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
MACHADO, Irene A. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19, ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
ROCHA, Ruth. Contos para rir e sonhar. São Paulo: Salamandra, 2003.
VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya Ed., 1999.
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
EDUCAÇÃO
Formação do hábito de leitura, literatura infantil contextualizada, contato com o livro, a importância de ouvir histórias, estágios psicológicos da criança.
 “O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora.”
Bamberger
Resumo
Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. O presente estudo inicia com um breve histórico da literatura infantil, apresenta conceitos de linguagem e leitura, enfoca a importância de ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro e finalmente esboça algumas estratégias para desenvolver o hábito de ler.
Palavras-chave: Educação, Literatura Infantil, Leitura, Desenvolvimento da criança.
Introdução
O estudo realizado tem por objetivo, verificar a contribuição da literatura infantil no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir para a formação de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade. Isso porque se vive em uma sociedade onde as trocas sociais acontecem rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.
Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita e como a literatura infantil pode influenciar de maneira positiva neste processo. Assim, Bakhtin (1992) expressa sobre a literatura infantil abordando que por ser um instrumento motivador e desafiador, ela é capaz de transformar o indivíduo em um sujeito ativo, responsável pela sua aprendizagem , que sabe compreender o contexto em que vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.
Esta pesquisa visa a enfocar toda a importância que a literatura infantil possui, ou seja, que ela é fundamental para a aquisição de conhecimentos, recreação, informação e interação necessários ao ato de ler. De acordo com as idéias acima, percebe-se a necessidade da aplicação coerente de atividades que despertem o prazer de ler, e estas devem estar presentes diariamente na vida das crianças, desde bebês. Conforme Silva (1992, p.57) “bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de prazer e conhecimento. Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos, poderá ser uma excelente conquista para toda a vida.”
Apesar da grande importância que a literatura exerce na vida da criança, seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade de expressar melhor suas idéias, em geral, de acordo com Machado (2001), elas não gostam de ler e fazem-no por obrigação. Mas afinal, por que isso acontece? Talvez seja pela falta de exemplo dos pais ou dos professores, talvez não.
O que se percebe é que a literatura, bem como toda a cultura criadora e questionadora, não está sendo explorada como deve nas escolas e isto ocorre em grande parte, pela pouca informação dos professores. A formação acadêmica, infelizmente não dá ênfase à leitura e esta é uma situação contraditória, pois segundo comentário de Machado (2001, p.45) “não se contrata um instrutor de natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira estão repletas de pessoas que apesar de não ler, tentam ensinar”.
Existem dois fatores que contribuem para que a criança desperte o gosto pela leitura: curiosidade e exemplo. Neste sentido, o livro deveria ter a importância de uma televisão dentro do lar. Os pais deveriam ler mais para os filhos e para si próprios. No entanto, de acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da população tem o hábito de ler, portanto, pode-se afirmar que a sociedade brasileira não é leitora. Nesta perspectiva, cabe a escola desenvolver na criança o hábito de ler por prazer, não por obrigação.
Contextualizando Literatura Infantil
Os primeiros livros direcionados ao público infantil, surgiram no século XVIII. Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os contos de fadas. De lá pra cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e apresentando sua relevância. Com isto, muitos autores foram surgindo, como Hans Christian Andersen, os irmãos Grimm e Monteiro Lobato, imortalizados pela grandiosidade de suas obras. Nesta época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente para a sociedade aristocrática. Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se por meio da industrialização, expandindo assim, a produção de livros.
A partir daí os laços entre a escola e literatura começam a se estreitar, pois para adquirir livros era preciso que as crianças dominassem a língua escrita e cabia a escola desenvolver esta capacidade. De acordo com Lajolo & Zilbermann, “a escola passa a habilitar as crianças para o consumo das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança e a sociedade de consumo”. (2002, p.25)
Assim, surge outro enfoque relevante para a literatura infantil, que se tratava na verdade de uma literatura produzida para adultos e aproveitada para a criança. Seu aspecto didático-pedagógico de grande importância baseava-se numa linha moralista, paternalista, centrada numa representação de poder. Era, portanto, uma literatura para estimular a obediência, segundo a igreja, o governo ou ao senhor. Uma literatura intencional, cujas histórias acabavam sempre premiando o bom e castigando o que é considerado mau. Segue à risca os preceitos religiosos e considera a criança um ser a se moldar de acordo com o desejo dos que a educam, podando-lhe aptidões e expectativas.
Até as duas primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância, apresentavam um caráter ético-didático, ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos, moldar a criança de acordo com as expectativas dos adultos. A obra dificilmente tinha o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a aventura pela aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica, ou que faziam pequenas viagens em torno do cotidiano,ou a afirmação da amizade centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola, da vida.
