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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA ANGELLA MACARIO AS TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA RELACIONADAS COM OS SINTOMAS DO TDAH INFANTIL SÃO PAULO 2016 ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC CURSO PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA ANGELLA MACARIO AS TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA RELACIONADAS COM OS SINTOMAS DO TDAH INFANTIL Projeto de Pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso de Acupuntura avançada. Apresentado à EBRAMEC –Escola Brasileira de Medicina Chinesa, sob orientação do (a) Prof. Fábio Fonseca SÃO PAULO 2016 Macario, Angella. AS TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA RELACIONADAS COM OS SINTOMAS DO TDAH INFANTIL. São Paulo, 2016. 66p. Monografia – Ebramec - Curso de Especialização em Acupuntura. 1. Psicologia 2. Acupuntura 3. Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade Infantil ANGELLA MACARIO AS TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA RELACIONADAS COM OS SINTOMAS DO TDAH INFANTIL BANCA EXAMINADORA ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Fábio Fonseca ORIENTADOR Reginaldo De Carvalho Silva Filho Co-Orientador Angella Macario São Paulo, ___ de _____________de ___ AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado forças para seguir em frente com meus estudos, à minha mãe por ter me apoiado, nessa trajetória. Agradeço as minhas queridas e amadas filhas Marcella e Marianna, pelo carinho, pela paciência, por abrirem mãos tantas vezes da minha presença, deixando-me livre para dedicar-me ao trabalho, o que me fez muito feliz. Agradeço ao João que me acompanhou e se mostrou presente com total atenção e generosidade durante todo trabalho e ao meu professor e orientador Fábio Fonseca que me motivou para que esse estudo acontecesse da melhor forma possível. Resumo O Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade Infantil é um distúrbio mental crônico que costuma iniciar pela infância e segue um padrão de desenvolvimento durante toda a vida do indivíduo. Atualmente, entre os transtornos diagnosticados por fontes de encaminhamentos variados em crianças de 0 a 13 anos, 2% a 5% apresentam diagnóstico de Transtorno Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH). As pesquisas extensas realizadas na China revelaram que a Acupuntura é altamente eficaz, sendo tão utilizada quanto a medicina tradicional e moderna. O presente estudo teve como objetivo descrever os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Infantil utilizando a bibliografia do campo da Ciência Psicológico- ocidental e propôs uma relação desses sintomas com os possíveis desequilíbrios atribuídos às energias Yi n e Yang e aos chamados Sistemas da Medicina Chinesa – Acupuntura. Para esse objetivo conceituou-se o TDAH - sua história, etiologia e diagnóstico - utilizando autores contemporâneos ocidentais da psicologia e das neurociências. Os principais sintomas da síndrome foram descritos. Além da descrição da história, das bases filosóficas da Medicina Chinesa – Acupuntura, das escolas Yin e Yang e dos Cincos Elementos. Pode-se concluir que ao relacionar os sintomas (Vento) com a escola Yin e Yang, nota-se que a energia Yang aparece aumentado nesses casos em detrimentos das energias Yin. Em relação aos sistemas, foi constatado maior envolvimento do Fígado(Gan), Coração(Xin) e Rim(Shen) que podem apresentar desequilíbrio nos ciclos de geração e inibição. Palavras-chave: Psicologia. Acupuntura. Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade Abstract The Attention Deficit Disorder / Hyperactivity Children is a chronic mental disorder that usually starts in childhood and follows a pattern of development during the life of the individual. Currently, among the disorders diagnosed by various sources of referrals for children 0-13 years, 2% to 5% have a diagnosis of Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). The extensive research conducted in China show that acupuncture is highly effective, being so used as traditional and modern medicine. The present study aims to describe the symptoms of Attention Deficit Disorder / Hyperactivity Children using the bibliography of the field of psychological science-Western and propose a relationship between these symptoms with possible imbalances attributed to Yin and Yang and the so- called systems of medicine traditional Chinese - Acupuncture. For this purpose, it was determined ADHD - its history, etiology and diagnosis - using contemporary Western authors of psychology and neuroscience. The main symptoms of the syndrome were described. Besides the description of the history, philosophical foundations of Chinese Medicine - Acupuncture, schools Yin and Yang and the five elements. It can be concluded that the symptoms relate to the school Yin and Yang, note that the Yang energy was increased in these cases to the detriment of Yin energy. In relation to the systems, we found greater involvement of the liver, heart and kidney that may present imbalance in the cycles of generation and inhibition. Keywords: Psychology. Acupuncture. Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Sumário 1 Introdução .................................................................................................................... 9 2 Transtorno Déficit de Atenção/Hiperativisade Infantil ........................................... 12 2.1 Descrição dos Sintomas ............................................................................................ 19 3 Medicina Chinesa – Acupuntura ................................................................................ 20 3.1 Escola Yin e Yang ...................................................................................................... 28 3.1.1 O Diagnóstico Energético na Escola Yin e Yang ................................................... 30 3.2 Escola dos Cinco Movimentos .................................................................................... 33 3.2.1 Sistemas ..................................................................................................................... 37 3.2.2 O Diagnóstico e a Escola dos Cinco Movimentos ................................................. 3.2.3 As Entidades Viscerais ............................................................................................ 3.2.4 Diagnose na Medicina Chinesa – Acupuntura ..................................................... 4 Possíveis Relações entre os Sistomas do TDAH e as Teorias de Base da MC ......... 4.1 Descrição dos Sintomas TDAH e a Escola Yin Yang .............................................. 4.2 Descrição dos Sintomas TDAH e a Escola dos Cinco Movimentos ........................ 5 Conclusão ........................................................................................................................44 49 53 55 55 56 Referências......................................................................................................................... 63 58 9 1 Introdução Nas últimas duas décadas, um dos principais problemas observados no processo pedagógico é o conjunto de comportamentos comumente agrupados sob o diagnóstico de Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade Infantil (TDAH). A Hiperatividade ou Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade Infantil (TDAH) é um distúrbio comportamental, não uma doença, ou seja, o TDAH Infantil é um distúrbio real, embora só tenha chamado a atenção de médicos e profissionais da área recentemente (JONES, 2004). O Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos mentais diagnosticados com maior freqüência em crianças, sendo responsável por 30% a 40% dos encaminhamentos para clínicas de orientação infantil, pediátricas, de atendimento familiar e de clínica geral (CONNERS, 2009). Para os especialistas, as diferentes apresentações do TDAH dificultam sua definição. No entanto, existem controvérsias, sobre o fato de o TDAH, ser um único transtorno, ou uma gama de transtornos distintos. Essa compreensão mudou radicalmente ao longo dos anos, com definições que variam de um transtorno com bases neurobiológicas até um transtorno causado por aprendizado social e pelo ambiente. Apesar de os índices variarem em razão das diferenças entre os sexos e em relação à fonte responsável pelo encaminhamento da criança, estimativas recentes apontam para índices entre 2% e 5% para crianças em idade escolar, que apresentam sintomas marcantes e bem definidos de TDAH Infantil, e um índice de prevalência entre 1 milhão e 3 milhões para crianças que possam apresentar o transtorno em algum momento da vida (CONNERS, 2009). Esses dados demonstram que cada vez mais crianças sofrem de hiperatividade. Como crescem os números, aumentam também as dúvidas e aflições quanto à forma adequada de tratar esse problema vivenciado, por pais, educadores e profissionais da área de saúde. Muitos desses pais ou responsáveis buscam ajuda na clínica, quando são encaminhados por educadores, após os filhos apresentarem quadros de desatenção, agitação, impulsividade e estresse de comportamento inconstante e imprevisível, entre outros sintomas não relatados. 