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Fundamentos Filosóficos da Educação (Salvo Automaticamente)

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Pedagogia como Ciência da Educação – Tema 1
Definição: Reflexão crítica sobre o conhecimento e a Ciência da Educação, englobando considerações sobre Filosofia e Ciência, razão e saber, bem como a problematização do conceito atual de Educação. Reconhecimento do sujeito como alicerce da Pedagogia do Sujeito e suas implicações para a Educação.
Propósito: Abordar a Pedagogia como Ciência da Educação sob a perspectiva epistemológica, fundamentando a prática pedagógica a fim de superar a defasagem cultural vivida atualmente pela escola. 
MÓDULO 1 - Descrever o conceito de Epistemologia como reflexão crítica sobre os discursos filosóficos e científico.
MÓDULO 2 – Identificar a Pedagogia como Ciência da Educação
MÓDULO 3 - \reconhecer a proposição de uma Educação Integral baseada na filosofia do sujeito.
Introdução
Numa abordagem de cunho epistemológico, pretende-se mostrar a necessidade de pensar a Pedagogia como Ciência da Educação. Referir-se ao epistemológico significa aludir a uma reflexão crítica sobre o conhecimento científico em geral (fundamentado, justificado e validado) e a como tal conhecimento é produzido nas suas muitas vertentes.
A Epistemologia, ao abordar o conhecimento científico, reconhece o quanto a Ciência é indispensável. Atualmente, sem dúvida, é a principal área do conhecimento. Apesar disso, não se pode deixar de considerar as demais áreas: a Filosofia, a Arte, a Teologia e o senso comum.
MÓDULO 1 - Descrever o conceito de Epistemologia como reflexão crítica sobre os discursos filosóficos e científicos.
O conceito de Ciência - Para descrever o conceito de Epistemologia, é necessário realizar o trajeto de construção do pensamento científico a fim de compreender a própria Epistemologia, assim como perceber que a relação entre Ciência e Filosofia deve ser indissociável na construção do conhecimento e da reflexão crítica. Vamos começar entendendo o conceito de Ciência.
O que significa Ciência? - A palavra ciência deriva do latim scientia, scire, isto é, saber, conhecer, e significa, em sentido amplo, qualquer conhecimento. Com o tempo, passou a se restringir ao conhecimento do que é produzido pelas ciências físico-naturais.
Se a Ciência teve início com a observação de certos fenômenos da natureza, não se pode esquecer, no entanto, que o homem já inventava instrumentos rudimentares. Havia também ali, no saber prático, o conhecimento: No processo da pedra: artelo,Instrumento de corte,Bigorna,Faca e Choupa.
A observação de plantas e animais vem dos primórdios das ciências biológicas, mas também desembocou no animismo e na magia (chamada no passado, pelos magos, de Grande Ciência Sagrada). Portanto, o animismo, a astrologia e a religião estiveram presentes nas origens da Ciência, ainda que não se possa determinar com precisão a qualidade de suas relações.
Predominava, entre os gregos, um conceito de razão marcado pela ideia de um saber especulativo regulado pelo critério da verdade. Contudo, é pela arquitetura conceitual, na qual ele se exprime que nos é permitido ver o mundo adequadamente. Seria, portanto, essa apreensão justa que constituiria, em si mesma, a última finalidade do saber e, em certo sentido, da própria vida. Acreditava-se que o conhecimento verdadeiro conduz à contemplação da realidade, ou seja, permite que a compreendamos em seus princípios, em sua origem. Ver o mundo na dimensão dos princípios é vê-lo em sua eclosão, em sua eterna juventude.
Concluindo - A Ciência significa saber, conhecer. Em sentido amplo, significa qualquer conhecimento.
Qual a relação entre a Ciência e a Filosofia?
Embora a Filosofia grega reservasse um lugar à razão prática, a primazia era dada à razão especulativa, concebida como finalidade da razão prática, como se a prática devesse servir à teoria.
A ferramenta de trabalho do filósofo e do cientista é predominantemente o pensamento, por meio da pesquisa teórica ou prática. Por isso, muitos deixam de lado a preocupação com resultados, com o término do trabalho, dada à importância do processo, o qual, legitimamente, é capaz de encerrar a pesquisa. Além disso, por ser um processo de conhecimento, há de se considerar que toda pesquisa colabora com a formação do pesquisador. Diante do que vimos em relação à finalidade do saber, e, portanto, da pesquisa, assim como suas possíveis inversões de valores, convém enfatizar que:
Pesquisas não são voltadas para o objeto, e sim para o sujeito. Dotados de consciência, os sujeitos têm o poder de agir sobre suas próprias vidas. Eles conhecem, agem, sentem e querem – características que devem ser consideradas para distinguir o pesquisar para sujeitos e o pesquisar sujeitos.
