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Bibliografia: É o processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo. A pigmentação patológica pode ser sinal de alterações bioquímicas, tendo acumulo ou redução de determinados pigmentos. Pigmentação Endógena Pigmentação Exógena Oriundos do próprio organismo Exemplo: - Derivados da Hemoglobina (pigmentos biliares, hematoidina, hemossiderina, pigmento malárico, pigmento esquistossomótico) - Melanina - Ácido homogentísico - Lipofuscina Formado exterior – penetram e depositam nos órgãos: via aérea, digestiva ou parenteral Exemplo: - Antracose - Argiria - Crisíase - Tatuagem Pigmentos biliares Pigmento granular castanho-amarelado a esverdeado Evidente em: hepatócitos, células de Kupffer e luz de canalículos biliares http://anatpat.unicamp.br/lamdegn19.html Etiologia: · Formação da bilirrubina (Bb): as hemácias senescentes são degradadas (processo de hemocaterese) no fígado, baço e medula óssea. Outras Bb vêm de hemoproteínas hepáticas e do pool de heme livre. Após essa degradação, há a formação de biliverdina pela hemeoxidase que é reduzida para bilirrubina por ação da biliverdina redutase · Transporte no sangue: a Bb não conjugada (recém sintetizada) é insolúvel em solução aquosa e é transportada ligada à albumina. No fígado, a Bb é conjugada com o ácido glicurônico (Bb conjugada) · Captação e transporte pelos hepatócitos: Bb entra nos hepatócitos por processo ativo mediado por proteínas transportadoras de ânions orgânicos situados no polo basal das células. No citosol, as Bb se ligam a proteína Y e a proteína Z e assim, são transferidas para o REL · Conjugação com ácido glicurônico: no REL, pela ação da enzima uridina difosfato (UDP) e glicuroniltransferase-1 A 1, a Bb conjuga com o ácido glicurônico (Bb conjugada). Bb conjugada é hidrofílica, solúvel na água e frouxamente ligada à albumina. Quando os níveis plasmáticos se elevam, ela é excretada pelos rins · Excreção: A excreção da Bb conjugada pelos canalículos biliares depende do transporte ativo da Bb na membrana canalicular do hepatócito ou proteínas. Dos canalículos, a Bb conjugada vai dos ductos biliares ate o duodeno. Nessa parte do intestino, por ação da microbiota residente, a Bb conjugada se transforma em urobilinogênio que pode ser excretado pelos rins (bilirrubina direta), reabsorvido pelo intestino e reexcretado pelo fígado e dar a coloração das fezes (urobilinogênio – estercobilinogênio – estercobilina) Etiopatogênese Causas de icterícia: · Pré-hepática: aumento da Bb não conjugada – o fígado não consegue metabolizar todas as Bb (anemia hemolítica) · Hepática: aumento da Bb não conjugada ou aumento da bilirrubina conjugada – é mais comum causas hepáticas como hepatite, enzimas com defeitos · Pós-hepática: aumento da Bb conjugada – tem como causa calculo no ducto biliar (vias biliares extra-hepáticas) Observação: O paciente apresenta coloração amarelada por conta da deposição de bilirrubina não conjugada (hiperbilirrubinemia) em tecidos periféricos (citoplasma das células) Consequência muito grave da icterícia em prematuros: Kernicterus – a bilirrubina não conjugada pode atravessar a barreira hematoencefálica ainda não completamente desenvolvida ou lesada por injuria hipóxico-isquemica e causar lesão neuronal irreversível Hemossiderina Pigmento acastanhado a dourado, granular e grosseiro http://anatpat.unicamp.br/tahemossid.html Etiologia - A hemoglobina é clivada em: grupo heme + globina + Fe2+. - O ferro juntamente com a globina são reaproveitados. - A absorção ocorre no duodeno e no jejuno, e o ferro que é absorvido repõe o que é perdido em células descamadas (exemplo: citocromos) e no sangue menstrual. - Ferritina: apoferritina + Fe3+ O que