10 O Transtorno Déficit de Atenção é caracterizado por desatenção, distração, hiperatividade e impulsividade (BARKLEY, 2005). È o transtorno psiquiátrico mais comum na infância, cuja prevalência situa-se em crianças em idade escolar, sendo mais freqüente em membros do sexo masculinos (GOLFETO; BARBOSA, 2003). Segundo a Medicina Chinesa - Acupuntura, o indivíduo adoece e assim apresenta sinais e sintomas de seu desequilíbrio, então na visão oriental não se separa o homem em partes como aqui no ocidente, pois ele é um todo. Tomando por base esse raciocínio, é preciso entendermos o caminho que iremos fazer, para a partir dos sintomas apresentados acima, no Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade Infantil caminharmos para o entendimento sob a ótica Oriental sem perder a referência que é a Medicina Chinesa. A técnica da Acupuntura é o método milenar e integrante da Medicina Chinesa, que tem como objetivo a arte de curar, cujo espírito está vinculado às concepções cosmogênicas chinesas na qual se faz a inserção de agulhas metálicas em pontos preciso do corpo, segundo leis decorrentes dessas mesmas concepções (TYMOWSKI, 1986). Nesse trabalho seguiremos um percurso contrário, no qual através dos sintomas descritos na medicina ocidental, buscaremos a possibilidade de relacioná-los, utilizando os preceitos das teorias de base da Medicina Chinesa - Acupuntura que são: a Escola Yin e Yang e a Escola dos Cinco Elementos, para atrelarmos esse distúrbio (TDAH) da visão ocidental para entendermos no campo da ótica oriental. Com base nos dados citados anteriormente, o presente estudo teve como objetivo conhecer, por meio de material bibliográfico pesquisado, como é feito o diagnóstico e o tratamento da TDAH, na visão Ocidental sob a ótica da Psicologia, e conhecer como pode-se tratar o Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade na visão oriental, a partir da medicina chinesa/ Acupuntura. Para esse estudo, foi necessário compreender no campo da Psicologia no Ocidente, como isso acontece, e seguiu com a história, histórico da nomenclatura e etiologia, diagnóstico e tratamento. Essa pesquisa se deu por meio consultas a artigos científicos, livros específicos da área de comportamento, Psicologia e Acupuntura. Atualmente, creches, escolas (da rede pública ou privada), pais, psicólogos, recorrem cada vez mais, com mais freqüência, e mais precocemente aos psiquiatras e serviços de psiquiatria. Não é incomum encontrarmos professores de escola de elite paulistana impressionados com a grande quantidade de alunos usuários de “Ritalina” 11 (medicação usada para tratar o TDAH, segundo classificação e indicação do CID10) então a medicalização é cada vez mais freqüente em nossas crianças nos dias de hoje Assim a Acupuntura, técnica de Medicina Chinesa (MC), apresentada entre outras terapias alternativas, tem sido utilizada, segundo Maggie Jones (2004), pesquisas extensas realizadas na China mostraram que a Acupuntura é altamente eficaz, sendo tão utilizada quanto a medicina tradicional e moderna. Portanto, o uso da técnica de Acupuntura está sendo abordada como opção para tratar a hiperatividade infantil, obtendo resultados muito satisfatórios na melhora da qualidade de vida das crianças, e assim, fugir da medicalização que está instituída em nosso meio. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é hoje um dos temas mais estudados em crianças em idade escolar. Estima-se que ele apresente uma das principais fontes de encaminhamento de crianças ao sistema de saúde (BARKLEY, 2008). Apesar de existir muitas terapêuticas na visão Ocidental/Psicologia, ainda pode- se oferecer outra terapêutica alternativa às crianças portadoras de Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade, deste modo, é de extrema importância e relevância que se procurem tratamentos alternativos à Medicina Ocidental, visando à preservação da qualidade de vida do indivíduo. Assim como, utilização da Acupuntura, já que a mesma é um dos ramos da Medicina Chinesa. 12 2 Transtorno Déficit de Atenção/Hiperativisade Infantil Cada vez mais cedo, crianças têm sido encaminhadas e medicadas como hiperativas e ou desatentas (TOLEDO SIMÃO, 2003). No contexto escolar, a hiperatividade e/ou déficit de atenção apresenta-se como justificativa corrente para o fracasso escolar de um número expressivo de crianças, atribuindo-se a elas a responsabilidade por não aprender e isentando de análise o contexto escolar e social em que estão inseridas (EIDT, 2004). Segundo Louzã Neto (2010), a alta freqüência de diagnóstico de TDAH conduz a uma reflexão clínica do processo de avaliação, intervenção, além de práticas educativas no acompanhamento de crianças, tanto na família como no sistema de educação. As mudanças na família, a sofisticação do sistema de comunicação, o alto número de crianças por sala de aula, constituem-se apenas em alguns dos potenciais fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos de riscos, os quais podem ser precipitadamente classificados em diagnósticos psiquiátricos (NEVES, 2008). O TDAH é uma condição neurobiológica que apresenta três características principais: Desatenção, Hiperatividade e a Impulsividade. Características que podem se apresentar de modo isolado ou combinado, e que prejudicam a aprendizagem, o convívio social e familiar, gerando dificuldades emocionais em seus relacionamentose baixo desempenho escolar (ROHDE, 1999). Ninguém passa a ter o TDAH quando adulto. Este transtorno se manifesta desde mais terna infância. Sua prevalência é estimada de 2% a 5% entre crianças em idade escolar. A prevalência de crianças portadoras do TDAH encontradas aqui no Brasil, até o momento, é compatível com as citadas nas literaturas internacionais. Sendo que há uma preponderância do sexo masculino sobre o feminino com transtorno hiperativo, mas nenhuma pesquisa explica o porquê desta proporção que varia de 4:1 a 9:1 (BARKLEY, 2002). Sabe-se que até 2/3 das crianças com TDAH na infância terão sintomas por toda vida. Esses dados são tanto mais alarmantes na medida em que a análise a respeito do TDAH aponta dificuldades para o diagnóstico e a intervenção, pois falta clareza sobre o que é esse quadro clínico e sobre o que o demarca de outros quadros com sintomas 13 semelhantes. Constata-se ainda a inexistência de estudos consistentes acerca das conseqüências futuras do uso de estimulantes em crianças (BARKLEY, 2002). Um dos aspectos mais inquietantes do TDAH para os pais é que ele evolui com o crescimento da criança. O que funcionou aos 6anos pode não funcionar com a idade de 16. Até 80% das crianças em idade escolar com diagnóstico de TDAH continuarão a ter a doença na adolescência, e entre 30 e 65% continuarão a apresentá-lo na vida adulta, dependendo de com o transtorno é definido em cada caso particular (BARKLEY, 2002). Embora o termo TDAH seja corretamente utilizado em contextos clínicos, acadêmicos, familiares e sociais, esta nomenclatura sofreu grandes alterações nas últimas décadas, sobre tudo em função de uma melhor compreensão de suas bases etiológicas e de tratamento. No início do século XX, o interesse pelo TDAH parece ter sido curiosamente despertado em decorrência de um surto de encefalite ocorrido na America do norte entre os anos de 1917 e 1918. As crianças que sobreviveram a encefalite passaram a apresentar grande parte da sintomatologia que hoje faz parte do diagnostico TDAH, incluindo inquietação, desatenção e impulsividade. Mesmo não conclusivos e com uma terminologia marcadamente medica, diversos trabalhos foram publicados a respeito (BARKLEY, 2008). No final da década de 1930 e por todo o período da segunda guerra mundial, inúmeros casos de traumas cerebrais, acompanhados de sinais de desatenção, inquietação e impaciência, pareciam se beneficiar deste tratamento. O transtorno foi denominado de Lesão Cerebral Mínima sendo explicado a partir de uma lesão do sistema nervoso central (BENCZIK, 2002). Os sintomas eram semelhantes aos causados por infecção ou dano cerebral (BENCZIK, 2002). O fato de os primeiros tratamentos farmacológicos com estimulantes aliviaram o quadro e encorajou diversos estudiosos na proposição de alguma relação com alterações no sistema nervoso. Em 1968, o Manual Diagnósticos e Estatístico das Doenças Mentais – DSM - II- incluiu as “desordens comportamentais da infância e adolescência”, e passou nomear esse transtorno de Reação Hipercinética – níveis excessivos de atividade. O DSM –III (APA, 1980), na década de 1970, introduziu a denominação Distúrbio do Déficit de 14 Atenção (DDA) com ou sem Hiperatividade. Era consenso priorizar a desatenção, embora a hiperatividade fosse à classe de comportamentos enfatizada. Em 1987, voltou a enfatizar a Hiperatividade e alterou a nomenclatura para Distúrbio de Déficit de Atenção e Hiperatividade (BENCZIK, 2002). Em 1993, a Classificação Internacional de Doenças - CID-10 (OMS, 1993) manteve a nomenclatura. Sendo Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade a nomenclatura brasileira utilizada (BARKLEY, 2008; BENCZIK, 2002). O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Não somente para se obter o diagnóstico de TDAH, mas para se determinarem, ou eliminarem, fatores coexistentes de importância para o tratamento. A criança deve então ser avaliada por um psicólogo, um fonoaudiólogo, um psicopedagogo e um neurologista. É de grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da criança, bem como sobre suas características psiconeurológicas, sua performance e o repertório já adquirido. Informações sobre métodos de ensino pelos quais a criança foi submetida também são de grande significação (ARAÚJO, 2002). O diagnóstico do TDAH é fundamental clínico (ARAÚJO, 2002; ROHDE, 2000), usualmente apoiado em critérios operacionais de classificatórios o como DSM- IV e o CID-10 (OMS, 1993), com o