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1. A percepção de Ciência tem relação direta com o fenômeno de construção do mundo ocidental. A ideia de Ocidente é moderna, mas foi usada para legitimar um conjunto de influências históricas que remete à Antiguidade. Quando estudamos a dinâmica dessa formação, chegamos até a Epistemologia, que se baseia em um vínculo entre a razão prática e a especulativa. Observando essa influência histórica é correto dizer que: A Filosofia grega não contemplava a razão prática. A Filosofia grega não contemplava a razão especulativa. A Filosofia grega primava pela razão prática, em detrimento da razão especulativa. A Filosofia grega primava pela razão especulativa, em detrimento da razão prática. Comentário Parabéns! A alternativa "D" está correta. A realidade, o mundo e o saber prático estavam presentes na Filosofia grega, berço da Ciência Moderna. Mas a primazia, nesse sistema de pensamento, era da razão especulativa. E chegava, segundo Ladrière (1979), a depositar nela a razão de ser e a finalidade da razão prática. 2. Como a Epistemologia pode contribuir com os discursos filosófico e científico? Como reflexão crítica de saberes, seus processos, sua historicidade. Como história descritiva das mentalidades. Como discurso metafísico, resgatando a conexão com uma verdade suprema. Como limitadora da arrogância humana. Comentário Avalie este módulo: Módulo 2 Identificar a Pedagogia como a Ciência da Educação Educação e Pedagogia Vamos agora dedicar nosso olhar à relação entre Educação e Pedagogia. Educar seria um ato epistemologicamente construído ou um ato natural humano. A Educação é um discurso, é uma prática social recorrente, independentemente de lhe ser aplicada um estudo técnico. No século XVIII, a organização de um campo científico, para pensar e construir a Epistemologia educacional, foi consagrada com o nome de Pedagogia. Repare, não é uma mera estrutura de palavras, mas a percepção de que — diante de uma prática vital e poderosa, cercada de filosofia, de história, de anseios — passa a ser constituído um campo de saber próprio, múltiplo, vívido, que se encerra na construção de uma Epistemologia singular, da qual trataremos a seguir. O discurso norteador da Educação Podemos dizer que a Educação nasce de uma construção discursiva, prática recorrente que vai se consolidando de forma específica. Voltemos à Filosofia para resgatar um importante conceito que nos será útil daqui em diante: o de discurso. O que podemos entender por discurso? Os conhecimentos filosófico e científico exigem sempre que seus discursos sejam específicos, porque seus conhecimentos decorrem de pensamentos rigorosos, que se dirigem a um objeto, possuem um método e são lógicos, coerentes, não contraditórios. E assim devem ser, pois a Ciência nasceu sob a égide da razão e da verdade. Não é por outro motivo que o rigor da Ciência se encontra nos seus próprios discursos, a exemplo do discurso filosófico. Há um discurso recorrente em nossa sociedade, apresentado de forma genérica, perdendo muitas vezes o sentido que aproxima a Educação, enquanto campo científico, da atuação do pedagogo no movimento desse campo. A partir deste momento, buscaremos aplicar as bases da Epistemologia discutida, das contradições exploradas e da busca desse sentido estrito no campo da Educação. Concluindo Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse modo, a Educação, como Ciência, nasceu de uma construção discursiva que vem se consolidando de forma específica. A Ciência da Educação A Educação é tida como uma prática social e até mesmo histórica. Mas, originariamente, prática, ou fazer, tem o sentido de arte – a tékhne grega – e, como tal, exige um conhecimento daquilo que se faz. Portanto, o sentido de tékhne é o de fazer e o de ensinar (saber) a fazer. Para se fazer bem, é preciso conhecer o que se vai fazer; e para saber bem, é preciso competência para fazer. Muitas obras já têm feito a distinção entre Educação e Pedagogia, o que é importante para caracterizar a Ciência da Educação, ou seja, a Pedagogia. Contudo, é preciso considerar a inevitável indissociabilidade entre teoria e prática. Toda prática traz embutida em si uma ou mais teorias e toda teoria traz em si mesma uma prática. Nem sempre se tem clareza sobre isso. Basta ficar atento àqueles que querem sempre “aplicar” teorias. Ao afirmarmos que a Pedagogia é a Ciência da Educação, consideramos a Educação seu objeto. A questão fundamental é o que se concebe por Educação. Seria equivocado pensar que a Pedagogia é uma reflexão sobre o que se faz nas escolas. Ela é muito mais do que