acontece: nas células da mucosa intestinal, o ferro absorvido forma micelas de hidroxifosfato férrico e se liga a apoferritina. A apoferritina possui 2 cadeias que vão transformar o Fe2+ em Fe3+. Logo, o complexo de Fe3+ com apoferritina formam a ferritina. - A ferritina é visível no microscópio eletrônico como uma partícula eletrodensa que pode ser usada como marcador - Hemossiderina: complexo de ferritinas - É de aspecto granuloso de coloração marrom escuro de tamanho variável e de aspecto refringente que é visível ao microscópio óptico. Pela coloração de Perls, aparece como grânulos azulados - Transporte no plasma: Fe3+ é removido da ferritina e é transferido para o plasma por meio da transferrina (transporta 2 átomos de Fe3+ por molécula) - O Fe3+ então é distribuído para as células do organismo: síntese de citocromos (síntese de hemoglobina) e o restante fica armazenado em células do SER (células reticulares do baço e da medula óssea e também nas células de Kupffer do fígado) Etiopatogênese Mecanismo de formação da hemossiderina: · Incorporação da ferritina no citosol sob a forma de agregados no REL · Fusão dos vacúolos formados no REL com lisossomos · Formação de lisossomos secundários: siderossomos · Degração da apoferritina · Presença de agregados maciços insolúveis de ferro Observação: hemossiderose – hemossiderina excessiva nos tecidos Hemossiderose localizada: · Hemorragias ou hematomas e Congestão passiva crônica (congestão hepática e congestão pulmonar – células do vicio cardíaco) · ICC (Congestão passiva crônica): aumento da pressão nos capilares do pulmão – extravasamento de hemácias para alvéolos – hemácias fagocitadas por macrófagos – acumulo de hemossiderina no citoplasma de macrófagos (células do vicio cardíaco) · Hemorragias/rompimentos de vasos/posteriormente hematomas: as hemácias são fagocitadas por macrófagos e liberam o ferro, há então um acúmulo de ferro nos macrófagos formando um agregado maciço de difícil degradação: hemossiderina · Hemossiderina é vista no interior de macrófagos 24 a 48h após o início do sangramento Hemossiderose sistêmica: · Aumento da absorção intestinal de ferro (hemocromatose primária ou hereditária) ou destruição excessiva de hemácias em anemias hemolíticas e transfusões de sangue repetidas · Acumulação do pigmento: macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e derme, pâncreas e rins. · Não há lesão celular suficiente para provocar distúrbio funcional dos órgãos afetados CASO CLÍNICO Homem, 50 anos, apresenta-se com uma história de 2 meses de fraqueza, letargia, fadiga e bronzeamento da pele. Exames laboratoriais: mostraram saturação de transferrina e ferritina aumentados. Glicemia em jejum: 145 mg/dL. Descobriu que ele é homozigoto C282Y (mutação C282Y do gene HFE) – absorve mais que necessário o ferro. Exames de imagem mostram o fígado aparentemente cirrótico. Diagnóstico: Hemocromatose primária/hereditária Etiologia Mutação no gene C28CY do gene HFE Etiopatogênese · Fígado cirrótico: essa mutação permite que o ferro seja muito absorvido no intestino. Sendo assim, o ferro em excesso gera EROs e com isso lesão celular crônica e constante nos hepatócitos, essa lesão gera cicatrização (tecido conjuntivo). Dependendo da área de cicatrização do órgão, há cirrose (perda de função). · Glicemia descontrolada: no pâncreas, as células beta pancreáticas que geram insulina podem estar lesionadas, ocasionando na insuficiência de insulina para o controle da glicemia - Porque a doença é mais grave em homens do que em mulheres? Mulheres perdem ferro todo mês (menstruação). - Porque é mais comum nessa idade? Porque o acúmulo de ferro vai acontecendo de forma gradativa ao longo dos anos e normalmente o diagnóstico é feito quando a