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Calor latente Eduardo B. M. Da silva, Iago B. Vettorazzi, Ingrid C. Moreira e Mariana R. M. Henriques Física II – Engenharia de Alimentos – CCENS Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/2 - Alegre-ES Resumo. A presente prática teve como objetivo descobrir por meio de fórmulas, experimentos e com base nos princípios da termodinâmica o valor de potência da fonte térmica, de (16±3)cal/, que foi utilizado para determinar o calor latente de vaporização, de(240±12)cal/g. Além disso determinou- se o calor latente de fusão, de (96±6)cal/g, a partir da teoria de que o somatório das quantidades de calordeve ser igual a zero em um estado de equilíbrio térmico.Devido à erros, os resultados obtidos se diferem dos tabelados. Palavras chave: Calorímetro, calor sensível, calor latente. 1. Introdução Quando dois ou mais corpos, que estão em temperaturas diferentes, são colocados em contato, ocorrem trocas de calor entre eles, até ser atingido o equilíbrio térmico.Quando um corpo troca calor normalmente tem sua temperatura variada. No entanto, quando ele atinge uma temperatura de transição de fase ele troca calor sem ter sua temperatura alterada. Como demonstra abaixo: Gráfico 1: Mudanças de estado Por conseguinte, define-se calor sensível como calor que ao ser recebido ou cedido por um corpo, provoca variação de temperatura. Já o calor latenteé a ocorrência da mudança de estado físico quando a energia é absorvida ou liberada sob forma de calor por um sólido ou um líquido, sem variar a temperatura. Desse modo, o calor latente mede a quantidade de calor por unidade de massa necessário para haver a transição de fase. [1]. Obtido através da equação 1 a seguir: 𝑄 = 𝐿 × 𝑚(1.1) Q → Quantidade de calor L → Calor de transformação m → massa Em um experimento que envolve o calorímetro, água e gelo, quando há mudança de fase da liquida para gasosa é chamado de calor de vaporização. Ao utilizar uma fonte térmica para essa transformação, tem como base a potência do mesmo, dado por: 𝑃 = 𝑄 𝑡 (1.2) P → Potência Q → Quantidade de calor t → Tempo Assim, ao combinar e manipular a equação 1.1 e 1.2 é possível calcular o calor latente de vaporização, fornecido por: 𝐿𝑣 = 𝑃×𝑡 𝑚 (1.3) Já para a mudança de fase da sólida para a liquida o calor de transformação é chamado de calor de fusão, onde envolve a quantidade calor de todos os elementos envolvidos no processo, como mostra a formula abaixo: 𝑄𝑐 + 𝑄𝑎 + 𝑄𝐿 + 𝑄𝑆 = 0 (1.4) 2. Procedimento Experimental Para a realização da série 1 deste experimento, mediu-se inicialmente 100 mL de água fria com auxílio de uma proveta de 250mL e transferiu-a para um béquer onde, por meio de um termômetro, verificou-se a temperatura inicial do conjunto. Calculou-se a massa da água, por meio do produto do seu volume pela densidade, fornecida no roteiro. Os valores obtidos nessa etapa constam na tabela 1. O béquer contendo a água foi levado para o aquecimento em uma fonte térmica com tela de amianto (fig. 1). Figura 1: Fonte térmica. Simultaneamente acionou-se um cronômetro e a cada variação de 3°C na temperatura registrou-se o tempo correspondente na tabela 2, com suas respectivas incertezas. Para este passo realizou-se 20 medições. Após esta etapa, aguardou-se até que a água alcançasse sua temperatura de ebulição e cronometrou-se 5 minutos. Ao atingir o tempo marcado, desligou-se a fonte térmica e o béquer foi cuidadosamente posicionado sobre uma flanela, e então averiguou-se sua temperatura até que esta chegasse aos 60°C. Com isso, colocou-se a água novamente na proveta para verificar seu volume final e, juntamente com o valor de sua densidade, calculou-se a massa da água que evaporou no decorrer desses 5 minutos. Os resultados e suas incertezas encontram-se na tabela 3. Para preencher a tabela 4, foi feita a variação do tempo e da temperatura encontrados na tabela 3, reduzindo-se assim os valores trabalhados pela metade. Utilizando a variação da temperatura, a massa e adotando o calor específico da água como c = 1,0 cal/g°C, calculou-se o calor (Q) para cada uma das 10 