Essa visão de mundo maniqueísta, calçada no interesse do sistema, passa a ser substituída por volta dos anos 70 e a literatura infantil passa por uma revalorização, contribuída em grande parte pelas obras de Monteiro Lobato, no que se refere ao Brasil. Ela então, se ramifica por todos os caminhos da atividade humana, valorizando a aventura, o cotidiano, a família, a escola, o esporte, as brincadeiras, as minorias raciais, penetrando até no campo da política e suas implicações.
Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos.
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica...É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto leitor. Da mesma forma através da leitura a criança adquire uma postura crítico-reflexiva,extremamente relevante à sua formação cognitiva.
Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal, que neste caso, vem ao encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confrontamento de idéias, de pensamentos em relação aos textos, tem sempre um caráter coletivo, social.
O conhecimento é adquirido na interlocução, o qual evolui por meio do confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem segundo Bakthin (1992) é constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento, a partir do pensamento do outro, portanto, uma linguagem dialógica.
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Neste diálogo, o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, os lábios, as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas ações. Ele se põe todo na palavra e esta palavra entra no tecido dialógico da existência humana, no simpósio universal. (BAKHTIN, 1992, p112)
E é partindo desta visão da interação social e do diálogo, que se pretende compreender a relevância da literatura infantil, que segundo afirma Coelho (2001, p.17), “é um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultural.”
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto. Segundo Coelho (2002) a leitura, no sentido de compreensão do mundo é condição básica do ser humano.
A compreensão e sentido daquilo que o cerca inicia-se quando bebê, nos primeiros contatos com o mundo. Os sons, os odores, o toque, o paladar, de acordo com Martins (1994) são os primeiros passos para aprender a ler.Ler, no entanto é uma atividade que implica não somente a decodificação de símbolos, ela envolve uma série de estratégias que permite o indivíduo compreender o que lê. Neste sentido, relata os PCN’s (2001, p.54.):
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade.
Assim, pode-se observar que a capacidade para aprender está ligada ao contexto pessoal do indivíduo. Desta forma, Lajolo (2002) afirma que cada leitor, entrelaça o significado pessoal de suas leituras de mundo, com os vários significados que ele encontrou ao longo da história de um livro, por exemplo.
O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que esta não está imediatamente ligada a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo. De acordo com os PCN’s (2001) a decodificação é apenas uma, das várias etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das idéias percebidas, a interpretação e a avaliação são as outras etapas que segundo Bamberguerd (2003, p.23) “fundem-se no ato da leitura”. Desta forma, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s (2001), fazendo com que o indivíduo desenvolva significativamente as etapas de leitura é contribuir para a formação de leitores competentes.
A importância de ouvir histórias
Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, um “bom causo”, a criança é capaz de se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de imaginar é mais intensa.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando bebê, através da voz amada, dos acalantos e das canções de ninar, que mais tarde vão dando lugar às cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças, animais ou natureza. Aqui, crianças bem pequenas, já demonstram seu interesse pelas histórias, batendo palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando algum personagem. Neste sentido, é fundamental para a formação da criança que ela ouça muitas histórias desde a mais tenra idade.
O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais extensas, mais detalhadas.
A criança passa a interagir com as histórias, acrescenta detalhes, personagens ou lembra de fatos que passaram despercebidos pelo contador. Essas histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade, compreender melhor as relações familiares. Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador das histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e dos livros.
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Algum tempo depois, as crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Têm nesta perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que de acordo com Sandroni & Machado (1998, p.15) afirmam que “os livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”.
É importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”. Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade.
Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação,quesegundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”. Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129) ”.
O contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário. Segundo Sandroni & Machado (2000, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.
É importante que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contato mais íntimo com o objeto do seu interesse.A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e desenhos. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.
A literatura e os estágios psicológicos da criança
Durante o seu desenvolvimento, a criança passa por estágios psicológicos que precisam ser observados e respeitados no momento da escola de livros para ela. Essas etapas não dependem exclusivamente de sua idade, mas de acordo com Coelho (2002) do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual e seu nível de conhecimento e domínio do mecanismo da leitura. Neste sentido, é necessária a adequação dos livros às diversas etapas pelas quais a criança normalmente passa. Existem cinco categorias que norteiam as fases do desenvolvimento psicológico da criança: o pré-leitor, o leitor iniciante, o leitor-em-processo, o leitor fluente e o leitor crítico.
O pré-leitor: categoria que abrange duas fases.Primeira infância (dos 15/17 meses aos 3 anos) Nesta fase a criança começa a reconhecer o mundo ao seu redor através do contato afetivo e do tato. Por este motivo ela sente necessidade de pegar ou tocar tudo o que estiver ao seu alcance. Outro momento marcante nesta fase é a aquisição da linguagem, onde a criança passa a nomear tudo a sua volta. A partir da percepção da criança com o meio em que vive, é possível estimulá-la oferecendo-lhe brinquedos, álbuns, chocalhos musicais, entre outros. Assim, ela poderá manuseá-los e nomeá-los e com a ajuda de um adulto poderá relacioná-los propiciando situações simples de leitura.