auxílio de exames neurológicos (BARKLEY, 2002; ROHDE, 2004). O critério do DSM-IV envolve a análise da freqüência, intensidade, amplitude (persistência em mais um contexto) e duração (pelo menos seis meses) da tríade sintomática desatenção- hiperatividade- impulsividade. A desatenção se manifesta por mudanças freqüentes de assunto, falta de atenção no discurso alheio, distração durante conversas, desatenção ou não cumprimento de regras em atividades lúdicas, alternância constante de tarefas, além de relutância no engajamento de tarefas complexas que exijam organização. A hiperatividade caracteriza-se pela fala, movimentação diurna e noturna (durante o sono) de forma excessiva, dificuldade de ficar sentado, enquanto a impulsividade envolve o agir sem pensar, mudança de atividades, dificuldade de organizar trabalhos, dificuldade do sujeito esperar sua vez em atividades lúdicas ou em situações de grupo. Estes sintomas devem ser acompanhados de prejuízos significativos no desenvolvimento do indivíduo (critério funcional), estar presente em pelo menos dois (critério contextual) e ocorrer antes dos sete anos (critério temporal, um marcador não excludente). O diagnóstico deve ser refeito a cada semestre, sugerindo aspecto 15 dinâmico e transitório do transtorno. A relação entre desatenção, hiperatividade e impulsividade, no transcorrer dos últimos seis meses, pode resultar em diferentes subtipos de diagnóstico de TDAH e a marcação temporal de seis meses parece ser importante. De acordo com o DSM-IV (APA, 2003) três subtipos do transtorno foram definidos para o TDAH, com predomínio de: (1) desatenção, (2) hiperatividade/impulsividade e (3) combinado. Assim, é possível um diagnóstico que acuse a presença ou não de hiperatividade. Combinado se caracteriza pela presença de seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais sintomas de hiperatividade- impulsividade. A maior incidência em crianças e adolescentes é do tipo Combinado, não havendo dados acerca dos adultos (APA, 2003). O TDAH predominantemente Desatento é caracterizado por seis ou mais sintomas de desatenção e por menos de seis sintomas de hiperatividade-impulsividade. O TDAH predominantemente Hiperativo- Impulsivo deve preencher seis ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade e menos de seis sintomas de desatenção. Os subtipos parecem apresentar características clínicas distintas e perfil de comorbidade. Faraone, Biederman, Weber e Russell (1998) constataram que o subtipo TDAH combinado apresentava maiores prejuízos funcionais do que os demais, sendo que o subtipo TDAH Desatento exige maior auxílio extraclasse, no que se refere às atividades acadêmicas. São prejuízos funcionais, observados no TDAH Desatento déficits de aprendizagem mais intensos, mais freqüentes nas mulheres. As crianças apresentam maior isolamento social e retraimento, somando às altas taxas de depressão e ansiedade (ROHDE, 2000). O TDAH Combinado apresenta maior comprometimento nas relações sociais, reagindo de forma mais agressiva em situações aversivas e no contexto acadêmico (BARKLEY, 2002). De forma semelhante, o subtipo TDAH Hiperativo/ impulsivo apresenta um maior comprometimento nos relacionamentos sociais e índices mais elevados de agressividade e de transtorno de conduta (MATTOS, 2001).Os altos índices de comorbidade no diagnóstico do TDAH, em aproximadamente 50% dos casos, envolvem riscos tanto para o diagnóstico diferencial quanto para o tratamento (BARKLEY, 1998; MATTOS, 2001). 16 O psicodiagnóstco e seu produto final, que é a descrição diagnóstica, permite identificar, entre outros atributos, o tipo de orientação ideológico-científica a respeito da causação do comportamento humano que o diagnosticador adota (BARKLEY, 2002). O TDAH parece resultar de uma combinação complexa de fatores genéticos, biológicos, ambientais e sociais. Ao destacarem fatores genéticos no TDAH, alguns estudos indicam marcadores fenotípicos familiares (MATTOS, 2000). Segundo o modelo Barkley (1997), a desatenção no TDAH deriva do mau funcionamento das funções executivas, caracterizando-se principalmente por uma dificuldade em inibir comportamentos e de controlar as interferências. As conseqüências da falha neste processo inibitório seriam responsáveis pelas sintomatologias de baixa tolerância à espera, alta necessidade de recompensa imediata, falta de um comportamento governado por regras, falha na previsão das conseqüências e emissão de respostas, porém imprecisas (BARKLEY, 2002). Do ponto de vista neuroquímico, parece haver consenso da participação predominante da Dopamina e da noradrenalina, sobretudo pelo fato das principais drogas utilizadas no tratamento do TDAH atuarem como agonistas indiretos desses neurotransmissores, a exemplo dos psicoestimulantes da classe das anfetaminas. O reconhecido papel exercido pela noradrenalina na tenção e da dopamina nos centros motores reforçam essa idéia. A etiologia do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é incerta. Enquanto alguns pesquisadores afirmam que o transtorno é fundamentalmente genético e neurobiológico, outros defendem que ele é essencialmente ambiental (LAMBERT; KINSLEY, 2006). Por um lado, pesquisas estimam que a herdabilidade do TDAH é superior a 70%, o que sugere uma forte influência genética (RHODE; HALPERN, 2004). Por outro lado, autores como o psiquiatra Richard Restak (2003) e o psicólogo e farmacologista Richard DeGrandpre (2000) asseveram que o TDAH é um problema eminentemente ambiental, produto de uma cultura extremamente acelerada e marcada por maciça estimulação sensorial. O tratamento do TDAH requer uma abordagem múltipla, englobando intervenções psicoterápicas e farmacológicas (ANASTOPOULOS, RHOADS; FARLEY, 2008) com a participação de múltiplos agentes sociais como pais, outros familiares, educadores, profissionais de saúde, além da própria criança. 17 Três tipos de tratamento do TDAH têm sido empregados: farmacológica e comportamental e a combinação das terapias farmacológica e comportamental (SWANSON, 2001), sendo este último considerado como a forma mais eficaz (JESSEN, 2001). Segundo Barkley (2008), a adição de fármacos estimulantes promove uma amenização dos sintomas motores, impulsividade e desatenção e uma elevação das interações sociais e desempenho acadêmico, as voltas com um estilo de vida hiperativo, nós, adultos, temos poucas oportunidades de dar atenção às nossas crianças e jovens: filhos, alunos, pacientes. A propósito, o doutor Florêncio Escardo tinha uma frase que é muito pertinente: quanto mais escuto as crianças, menos necessidade tenho de medicá- las (ISAIAS, 2007). Os medicamentos de uso prolongado apresentam vantagens no que se refere à manutenção dos efeitos terapêuticos ao longo do dia e diminuição dos efeitos colaterais (HEGER, et al 2006), além de favorecer a adesão terapêutica e evitar o uso da medicação na escola (CORREIA FILHO, PASTURA, 2003; HEGER, et al. 2006; ROTTA, 2006). A eficácia do uso destes psicoestimulantes no tratamento do TDAH tem sido sustentada por dados que indicam melhora no desempenho em teste de tempo de reação e de atenção concentrada (KLORMAN, 1991). A medicação tem sido utilizada nos períodos escolares, sendo comumente suspensa aos finais de semana e férias. A interrupção visa amenizar os efeitos colaterais de longo prazo e, em curto prazo, os efeitos secundários. Entre os efeitos de curto prazo mais freqüentes, observa-se a redução de apetite, anorexia, insônia, ansiedade, irritabilidade, labilidade emocional, cefaléia e dores abdominais. Com menor freqüência verificam-se alterações de humor, tiques, pesadelos e isolamento social (BARKLEY, MCMURRAY, EDELBROCK; RBBINS, 1990). O tratamento psicoterápico tem se mostrado útil ao trabalhar com todo o contexto social da criança diagnosticada (pais e professores). Toda e qualquer intervenção psicológica é realizada no campo das relações do organismo com o ambiente. O terapeuta fornecerá informações sobre o TDAH, promovendo alterações ambientais que favoreçam o desenvolvimento da criança. A interação terapeuta-pais voltada para as práticas educativas é um dos alvos com os resultados mais positivos, auxiliando na alteração de práticas educativas aversivas (BENCZIK, 2002). A educação 18 sobre o transtorno para as crianças, pais e professores constitui uma parte fundamental das terapias comportamental e ou cognitivas. A análise do comportamento, além de promover uma intervenção psicoeducativa, contribui de forma significativa, para o estudo desta síndrome ao demonstrar que manipulações nas variáveis ambientais podem promover alterações nos padrões comportamentais de impulsividade, hiperatividade, hiperatividade e desatenção (BERNARDO, 2004). A identificação destas variáveis contribui para desfazer rótulos prévios que frequentemente acompanham as crianças e que não favorecem um engajamento em novas contingências e o desenvolvimento de novos padrões comportamentais. Baseado na análise funcional e histórica dos comportamentos apresentados pela criança com TDAH, diversas técnicas têm se mostrado úteis. A terapia cognitiva apóia-se na compreensão de que o TDAH é função de um quadro de deficiência de estratégias cognitivas. Para tal, prioriza-se o seu desenvolvimento por meio de intervenções como: auto-instrução, registro de pensamentos disfuncionais, solução de problemas, auto-monitoramento, auto-avaliação e planejamento e cronogramas. Considerando a complexidade das diversas variáveis determinantes do TDAH, o atendimento de crianças com este diagnóstico tem sido feito