Os conhecimentos filosóficos e científicos exigem sempre um pensamento rigoroso (voltado a um objeto), possuem um método e são lógicos (coerentes não contraditórios).
O conhecimento verdadeiro, seja no contexto filosófico ou científico, diz respeito ao que é pertinente ao nosso mundo. É assim que, ao fazer Filosofia e Ciência, o ser humano interpreta suas próprias ações e aquilo que o cerca, a realidade. Trata-se de um desejo de superar o que lhe causa admiração, surpresa. É essa interpretação que se transforma em um enunciado verdadeiro, que pretende dizer exatamente como a realidade é, mesmo sabendo que o discurso será outro após algum tempo, uma vez que a realidade se transforma.
Concluindo - A Ciência e a Filosofia utilizam o pensamento para interpretar a realidade.
Filosofia: uso do saber em prol da humanidade
O que é Filosofia? – O Eutidemo, de Platão, define a Filosofia como o uso do saber em prol da humanidade. Afinal, de nada serviria saber transformar pedras em ouro a quem não soubesse utilizá-lo; seria inútil uma Ciência que tornasse imortal a quem não soubesse utilizar a imortalidade e assim por diante. É preciso que coincidam o fazer e o saber utilizar o que é feito, e essa é uma característica da Filosofia.
Segundo Nicola Abbagnano (1999), a Filosofia implica:
A posse ou aquisição de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível. O uso desse conhecimento em benefício do homem.
Abbagnano (1999) nota que esses dois elementos são recorrentes nas definições de Filosofia em diferentes épocas:
Para Descartes a Filosofia significa o estudo da sabedoria, a qual não é somente a prudência, mas o perfeito conhecimento de todas as coisas possíveis ao ser humano, tanto para a conduta de sua vida quanto para a conservação de sua saúde e para a invenção de todas as artes.
Para Hobbes a Filosofia é o conhecimento causal e a utilização desse conhecimento em benefício da humanidade.
Para Kant o conceito cósmico de Filosofia, que interessa necessariamente a todos os humanos, é o de “ciência da relação do conhecimento à finalidade essencial da razão humana”.
Para Dewey a Filosofia é uma “crítica de valores”, no sentido de crítica das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere a seus alcances sobre os bens.
Concluindo - A Filosofia é o estudo de questões fundamentais da vida humana, com o objetivo de beneficiar o próprio homem.
A Ciência Moderna - Não se fará aqui referência à Ciência em geral, mas à disciplina científica, que se caracteriza como tal quando possui um objeto, um método e um corpo conceitual. Toda disciplina científica tem obrigatoriamente um objeto, isto é, aquilo que ela quer conhecer. Logo, a objetividade é uma de suas peculiaridades. Por isso, a objetividade tornou-se a característica daquilo que é objetivo, isto é, a postura que o cientista adota ao ver as coisas como realmente são.
Como surgiu a Ciência Moderna?
Pode-se afirmar que a Ciência Moderna nasceu sob a égide do que se chamou método experimental. De fato, a Ciência sempre se esforçou para eliminar tudo o que dizia respeito à subjetividade a fim de poder definir, reproduzir e comunicar os fatos. E o fez prolongando nossos sentidos por meio de instrumentos de medição, os quais determinaram o tratamento meramente quantitativo dado a eles.
Pensou-se que, por meio da repetição dos experimentos, fosse possívelevitar o risco de erro. Sob essa perspectiva, o fato científico nada mais é do que o fato mensurável. Por isso, a Ciência Moderna ocupou-se de descrever seus procedimentos de medida, valendo-se da linguagem matemática para tornar essa descrição fiável.
A reprodução dos fatos é primordial para os cientistas modernos. Daí a importância adquirida por aquilo que eles chamam de método experimental. Para aqueles que trabalham com os fenômenos físico-naturais, não há Ciência sem experiência. A Ciência Moderna deslocou do sujeito para o objeto, a questão do método. Com isso, criou um grande problema, principalmente para as ciências humanas, fazendo com que a questão do método fosse aprofundada. Por exemplo:
· Para os psicólogos, a experiência (ou teste) também passou a ter importância.