isso. Se considerarmos que somos adeptos da Ciência grega, podemos afirmar que sempre houve a preocupação com um ideal de formação humana. Os gregos absorveram e transmitiram o patrimônio cultural de muitos povos que os precederam, principalmente o babilônico e o egípcio, e não deixaram de transmitir os seus próprios conhecimentos. É preciso tomar cuidado com a expressão “ciências da educação”, embora ela seja bastante difundida. Muitos atribuem-na àquelas ciências que, muitas vezes, servem de suporte para algumas argumentações em termos pedagógicos, como a Sociologia, a Psicologia e a Antropologia. Contudo, essas ciências não são da Educação. Mesmo que elas possam estudar determinados aspectos acerca da Educação, elas o fazem sob a ótica de cada uma. Quanto à Filosofia, não é considerada uma Ciência; pelo menos no sentido que esta tomou desde os séculos XVI e XVII: estudo dos fenômenos, os quais são submetidos à prova matemática (ciências formais) e à verificação (ciências empíricas). Então, uma vez que consideramos a Pedagogia como a Ciência que estuda a Educação, como se dá a organização do conhecimento científico? Em relação ao método Não há um método específico para a Pedagogia, assim como não há para qualquer Ciência. É uma opção que cabe a cada pesquisador. Tudo depende do ponto de partida (geral ou particular). Em relação ao corpo conceitual A Pedagogia não tem um corpo conceitual definido, mas isso não causa problema algum, uma vez que é possível se valer de conceitos utilizados por outras disciplinas científicas quando necessário. A esses conceitos devem ser atribuídos significados absolutamente adequados à própria Pedagogia. É preciso dar um tratamento científico à Educação, pois apenas fazemos ideia do que ela seja. Contudo, a ideia que dela fazemos é unilateral e, muitas vezes, falsa, porque é calcada no senso comum. É preciso, também, ter acesso às teorias pedagógicas e que cada professor questione, com frequência, seu papel social e profissional. As relações sociais, as influências do meio, das condições de trabalho, da mídia, da política etc. fazem da Educação uma atividade humana singular. Concluindo A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de outras disciplinas científicas para desenvolver os conhecimentos científicos sobre o fazer e o ensinar. O campo da Educação Associando o entendimento do conceito epistemológico da Pedagogia como a Ciência da Educação, precisamos nos remeter brevemente aos séculos XIX e XX. Século XIX Ainda que a Educação, enquanto técnica, tenha sido debatida, disputada e organizada ao longo do tempo, a construção de um conjunto de pesquisas complexas, representações sociais e vínculos com outras práticas científicas só emerge no século XIX. Século XX Estudos que revelam como compreender os debates sobre o ensino, o aprendizado, a didática e a Psicologia construíram discursos, conceitos e abordagens que permitiram a Pedagogia ter se tornado, no século XX, uma das mais importantes e debatidas ciências nas sociedades ocidentais. Foi considerado que, de alguma forma, ela representaria a marca, a continuidade e o avanço pretendido. Ao longo do século XX, no entanto, esse campo se multiplicou, ramificou e se reestruturou muitas vezes. Entendemos, portanto, que a Pedagogia assumiu características e estruturas que a transformaram em uma Ciência, constituindo uma Epistemologia viva para refletir aEducação, a qual passa a ser um campo de investigação liderado pela Pedagogia. Muitos esperam uma conclusão definitiva de como operar, como fazer, qual a concepção vigente correta para a perfeita Educação e qual a conclusão de séculos de estudo. Esse processo e essas respostas não existem. Perceber a Educação como um campo e a Pedagogia como uma Ciência é um convite para que você constate e estruture a sua Epistemologia. Esteja disposto a se aprofundar, vivenciar e debater, pois essa é a única forma de compreender a dinâmica do campo. Concluindo No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser definida pelo pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre esse campo de estudos. Para saber mais sobre a Pedagogia como Ciência da Educação, assista ao vídeo a seguir. Resumindo Nesse módulo, concluímos que: Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse modo, a Educação, como Ciência, nasceu da construção discursiva que vem se consolidando de forma específica. A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de outras disciplinas científicas para desenvolver os conhecimentos científicos sobre o fazer e o ensinar. No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser definida pelo pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre esse campo de estudos. Verificando o aprendizado 1. Considerando a Pedagogia como a Ciência da Educação, precisamos associá-la adequadamente. Assinale a alternativa correta: Atualmente, podemos afirmar que Ciência não é Filosofia e Filosofia não é Ciência. Atualmente, mais do que nunca, a Filosofia é uma Ciência. A Filosofia é Ciência, porque ela é também experimental. A Ciência é Filosofia, porque cabe a ela discutir problemas que são próprios da Filosofia. Comentário 2. Sobre o uso de conceitos pela Pedagogia podemos perceber que: A Pedagogia não tem um corpo conceitual definido. A Pedagogia não pode emprestar conceitos de outras ciências. A Pedagogia só pode emprestar conceitos da Filosofia. A Pedagogia não empresta conceitos porque é uma prática. Comentário Módulo 3 Reconhecer a proposição de uma Educação Integral baseada na filosofia do sujeito Educação Integral Você sabe o que é Educação Integral? Educação Integral é educação em tempo integral! Essa afirmação está correta? Clique no link para ver as informações. A Educação Integral entende a existência do sujeito para além de sua condição cognitiva, considerando seus afetos e suas dimensões sociais, psicológicas e físicas em um contexto de relações. O sujeito tem desejos, anseios e demandas simbólicas, buscando satisfazer-se por meio das suas diversas formulações de realização. Gonçalves (2006) afirma que a Educação Integral propõe a visão do sujeito em diversas dimensões, não apenas cognitiva, mas também como sujeito que tem afetos e desejos que precisam de satisfação. Há muitos debates no campo da Educação versando sobre a educação estética, sobre a questão da Neurociência, e uma série de outras pesquisas, as quais é importante conhecer. Mas tudo isso parte de uma teoria pedagógica anterior, da percepção filosófica do sujeito, e é sobre ela que nos atentaremos neste módulo. Se o campo da Educação tem sua Epistemologia, se a Pedagogia é sua Ciência, é o sujeito que lhe fornece sentido. Consolidou-se, assim, um dos preceitos iniciais, mas fundamentais, para a Educação Integral: Ela não pode ser meramente instrucional, pautada na repetição, na exposição unilateral de conteúdo. Para que haja uma Educação Integral, é necessária a compreensão de que educar é instigar o pensamento, ouvir opiniões contraditórias, construir argumentos, ou seja, é necessário conhecer o sujeito. Fonte: ESB Professional / Shutterstock Concluindo A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o psicológico, o cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional. Conhecendo o Sujeito Uma Pedagogia do Sujeito busca a construção do sujeito e que ele se reconheça como tal. Para refletirmos sobre esse sujeito, um pensamento de Martin Claret: No espaço e no tempo, todas as coisas mudam. Transformam-se. Nada tem forma permanente. A única coisa permanente é a impermanência. Modificar-se é o início da sabedoria. O sujeito é quem se modifica, logo, é ele quem sabe. Saber tem conotação mais forte do que conhecer. Saber é ter consciência do conhecer. E isso porque o ser humano não tem o monopólio da aprendizagem. Modificar-se é fazer alusão à necessidade que temos, todos, de nos construir e de nos reconhecer como sujeitos. O sujeito se define por e como um movimento, movimento de desenvolver-se a si mesmo. O que se desenvolve é sujeito. (...) Porém, cabe observar que é duplo o movimento de desenvolver-se a si mesmo ou de devir outro: o sujeito se ultrapassa, o sujeito se reflete. DELEUZE, 2001 Observe que o desenvolver a si mesmo, o ultrapassar-se e o refletir alertam para a importância de se dizer eu. Eu sou e, por ser, construo-me autônomo, livre e responsável, nos meus comportamentos e nas minhas realizações. Por isso, é imprescindível que cada um de nós se construa e se reconheça como sujeito. Construir-se sujeito nada mais é do que edificar-se nas próprias dimensões. O sujeito emerge no limiar da interioridade e da exterioridade. Clique nas setas para ver as informações. Referir-se à interioridade é fazer referência aos aspectos psíquicos relativos ao conhecer/saber (o cognitivo), ao fazer (o motor), ao sentir (o emotivo) e ao querer (o volitivo). Referir-se à exterioridade é fazer referência ao corpo, à família, ao social e ao espiritual (não necessariamente ao religioso). Importante chamar a atenção para algumas funções do dinamismo psicológico do saber, que sempre devem ser consideradas quando nos referimos ao sujeito: INTROSPECÇÃO EXTROSPECÇÃO ATENÇÃO MEMÓRIA INTUIÇÃO PENSAMENTO LINGUAGEM IMAGINAÇÃO PERCEPÇÃO OUTRAS Essas