preferencialmente por equipes multidisciplinar, sendo importante ressaltar que as concepções de desenvolvimento influenciam a avaliação e a intervenção (BIJOU; BAER, 1978). Na análise do comportamento, o conjunto de todas as interações do organismo e seu ambiente irá compor a história de desenvolvimento, sendo essa ideográfica. Contudo, este conjunto de mudanças nas interações organismo-ambiente promove relações funcionais que podem ser favoráveis ou de risco, para o organismo e seu ambiente. Crianças com diagnóstico TDAH apresentam uma história com múltiplas interações bidirecionais entre o organismo e ambiente físico e social o qual reforçou (produziu) e mantém um padrão comportamental de desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade. Nas trocas interdisciplinares entre a psicologia e a medicina, ressalta-se que o diagnóstico psiquiátrico no contexto contemporâneo é caracterizado por um “diagnóstico continuado”, a partir de várias sessões de observação e de trocas interdisciplinares entre a psiquiatria e a psicologia, no decorrer do processo de 19 desenvolvimento de crianças (CIASCA, 1994). Há riscos em posições extremas do continuum de diagnóstico – do nunca diagnosticar ao sempre diagnosticar. O equilíbrio neste continuum dependerá de trocas efetivas entre profissionais de saúde, educação, além da família visando a promoção da satisfação do repertório comportamental das crianças, para além de uma visão linear de eliminação de comportamentos inapropriados. 2.1 Descrição dos Sintomas Segundo Conners (2009) ossintomas mais característicos que as crianças apresentam são: Comportamento destrutivo com brinquedos e objetos de casa; Excitável; hiperativo; irrequieto; barulhento; agressivo; teimoso; Explosão de raiva, demonstra agressividade; Tendência a acidentes, impulsivo; Curiosidade insaciável; Exigência na atenção dos pais; Dificuldade para completar tarefas de desenvolvimento Sono diminuído ou agitado; Retardo no desenvolvimento motor ou de linguagem; Dificuldades familiares e de relacionamento com colegas; Distrai-se facilmente enquanto realiza tarefas; Pouco organizado; Constantemente entediado; Interrompe; não espera a sua vez; A maioria das crianças não demonstram os sinais e sintomas do Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade em todas as situações escolares ou em outras atividades no seu cotidiano. Devem aparecer pelo menos 6 (seis) sintomas e por 6 (seis) meses para que seja feito o diagnóstico de Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). 20 3 Medicina Chinesa - Acupuntura A Medicina Chinesa existe a mais de cinco mil anos e mesmo tendo surgido há tanto tempo, continua evoluindo. Ela visa a prevenção, tratamento e a cura de doenças utilizando-se de várias técnicas como fitoterapia, dietoterapia, práticas corporais como Tai Chi Chuan e o Qi gong, Acupuntura e moxabustão (Wen,2006). A Medicina Chinesa é fundamentada no conceito Taoista de integridade e unidade do todo, sendo “a unidade do organismo humano em si e a unidade maior do ser humano com a natureza”, (TYMOWSKI,1986 apud SILVA2007). Campiglia (2004), afirma que o Tao é uma filosofia de vida,é absoluto, porém, quando dividido dá origem aos dois principios opostos e complementares, que os chineses chamam Yin e Yang, duas forças primordiais da natureza. Segundo autores, a Acupuntura é um dos ramos da Medicina Chinesa, e é também um sistema complexo de tratamento médico que visa prevenir e tratar doenças através do equilíbrio de energias circulares do corpo pelo princípio de que o homem deve estar em harmonia com essas forças primordiais da natureza, o Yin e o Yang. (CAMPIGLIA, 2004; VECTORE, 2005 e SILVA, 2007 apud SILVA, 2010) Acupuntura é um método terapêutico milenar e parte integrante da Medicina Chinesa (MC), nasceu ao norte do mar da China no fértil vale do Rio Amarelo e estendeu-se progressivamente a todo o Império Chinês, espalhando-se pelo Continente Asiático expandindo, principalmente na Coréia e no Japão, no século XVII ampliou-se até os confins da Eurásia e da África para finalmente avançar para o mundo ocidental (TYMOWSKI, 1986). Esse método tem como prática, a inserção e manipulação de agulhas metálicas em mais de 360 pontos precisos do corpo humano. É utilizada, na maioria dos hospitais chineses e por alguns profissionais da saúde no oriente e ocidente, para aliviar a dor, e cura em diversas enfermidades. Atualmente, a prática existe no mundo inteiro e é crescente sua procura, em virtude, principalmente, da simplicidade da técnica, da sua eficácia, rapidez e busca do equilíbrio bio-psíquico dos pacientes. No Brasil, a técnica começou a ser praticada em 1810, pelos imigrantes chineses, e, mais tarde, em 1908, pelos japoneses. No início da década de cinqüenta, a Acupuntura foi introduzida no país por Frederico Spaeth, que foi um dos fundadores do 21 Instituto Brasileiro de Acupuntura – IBRA, atualmente denominado Associação Brasileira de Acupuntura – ABA. Blofeld (1979) nos explica que, para a cultura oriental, o Tao, como também é conhecido, é a manifestação que originou todas as coisas, uma força que está presente em tudo e em todos, a ordem, a totalidade, é o que rege as leis do universo. O Taoísmo, segundo Blofeld (1979), descreve um ciclo de produção (Sheng) e um de controle (ko), agindo sobre os elementos. Acredita-se que tudo o que pensamos ou conhecemos como realidade é um símbolo e um reflexo dos céus, de tal forma que, entendendo o relacionamento macrocósmico das coisas, poderemos entender o mesmo relacionamento numa escala menor, ou seja, entender primeiro o macro para poder compreender o micro, diferentemente do pensamento ocidental. No oriente existe a lenda do trigrama conhecido como Pa Kua, que simboliza o sistema universal. Acredita-se que tal símbolo foi entregue por um dragão ao velho sábio chamado Fo-Hi às margens do Rio Amarelo, na China. Fo-Hi costumava caminhar ao redor deste rio refletindo sobre o sentido das coisas, da vida, das pessoas. Ele teria sido o primeiro grande mestre, a ele atribuiu-se a elaboração dos conceitos chineses acerca do universo. Fo-Hi observou o Céu e a Terra e suas particularidades e nessa observação do universo levou Fo-Hi, em primeiro lugar, a concluir a existência de uma força: a energia (Qi), que rege os movimentos dos astros e os ciclos das manifestações da vida terrestre; depois, a formular as bases de dois grandes princípios, que se mantiveram até hoje como dogma fundamental do pensamento chinês: o princípio binário e o princípio quinário. Através de informações obtida em aula, o Pa Kua é um sistema abstrato, no qual o crescimento e o decréscimo do Yin e do Yang são transcritos por traços contínuos (Yang) e descontínuos (Yin). As linhas de traços correspondem ao Céu na área superior, a Terra na área inferior, e no meio correspondem ao Homem. Os chineses acreditam no princípio do Yin-Yang, o qual permite um raciocínio duplo sobre todas as categorias de fenômenos observadas. Outro sistema de classificação por meio do Yin-Yang é o que mais tarde foi chamado de as cinco fases, ou os Cinco Elementos. Os chineses classificaram todos os fenômenos observáveis reagrupando as manifestações, os 22 fenômenos e os movimentos, em conjuntos coerentes. Os nomes dados a esses elementos foram: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Então, pode-se concluir que a Medicina Chinesa rege três grandes princípios: O homem deve ser estudado como indivíduo único e completo; O homem responde ao Céu e a Terra (noções de Yin-Yang) e seu reflexo;. A vida do homem é regida pela regra dos Cinco Elementos. A Medicina Chinesa, assim como para a Acupuntura é a busca da integração e o equilíbrio entre o homem e as forças primordiais da natureza Yin e Yang, através do equilíbrio das energias circulantes Qi Xue promovem uma boa saúde, mas os desequilíbrios dessas energias vitais chamadas desarmonias, geram as síndromes ou conjunto de fatores patológicos que podem ser de origem interna ou externa ao organismo.( CINTRA F., 2010 apud ARREBOLA, 2012). Na Medicina Chinesa (MC) entende o homem como um ser único e integro, onde a parte psíquica (mente) é Yang e a parte física (corpo) é Yin, portanto essas duas partes constituem um mesmo ser, portanto indivisíveis essas duas partes integrantes do homem. Essa dualidade possui uma ação mútua constante essencial para que se mantenha a vida com saúde e em equilíbrio. A saúde do homem depende basicamente da harmonia desses dois elementos (Yang) sutil, psíquico e o (Yin) denso, físico. Para a (MC) a doença ocorre por três vias, ou seja, por ação externa (Vento, Chuva, Frio, Umidade, ou Calor), por ação interna (alimentação, sexualidade, afetividade, emoções) ou ainda por ação nem interna nem externa (armas brancas, acidentes). Não se prioriza as nomenclaturas de doenças, mas se dedica a individualidade de cada ser, tratando pessoas doentes, não as doenças especificamente. Para entendermos como funciona as energias é preciso conhecermos a filosofia Taoísta, na qual está pautada a (MC). Os fundamentosda Medicina Chinesa dependem da compreensão da filosofia taoísta, do conceito de energia e do estudo das relações entre o homem- o céu – e a terra. Tao é tudo o que existe e ao mesmo tempo nada. É o princípio da unidade. A palavra Tao poderá ser traduzida de diversas de formas. Literalmente, significa: falar, dizer ou conduzir. Poderia ser traduzido como “orientação da mente” ou “o caminho para a mente espiritual”, segundo Cirilo (2009). 