· Para o historiador, a fidelidade aos documentos não deixa dúvida sobre a importância dada aos fatos.
· Concluindo
· A Ciência Moderna ressaltou a importância de se reproduzir os fatos, por meio do método experimental, com o objetivo de validá-los. Dessa forma, o foco passava a ser o objeto, que poderia ser descrito e testado.
A Epistemologia como caminho de construção do conhecimento
Há dois caminhos para o conhecimento do objeto:
Categórico-dedutivo & Empírico-indutivo
Lalande (1993), ao se referir a categórico-dedutivo, remete-nos ao termo dedutivo – que constitui uma dedução – e atribui a ele quatro sentidos. Interessa-nos o segundo: falar de uma conduta geral de pensamento, aquela que utiliza apenas o raciocínio (como nas matemáticas puras), sem fazer apelo à experiência no curso de seu desenvolvimento. O método dedutivo é chamado de:
CATEGÓRICO-DEDUTIVO - Quando se parte de proposições dadas como verdadeiras.
HIPOTÉTICO-DEDUTIVO - Quando essas proposições iniciais são apenas supostas a título provisório ou com simples lexis.
Empírico-indutivo - Para indutivo, Lalande (1993) atribui dois significados:
· MÉTODO INDUTIVO - Que procede por indução.
· VERDADE INDUTIVA - Que resulta de uma indução.
O autor afirma haver um sentido usual na linguagem filosófica para o termo indução:
“Operação mental que consiste em remontar de um número de proposições dadas, geralmente singulares ou especiais, a que chamaremos indutoras, a uma proposição ou a um pequeno número de proposições mais gerais, chamadas induzidas, tais que implicam todas as proposições indutoras”.
LALANDE, 1993
Toda disciplina científica tem uma terminologia própria, o que, na maioria das vezes, chega mesmo a identificá-la, sem referência explícita a ela. Por exemplo:
Quando nos referimos a número, cálculo, binômio, congruência, resto, função, sequer precisamos mencionar a Matemática.
O mesmo acontece com peso, massa, aceleração, movimento, vetor, gravidade, pois sabemos que fazem alusão à Física.
O corpo conceitual diz respeito aos conceitos que são próprios a uma disciplina científica. Por isso, a lógica do discurso de uma disciplina científica depende, também, de seu corpo conceitual. Nesse ponto, retomamos a Epistemologia a partir da construção do corpo, da investigação, do método, enfim, das condições necessárias para se construir um estudo científico. Esse é um movimento intelectual, a formação de um campo formatado em uma forte base epistemológica.
Quando surgiu o termo Epistemologia?
O termo Epistemologia, para definir as condições necessárias à produção do saber científico, surgiu com James Frederick Ferrier. Atualmente adotamos esse termo de modo mais amplo, como teoria do conhecimento, forma de representar e estruturar o conhecimento humano, daí constituir-se em campo, em conjunto, e não se fechar em uma verdade, mas em um valor atrelado ao conhecimento e à sua busca.
Na Epistemologia, não existe forma certa ou errada, mas desenvolvimento busca humana pelo conhecimento. Métodos podem ser refutados; resultados, discutidos; discursos, negados; mas a Epistemologia é vivenciada na forma de pesquisa, na sua organicidade e melhora constante. Epistemologia é considerar o objeto investigado de forma ampla e complexa, sua história, sua relação com outros desenvolvimentos, e a certeza de ampliação e revisão constante dos saberes.
Quando nos propomos a compreender a Pedagogia como uma Ciência, percebemos que ela tem sua Epistemologia. Antes de conhecê-la, vamos compreender o conceito enquanto campo de conhecimento.
Concluindo - A Epistemologia busca representar e estruturar o conhecimento humano.
Resumindo - Nesse módulo, concluímos que:
· A Ciência significa saber, conhecer. Em sentido amplo, significa qualquer conhecimento.
· A Ciência e a Filosofia utilizam o pensamento para interpretar a realidade.
· A Filosofia é o estudo de questões fundamentais da vida humana, com o objetivo de beneficiar o próprio homem.
· A Ciência Moderna ressaltou a importância de se reproduzir os fatos, por meio do método experimental, com o objetivo de validá-los. Dessa forma, o foco passava a ser o objeto, que poderia ser descrito e testado.