doença está avançada. - Qual o medicamento mais indicado? Medicamentos que grudam no ferro e não permitem que ele seja absorvido: quelante de ferro. Melanina É um pigmento que varia do castanho ao negro. Funções: proteção contra radiação ultravioleta (fotoproteção), ação antioxidante, absorção de calor, cosmética e comunicação social Tipos de melanina: Eumelanina Feomelanina Insolúvel de cor castanha a negra com ação fotoprotetora e antioxidante Solúvel em solução alcalina de cor amarela a vermelha, com ação antioxidante Etiologia Melanina é um polímero complexo sintetizado em melanócitos, sendo estes situados na camada basal e na matriz do folículo piloso. Hiperpigmentação patológica: · Aumento no número de melanócitos: nevos (pintas), melanoma · Aumento da quantidade de melanina: efélides (sardas), doença de Addison (hipoadrenalismo) · Cloasma ou Melasma gravídico: fatores hormonais e exposição solar · Defeito na eliminação de melanina: incontinência pigmentar Hipopigmentação patológica: · Acromia cicatricial: inflamação e traumas · Vitiligo: autodestruição dos melanócitos · Redução da produção de melanina: albinismo (doença congênita) Etiopatogênese Mecanismo fisiológico: · Hipotálamo age na glândula piruritaria anterior · Estimula a produção de ACTH · ACTH estimula a glândula adrenal · Estimula a produção de cortisol · Estimulação de melanócitos Doença de Addison: hipoadrenalismo – aumento da tirosinase – aumento da eumelanina Melanoma maligno: tumor comum na pele. A luz solar é um fator predisponente e o dorso e os MMII são os mais afetados. Os indivíduos de pele clara têm maior risco. Alguns melanomas têm origem em lesões melânicas prévias como o nervo nevocelular. Sinal clínico: aparecimento de lesão pigmentada nova na vida adulta ou mudança de tamanho e/ou cor em uma lesão pigmentada já existente. O contorno é irregular e pode haver prurido e sangramento http://anatpat.unicamp.br/lamdegn17.html Antracose Epidemiologia · Trabalhadores de minas de carvão · Fumantes · Moradores de grandes e médias cidades com alto grau de poluição atmosférica · Poluição de ar atmosférica/ pulmão de choupana/ doença pulmonar por partículas adquiridas domesticamente: queima de combustível solido – biomassa Etiologia Inalação de pigmentos e sua deposição em órgãos. Mais comum: carvão em pulmões Etiopatogênese · O pigmento de carvão, uma vez inalado, é fagocitado por macrófagos alveolares e transportado para vasos linfáticos aos linfonodos regionais. · O acúmulo progressivo do pigmento produz coloração negra nas partes afetadas em forma de manchas irregulares no parênquima dos pulmões, pleura, nos linfonodos e no hilo pulmonar · O grande acumulo de pigmento pode gerar fibrose e levar a diminuição da capacidade respiratória Macroscópico: manchas pretas pequenas na superfície pleural e de corte, nos pulmões e gânglios hilares e mediastinais http://anatpat.unicamp.br/tapneumocon.html Microscópico: pigmento negro, livre ou fagocitado. Partículas finas e não refringentes Tatuagem Etiopatogênese A pigmentação exógena introduzida na derme é fagocitada por macrófagos, por células endoteliais e por fibroblastos. Em decorrência disso, há a decorrência de um processo inflamatório podendo gerar reação alérgica (hipersensibilidade retardada). Uma pequena parte da quantidade de pigmento é transportada pelos vasos linfáticos aos linfonodos regionais, onde é fagocitado e apresentado para linfócitos. Em certos casos, pode haver reação alérgica (hipersensibilidade retardada – em que os linfócitos efetores atacam as substancias depositadas). Outra complicação é a linfonodomegalia em que há o excesso de macrófagos nos linfonodos regionais cheios de pigmentação.
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