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THALITA HAGE NUNES GOMES - RA: 20083697 A problemática da soberania popular e da representação política em Rousseau (1712-1778) Rousseau, filho de relojoeiro, foi um membro das massas, e, por isso, pôde observar as desigualdades ao longo de sua vivência, tendo base para o debate sobre cidadania. Um iluminista, porém muito mais cético, não acreditava plenamente no progresso do espírito humano por meio da ciência, já que essa era praticada por motivações egoístas, por orgulho, ou pela busca da glória, nunca pelo amor ao saber. Dessa forma, Rousseau via no desenvolvimento científico, por meio razão, uma forma de “ocupar os homens com bagatelas para desviá-los das más-ações”, uma forma de “substituírem o temor de parecer mau pelo temor de parecer ridículo”. Isso já seria o suficiente para o progresso do espírito humano. Suas teorias permeiam os temas da filosofia política clássica, como a passagem dos estado de natureza para a sociedade civil, a legitimidade e a representatividade, a liberdade natural e a propriedade, a soberania popular e o contrato social. Uma de suas observações mais importantes foi a de que a legitimação da desigualdade se dá quando o rico apresenta a proposta do pacto. Reconhecendo essa situação, Rousseau inicia o contrato social, um pacto legítimo, que dá aos homens a liberdade civil em troca da liberdade natural perdida. Além disso, para que o pacto tivesse essa legitimidade era necessário uma igualdade entre as partes, e o revezamento do poder garantiria a manutenção, uma vez que há um risco de degeneração da representação, seja por motivações egoístas, seja porque o legislador não conhece seu povo. Dessa forma, é o contrato social que funda a soberania estatal. Talvez o debate mais conhecido de Rousseau seja o da soberania popular, já que através do pacto, indivíduos naturais criam uma vontade geral que é representada pelo governante. O Estado, portanto, surge como uma forma de representação do coletivo, o governante se torna um funcionário do povo. Ao contrário do que Hobbes diz, o homem não é o lobo do homem, mas é um “bom selvagem inocente”, que “nasce livre, e por toda parte encontra-se aprisionado”. Assim, o modelo com menor risco de degeneração seria uma democracia direta, na qual os interesses dos homens bons e inocentes seriam ouvidos e representados pelo Estado, uma vez que as vontades não se representam se não diretamente.
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