23 O Taoísmo se utiliza do conhecimento das ciências, cosmologia, tchi kun, meditação, poesia, filosofia para que o indivíduo através do auto-conhecimento se torne uno com o universo. Foi um modo de vida quase desaparecido no mundo, foi criticado como superstição pitoresca e sem valor, tornou-se incerto depois do domínio comunista, e hoje raras pessoas mantém-se nesse caminho. Cirilo (2009) nos informa que o Taoísmo sofreu influências do conhecimento do “Livro das Mutações” – I Ching. Cirilo (2009) cita alguns elementos do Taoísmo que embasam a teoria da acupuntura – alguns destes elementos serão melhores abordados em capítulos futuros. O autor cita por exemplo, o Yin e o Yang, que segundo ele, é a conceituação e o estudo da dualidade energética. É citado também as Mudanças Cíclicas (transformações), as Cinco Atividades ou Elementos, os Três Tesouros que assim são definidos pelo autor as substâncias ou energias de imensa importância no taoísmo: Jing (essência), Chi ou Qi (energia) e Shen (espírito). Fala ainda sobre outro elemento, o Wu Wei, ou melhor, a não ação, explicando o não agir em determinadas circunstâncias, deixando a natureza fazê- la. A Serenidade é outro elemento importante, pois é o estado mais importante, como já vimos, para ser um Taoísta. A medida que o conceito sobre o taoísmo está mais claro, podemos avançar e relatar sobre a energia. Rocha (2005) diz que a Energia pode ser chamada de (Qi) ou (Chi) e pode ser traduzida superficialmente como energia vital. Trata-se da energia que permeia e anima todo o ser, em seu aspecto físico, mental e espiritual, é a energia propulsora de todo o movimento ou fenômeno do Universo. Compreende-se desta maneira, que é a energia responsável pelo nascimento de uma estrela, pela trajetória de um cometa, pelos batimentos de nosso coração e por todas as funções de nosso organismo, até o bater das asas de uma borboleta. Os antigos chineses observaram durante séculos, o movimento contínuo e harmonioso da natureza. A alternância dos ciclos, como noite e dia, as quatro estações, os estágios da vida: nascimento, maturidade e morte. Todos foram pacientes e meticulosamente estudados pelos sábios orientais. Também era seu relacionamento que os seres humanos, como parte da natureza, estão sujeitos ao mesmo movimento. Todo fenômeno do Universo e tudo o que se move necessita de energia e a energia passou a ser chamada de Qi. Segundo o autor citado acima, um dos primeiros passos a ser seguido pelo Acupunturista é a avaliação do estado do (Qi) energia no organismo do paciente, 24 mediante inspeção do corpo, que segue com exame da língua e a palpação dos pulsos. E a análise dessa energia é feita pela concepção chinesa de que a saúde é o resultado livre e abundante de Qi, sempre norteou os orientais na busca dos métodos terapêuticos que promovam ou estimulem o fluxo de energia. Acupuntura, fitoterapia, alimentação, massagem, artes marciais e exercícios respiratórios, constituem alguns recursos terapêuticos desenvolvidos para este fim. Para uma melhor compreensão do conceito de Qi, faz-se também importante levar-se em consideração que a energia que circula em nossos organismos é proveniente basicamente de duas fontes: Qi Pré-Natal ou Energia Ancestral e Qi Pós-Natal ou simplesmente Energia Qi. Segundo os antigos chineses, a Energia Ancestral é concedida no momento da concepção, pois ocorre não só a transferência dos traços energéticos dos pais para o futuro bebê. Então, essa energia herdada dos pais é chamada de Energia Ancestral, cuja função consiste em assistir o desenvolvimento do feto, durante a gestação, e nos primeiros anos de vida da criança. A Energia Ancestral fica armazenada nos Rins, como “essência”, que nutre todas as estruturas do organismo: ossos, dentes, medula espinhal e cerebral. Rocha (2005) explica que tradicionalmente, os chineses sempre valorizaram a saúde dos pais que se propõe a gerar uma nova vida, pois esse aspecto será levado em conta com grande importância para determinar a saúde criança e a forma que a mesma vai lidar com os seus desequilíbrios energéticos durante sua vida .Inclusive os orientais chegam a recomendar maneiras de se preparar para o ato sexual com o objetivo de gerar um novo ser. E acreditam que é de suma importância que os pais estejam em boas condições de saúde, não estejam esgotados após um longo dia de trabalho e, principalmente, não se encontrem sob efeito de álcool ou de drogas, pois diz o autor supracitado que “estar embriagado pode acarretar sérios danos à energia transferida a criança” (ROCHA,2005, p.23). Rocha (2005), diz: dada a possibilidade de algo sair errado, seria uma pena se só pudéssemos contar com o Qi que herdamos de nossos pais, porém há uma outra fonte: o Qi Pós- Natal. A energia Qi Pós- Natal, como o próprio nome sugere, é aquela que se adquire após o nascimento, pelo alimento que ingerimos e pelo ar que respiramos. Assim, não 25 há muito o quê fazer pela energia que herdamos de nossos pais, pelo menos é possível exercer algum controle sobre a qualidade do Qi. Quanto aos alimentos, os chineses sempre dedicaram atenção especial à qualidade daquilo que ingerimos, pois o alimento é considerado como a primeira medicina. E uma boa dieta bem equilibrada deveria ser o suficiente para manter nossa saúde e curar nossos desequilíbrios. A tradição chinesa diz que cada sabor encontra-se relacionado a um determinado grupo de órgãos, como já vimos anteriormente. O ideal é que, em uma refeição, tenhamos um pouco de cada um dos cinco sabores para que todos os órgãos principais sejam devidamente tonificados. Por outro lado, faz-se importante esclarecer que tudo o que é consumido em excesso torna-se prejudicial, por exemplo: se o Qi (energia) do Fígado(Gan) estiver em Excesso (hiperfunção), ingerir alimentos ácidos pode gerar mais desarmonia. Os chineses ensinam que nossas linhas mestras devem ser sempre a moderação e o bom-senso, quer sejam aplicadas à nossa alimentação ou a qualquer outra área de nossa vida. Rocha (2005) relata que para os chineses, o alimento é visto como fonte de energia e uma alimentação deficiente ou desequilibrada pode gerar problemas de saúde. A rigidez, seja ela física ou mental, constitui em si um desequilíbrio, então o uso de uma dieta rígida não é bem vista pela Medicina Chinesa. O equilíbrio entre o Yin e o Yang é caracterizado por “estado de saúde”. Velhos ditados chineses já diziam “O Yin e o Yang estão em harmonia, a saúde está preservada” (AUTEROCHE, 1992, p. 109). Segundo Auteroche (1992), um desequilíbrio do Yin e do Yang acarretará o aparecimento de uma doença, porém este aparecimento está igualmente ligado à existência de dois processos: Perda da resistência corporal por diminuição de uma energia vital ou Zheng Qi, também chamada de Qi Correto ou Qi reto; A influência de um agente patogênico sobre o organismo. Denominado de Xie Qi, ou Energia Perversa ou, ainda, Energia Nociva. O autor citado acima, explica que aparecimento e o desenvolvimento da doença será o reflexo da luta entre “O Correto” (O Reto) e o “Perverso” (O Nocivo). 26 A Medicina Chinesa dá muita importância à presença do Correto que determina o estado de saúde, pois quando o Correto está no interior, o Perverso não pode atingi-lo. Su Wen (Cap.33) apud Auteroche diz: “O Perverso aflui lá onde há Vazio de Correto”. Partindo com abase da filosofia de Fo-Hi, as principais causas para o ataque das Energias Perversas são os desequilíbrios energéticos entre o Yin e Yang e “falhas” na Energia de Defesa. As atividades dos Sistemas “Órgãos-Vísceras” e meridianos estão ligadas as funções orgânicas, então as enfermidades são os reflexos condicionados do mau funcionamento destes Sistemas. Em uma situação de equilíbrio do organismo, as seis energias fazem parte de seu funcionamento normal, porém com o desequilíbrio energético ela se torna Excessiva, ou seja, Perversa, podendo gerar sintomas e doenças. Uma vida levada de maneira desregrada, com sedentarismo, excesso de exercícios físicos, muito trabalho, vida emocional conturbada, condições climáticas desfavoráveis, dentre outros fatores que provocam desequilíbrio, pode dar origem a patologias, pois tudo isso contribui para uma queda nas Energias de Defesa, abrindo caminho para a entrada das Energias Perversas. Caso a Energia Perversa seja mais forte do que as Defesas, a entrada dela poderá ocorrer mesmo em pessoas saudáveis, isso será inevitável. A doença tem grandes relações com o clima da estação ou com o meio ambiente, desta maneira, na primavera, há muitas vezes, doenças do Vento; no Verão, muitas vezes ocorre doença da Canícula (Shu): Calor do Verão; no verão prolongado ou no início do outono ou após uma estadia prolongada em um lugar úmido, há muitas vezes doenças da Umidade; no meio do outono, ocorrem muitas vezes, doenças da Secura, e no Inverno, muitas vezes, doenças do Frio. Também pode-se considerar as emoções como causa de Desequilíbrio de nossas energias, segundo a Medicina Chinesa. Todos nós experimentamos um considerável leque de emoções ao longo de nossas vidas. Para Rocha (2005) as emoções são formas de energia, e diz que nas últimas décadas, a ciência moderna adquiriu considerável conhecimento sobre fisiologia, patologia e psicologia. A concepção dos Desequilíbrios Psicossomáticos, onde fatores emocionais seriam responsáveis pelo surgimento de certos distúrbios físicos, o qual justifica o grande avanço na compreensão do relacionamento Mente-Corpo-Emoção. 