· A Epistemologia busca representar e estruturar o conhecimento humano
Módulo 2 – Identificar a Pedagogia como a Ciência da Educação
Educação e Pedagogia - Vamos agora dedicar nosso olhar à relação entre Educação e Pedagogia. Educar seria um ato epistemologicamente construído ou um ato natural humano. A Educação é um discurso, é uma prática social recorrente, independentemente de lhe ser aplicada um estudo técnico.
No século XVIII, a organização de um campo científico, para pensar e construir a Epistemologia educacional, foi consagrada com o nome de Pedagogia. Repare, não é uma mera estrutura de palavras, mas a percepção de que — diante de uma prática vital e poderosa, cercada de filosofia, de história, de anseios — passa a ser constituído um campo de saber próprio, múltiplo, vívido, que se encerra na construção de uma Epistemologia singular, da qual trataremos a seguir.
O discurso norteador da Educação - Podemos dizer que a Educação nasce de uma construção discursiva, prática recorrente que vai se consolidando de forma específica. Voltemos à Filosofia para resgatar um importante conceito que nos será útil daqui em diante: o de discurso.
O que podemos entender por discurso?
· Operação intelectual que se efetua por meio de operações elementares, parciais e sucessivas.
· Expressão e Progresso do pensamente por meio da sucessão de palavras ou de proposições que se encadeiam.
Os conhecimentos filosóficos e científicos exigem sempre que seus discursos sejam específicos, porque seus conhecimentos decorrem de pensamentos rigorosos, que se dirigem a um objeto, possuem um método e são lógicos, coerentes, não contraditórios. E assim devem ser, pois a Ciência nasceu sob a égide da razão e da verdade. Não é por outro motivo que o rigor ( Linha de ação – démarche,que respeita os acordos e as convenções,implícita ou explicitamente decididos) da Ciência se encontra nos seus próprios discursos, a exemplo do discurso filosófico.
Há um discurso recorrente em nossa sociedade, apresentado de forma genérica, perdendo muitas vezes o sentido que aproxima a Educação, enquanto campo científico, da atuação do pedagogo no movimento desse campo. A partir deste momento, buscaremos aplicar as bases da Epistemologia discutida, das contradições exploradas e da busca desse sentido estrito no campo da Educação.
Concluindo - Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse modo, a Educação, como Ciência, nasceu de uma construção discursiva que vem se consolidando de forma específica.
A Ciência da Educação
A Educação é tida como uma prática social e até mesmo histórica. Mas, originariamente, prática, ou fazer, tem o sentido de arte – a tékhne grega – e, como tal, exige um conhecimento daquilo que se faz. Portanto, o sentido de tékhne é o de fazer e o de ensinar (saber) a fazer. Para se fazer bem, é preciso conhecer o que se vai fazer; e para saber bem, é preciso competência para fazer.
Muitas obras já têm feito a distinção entre Educação e Pedagogia, o que é importante para caracterizar a Ciência da Educação, ou seja, a Pedagogia. Contudo, é preciso considerara inevitável indissociabilidade entre teoria e prática. Toda prática traz embutida em si uma ou mais teorias e toda teoria traz em si mesma uma prática. Nem sempre se tem clareza sobre isso. Basta ficar atento àqueles que querem sempre “aplicar” teorias.
Ao afirmarmos que a Pedagogia é a Ciência da Educação, consideramos a Educação seu objeto. A questão fundamental é o que se concebe por Educação. Seria equivocado pensar que a Pedagogia é uma reflexão sobre o que se faz nas escolas. Ela é muito mais do que isso.
Se considerarmos que somos adeptos da Ciência grega, podemos afirmar que sempre houve a preocupação com um ideal de formação humana. Os gregos absorveram e transmitiram o patrimônio cultural de muitos povos que os precederam, principalmente o babilônico e o egípcio, e não deixaram de transmitir os seus próprios conhecimentos.
É preciso tomar cuidado com a expressão “ciências da educação”, embora ela seja bastante difundida. Muitos a atribuem àquelas ciências que, muitas vezes, servem de suporte para algumas argumentações em termos pedagógicos, como a Sociologia, a Psicologia e a Antropologia. Contudo, essas ciências não são da Educação. Mesmo que elas possam estudar determinados aspectos acerca da Educação, elas o fazem sob a ótica de cada uma. Quanto à Filosofia, não é considerada uma Ciência; pelo menos no sentido que esta tomou desde os séculos XVI e XVII: estudo dos fenômenos, os quais são submetidos à prova matemática (ciências formais) e à verificação (ciências empíricas).Então, uma vez que consideramos a Pedagogia como a Ciência que estuda a Educação, como se dá a organização do conhecimento científico?