Segunda infância (a partir dos 2/3 anos) É o início da fase egocêntrica. Está mais adaptada ao meio físico e aumenta sua capacidade e interesse pela comunicação verbal. Como interessa-se também por atividades lúdicas, o “brincar”com o livro será importante e significativo para ela.
Nesta fase, os livros adequados, de acordo com Abramovich (1997) devem apresentar um contexto familiar, com predomínio absoluto da imagem que deve sugerir uma situação. Não se deve apresentar texto escrito, já que é através da nomeação das coisas que a criança estabelecerá uma relação entre a realidade e o mundo dos livros.
Livros que propõem humor, expectativa ou mistério são indicados para o pré-leitor.
A técnica da repetição ou reiteração de elementos são segundo Coelho (2002, p.34) “favoráveis para manter a atenção e o interesse desse difícil leitor a ser conquistado”. O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos) Essa é a fase em que a criança começa a apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como ainda encontra-se no início do processo, o papel do adulto como “agente estimulador” é fundamental.
Os livros adequados nesta fase devem ter uma linguagem simples com começo, meio e fim. As imagens devem predominar sobre o texto. As personagens podem ser humanas, bichos, robôs, objetos, especificando sempre os traços de comportamento, como bom e mau, forte e fraco, feio e bonito. Histórias engraçadas, ou que o bem vença o mal atraem muito o leitor nesta fase. Indiferentemente de se utilizarem textos como contos de fadas ou do mundo cotidiano, de acordo com Coelho (ibid, p. 35) “eles devem estimular a imaginação, a inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir”.
O leitor-em-processo (a partir dos 8/9anos) A criança nesta fase já domina o mecanismo da leitura. Seu pensamento está mais desenvolvido, permitindo-lhe realizar operações mentais. Interessa-se pelo conhecimento de toda a natureza e pelos desafios que lhes são propostos. O leitor desta fase tem grande atração por textos em que haja humor e situações inesperadas ou satíricas. O realismo e o imaginário também agradam a este leitor. Os livros adequados a esta fase devem apresentar imagens e textos, estes, escritos em frases simples, de comunicação direta e objetiva. De acordo com Coelho (2002) deve conter início, meio e fim. O tema deve girar em torno de um conflito que deixará o texto mais emocionante e culminar com a solução do problema.
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos) O leitor fluente está em fase de consolidação dos mecanismos da leitura. Sua capacidade de concentração cresce e ele é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002) é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipotético dedutivo” e a capacidade de abstração. Este estágio, chamado de pré-adolescência, promove mudanças significativas no indivíduo. Há um sentimento de poder interior, de ver-se como um ser inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui há uma espécie de retomada do egocentrismo infantil, pois assim como acontece com as crianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo desequilíbrio com o meio em que vive.
O leitor fluente é atraído por histórias que apresentem valores políticos e éticos, por heróis ou heroínas que lutam por um ideal. Identificam-se com textos que apresentam jovens em busca de espaço no meio em que vivem, seja no grupo, equipe, entre outros.É adequado oferecer a esse tipo de leitor histórias com linguagem mais elaborada. As imagens já não são indispensáveis, porém ainda são um elemento forte de atração. Interessam-se por mitos e lendas, policiais, romances e aventuras. Os gêneros narrativos que mais agradam são os contos, as crônicas e as novelas.
O leitor crítico (a partir dos 12/13 anos) Nesta fase é total o domínio da leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade de reflexão aumenta, permitindo-lhe a intertextualização. Desenvolve gradativamente o pensamento reflexivo e a consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder são elementos que permeiam o adolescente. O convívio do leitor crítico com o texto literário, segundo Coelho (2002, p.40) “deve extrapolar a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura”.
O leitor crítico continua a interessar-se pelos tipos de leitura da fase anterior, porém, é necessário que ele se aproprie dos conceitos básicos da teoria literária. De acordo com Coelho (ibid, p.40) a literatura é considerada a arte da linguagem e como qualquer arte exige uma iniciação. Assim, há certos conhecimentos a respeito da literatura que não podem ser ignorados pelo leitor crítico.
Conclusão
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira. Existem diversos fatores queinfluenciam o interesse pela leitura. O primeiro e talvez mais importante é determinado pela “atmosfera literária” que, segundo Bamberguerd (2000, p.71) a criança encontra em casa. A criança que houve histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a leitura.
De acordo com Bamberguerd (2000) a criança que lê com maior desenvoltura se interessa pela leitura e aprende mais facilmente, neste sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação. Infelizmente são poucos os pais que se dedicam efetivamente em estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler.