27 Para Auteroche (1992), o Excesso de uma emoção fere o Órgão, afeta essencialmente sua atividade funcional e acarreta um desregramento da “subida e da descida do Qi”, provoca desordem entre o Qi e o Sangue(Xue). O desequilíbrio do Yin e do Yang é a base do aparecimento e do desenvolvimento das doenças. As causas das doenças podem ser classificadas como externas; internas e nem internas, e nem externas, conforme pode-ser ser verificado a seguir. As causas consideradas externas podem ser devidas: - Enfermidades do Yin; - Alterações climáticas, extremos de temperatura; - Excesso de Calor-Fogo; - Excesso de Frio; - Excesso de Umidade; - Excesso de Sequidão; - Excesso de Verão. Já as causas consideradas internas, relacionam-se ao desequilíbrio das atividades psíquicas, podendo ser resumidas nos sete (7) sentimentos: - Alegria (Coração) (Xin); - Raiva (Fígado) (Gan); - Preocupação e Pensamentos (Baço Pâncreas) (Pi); - Tristeza (Pulmão) (Fei) - Medo e Pavor (Rim) (Shen). Quando acontece o desequilíbrio das emoções e essas são intensas, prolongadas, não expressas ou não reconhecidas, tornam-se patológicas e prejudicam o Órgão correspondente, pois ferem o mesmo causando a doença. Os distúrbios internos não sofrem algum tipo de “invasão”, mas partem discretamente dos Órgãos e Vísceras. As alterações causadas pelo desequilíbrio dos 7 (sete) sentimentos podem produzir disfunções nos meridianos principais, problemas na circulação da energia e, consequentemente, originar uma doença. 28 3.1 Escola Yin e Yang Tymowski (1986) nos explica que o Princípio Binário defende que tudo é ritmo e alternância no universo, sendo esse regido pela energia Qi, que se manifesta sob duas formas de energia alternantes e complementares: a Energia Yin e a Energia Yang. Na antiga China, as primeiras observações da filosofia Taoísta concluíram que a estrutura do ser humano era a mesma do universo. Dessa maneira, todos os fenômenos da natureza foram praticados em dois pólos opostos e complementares: o Yin e o Yang (WEN, 2006). Maciocia (1996), também aponta que o desenvolvimento de todos os fenômenos no universo é resultado de uma interação entre Yin e Yang e que cada fenômeno contém em si ambos os aspectos Yin e Yang, pode pertencer ao Yin ou ao Yang e cada um vai conter a semente do estágio oposto em si. Como exemplo disso, o autor cita a água dos lagos e oceanos que esquenta durante o dia e se transforma em vapor (Yang). À noite, quando o ar é mais frio, o vapor se condensa novamente (Yin). E o ciclo se repete novamente. Na mesma obra, Maciocia salienta que existem quatro aspectos relacionados ao Yin e ao Yang, sendo eles: Oposição do Yin ao Yang, Interdependência do Yin e Yang, Consumo Mútuo do Yin e Yang e Inter-relacionamento do Yin e Yang. Segundo a Medicina Chinesa, o homem responde ao Céu (Yang) e a Terra (Yin), ou seja, o homem visto como um todo, inserido no meio ambiente, está sensível a tudo que ocorre a sua volta, como o clima, as estações do ano, o Sol, a Lua. Tudo que Yin é frio, passividade, obscuridade, fragilidade, lentidão, solidez, dureza, feminilidade, enquanto tudo que é Yang é calor, atividade, flexibilidade, fluidez, expansão, claridade, rapidez, masculinidade. Essas duas forças alternam interpenetrando-se, o que permite dizer que nada é totalmente Yin ou totalmente Yang, sempre há um pouco de um no outro. O conceito do Yin- Yang é um dos mais importantes na Medicina Chinesa. Baseia-se na existência do Tao como força divina que dá origem ao Universo e que imprime leis e lógica à energia universal, permitindo que ela se organize, criando os planetas e as estrelas, os elementos da natureza e, por fim, a vida. Segundo Tymowski (1986) todas as explicações; lei do Yin e Yang, lei dos Cinco Elementos, apenas é possível e compreensível se supusermos a existência do Qi 29 (energia). A energia é o centro da análise na teoria Médica Chinesa, a tradição entende que todo o universo que todo o universo é constituído dessa energia (Qi) proveniente da constante relação de Yin e Yang. Mann (1994) diz que a polaridade é uma das percepções da Acupuntura. A via existe como resultado da harmonia entre dois extremos tanto no que se refere à qualidade como a quantidade. A saúde é resultado da harmonia entre muito e pouco. Para os chineses esses dois extremos são conhecidos como Yin e Yang e tudo o que existe está associada e esses princípios fundamentais. Segundo Wen (2006) todas as estruturas do organismo se encontram originalmente em equilíbrio pela ação das energias Yin e Yang. Pelo principio do Yin e Yang pode explicar os fenômenos que ocorrem nos Órgãos e Vísceras através dos conceitos de Superficial e Profundo de Excesso e Insuficiência, de Calor e Frio e assim se as energias Yin e Yang estiverem em equilíbrio o organismo estará saudável, mas se essas energias estiverem em Desequilíbrio ai estará à doença. Auteroche (1992) explica, na prática, não é possível separar as leis do Yin e do Yang as dos Cinco Elementos que estão em relação recíproca. Pois quando se trata de Yin e de Yang geralmente chega-se aos Cinco Elementos e quando se refere ao elementos não se pode separá-los do Yin e do Yang. O Yang atrai o Yin e vice-versa. Essa complementariedade se encontra por toda parte, podendo ser observada nos Ciclos do Dia e da Noite, onde se percebe que a meia noite, o Yin está no auge e neste momento nasce o Yang, que aumenta até o meio dia, quando está em seu máximo e é o momento em que o Yin começa a nascer. Assim, enquanto um cresce o outro vai decrescendo, encontra-se em permanente movimento (SILVA, 2009). Segundo Tymowsky (1986) As energias cósmicas Yin e Yang não sãoestáveis, elas intercalam-se, evoluem e transforma-se, a energia que se encontra no alto é a energia do Céu; a que se encontra embaixo é a energia da Terra; a união dessas energias cria a energias cósmicas: Vento, Fogo/Calor, Umidade, Secura, Frio. Se essas energias do Céu e da Terra estão em concordância no tempo e no espaço a evolução ocorrerá perfeitamente e haverá produção. Mas quando essas energias estão excessivas tornam-se nocivas e são denominadas de energias perversas. Para permanecer saudável deve-se seguir o princípio do Yin/Yang e viver em harmonia com a natureza. A pessoa que conhece a maneira de manter a boa saúde é 30 capaz de conservar sua vitalidade e permanecer numa forma física vigorosa até uma idade mais avançada, sempre valorizando a prevenção ao invés da cura das doenças e buscando uma vida moderada, sem excessos. Para harmonizar o Yin e o Yang do corpo, é fundamental conhecer seu ritmo fisiológico, esforçar-se para manter boa saúde, alimentando-se bem, exercitando-se e cultivando. 3.1.1 O Diagnóstico Para A Medicina Chinesa Para Maciocia (1996) o diagnóstico chinês se baseia no princípio fundamental de que os Sinais e Sintomas refletem a condição dos sistemas internos, onde “uma parte reflete o todo”,desta maneira,considera-se para um diagnóstico completo as condições da pele, compleição, ossos, canais, odores, sons, estado mental, preferências, emoções, língua, pulso, hábitos e fluídos corpóreos. A Medicina Chinesa, não procura a causa, mas os Padrões das Desarmonias. São vários os modos de identificação dos padrões, mas o mais comumente utilizados são os Padrões de Desarmonias do Yin e Yang que fazem parte dos Oito Princípios, padrões de acordo com Qi (energia vital) Xue (sangue) e Jin Ye (fluidos corpóreos), padrões de acordo com os Zang Fu (sistemas internos), Padrões de Desarmonias de acordo com os Fatores Patogênicos (Vento, Calor, Umidade, Secura e Frio). Segundo Tymowski (1986) o diagnóstico mais específico do Yin e Yang, do interior e do exterior, do Frio e do Calor, do Vazio e da Plenitude, ajudará a encontrar os pontos indicados em cada caso, a chave do sistema que permitirá estabelecer uma terapêutica válida. O “Yin e o Yang” são continuamente considerados em Medicina Chinesa, complementares e relativos, então a relatividade dos dois princípios é a noção essencial. Sendo assim, o Yin e Yang englobam os outros princípios que são; superfície, o Calor e a Plenitude são classificados no Yang, o interior, o Frio e o Vazio no Yin. O seu equilíbrio é a boa saúde, e todo o Desequilíbrio, isto é, o predomínio de um termo acarretando a Deficiência do outro, caracteriza a doença (TYMOWSKI, 1986). As modificações do Yin e do Yang podem ser de origem geral ou afetar somente um sistema orgânico ou funcional. 