funções vêm sendo estudadas pelas ciências, demonstrando que, devido à noção de sujeito ter surgido na Modernidade, não se pode, ao estudá-la, deixar de levar em consideração as contribuições atuais da Antropologia, da Sociologia, da Biologia, da Linguística, das Neurociências, das Ciências Cognitivas, dentre outras. Os aspectos psíquicos interpenetram-se entre si, da mesma forma como os aspectos constituintes da exterioridade. E ambas, a interioridade e a exterioridade, também se interpenetram. É preciso, também, fazer referência aos termos autoconsciência e consciência de si, próprios da linguagem contemporânea. Aquele que tem consciência de si sabe de suas possibilidades, de seu valor ou da importância de suas ações. Trata-se de uma determinação que designa ou caracteriza uma relação entre um eu e um outro (que é um eu). Com isso, não se pode deixar de considerar o conceito de alteridade. Concluindo O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em constante desenvolvimento. A Pedagogia do Sujeito Uma Pedagogia é teoria e método. Método é a interação entre um procedimento de ensino – os procedimentos de ensino têm a intenção de fazer com que o aluno aprenda o que tem de aprender – e uma teoria correspondente. Alguns exemplos, apenas, permitirão ao leitor se enveredar pelos caminhos do método pedagógico. Antes, convém observar que a Pedagogia do Sujeito parte dos seguintes princípios: Cada sujeito éum sujeito O sujeitoé quem aprende O sujeito aprende no seu ritmo O sujeito aprende com o erro O sujeito aprende melhor em grupo Desde a indicação dos materiais que serão utilizados em classe até a análise e a compreensão das atividades, depara-se o professor com a obrigação de indicar exatamente como as aulas serão desenvolvidas e como as atividades devem ser propostas. Tal preparação demanda pesquisa sobre os conteúdos a serem trabalhados, sobre a formulação das atividades, sobre a lógica embutida nas suas proposições e sobre os procedimentos que permitirão desenvolvê-las. É preciso que o professor saiba que, se não fizer essa preparação, se não vivenciar a experiênciade também se submeter às atividades, prejudicará a aula. Portanto, trata-se de um momento que não tem o propósito de instrumentalizar o professor para simplesmente repassar a solução dos exercícios aos alunos. Habituados a nos preparar para ensinar, para dar respostas, torna-se estranho e difícil mantermos uma atitude coerente de deixá-los buscar suas próprias soluções. E, especialmente, de fazer com que os alunos percebam os seus próprios erros. O professor precisa entender que, ao se assumir sujeito, deve encarar o aluno como sujeito. O que não acontece, por exemplo, quando o auxilia na solução ou soluciona um problema por ele. É estranho e complexo para o aluno entender que, quando o professor nega a ele um dado desnecessário ou uma resposta correta, esteja exatamente autorizando-o a trabalhar com autonomia, com liberdade, isto é, a ser ele mesmo. Ao mesmo tempo em que professores e alunos realizam suas atividades procurando vivenciar experiências particulares e conjuntas, muitas vezes ainda nos causa estranheza que tal vivência, para ser coerente com a situação de experiência, não deva ser antecipadamente preparada a fim de ser bem-sucedida. Então, qual é o papel do professor em uma Pedagogia do Sujeito? Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock Quanto ao papel do professor, o momento de desenvolvimento da aula, mais do que seria de se esperar e de forma contundente, demanda-lhe ser sujeito. Porque, mesmo tendo vivenciado de maneira muito intensa a preparação da aula, depara-se, dentre outras questões, com a exigência da precisão da linguagem e de que se valha apenas das informações necessárias à sua realização. Assim, na Pedagogia do Sujeito, a linguagem utilizada deve: Mas porque a linguagem precisa e rigorosa é tão importante? A prolixidade e o descuido com o significado e o valor das palavras dispersam a atenção dos alunos, bem como os levam a não se responsabilizar pelo que dizem ou pelo que fazem. Sem precisão e rigor de linguagem, diz-se por dizer e não há consequentemente o cumprimento rigoroso da aula. A repetição dos preceitos induz à desatenção e à negligência, além de desvalorizar a situação vivenciada e a elaboração mental que ao aluno é solicitada. Quando não se respeitam os momentos próprios de cada atividade, os alunos se confundem e aqueles que não estão atentos certamente vão entender as orientações de forma truncada ou incompleta. Explicações adicionais desnecessárias e excesso de orientações para facilitar a solução dos problemas