medições, sempre associando os valores às suas incertezas. Posteriormente, utilizando os valores encontrados para Q e a variação do tempo, descobriu-se a potência (Eq.1.2) de cada uma das medidas e então foi feita uma média com esses valores, juntamente com a média do desvio padrão.Por fim foi feito um gráfico do calor em função da variação do tempo para representar a potência. Para a série 2 , primeiramente determinou-se o valor do calor latente (Eq 1.3) de vaporização da água, considerando suas incertezas, para preencher a tabela 5. Com a finalidade de completar a tabela 6, a princípio adicionou-se 100 mL de água na proveta, calculando sua massa inicial, e em seguida colocou-a no calorímetro. Mediu-se a temperatura inicial do conjunto, e então pôs-se 2 cubos de gelo no calorímetro, que foi rapidamente tampado. A partir de então monitorou-se a temperatura a cada um minuto até que esta atingisse o equilíbrio. Assim, despejou-se o líquido na proveta afim de verificar o volume e, a partir deste, a massa final da água. Por fim, depois da obtenção desses dados, determinou-se o calor latente de fusão do gelo e sua incerteza, a partir da equação 3. 3. Resultados e Discussão Nessa prática, foi avaliada a potência de uma fonte térmica. Para isso, foi medido o volume de (100 ± 1)x10-6 m3 de água em uma proveta, podendo haver erros por parte dos estudantes durante a medição ou erros devido a imperfeições do equipamento. Calculou-se sua massa utilizando o valor de densidade presente no roteiro, chegando assim ao valor de (100 ±1)x10-3 kg. Para a medição de temperatura, transferiu-se a água para um béquer, podendo haver perda de volume devido a uma parcela da água ficar retida na proveta. Foi utilizado um termômetro, obtendo-se o valor de (298,0± 0,5) K. Erros na medição da temperatura podem ter ocorrido devido ao ar condicionado ligado ou a falhas no próprio termômetro. Os valores obtidos estão representados na Tabela 1, respeitando as unidades dos equipamentos. Tabela 1: Volume, massa e temperatura inicial da água. (𝑽𝒊 ± 𝑽𝒊)𝒄𝒎 𝟑 (𝑴𝟏 ± ∆𝑴𝟏)𝒈 (𝑻𝒊 ± ∆𝑻𝒊)℃ 100±1 100±1 25±0,5 Após a obtenção desses valores, foi ligada a fonte térmica, tomando o cuidado para posicionar o béquer em cima da fonte, para evitar danos no equipamento, assim como conectar a fonte na tomada adequada. Com isso foi feita uma série de vinte medidas com os valores de tempo em relação a variação de 3 K de temperatura. Os valores que se encontram na Tabela 2 foram coletados de forma acumulativa. Como valores iniciais foram obtidos zero segundo para o tempo, já que o aquecimento foi iniciado nesse momento, e (298,0 ± 0,5) K para a temperatura, ou seja, o valor da temperatura da água na temperatura ambiente. E como valores finais, obteve-se (478 ± 1) s para o tempo e (358,0 ± 0,5) K para a temperatura, indicando que para o aumento de 60 K foram necessários aproximadamente 478 s. Como nesta etapa o tempo de reação dos estudantes era um fator importante na medição, pois enquanto um media a temperatura, outro marcava o tempo, erros podem ter ocorrido pelo atraso na reação e possíveis falhas na comunicação entre eles, principalmente na parte final do processo, onde a temperatura começou a variar muito mais rapidamente. Tabela 2: Valores do tempo e temperatura em 20 repetiçoes. Na Tabela 3 foi anotado o volume final da água após cinco minutos em ebulição, obtendo-se o valor de (80 ±1)x10- 6 m3 e, com o valor de densidade dadono roteiro, foi calculado o valor da massa de (80 ±1)x10-3 kg. Essa etapa mostra-se necessária, pois posteriormente seria necessário saber a quantidade de água evaporada para calcular o calor latente de ebulição da água pela (Eq. 1.3),um dos objetivos da prática. N (𝒕𝒊 ± 𝝈𝑻𝒊)𝒔 (𝑻𝒊 ± 𝝈𝑻𝒊)℃ 0 0±1 25±0,5 1 119±1 28±0,5 2 151±1 31±0,5 3 172±1 34±0,5 4 194±1 37±0,5 5 215±1 40±0,5 6 230±1 43±0,5 7 250±1 46±0,5 8 267±1 49±0,5 9 282±1 52±0,5 10 301±1 55±0,5 11 317±1 58±0,5 12 334±1 61±0,5 13 350±1 64±0,5 14 365±1 67±0,5 15 381±1 70±0,5 16 398±1 73±0,5 17 415±1 76±0,5 18 435±1 79±0,5 19 455±1 82±0,5 20 478±1 85±0,5 Tabela 3: Volume final e massa da água evaporada. (𝑽𝒇 ± 𝝈𝑽𝒇)𝒄𝒎 𝟑 (𝑴𝒗 ± 𝝈𝑴𝒗)𝒈 80±1 20±1 Já na Tabela 4, os valores das 20 medições de tempo em relação à variação de temperatura foram colocados de forma comparativa, sendo possível observar a variação de tempo para cada medição, por exemplo, da primeira em relação à segunda houve uma variação de (32± 1) segundos, e também sendo possível observar a variação de temperatura, que nesse caso foi de (276,0 ± 0,5) K em todas as etapas. Dessa forma, considerando o calor específico fornecido no roteiro, foi possível calcular a quantidade de calor recebida em cada etapa, que foi de (1255 ± 70) J em todas as etapas, para assim calcular a potência da fonte térmica em cada etapa e posteriormente sua média, que foi de (66 ± 13) W. Tabela 4: Valores da Variação do tempo e temperatura, quantidade de calor e potência. N (∆𝒕𝒊)𝒔 (∆𝑻𝒊)℃ (𝑸𝒊)𝒄𝒂𝒍 (𝑷𝒊)𝒄𝒂𝒍 /𝒔 1 32 3 300 9,38 2 22 3 300 13,64 3 15 3 300 20 4 17 3 300 17,65 5 19 3 300 15,79 6 17 3 300 17,65 7 15 3 300 20 8 17 3 300 17,65 9 20 3 300 15 10 23 3 300 13,04 〈𝑴〉 - - - 15,98±3, 32 Essa média foi o valor utilizado para obter a quantidade de calor utilizada para a evaporação da água e esse calor foi utilizado para calcular o calor latente de vaporização da mesma. O resultado encontrado foi de (1005 ± 50)x103 J/kg, apresentado na Tabela 5. Usar essa média não leva a valores muito precisos, já que se trata de uma aproximação de todos os valores encontrados em cada medição. Com isso, é possível que haja erro no valor final encontrado para o calor latente. Vale notar que também pode haver erros provenientes de cálculos realizados pelos estudantes. Tabela 5: Calor latente de vaporização (𝑳𝒗 ± 𝝈𝑳𝒗)𝒄𝒂𝒍/𝒈 240±12 A figura 2 mostra uma reta inclinada positivamente. Vale notar que a potência é a relação da quantidade de calor pelo tempo, dessa forma é possível observar que o coeficiente angular do gráfico é correspondente, considerando as incertezas, à potência da fonte térmica, calculada previamente, comprovando a relção existente entre essas grandezas. Figura 2: Gráfico da potência. Para a construção da tabela 6 foi transferido para um calorímetro (100 ± 1)x10-3 kg de água e mediu-se a temperatura do conjunto com um termômetro, chegando ao valor de (298,0 ± 0,5) K. Após isto foram adicionados dois cubos de gelo ao calorímetro e foram efetuadas medidas de minuto a minuto da temperatura, até que o gelo derretesse e o material entrasse em equilíbrio térmico. Nessa etapa, erros advindos de imperfeições no calorímetro podem influenciar nos resultados, assim como o valor de sua capacidade térmica, calculada em experimento anterior. Ao final do processo foi medido o volume final do material em uma proveta. O valor encontrado foi de (130 ± 1)x10-6 m3, e assim foi possivel calcular, através da (Eq 1.4), o calor latente de fusão da água, chegando ao resultado de (402 ± 25)x103 J/kg. Os valores encontrados para os calores latentes de fusão e de vaporização da água não estão de acordo com os presentes na literatura, isso pode ter ocorrido devido a erros e falhas previamente citados, tanto de equipamentos, quanto dos estudantes, assim como condições laboratoriais e resultados de práticas anteriores. Tabela 6: Massas, temperaturas, volume e calor latente de fusão. 4. Conclusão Após a realização dos procedimentos experimentais, juntamente com a manipulação das fórmulas estudadas em aula teórica, foi possível determinar a potência média da fonte térmica, que foi de 16±3 cal/s, e a partir desta, descobrir o valor de calor latente de vaporização,240±12 cal/g. Também foi determinado o calor latente de fusão da água,de 96±6 cal/g. Tais valores não foram compatíveis com os valores tabelados de calor latente, provavelmente devido à erros cometidos no decorrer do experimento. 5. Referências [1] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física: Gravitação, ondas e termodinâmica. ed. 7. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2006. Vol 2 (𝑴𝒊 ± 𝝈𝑴𝒊)𝒈 (𝑻𝒊 ± 𝝈𝑻𝒊)℃ (𝑻𝑬 ± 𝝈𝑻𝑬)℃ (𝑽𝑭 ± 𝝈𝑽𝑭)𝒄𝒎 𝟑 (𝑴𝑭 ± 𝝈𝑴𝑭)𝒈 (𝑳𝑭 ± 𝝈𝑳𝑭)𝒄𝒂𝒍 /𝒈 100±1 25±0,5 2±0,5 130±1 130±1 95,67±5,97
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