31 O aspecto do doente é particularmente claro: aquele que apresenta uma tez colorida, que é agitado, loquaz, extrovertido, que sente calor e busca um ambiente fresco, que tem tendência para a insônia, para as contrações, para os espasmos, é um doente Yang; o seu oposto, que é pálido, que se fadiga com facilidade, é arqueado, friorento, detesta a companhia e o ruído, fala pouco, é propenso à apatia e à sonolência, que “em sua cama se volta para o lado da parede”, é um doente Yin (TYMOWSKI, 1986). As modificações específicas traduzem-se por um Desequilíbrio qualitativo de um ou vários órgãos em estado de Excesso ou de Deficiência. Os Sintomas de Hiperatividade ou espasticidade do sistema afetado: digestivo, respiratório, nervoso, cardiovascular, genital ou urinário, evocam seu estado Yang e, pelo contrário, os sintomas de hipofuncionamento ou atonia traduzem seu estado Yin (TYMOWSKI, 1986). A Distinção entre Interior e Exterior informa, não somente sobre a localização da doença, mas também sobre seu tratamento e sua evolução; tudo o que é exterior é de bom prognóstico; tudo o que evolui para a profundidade agrava-se. O Frio e o Calor, ligados também à grande lei fundamental, consistem seja no temor do Frio ou do Calor, seja na sensação de Frio ou de Calor no corpo. Rubor, calor, são Yang; Palidez, Frio, são Yin. O Vazio e a Plenitude são dois princípios fundamentais para o diagnóstico e o tratamento. Os doentes que apresentam um Excesso de energia, uma evolução aguda, um estado de retenção ou de Estagnação, uma alergia, um estado convulsivo, são considerados como estando em Plenitude. Os doentes crônicos com enfraquecimento da energia, com corrupção e atrofia, impotência e paralisia são considerados em estado de Vazio. Estes dois princípios recorrem às noções de energia essencial do homem e de energia patológica proveniente do exterior. Com efeito, se a energia patológica está em Plenitude, esta só poderá “entrar” se a Energia Essencial do corpo estiver Insuficiente (em Vazio). Na fisiopatologia energética chinesa, a doença produz-se por diminuição da Energia de Defesa, ou por um aumento considerável e insuportável da energia patológica agressora (TYMOWSKI, 1986). O diagnóstico relacionado aos Oito Princípios se baseia em Frio e Calor, Excesso e Deficiência, Interior e Exterior, Yin e Yang. Na teoria do Yin e do Yang, o 32 diagnóstico e tratamento das patologias, alterações energéticas de cada parte do corpo humano apresenta um caráter Yin ou Yang (MACIOCIA, 1996). Na estrutura corpórea, o Yin corresponde à estrutura, parte inferior, interior (Órgãos), superficial e frente do corpo (tórax e abdômem), abaixo da cintura, superfície ântero-medial dos membros, Órgãos Yin, Sangue (Xue), fluídos corpóreos (Jin-Ye) e Qi nutritivo (Ying Qi). O Yang corresponde à função, parte superior, exterior (músculos), superficial e costas do corpo, cabeça, acima da cintura, superfície póstero-lateral dos membros, Órgãos Yang, função dos órgãos Qi e Qi defensivo (Wei Qi). Ainda segundo a estrutura corpórea, no corpo humano, os cinco órgãos Xin (Coração), Fei (Pulmão), Shen (Rim), Gan (Fígado) e Pi (Baço) pertencem ao Yin. Já as suas respectivas vísceras Xiaoxang (Intestino Delgado), Dachang (Intestino Grosso), Pangguang (Bexiga), Dan (Vesícula Biliar) e Wei (Estômago) e útero, são de natureza Yang (Wen, 2006). Na visão de Wen(2006), o Yin corresponde ao Sol, Dia, Céu, Homem, Verão, Calor, Sul, Norte. No corpo humano se apresenta na superfície (externa), região dorsal, porção supra e as características das doenças se apresentam como agitada, forte, quente, seca, hiperfuncionante, aguda, diafragmática. O Yang corresponde à Lua, Noite, Terra, Mulher, Inverno, Frio, Leste, Oeste. No corpo humano se apresenta em região profunda (interna), região central, porção infradiafragmática, Cinco Órgãos, sistema sanguíneo e as características das doenças se apresentam como calma, fraca, fria, úmida, hipofuncionante crônica. A identificação dos padrões de acordo com o Qi, Xue e Ye é baseado nas mudanças patológicas dessas substâncias e acontecem quando eles Deficientes ou Estagnados. A identificação dos Padrões de acordo com os Sistemas Internos são baseados nos sintomas e sinais que se originam quando o Qi e o Xue desses Sistemas em Desequilíbrio, eles são uma aplicação do método dos Oito Princípios de Identificação dos Padrões a uma Desarmonia específica de um Sistema Interna.(MACIOCIA, 1996). Também para a Taoísta, os fenômenos e os acontecimentos dependem de movimentos contínuos e da dominância entre os Cinco Movimentos, que também são a base da concepção do universo, para eles, o ser humano é composto por esses Cinco Elementos denominados de Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. 33 3.2 Escola dos Cinco Movimentos Maciocia (2007). A teoria dos Cinco elementos originou-se aproximadamenteao mesmo tempo em que a teoria do Yin-Yang. Pode-se dizer que as teorias do Yin-Yang, dos Cinco Elementos e sua aplicação na medicina marcam o início do que podemos chamar de medicina “científica” e o início da partida do xamanismo. Os curadores não mais procuravam uma causa sobrenatural para as patologias: eles observaram a natureza e, com uma combinação dos métodos indutivos e dedutivos, começaram a achar os padrões dentro dela e, por extensão, os aplicaram na interpretação das doenças. Neves (1994) relata como se harmonizam as diversas funções da natureza. Sendo o ser humano um elemento integrante do todo, a partir do seu conhecimento, poderá ajustar-se a esses movimentos para prolongar a vida e conservar a saúde. Pela auto-observação o homem é capaz de tomar consciência de si mesmo, e compreender sua natureza, a funções de seus Órgãos e Sistemas, mas quando conhece a relação entre o micro e o macrocosmo pode tornar-se senhor de grande sabedoria e usar seu conhecimento em beneficio próprio e de seus semelhantes. Segundo, Cheng Nong (2.838 a.C.) que foi o fundador da Escola dos Cinco Elementos, suas conclusões chegaram por meio de observações feitas sobre a natureza e pela percepção de correspondências entre ela e os Cinco Elementos: Cinco Pontos de Referências: Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro; Cinco Cores Básicas na Natureza; Cinco Sons Básicos; Cinco Sentidos; Cinco Órgãos; Cinco Vísceras. A Tabela abaixo simplifica a relação dos elementos da natureza com os Cinco Elementos (Tabela 1). Tabela 1: Classificação dos Cinco Elementos conforme observação da natureza 34 Cinco elemento s Direção Estação Fator clima Cor Gosto Madeira Leste Primavera Vento Verde Azedo Fogo Sul Verão Calor Vermelho Amargo Terra Centro Início e fim de verão Úmido Amarelo Doce Metal Oeste Outono Seco Branco Apimentado Água Norte Inverno Frio Preto Salgado Fonte: Wen, Acupuntura Clássica Chinesa, 1995, p.22. Cordeiro (2001) nos informa sobre as representações dos Cinco Elementos, como segue abaixo; Elemento Água: representa os fenômenos naturais e se caracterizam por retração, profundidade, frio, declínio, queda e eliminação. É o ponto de partida e de chegada da transmutação dos Cinco Elementos. O Órgão e a Víscera que representam o elemento Água são, respectivamente, Rim(Shen) e Bexiga(Pangguang). A estação do ano é o inverno, a cor é preta e o sabor salgado. Elemento Madeira: representa os fenômenos naturais que se caracterizam por crescimento, nascimento, movimento, florescimento e síntese. O Órgão e a Víscera que representam o elemento Madeira são, respectivamente, Fígado(Gan) e Vesícula Biliar(Dan). A estação do ano é a Primavera, a cor é Verde e o sabor ácido/azedo. Elemento Fogo: representa os fenômenos naturais que se caracterizam por ascensão, desenvolvimento, expansão e atividade. O Órgão e a Víscera que representam o elemento Fogo são, respectivamente, Coração(Xin) e Intestino Delgado(Xiaochang) e Triplo Aquecedor(Sanjiao); este tem a função de integrar a energia do ar e dos alimentos com a nossa energia ancestral, tornando-as operacionais. A estação do ano é o verão, a cor é vermelha e o sabor amargo. Elemento Terra: representa os fenômenos naturais que se caracterizam por transformações e mudanças. O Órgão e a Víscera que representam o elemento terra são, respectivamente, Baço(Pi) e Estômago(Wei). Representa a quinta estação, a cor é amarela e o sabor doce. 35 Elemento Metal; representa os fenômenos naturais que se caracterizam por processo de purificação, de seleção, de análise, e de limpeza. O Órgão e a Víscera que representam o elemento Metal são respectivamente, Pulmão(Fei) e Intestino Grosso(Dachang). A estação do ano é o Outono, a cor é Branca e o sabor é picante. Através da boca introduzimos alimentos (Yin) no Estômago(Wei). Depois de processados eles são transformados (terra em Sangue(Xue) pelo Baço(Pi)). Depois, o Sangue(Xue) é encaminhado para o Pulmão(Fei), onde será oxigenado (Yang). Do Pulmão(Fei) o Sangue(Xue) segue para o Rim(Shen), onde é filtrado e aquecido pela energia ancestral. Do Rim(Shen) o Sangue(Xue) é encaminhado para o Fígado(Gan), onde será armazenado e controlado. O Fígado(Gan) é quem controla a corrente sanguínea (SILVA, 2009). Finalmente, o Coração(Xin) representa a bomba que impulsiona o sangue energizado para todo o organismo. Segundo Cordeiro (2001), os Cinco Elementos no Pentagrama relacionam-se entre si, no seu dinamismo obedecendo, em condições de normalidade, a dois princípios básicos que são os Ciclos de Geração e de Dominância. Ciclo Gerador: também conhecido como Ciclo Sheng (Relação mãe e filho). O elemento Água gera o elemento Madeira (nutrição), este gera o elemento Fogo (combustão), que por sua vez gera o elemento Terra (resíduos), este gera o elemento Metal (minérios) que gera o elemento Água (brota das pedras). Ciclo Dominância (Inibição): também conhecido como Ciclo Ko (relação esposo e esposa). Esse ciclo de dominância tem a finalidade de controlar o crescimento desenfreado que ocorreria se houvesse somente o princípio de geração. O elemento Madeira domina a Terra (penetração), a Terra domina a Água (absorção) esta por sua vez domina o Fogo (extinção), que domina o Metal (fundição) e este domina a Madeira (corte) Ciclo Contra-Dominância (Contra-Inibição): esse ciclo segue um movimento anti-natural, contrário ao Ciclo de Dominância. A Contra-Dominância é uma situação que ocorre quando um elemento, ao se tornar Excessivo, volta-se contra aquele que normalmente o domina; neste caso, a “esposa” volta-se contra o “esposo”. A figura abaixo (Figura 1) exemplifica os Cinco Elementos no Pentagrama, com seus ciclos (geração, dominância e Contra-Dominância). 