propostos desmerecem a competência dos alunos, tolhem-na, relaxam a exigência e o rigor do exercício. Podem até conduzi-los ao encontro de caminhos que não sejam os por eles mesmos descobertos e escolhidos e que anulam assim sua função e seu papel de atores/autores. Quanto ao princípio de que os exercícios sejam inéditos, cumpre destacar que muitas pedagogias trabalham num sentido radicalmente oposto ao apresentado, porque dão ênfase à repetição, à apresentação de modelos de solução, ao exemplo, ao treinamento, à proposição de situações regulares e rotineiras, que reduzem as dificuldades tanto de professores quanto de alunos. Por isso, jamais se deve enfatizar resultados. Não se trata de negá-los, mas de saber que fazem parte da situação vivenciada. Na perspectiva da Pedagogia do Sujeito, as atividades não devem ter caráter utilitário, nem finalístico. O aluno precisa conhecer. Logo, não interessa a ele visar a uma finalidade prática. O importante é que ele compreenda que a finalidade não é desenvolver objetos, mas desenvolver a si próprio. A prática das atividades fundamenta toda análise. Não há precedência de teorias. A teoria é subjacente a qualquer atividade. Essa concepção da teoria, inerente ou imbricada e não dicotomizada da prática, constitui atitude interdisciplinar, substancialmente perceptível quando professor e alunos discutem a realização das atividades. Exige-se do professor que seja consciente, responsável e vigilante ao considerar objetos banais, porque o mais importante é o sujeito. E é essa uma das bases sobre as quais a Pedagogia do Sujeito edifica seu corpo teórico. Não é por outro motivo que a Pedagogia do Sujeito desconstrói os clichês ou os rótulos de que uns são melhores do que os outros... Não é melhor aquele que fez um objeto melhor. O que interessa é aquele que se faz melhor a partir do que vivencia. Por isso, não cabe ao professor julgar o aluno, mas ao próprio aluno julgar se fez melhor. Ao professor compete provocar atitudes de avaliação para que todos e cada um avaliem como está se construindo o sujeito. A Pedagogia do Sujeito não se preocupa com o sucesso ou com o fracasso, pois é vivenciando essas experiências que o sujeito é construído. A Pedagogia do Sujeito jamais destaca que um sujeito tem maior ou menor habilidade nisto ou naquilo. Jamais admite o raciocínio das compensações. Um aluno nunca é bom em uma coisa e ruim em outra. Concluindo A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia na busca pelo conhecimento, a partir das suas próprias experiências individuais ou coletivas. A proposta de uma Educação Integral do sujeito A Pedagogia do Sujeito concebe e busca construir o sujeito em sua totalidade. E é por isso que todas as atividades têm que trabalhar diversas habilidades. Deve-se alertar o aluno de que um mau desempenho em uma atividade jamais será indicativo da impossibilidade de bem realizá-la. Pelo contrário, é dessa atividade que ele mais necessita, uma vez que é ela que apresenta desafios complexos, difíceis de serem enfrentados e a que mais o desenvolverá. Há de se alertar o aluno para o fato de que, se ele é bem-sucedido em determinada atividade, poderá ser bem-sucedido em outras, pois estará efetivamente se desenvolvendo ao ampliar suas potencialidades. Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock Quanto às atitudes consideradas menores, no cotidiano escolar, um exemplo bastante significativo é o da exploração do erro. Não cabe nem ao aluno nem ao professor esconder qualquer tipo de erro. Ao contrário, o professor deve provocar no aluno constante atitude de vigilância para que este perceba o erro, uma vez que não há por que temê-lo. Não há por que escondê-lo de quem quer que seja, principalmente de si mesmo. É errando, e tendo consciência do erro, que se aprende. Além disso, é lastimável que deixemos escapar as possibilidades de nos questionarmos. Professores e alunos precisam encontrar o caminho da busca do conhecimento, seja ele qual for (o filosófico, o científico, o artístico, o teológico e, até mesmo, não descuidar do senso comum), bem como precisam assumir o papel que lhes cabe de se formarem, também, pesquisadores. Um sujeito nada é sem o outro. Por isso, a relação intersubjetiva deve ser ética, respeitando os valores morais do grupo em que vivem ou deles próprios. Importante destacar que a escola tem papel decisivo, que deve ser definido com urgência, pois pela Educação se dará prioridade e se resguardará a qualidade de vida, a luta pela cidadania, a superação das desigualdades sociais, a dignidade e a felicidade dos seres humanos. Concluindo