Professores que oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar, mas com naturalidade, desenvolverão na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida afora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça uma certa variedade de livros de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em que ela se encontra. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.23) “o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do bom senso e da habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea”.
Assim, as condições necessárias ao desenvolvimento de hábitos positivos de leitura, incluem oportunidades para ler de todas as formas possíveis. Freqüentar livrarias, feiras de livros e bibliotecas são excelentes sugestões para tornar permanente o hábito de leitura.
Num mundo tão cheio de tecnologias em que se vive, onde todas as informações ou notícias, músicas, jogos, filmes, podem ser trocados por e-mails, cd’s e dvd’s o lugar do livro parece ter sido esquecido. Há muitos que pensem que o livro é coisa do passado, que na era da Internet, ele não tem muito sentido. Mas, quem conhece a importância da literatura na vida de uma pessoa, quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar, com certeza haverá de dizer que não há tecnologia no mundo que substitua o prazer de tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento.
Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria e prazer. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimento para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para a leitura.
Trabalho científico apresentado à Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, como requisito parcial para a obtenção do Título de graduada em Licenciatura Específica em Português.
Contos de Fadas
Os contos de fadas são histórias que, desde a antiguidade, as pessoas transmitem de geração em geração. Muito tempo se passou desde sua origem, mas esses textos foram lidos e relidos em todas as épocas e são até hoje.
No princípio, os contos tinham como público-alvo os adultos e caracterizavam-se por serem narrativas bastante fortes, que mostravam traições, vinganças e mortes. Com o tempo, esses contos sofreram diversas adaptações até chegar à forma hoje conhecida, muito mais voltada ao universo infantil do que ao adulto.
Em geral, pais e avós costumam ler para as crianças histórias que se passam em reinos distantes e envolvem príncipes, princesas, fadas, dragões, feiticeiros, dentre muitos outros elementos mágicos.
Alguns estudiosos acreditam que os contos de fadas sejam mais do que simples histórias contadas para entreter crianças e fazê-las dormir. Segundo eles, os ensinamentos sobre a essência humana presentes nos contos ajudariam a preparar leitores e ouvintes para a vida adulta. Por meio das histórias fictícias, a criança teria possibilidade de identificar muitas situações presentes em sua própria vida e, assim, poderia lidar melhor com o cotidiano.
Provavelmente, você já leu e ainda lê muitos contos de fadas. Histórias como a de Cinderela, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão, entre outras, estão muito presentes no imaginário de todos. É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar delas.
Elementos dos contos de fadas
Personagens básicos:
Segundo estudiosos do gênero, normalmente, aparecem os mesmos tipos de personagens em todos os contos.
· O agressor: aquele que executa uma maldade; é o vilão da história.
· O doador: aquele que doa sua magia para que o herói consiga vencer seus obstáculos. Em geral, é a fada madrinha.
· O auxiliar: personagem secundário que ajuda o herói a vencer seus desafios.
· A princesa e sua família: personagens muito importantes em torno dos quais a história gira.
· O mandatário: personagem que pratica um crime a mando de outro.
· O herói: personagem que vai restabelecer a situação inicial de paz.
· O falso herói: tenta se passar por herói, mas, na verdade, só pretende causar mais conflitos. Atenção: não há uma regra rigorosa para as personagens; no conto “Chapeuzinho Vermelho”, por exemplo, a heroína é uma menina do campo, e o vilão é representado por um lobo.
Presença de elementos mágicos e fantasiosos:
Fadas, feiticeiras, animais com características humanas, objetos que voam etc. Esses seres mágicos são importantes na história, pois sempre ajudam o herói a alcançar seu objetivo.
A magia está relacionada a situações que não existem na realidade, mas que fazem todo o sentido na atmosfera do conto. Não é lógico encontrar uma fada madrinha e ser transformado em um belo príncipe; porém, no conto de fada, esse tipo de situação é esperado pelo leitor.
Estrutura dos contos de fadas
– Situação inicial:
No início, tudo está tranquilo, “a princesa vivia feliz em seu castelo”. Pode-se também chamar de estabilidade, pois tudo está em paz. As personagens são felizes e têm uma vida muito calma.
Em “Cinderela”, a jovem de mesmo nome ainda vivia com seu pai, que era vivo. Em “Chapeuzinho Vermelho”, a menina morava com a mãe, que a amava e tinha uma avó querida a quem fazia visitas frequentes. Em “A Bela Adormecida”, todo o reino estava feliz com a chegada da nova princesa.
– Complicação ou conflito:
Há uma transformação, algo acontece e desequilibra a situação inicial. Pode-se também chamar de ruptura, pois um acontecimento inesperado rompe com toda a estabilidade inicial do conto. A paz transforma-se em pesadelo e as personagens não são mais felizes.
