Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Soldagem a arco submerso (SAW) Prof. Dr. André G. S. Galdino • Após esta aula, o aluno deverá ser capaz de: a) Definir o que é o processo de soldagem SAW; b) Descrever os fundamentos processo SAW; c) Informar os equipamentos utilizados na soldagem SAW; d) Citar onde o processo SAW é utilizado. 1. Objetivos: PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Para melhor aproveitamento da aula, o aluno precisará dos seguintes conceitos: a) Metalurgia de soldagem; b) Terminologia e simbologia de soldagem. 2. Pré-requisitos necessários para a aula: PF1 - Dr. André G. S. Galdino 3. Fundamentos: • A soldagem a arco submerso (Submerged Arc Welding – SAW) é um processo em que a coalescência entre metais é obtida pelo aquecimento e fusão destes por um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico nu e a peça de trabalho. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • O arco ocorre sob uma camada de um material granular fusível, chamado de “fluxo”, que é colocado sobre a região de solda, protegendo-o da contaminação pela atmosfera. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Figura 1 – Soldagem a arco submerso (esquemática) (adaptado de Marques, Modenesi, Bracarense, 2009). PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Além das funções de proteção e limpeza do arco e do metal depositado, o fluxo na forma granular funciona como um isolante térmico, garantindo uma excelente concentração de calor que caracteriza a alta penetração obtida por meio do processo. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Uma vez que fica completamente coberto pelo fluxo, o arco elétrico não é visível, e a solda se desenvolve sem faíscas, luminosidades ou respingos, que caracterizam os demais processos de soldagem que o arco é aberto. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • A adição de metal é obtida do próprio eletrodo, que tem a forma de fio ou fita contínuos e é alimentado por um dispositivo mecânico, podendo ser suplementada por outros eletrodos ou materiais contínuos no fluxo de soldagem. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Tipos de operação: a) Mecanizada (normalmente); b) Semimecanizado (o soldador é quem movimenta a tocha ao longo da junta e mantém a distância entre a tocha e a peça). PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Uma vez aberto o arco, eletrodo e fluxo são alimentados continuamente para a região deste, enquanto a tocha é deslocada. • O calor gerado pelo arco funde o eletrodo e parte da camada de fluxo e do metal de base, formando a poça de fusão. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Na soldagem SAW: a) O metal fundido e solidificado forma o cordão de solda; b) A parte fundida do fluxo forma a escória, que sobrenada (“boia”) a poça de fusão e se solidifica à medida que o arco se afasta (camada protetora que evita a contaminação do cordão e reduz sua velocidade de resfriamento). PF1 - Dr. André G. S. Galdino • O fluxo que não fundiu pode ser reciclado em novas operações, desde que não se contamine durante a operação. • Como o arco não é visível, não há necessidade de dispositivos de proteção contra a radiação emitida pelo arco. • Porém, essa característica dificulta a operação semimecanizada. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Características dos eletrodos: • Diâmetro geralmente entre 2,4 e 6,0 mm; • Permitem soldagem com elevada densidade de corrente; • Aplicável a espessuras a partir de 3,0 mm, com elevada taxa de deposição; PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Possibilidade de variações no processo com utilização simultânea de mais de um eletrodo e adição de pó metálico ao fluxo permitem elevar ainda mais a taxa de deposição. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Tabela 1 - Condições típicas de utilização da soldagem a arco submerso. PF1 - Dr. André G. S. Galdino Condição Faixa de espessuras (mm) Um passe sem preparação 3 a 15 Um passe com preparação 6,5 a 15 Passes múltiplos > 15 • Tabela 2 – Taxas de deposição possíveis com diferentes processos e técnicas de soldagem. * Taxas aproximadas, ciclo de trabalho de 100%. PF1 - Dr. André G. S. Galdino Processo de soldagem Taxa de deposição (kg/h)* SMAW (eletrodo revestido) 0,5 a 3,0 GMAW (MIG/MAG) 1,0 a 8,0 FCAW (arames tubulares) 2,0 a 12,0 SAW (1 arame) 3,0 a 20,0 SAW (2 arames) 12,0 a 40,0 4. Equipamentos: • Equipamento básico: • Uma fonte de energia; • Tocha de soldagem; • Alimentador de arame; • Sistema de controle; • Dispositivo para alimentação do fluxo; • Cabos elétricos. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Figura 2 –Desenho esquemático do equipamento para soldagem a arco submerso (adaptado de Marques, Modenesi, Bracarense, 2009). PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.1. Fonte de energia: • Tipos: a) Transformador (CA); b) Transformador-retificador (CC). • Capacidade de fornecimento de corrente: cerca de 400 a 1.500 A, num ciclo de trabalho de 100%. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Características de saída: • Os equipamentos mais comuns (arames de diâmetro inferior a 4 mm) utilizam fontes de tensão do tipo tensão constante, com alimentador de arame do tipo velocidade constante, já que esse sistema permite o controle intrínseco do comprimento do arco. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Fontes de corrente constante juntamente com alimentadores de velocidade variável apresentam melhores resultados com arames de maior diâmetro (acima de 4 mm). PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.2. Tocha de soldagem: • Consiste do bico de contato deslizante, de liga de cobre, de um sistema para fixação do cabo de corrente e de um suporte isolante. • Os bicos de contato devem ser adequados para cada diâmetro de arame que vai ser usado. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.3. alimentador de arame: • Consiste de um suporte para a bobina de eletrodo, um motor de corrente contínua com controlador de velocidade de giro e um conjunto de roletes de alimentação. • A velocidade de alimentação usualmente varia entre 8 a 235 mm/s. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.4. Alimentador de fluxo: • É composto por um porta-fluxo, mangueira condutora e um bocal de saída, que pode ser concêntrico com a tocha de soldagem ou estar colocado à frente desta. • Em geral o fluxo é alimentado por gravidade. • Sistemas de recuperação de fluxo são dispositivos que aspiram o fluxo não fundido durante a operação e o devolvem ao porta- fluxo ou a um outro recipiente de armazenamento. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.5. Sistema de controle: • Permite o ajuste dos diversos parâmetros de operação, como velocidade de alimentação de arame, velocidade de deslocamento e a tensão de soldagem. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.6. Cabos: • Servem para conduzir a corrente elétrica e devem ter um diâmetro compatível com a corrente a ser usada. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4.7. Cabeçote de soldagem mecanizada: • Geralmente consiste de uma “tartaruga”, isto é, um carro acionado por um motor elétrico, com velocidade ajustável, que se desloca por um trilho colocado sobre a peça ou um outro suporte. • Nela são montados o alimentador de arame, o alimentador de fluxo e a tocha de soldagem, bem como outro dispositivos, como os trilhadores de junta. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Quando se usa este equipamento, o cabeçote possui também movimento na direção transversal ao eixo de soldagem. • Em alguns casos, o cabeçote pode ficar parado enquanto a peça é movimentada por posicionadores ou viradores, como, por exemplo, na soldagem circunferencial de tubos. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • A velocidade máxima de soldagem está por volta de 45 mm/s. • O cabeçote de soldagem pode também ser suportado por um manipulador com movimentos lineares nos três eixos. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 5. Controle do processo: • Observações relevantes ao processo: a) A utilização de eletrodo de alto Mn com fluxo também de alto Mn resulta em solda sem porosidade, porém, implica em metal de solda com excesso de Mn na sua composição química e com elevada dureza. • Eletrodo de baixo Mn com fluxo de baixo Mn resulta em solda com porosidade. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As soldas com dureza elevada (alto Mn) não apresentamporosidade, mas trincas que normalmente não aparecem logo após a soldagem e são de difícil detecção. • O ideal é o uso de eletrodo de alto (baixo) Mn com fluxo de baixo (alto) Mn. PF1 - Dr. André G. S. Galdino b) Tensão de soldagem maior conduz a um maior comprimento do arco elétrico. A quantidade de material que se funde é maior. c) Fluxos de alto ou médio teor de Mn acompanhados de descontroles da tensão de alimentação da máquina produzem pontos de solda com excesso de Mn. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • São os pontos ou “hard spots”. Podemos ter também uma solda dura de ponta a ponta ou “hard weld”. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 6. Características e aplicações: • Vantagens: • Alta velocidade de soldagem e elevada taxa de deposição; • Produz soldas uniformes e de bom acabamento superficial; • Ausência de respingos e fumos; • Dispensa proteção contra radiação, uma vez que o arco não é visível; PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Facilmente mecanizado; • Elevada produtividade. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Limitações: • Soldagem limitada às posições plana e filete horizontal; • Aporte térmico elevado pode prejudicar propriedades da junta em alguns casos; • Necessidade de retirada de escória entre passes. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Aplicações: • Soldagem de: a) Aços carbono, baixa e alta liga; b) Níquel e suas ligas; c) Membros estruturais e tubos de grande diâmetro; d) Em fabricação de peças pesadas de aço; PF1 - Dr. André G. S. Galdino e) Recobrimentos, manutenção e reparo; f) Para fazer soldas em juntas de topo, de filete e sobrepostas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Características: • Soldas satisfatórias podem ser feitas em declive com ângulos de até 15° com a horizontal. • A utilização de uma combinação adequada entre metal de adição, fluxo e técnica permite a soldagem tanto para união quanto enchimento e revestimento de peças metálicas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • No Brasil, devido à disponibilidade de fluxos e eletrodos, o processo tem sido usado em aços carbono, aços de baixa liga, aços inoxidáveis e alguns tipos de revestimento. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 7. Preparação e limpeza da junta: • Pontos importantes: a) Limpeza da junta; b) Alinhamento da máquina com a junta. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Limpeza da junta: • Qualquer resíduo de contaminação não removido pode acarretar em porosidade e inclusões. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Recomendações: • Peças a serem soldadas isentas de graxa, óleo, oxidação (ferrugem), resíduos do ensaio por líquidos penetrantes, areia e fuligem do pré- aquecimento a gás (mínimo de 20 mm de cada lado das bordas); • Irregularidades e escória do oxi-corte devem ser removidas, no mínimo, por esmerilhamento; PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Os depósitos de carbono, escória e cobre resultantes do corte com eletrodo de carvão devem ser removidos. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8. Condições de proteção individual: • Por ser um processo onde o arco é submerso no fluxo (invisível), executado sem fumaças, projeções e outros inconvenientes comuns aos processos utilizando arco elétrico, não é necessário utilizar capacetes e outros dispositivos de proteção. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • EPI obrigatório: óculos de segurança, escuros para proteção contra clarões que porventura venham a acontecer com abertura do arco em regiões que não possuam fluxo. • SAW pode produzir fumaças e gases tóxicos, recomendando-se, então, para que haja ventilação adequada, principalmente em áreas confinadas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 9. Vantagens e limitações: • Vantagens: • Uma das vantagens do processo SAW está no rendimento, pois, praticamente, não há perdas de material por projeções ou respingos. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • É possível também o uso de elevadas correntes de soldagem, de até 4000 A, fato que, aliado às altas densidades de corrente (60 a 100 A/mm2), oferece ao processo alta taxa de deposição, muitas vezes não encontradas em outros processos de soldagem. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Estas características tornam o processo SAW um processo econômico e rápido em soldagem de produção. • Em média, gasta-se com este processo cerca de um terço do tempo necessário para fazer o mesmo trabalho com eletrodos revestidos. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As soldas realizadas apresentam boa tenacidade e boa resistência ao impacto, além de excelente uniformidade e acabamento dos cordões de solda. • Através de um perfeito ajustamento de fluxo, arame e parâmetros de soldagem, conseguem-se propriedades mecânicas iguais ou melhores que as do metal de base. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Limitações: • A maior limitação do processo SAW é o fato de permitir apenas a soldagem nas posições plana ou horizontal. • Ainda assim, a soldagem na posição horizontal só é possível com a utilização de retentores de fluxo de soldagem. • No caso de soldagem circunferencial, pode-se recorrer a sustentadores de fluxo. PF1 - Dr. André G. S. Galdino Referências: • MARQUES, P. V., MODENESI, P. J., BRACARENSE, A. Q. Soldagem: fundamentos e tecnologia. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. • WEISS, A. Soldagem. Curitiba: Editora do Livro Técnico, 2010, pp. 35 – 44. PF1 - Dr. André G. S. Galdino
Compartilhar