A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma proposta de Educação Integral. Para saber mais sobre a Educação Integral e a Pedagogia do Sujeito, assista ao vídeo a seguir. Resumindo Nesse módulo, concluímos que: A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o psicológico, o cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional. O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em constante desenvolvimento. A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia na busca pelo conhecimento, a partir das suas próprias experiências individuais ou coletivas. A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma proposta de Educação Integral. Verificando o aprendizado 1. Sobre a Educação Integral devemos ter como centro do processo que:A educação tem a ver com aprender a pensar. A questão do método já está suficientemente estudada. Referir-se ao epistemológico integral significa referir-se à leitura dos textos científicos. A ideia de fundamento da Educação Integral sempre esteve ligada à ideia de experimentação/tempo. Comentário 2. A Pedagogia do Sujeito é uma proposta que, independentemente da adoção de modelos e métodos, deve pautar a reflexão docente na visão de que o aluno é um sujeito de desejos e que a sua compreensão enquanto sujeito permite obter resultados diversos. Assinale a alternativa que apresenta uma característica vital dessa prática pedagógica: Conhecer a si mesmo é uma exigência humana que tem perpassado o tempo e isso só pode ser experimentado na prática. Pautados no conhecimento que temos de nós mesmos, não seria possível conhecer a Filosofia e a Ciência; logo, deve-se pensar e analisar o autoconhecimento como caminho. Na verdade, há somente uma única maneira capaz de nos conduzir a nós mesmos: o autoestudo. Atividades que visem a despertar habilidades, para que o aluno possa pela prática perceber e analisar o que está sendo realizado, assim como na vida. Comentário Conclusão Considerações finais Concluímos um importante trajeto filosófico para a Educação. Você primeiro descobriu o que é Epistemologia e o quão complexa é a relação entre a Filosofia e a Ciência. Depois, aplicamos o que aprendemos no campo da Educação, percebendo o papel da Pedagogia como Ciência da Educação, suas nuanças e o que representam em nosso entendimento de Educação. Por fim, percebemos os debates estabelecidos acerca da questão do sujeito e de como o entendimento da base filosófica da Educação pode ser transformado, valorizado e direcionado para nosso entendimento do papel do sujeito. Podcast Agora, Bárbara Leal, Rodrigo Rainha e Potiguara Accacio encerram o tema falando sobre a Pedagogia como Ciência da Educação. Referências ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1999. CHIBENI, S. S. Observações sobre as relações entre ciência e filosofia. Campinas: Unicamp, 2001. DELEUZE, G. Empirismo e Subjetividade. Ensaio sobre a natureza humana segundo Hume. São Paulo: Editora 34, 2001. FALCO, H. Yo Soy. El poder de descubrir quien eres. Chile: Norma, 2001. GONÇALVES, A. S. Reflexões Sobre Educação Integral e Escola de Tempo Integral. In: Cadernos Cenpec, v. 1, n. 2, 2006. LADRIÈRE, J. Os Desafios da Racionalidade. O Desafio da Ciência e da Tecnologia às Culturas. Petrópolis: Vozes, 1979. LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993. MORA, F. Dicionário de Filosofia. Portugal: Dom Quixote, 1977. RIBEIRO, J. A. A imagem do filósofo no Eutidemo de Platão. In: Argumentos, ano 6, n. 12. Fortaleza, 2014. Explore + Você sabe o que é Filosofia? Pesquise no Dicionário de Filosofia, de José Ferrater Mora (1977), e no Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, de André Lalande (1993). Para se aprofundar mais no assunto deste tema, leia os seguintes textos: Artigo Reflexões Sobre Educação Integral e Escola de Tempo Integral, de Antônio Sérgio Gonçalves; Artigo Vontade de pedagogia – pluralização das pedagogias e condução de sujeitos, de Viviane Castro Camozzato e Marisa Vorraber Costa; Resenha da obra OLIVEIRA, I. A. Epistemologia e Educação: bases conceituais e racionalidades científicas e históricas. Petrópolis: Vozes, 2016, por Jane Cordeiro de Oliveira; Artigo O papel da filosofia como instrumento pedagógico na escola do século XXI, de Laís Bianca Antônio Feroldi e Vanessa Cristina Treviso; Livro Convite à Filosofia, de Marilena Chaui. Conteudista Potiguara Acácio Pereira Ao clicar nesse botão, uma nova aba se abrirá com o material preparado para impressão. Nela, acesse o menu do seu navegador e clique em imprimir ou se preferir, utilize o atalho Ctrl + P. 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