Em “Cinderela”, esse acontecimento é a morte do pai. Em “Chapeuzinho Vermelho”, a desobediência da menina ao optar pelo caminho perigoso da floresta. Em “A Bela Adormecida”, a maldição rogada pela fada que não tinha sido convidada para o batizado.
– Desenvolvimento:
Nesta parte, a narrativa é tensa, há um confronto, pois as personagens devem encontrar uma forma de solucionar os problemas que aparecem.
Em “Cinderela”, aparece a fada madrinha que, por meio da magia, consegue transformá-la em princesa e ajudá-la a ir ao baile. Em “Chapeuzinho Vermelho”, aparece o caçador, que resgata Chapeuzinho e a avó da barriga do lobo. Em “A Bela Adormecida”, surge um belo príncipe que desperta a princesa do sono de cem anos.
– Desfecho ou final:
É o momento posterior ao conflito, em que a estabilidade do início do conto é restaurada. O final é feliz, e as personagens ficam em paz.
Tanto em “Cinderela” quanto em “A Bela Adormecida”, as princesas casam-se com os príncipes, e, em “Chapeuzinho Vermelho”, a menina e a avó são salvas e retornam à situaçãoinicial do conto. Os príncipes recebem recompensas, e os vilões são punidos.
– Tempo:
Normalmente o tempo é indefinido, as histórias começam com “era uma vez”. Você deve estar pensando: mas nem todos os contos de fadas têm fadas e princesas!  Realmente, mas eles possuem a mesma estrutura e alguns elementos mágicos, portanto também podem ser chamados de contos maravilhosos! Há sempre um personagem que, se tiver uma boa conduta, terá um final feliz, recebendo uma recompensa, mas, se for ruim, será punido.
– Narrador:
Normalmente o conto de fadas é narrado em terceira pessoa, isto é, quem conta a história não participa dela.
– Temática:
Pode-se depreender dos temas, ensinamentos, como é o caso de “Chapeuzinho Vermelho”, cujo desfecho ensina às crianças que a obediência aos pais é sempre recomendada, para não se correr o risco de ter de enfrentar situações perigosas. A contextualização desse fato na vida real é perfeitamente pertinente.
– Lugar:
Os principais cenários dos contos de fadas são as florestas, os bosques, os castelos, os palácios e os pequenos vilarejos.
Os principais autores dos contos
Um dos primeiros escritores apontados como autor do conto de fada infantil foi o francês Charles Perrault, no século XVII. “O Pequeno Polegar”, “O Gato de Botas”, “Barba Azul”, “A Bela Adormecida”, dentre muitos outros, fazem parte de sua obra. Muitas dessas histórias já existiam na tradição oral, mas ele as organizou e criou uma versão definitiva de sua autoria.
Mais tarde, no início do século XIX, os folcloristas alemães Jacob e Wilhelm Grimm, mais conhecidos como os irmãos Grimm, reescreveram e publicaram esses contos com algumas modificações. Atualmente, a versão dos irmãos Grimm é a mais comum.
Também no século XIX, na Dinamarca, surgiu outro autor que iria tornar os contos de fadas ainda mais populares: Hans Christian Andersen. São da autoria dele os famosos contos “O Patinho Feio”, “A Pequena Sereia”, “A Princesa e a Ervilha”, dentre outros.
No mesmo período, Lewis Carroll também começou a se destacar na Inglaterra. Ele escreveu um livro que você certamente conhece: Alice no País das Maravilhas. Na verdade, não se trata exatamente de um conto, devido à sua extensão, mas sua estrutura textual se enquadra muito bem nesse gênero literário.
Por: Viviane Lima Vidal
Veja também:
· Fábula
· Lendas
· Gênero Narrativo
ORIGEM DOS CONTOS DE FADAS
Você conhece a origem dos contos de fadas? Clique e descubra um pouco mais sobre essas fascinantes histórias!
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 Aposto que você já deve ter lido e ouvido vários contos de fadas, não é mesmo? Os contos de fadas costumam ser nosso primeiro contato com a literatura, e antes mesmo que aprendêssemos a ler, fomos convidados a conhecer o universo lúdico que permeia histórias vindas de outros tempos. Sempre temos um conto de fada na ponta da língua e somos capazes de reproduzi-los sem necessariamente ter um livro em mão, tamanha familiaridade que temos com essas histórias.
Mas você conhece a origem dos contos de fadas? Como eles surgiram e por que se disseminaram em toda cultura ocidental? Bem, os contos de fadas remontam a tempos antigos, vindos da tradição oral de diferentes culturas pelo mundo. Eram histórias contadas de pai para filho e, dessa maneira, acabaram perpetuando-se no imaginário coletivo. Só começaram a ser registradas em livros na Idade Média, quando a criança começou, de fato, a ser tratada como criança. Até então não havia grandes distinções entre adultos e crianças, pois ainda não havia aquilo que conhecemos hoje por infância, que é o período relacionado com o desenvolvimento dos pequenos.