36 Figura 1: Cinco Movimentos e Ciclo de Geração e Inibição Fonte: Wen, Acupuntura Clássica Chinesa, 1985 Yamamura (2006) diz que a concepção dos Cinco Elementos fundamenta-se na evolução dos fenômenos naturais e nos vários aspectos mutantes gerando ou dominando uns aos outros. Os fenômenos naturais têm características próprias e a partir delas, podem gerar outros fenômenos e assim sofrer influência normal ou anormal. Essas características próprias podem ser agrupadas em cinco categorias diferentes, que se encontra em movimento de geração e inibição entre si. Para Wen (2006) a Medicina Chinesa sempre busca o equilíbrio entre as energias complementares no organismo, e assim como na natureza o organismo possui um ciclo Sheng de geração (nascimento) e um ciclo Ko de inibição (morte) representada pelo Pentagrama. A idéia de geração envolve o processo de criar, crescer produzir, nutrir, seguindo esse raciocínio a Madeira (mãe) gera o Fogo (filho), o Fogo (mãe) gera a Terra (filho), a Terra (mãe) gera o Metal (filho), o metal (mãe) gera a Água (filho), e a Água (mãe) gera a Madeira (filho), e assim todos os Cinco Elementos são Mães de seu posterior e Filhos de seu antecessor. A esse tipo de relacionamento a tradição denomina 37 relação Mãe-Filho. Opostamente o ciclo de inibição traz subentendida a idéia de combate, cessação e controle e assim a ordem dessa relação ocorre da seguinte forma, Madeira consome a Terra, a Terra seca a Água, a Água apaga o Fogo, o Fogo derrete o Metal, o Metal corta a Madeira. A esse tipo de relacionamento a tradição denomina relação Marido-Esposa. Wen (2006) explica que tanto no ciclo de Geração (Sheng) ou no ciclo de inibição (Ko) quando um órgão ou víscera funciona de maneira excessiva ou insuficiente causam a doença, pois desequilibram o pentagrama (organismo humano), nos dois ciclos os órgãos e vísceras funcionam interdependentes e inter-restringentes determinando assim modificação e equilíbrio constantes desde que estejam funcionando dentro de certaharmonia. A adoção da Teoria dos Cinco Elementos e das correlações entre as doenças podem servir como orientação segura no tratamento e controle de implicações e proliferação de determinadas doenças para outras partes do corpo. O processo de tratamento baseado nos Cinco Elementos é mais breve e a cura mais acelerada. Cordeiro (2001), explica que segundo a Medicina Chinesa, todos aspectos da natureza evoluem porque são gerados e controlados pelos princípios de geração e de dominância dos Cinco Elementos. Todos nós somos um acúmulo de Qi, sujeitos a lei do Yin e Yang e à ação dos Cinco Elementos. O que faz o homem resistir às doenças é o seu Qi (e seu equilíbrio geral). Por isso, relata o autor supracitado, ambos os ciclos devem estar em quase perfeito equilíbrio, ou seja, em certo equilíbrio dentro do organismo, caso contrário surgirá a doença e a sucederá a morte. 3.2.1 Sistemas Maciocia (2008) relata que a teoria dos órgãos internos (Zang-Fu) são considerados o centro da fisiologia e da patologia chinesa; os órgãos Yin (Zang) são o centro dos órgãos internos. Na realidade, os órgãos Yin ocupam um lugar central na fisiologia e na patologia chinesa. Os órgãos Yin são chamados de Zan em chinês, que quer dizer “armazenar”, eles tem esse nome porque armazenam as essências preciosas do corpo: Sangue, Fluídos e a própria Essência. 38 Na patologia, por exemplo, uma deficiência de Yin é mais séria e mais difícil de tratar que uma Deficiência de Yang. Para relatar as funções dos órgãos internos, é sempre dedicado muito mais espaço aos órgãos Yin do que aos órgãos Yang. Os órgãos Yang não são menos importantes que os órgãos Yin, mas é porque muitas das funções que atribuímos aos órgãos Yang na medicina moderna são atribuídas aos Órgãos Yin na Medicina Chinesa. Um bom exemplo disso é o Sistema Digestivo. Muitas desordens intestinais caem sob a área patológica do Fígado(Gan) e do Baço(Pi) (MACIOCIA, 2008). Quando se fala na teoria chinesa dos órgãos internos é preciso se desvincular completamente do conceito ocidental sobre tais órgãos. A Medicina Ocidental entende todos os órgãos somente sob o aspecto anatômico-material, ao passo que a Medicina Chinesa os analisa como órgãos energéticos complexos, incluindo as entidades anatômicas e seus aspectos: mental, emocional e espiritual. Então, a base da Medicina Chinesa é o Qi, o qual resume diferentes estados de adequação e dispersão. A agregação do Qi em matéria densa forma o órgão interno, ao passo que a dispersão do Qi, em estados mais sutis, forma seu aspecto mental, emocional e espiritual (MACIOCIA, 2008). Cada Órgão interno não é simplesmente uma entidade anatômica (embora também seja), mais um turbilhão energético que se manifesta em estados diferentes de agregação em muitas esferas diferentes de vida. Na verdade, cada órgão está correlacionado com uma emoção particular, um tecido, um órgão do sentido, uma faculdade mental, uma cor, um clima, um sabor, um odor e mais (MACIOCIA, 2008). Os Órgãos Internos estão funcionalmente relacionados às várias substâncias vitais, emoções, tecidos e órgãos dos sentidos. Há uma estreita inter-relação entre os órgãos Yin e Yang: os dois grupos de órgãos são diferentes na função, mas suas diferenças são apenas relativas. A relação entre os órgãos Yin e Yang é uma relação estrutural-funcional. Os órgãos Yin correspondem à estrutura e armazenam as Substâncias Vitais, ao passo que os Órgãos Yang correspondem à função (TYMOWSKI, 1986). A seguir encontram-se os sistemas e seus respectivos Órgãos e acoplados, que correspondem à estrutura e suas funções. Sendo que, cada Sistema será descrito de acordo com suas particularidades individuais. 39 Sistema Yin/Coração (Xin) Elemento Fogo; Órgão (Zang) Coração(Xin); Víscera (Fu) Intestino Delgado (Xiao); Estação Verão; Cor vermelho; Sabor amargo; Emoção alegria; Manifestação externa tez, cor do rosto; Abertura língua; Atitude extroversão; Produz/Gera Fogo; É controlado pela água; Clima calor; Som riso. O Coração(Xin) é considerado o mais importante de todos os Sistemas Internos, sendo muitas vezes descrito como “soberano”. As principais funções do Coração(Xin) são: governar o Sangue(Xue), os vasos sanguíneos e abrigar a Mente (Shen), manifestar-se na compleição, relacionar-se à alegria, abrir-se na língua, controlar a sudorese (MACIOCIA, 2008). O Coração(Xin) governa o Sangue(Xue) de duas maneiras: transforma o Qi dos alimentos em Sangue(Xue), e é responsável pela circulação do Sangue(Xue). O estado do Coração(Xin) e do sangue pode refletir-se na compleição da face: Pálida e opaca: deficiência de Sangue(Xue) do Coração(Xin); Branca luminosa: deficiência do Yang do Coração(Xin); Púrpura ou escurecida: êxtase do Sangue do Coração(Xin); Vermelho: calor no Coração(Xin); Abrigar a “mente” tem o significado de espírito, incluindo-se a consciência e a atividade do pensamento. Controlar a mente denomina-se também de “dotar a mente de tesouro”. Isso significa que o estado do Coração(Xin) “e do Sangue(Xue)” afetará as atividades mentais, incluindo o estado emocional (MACIOCIA, 2008). O Sangue(Xue) é a raiz da mente. São cinco funções principais do Coração- Mente. Atividade mental (incluindo as emoções); Consciência; Memória; Pensamento; Sono. O Abrir-se na língua, é considerada a “nova ramificação” do Coração(Xin). Portanto o Coração(Xin) controla a cor, a forma e a aparência da língua, relacionado, em particular, à ponta da língua e controla o paladar. E em relação à fala ela também é afetada e as suas anormalidades podem ser a gagueira ou a afasia (dificuldades na fala); o Coração(Xin) também influência a risada. (MACIOCIA, 2008). 40 O Controlar a Sudorese quer dizer que o sangue e os fluídos corpóreos apresentam uma origem comum. O suor é um dos fluídos corpóreos que aparece entre a pele e os músculos (MACIOCIA, 2008). Uma deficiência do Qi do Coração(Xin) ou do Yang do Coração(Xin) pode causar, com freqüência, sudorese espontâneo, ao passo que uma deficiência do Yin do coração pode causar, na maioria das vezes sudorese noturna (MACIOCIA, 2008). Qualquer sudorese contínua e profusa em um paciente com Deficiência do Coração deve ser tratada sem demora, pois a perda do suor implica na perda de fluídos corpóreos, que por sua vez pode induzir a uma Deficiência de Sangue (MACIOCIA, 2008). Sistema Yin/Fígado (Gan) Elemento Madeira; Órgão (Zang) Fígado(Gan); Víscera (Fu) Vesícula Biliar(Dan); Estação Primavera; Sabor Azedo ou Ácido; Emoção Raiva; Manifestação externa unhas; Abertura olhos; É controlado pelo Metal; Gera Fogo; Atitude ação, conquista, decisão, planejamento; Aspecto mental/emocional Roun (alma, inconsciente); Fatores de aborrecimento são frustrações, alimentação gordurosa, raiva contida e irritação; Clima Vento; Som grito. O Fígado(Gan) é considerado o general e é frequentemente comparado a um exército geral, porque é responsável pelo planejamento global das funções do corpo, assegurando o fluxo homogêneo e a própria direção do Qi. Ao passo que o “planejamento” em âmbito físico é o reflexo do fluxo homogêneo do Qi do Fígado(Gan) afetando todos os sistemas, em âmbito mental e espiritual, o Fígado(Gan) dá um sentido de direção na vida: tal qualidade depende principalmente da alma etérea (MACIOCIA, 2008). Armazenar o Sangue(Xue) é a função do Fígado(Gan), sendo que é um dos Sistemas mais importantes por fazer o armazenamento do Sangue(Xue) e ao fazê-lo, regula o volume de Sangue(Xue) no organismo inteiro a qualquer tempo (SILVA, 2010). O Fígado(Gan) também regula o volume do Sangue(Xue) no organismo de acordo com a atividade física. Quando o organismo está ativo, o Sangue(Xue) flui para os músculos e para os tendões, quando o organismo descansa, o Sangue(Xue) flui de 41 volta para o Fígado(Gan).
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