No começo, os contos ainda não eram de fadas. As histórias originais pouco lembram as histórias que conhecemos hoje e, em sua maioria, apresentavam enredos assustadores que dificilmente fariam sucesso nos tempos atuais. Isso porque hoje respeitamos e conhecemos o significado da palavra infância e porque, há algum tempo, alguns escritores, como o francês Charles Perrault, adaptaram alguns contos para que eles pudessem ser mais bem aceitos pela sociedade. Posteriormente, os Irmãos Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen deram segmento à proposta de Charles Perrault, com narrativas mais suaves, cujos desfechos culminavam em uma “moral da história”. Para citarmos um exemplo de como os contos foram modificados, na história “Cachinhos Dourados”, a menina que invade a casa de três ursinhos e mexe em todas as coisas deles não existia, a personagem, na verdade, era uma raposa, que ao final era jogada pela janela. Outras versões trazem um desfecho trágico, em que os “ursinhos” decidiam devorar o animal intruso.
Os contos atuais demonstram uma preocupação com o impacto que podem produzir nas crianças e na influência que suas histórias podem causar na vida dos pequenos. Por isso, temáticas consideradas violentas e pouco lúdicas foram completamente abolidas, embora ainda sejam perceptíveis resquícios de um universo um pouco assustador nos principais contos de fadas. Hoje os contos de fadas podem nos fazer sonhar, mas lá no início eram histórias dignas de nossos piores pesadelos!
A origem sangrenta dos contos de fadas, parte 1: Chapeuzinho Vermelho
A tonalidade mais chamativa na roupa da doce Chapeuzinho combina com uma história cheia de violência, canibalismo e insinuações sensuais
 (Eduardo Belga/Mundo Estranho)
1. ERA UMA VEZ…
A maioria dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho, surgiu por volta da Idade Média, em rodas de camponeses na Europa, onde eram narrados para toda a família. “A fome e a mortalidade infantil serviam de inspiração”, diz a especialista em histórias infantis Marina Warner, da Universidade de Essex, na Inglaterra
2. COMIDA DE VÓ
Numa versão francesa da história, após interrogar Chapeuzinho na floresta e pegar um atalho para a casa da vovó, o lobo mata e esquarteja a velhinha sem dó.A coisa piora quando o vilão, já fingindo ser a vovó, oferece a carne e o sangue da vítima, como se fosse vinho, para matar a fome da netinha – que come e bebe com gosto!
3. TIRA, TIRA…
Após encher o bucho e praticar canibalismo sem saber, Chapeuzinho ainda tira a roupa e joga no fogo,a pedido do lobão! O clima, porém, não é nada infantil, com a garota perguntando o que fazer com a roupa a cada peça tirada. O lobo só tinha uma resposta: “Jogue no fogo, minha criança. Você não vai mais precisar disso…”
4. SEDUÇÃO INFANTIL
Ao se deitar ao lado do lobo, já totalmente nua, Chapeuzinho começa a reparar no físico do vilão, como se desconfiasse de algo. Admirada,a menina começa a exclamar: “como você é peluda, vovó”, “que ombros largos você tem” e “que bocão você tem”, entre outros elogios à anatomia do bichão…
 (Eduardo Belga/Mundo Estranho)
5. FINAL FELIZ
Ao fim da versão francesa, Chapeuzinho, sentindo-se ameaçada, pede para sair e fazer suas necessidades fora da casa. O lobo, nojentão, insiste para que ela faça xixi na cama mesmo mas acaba deixando a menina sair. Esperta, Chapeuzinho aproveita o vacilo do vilão e escapa
6. FINAL SANGRENTO ALTERNATIVO
O francês Charles Perrault foi o primeiro a pôr muitos contos de fadas no papel, no século 17. Ele tornou o final da história mais sangrento – com o lobo jantando a mocinha – e introduziu a famosa moral da história, dizendo que “crianças não devem falar com estranhos para não virar comida de lobo”
 (Eduardo Belga/Mundo Estranho)
7. FINAL AMENIZADO
No século 19, os irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm, famosos compiladores de contos que até então só eram transmitidos oralmente, inventaram a figura do caçador. No fim da história, ele aparece e salva a pele de Chapeuzinho e da vovó, abrindo a barriga do lobo com um tesourão
Essa é a parte1 da matéria A Origem Sangrenta dos Contos de Fadas. Confira as outras versões:
Branca de Neve
Bela Adormecida
A Princesa e o Sapo e Os Três Porquinhos
Folclore brasileiro
Cinderela
Alice no País das Maravilhas
João e Maria
A Pequena Sereia
FONTES Conte de la Mère-Grand (coletado pelo folclorista Achille Millien por volta de 1870); Pentameron, de Giambattista Basile; Tales of Mother Goose, de Charles Perrault; Children’s and Household Tales, dos irmãos Grimm; Da Fera à Loira, de Marina Warner; A Princesa que Dormia (coletânea publicada pela editora Paraula)
TUDO SOBREA ORIGEM SANGRENTA DOS CONTOS DE FADASCANIBALISMO
Contos de fadas têm origem pré-histórica, diz pesquisa
· 20 janeiro 2016
Contos de fadas como A Bela e a Fera podem ter milhares de anos, segundo pesquisadores de universidades em Durham, na Inglaterra, e em Lisboa, em Portugal.
Empregando técnicas mais comuns a biólogos, os acadêmicos investigaram as ligações entre diferentes histórias pelo mundo e descobriram que algumas possuem raízes pré-históricas.
Leia também: Qual o verdadeiro significado dos contos de fadas?
Alguns contos, segundo a investigação, são mais velhos do que os registros literários mais antigos – um deles remonta à Idade do Bronze (iniciada por volta do ano 3000 a.C.).
Em geral, acreditava-se que essas histórias datassem dos séculos 16 e 17.
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No século 19, os irmãos Grimm – Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859) – acreditavam que muitos dos contos de fadas que eles ajudaram a popularizar tivessem raízes em uma história cultural compartilhada que remonta ao nascimento das línguas indo-europeias.
Pensadores depois mudaram essa concepção, ao dizer que algumas histórias eram bem mais recentes, tendo sido transmitidas pela tradição oral após serem criadas nos séculos 16 e 17.
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O antropólogo Jamie Tehrani, da Universidade de Durham, que trabalhou com a pesquisadora de folclore Sara Graça da Silva, da universidade Nova de Lisboa, disse ter reunido evidências que mostram que os irmãos Grimm estavam certos.
"Algumas dessas histórias são muitos mais antigas do que os primeiros registros literários, e até mais do que a mitologia clássica – algumas versões dessas histórias aparecem em textos gregos e latinos, mas nossas descobertas sugerem que são bem mais antigas do que isso."
literários mais antigos
Histórias milenares
O estudo, publicado na revista científica Royal Society Open Science, utilizou análise filogenética, desenvolvida pela biologia para investigar relações entre espécies.
Também analisou uma árvore de línguas indo-europeias para rastrear a origem de contos compartilhados por diferentes culturas, para verificar até onde poderiam ser identificados no passado.
Segundo Tehrani, o conto João e o Pé de Feijão (Jack and the Beanstalk, em inglês) foi classificado em um grupo de histórias nomeado como "O menino que roubou o tesouro do ogro", e teve a origem identificada no período da divisão leste-oeste das línguas da família indo-europeia, há mais de 5 mil anos.
A análise também mostrou que A Bela e a Fera e O Anão Saltador têm cerca de 4 mil anos de idade.
E a origem de uma história de folclore chamada O Ferreiro e o Diabo (The Smith And The Devil, em inglês), sobre um ferreiro que vende a alma em um pacto para ganhar superpoderes, foi estimada em 6 mil anos, na Idade do Bronze.
"É notável que essas histórias tenham sobrevivido sem ter sido escritas. Elas têm sido contadas antes de o inglês, francês ou italiano existirem, e provavelmente eram narradas em uma língua indo-europeia extinta", disse Tehrani.
ORIGEM DOS CONTOS DE FADAS: 52 HISTÓRIAS INFANTIS 
Leia livros sobre este assunto Você sabe qual é a origem dos contos de fadas? No século 16, os contos de fada não eram brincadeira de criança. Sexo, violência e fome apimentavam as tramas inventadas por camponesas nas poucas horas de diversão. Você já imaginou se o lenhador não aparecesse ao final da história para salvar Chapeuzinho Vermelho e sua vovozinha? Agora pior do que isso , E se a menina, antes de ser devorada pelo Lobo Mau, ainda fosse induzida por ele a beber o sangue da avó, além de tirar a roupa e deitar-se nua na cama? Você contaria tal historinha a seu filho? Os camponeses da França do século 16 contavam – e os detalhes violentos e libidinosos desta e de outras histórias que povoam o nosso imaginário infantil não param por aí. Se você nunca ouviu as versões apimentadas, foi por obra e graça de escritores como o francês Charles Perrault, os alemães Jacob e Wilhelm Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen, que entre o fim do século 17 e o início do século 19 pesquisaram, recolheram e adaptaram as histórias contadas por camponesas criadas em comunidades de forte tradição oral. Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Branca de Neve, João e Maria, A Bela Adormecida e outros contos de fadas tão familiares foram passados de geração para geração por trabalhadores analfabetos, que se sentavam à noite em volta de fogueiras para contar histórias. Nestas reuniões, chamadas de veillées pelos franceses, as mulheres narravam seus casos enquanto fiavam e teciam, o que originou expressões como “tecer uma trama” e “costurar uma história”. Os homens consertavam suas ferramentas ou quebravam nozes. No universo dos camponeses franceses pré-Revolução, nos séculos 17 e 18, não havia tempo para descanso. Durante o Antigo Regime, diversão e trabalho misturavam-se, como na história da pobre Gata Borralheira. Sem papas na língua, as contadoras de histórias caprichavam nos detalhes, digamos, escabrosos. Na versão original, A Bela Adormecida, por exemplo, foi violada por um anão durante o sono. Isso acontecia porque, naqueles tempos, essas não eram exatamente histórias infantis. Naquela época não havia distinção entre infância, adolescência e idade adulta. Esses contos eram galhofas, que serviam para unir a comunidade. Tanta inspiração nascia do cotidiano: a segurança da casa e da aldeia opunha-se aos perigos da estrada e da floresta, como em Chapeuzinho Vermelho. A crueldade fazia parte do roteiro pois era pobreza e morte que se esperava do mundo no século 16. A fome, o maior mal daquele tempo, protagonizava muitas das narrativas, como em João e Maria, em que os pais abandonam as crianças na floresta por não ter como alimentá-los. No caso da história de João e Maria tem a parte da preocupação dos adultos com a fome que assolava a todos e das crianças que temiam ser abandonadas. Tudo começa a mudar e os contos começam a ter nuances de contos de fadas com final feliz no final do século 18, quando se começa a fazer distinção entre a infância e a vida adulta. E é nesse momento da história que entraram em ação Perrault, os irmãos Grimm e, mais tarde, Andersen. Eles não foram os primeiros a passar para o papel as histórias dos camponeses, mas foram os mais bem-sucedidos em sua adaptação ao gosto da nobreza e das crianças. Perrault, por exemplo, incluiu comentários sobre os costumes e a moda das elites em suas versões para dar uma cara à nação francesa. O que o escritor fez em seu Contos da Mamãe Gansa, de 1697, de certa forma foi o que os contadores faziam nas aldeias: adaptou um fio condutor comum a sua realidade, eliminando detalhes violentos ou de conteúdo sexual – e incluindo a “moral da história”. A adaptação ao gosto do contador, aliás, é uma marca que atravessa os tempos. Em uma história da China do século 9, por exemplo, uma moça chamada Yeh-Hsien é ajudada por um peixe mágico, que lhe dá chinelas de ouro para a festa da aldeia. Na volta para casa, ela perde uma das chinelas, que vai parar nas mãos do governante. No fim, o chefe local apaixona-se pelos pés pequenos de Yeh-Hsien, em consonância com os costumes chineses de enfaixar os pés das meninas para que não crescessem. As diferenças culturais estão claras, mas pode-se reconhecer as origens de Cinderela no conto.Quando uma história é narrada de forma oral, normalmente é adaptada a realidade do momento. É, quem contaum conto sempre aumenta um ponto, seja na China do século 9, na França do século 18 ou nos dias de hoje. Chapeuzinho Vermelho Na França do século 18, Chapeuzinho Vermelho não usava um chapeuzinho vermelho. E o Lobo matava a vovó, enchia uma jarra com o seu sangue e fatiava sua carne. Quando a menina chegava, ele, já travestido, mandava que ela se servisse do vinho e da carne. Depois, pedia à menina para se deitar nua com ele. A cada peça de roupa que tirava, Chapeuzinho perguntava o que fazer, e o lobo respondia: “Jogue no fogo. Você não vai precisar mais”. E ela não perguntava dos olhos, orelhas ou nariz do algoz. Dizia, sim: “Ah, vovó, como você é peluda!”, ao que ele respondia: “É para me manter mais aquecida”. Citava ainda seus ombros largos e suas unhas compridas, em comentários sensuais, antes de dizer: “Ah, vovó! Que dentes grandes você tem!”. E a história terminava com o lobo devorando a garota. Sem caçador para salvá-la, sem final feliz e sem medo de mexer com tabus. Na versão dos irmãos Grimm, do início do século 19, não tem banquete canibal, nem strip-tease ou mortes. Chapeuzinho, incitada pelo Lobo, desvia-se do caminho para colher flores. Enquanto isso, o lobo devora a vovozinha e veste suas roupas. Quando a gorota chega, faz as perguntas clássicas: Por que a senhora tem orelhas tão grandes?” É para te ouvir melhor”, responde o Lobo, e assim sucessivamente, passando pelos olhos, o nariz e as mãos, até a pergunta fatal: “Por que a senhora tem essa boca enorme? “É para te comer!”, diz o Lobo, devorando-a. Os Grimm incluíram na trama ainda a figura do caçador, que corta a barriga do Lobo e liberta a avó e a neta. Chapeuzinho então joga pedras na barriga do Lobo, que morre. E aprende a obedecer a mãe, a andar sempre no caminho certo e a não dar papo para lobos…
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