PEDAGOGIA
Em relação ao método - Não há um método específico para a Pedagogia, assim como não há para qualquer Ciência. É uma opção que cabe a cada pesquisador. Tudo depende do ponto de partida (geral ou particular).
Em relação ao corpo conceitual - A Pedagogia não tem um corpo conceitual definido, mas isso não causa problema algum, uma vez que é possível se valer de conceitos utilizados por outras disciplinas científicas quando necessário. A esses conceitos devem ser atribuídos significados absolutamente adequados à própria Pedagogia.
É preciso dar um tratamento científico à Educação, pois apenas fazemos ideia do que ela seja. Contudo, a ideia que dela fazemos é unilateral e, muitas vezes, falsa, porque é calcada no senso comum. É preciso, também, ter acesso às teorias pedagógicas e que cada professor questione, com freqüência, seu papel social e profissional. As relações sociais, as influências do meio, das condições de trabalho, da mídia, da política etc. fazem da Educação uma atividade humana singular.
Concluindo - A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de outras disciplinas científicas para desenvolver os conhecimentos científicos sobre o fazer e o ensinar.
Associando o entendimento do conceito epistemológico da Pedagogia como a Ciência da Educação, precisamos nos remeter brevemente aos séculos XIX e XX.
Século XIX - Ainda que a Educação, enquanto técnica tenha sido debatida, disputada e organizada ao longo do tempo, a construção de um conjunto de pesquisas complexas, representações sociais e vínculos com outras práticas científicas só emerge no século XIX.
Século XX - Estudos que revelam como compreender os debates sobre o ensino, o aprendizado, a didática e a Psicologia construíram discursos, conceitos e abordagens que permitiram a Pedagogia ter se tornado, no século XX, uma das mais importantes e debatidas ciências nas sociedades ocidentais. Foi considerado que, de alguma forma, ela representaria a marca, a continuidade e o avanço pretendido. Ao longo do século XX, no entanto, esse campo se multiplicou, ramificou e se reestruturou muitas vezes.
Entendemos, portanto, que a Pedagogia assumiu características e estruturas que a transformaram em uma Ciência, constituindo uma Epistemologia viva para refletir a Educação, a qual passa a ser um campo de investigação liderado pela Pedagogia. Muitos esperam uma conclusão definitiva de como operar, como fazer, qual a concepção vigente correta para a perfeita Educação e qual a conclusão de séculos de estudo. Esse processo e essas respostas não existem. Perceber a Educação como um campo e a Pedagogia como uma Ciência é um convite para que você constate e estruture a sua Epistemologia. Esteja disposto a se aprofundar, vivenciar e debater, pois essa é a única forma de compreender a dinâmica do campo.
Concluindo - No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser definida pelo pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre esse campo de estudos.
Resumindo
Nesse módulo, concluímos que:
· Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse modo, a Educação, como Ciência, nasceu da construção discursiva que vem se consolidando de forma específica.
· A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de outras disciplinas científicas para desenvolver os conhecimentos científicos sobre o fazer e o ensinar.
· No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser definida pelo pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre esse campo de estudos.
Módulo 3 – Reconhecer a proposição de uma Educação Integral baseada na filosofia do sujeito.
Educação Integral
Você sabe o que é Educação Integral?
Física, cultural, intelectual, social e emocional
Educação Integral é educação em tempo integral!
Essa afirmação está correta?
Educação Integral não é educação em tempo integral. Apesar de poder ser aplicada, não trataremos do tempo do aluno na escola, mas da formação do sujeito de forma integral.
A Educação Integral entende a existência do sujeito para além de sua condição cognitiva, considerando seus afetos e suas dimensões sociais, psicológicas e físicas em um contexto de relações. O sujeito tem desejos, anseios e demandas simbólicas, buscando satisfazer-se por meio das suas diversas formulações de realização.
Gonçalves (2006) afirma que a Educação Integral propõe a visão do sujeito em diversas dimensões, não apenas cognitiva, mas também como sujeito que tem afetos e desejos que precisam de satisfação. Há muitos debates no campo da Educação versando sobre a educação estética, sobre a questão da Neurociência, e uma série de outras pesquisas, as quais são importantes conhecer. Mas tudo isso parte de uma teoria pedagógica anterior, da percepção filosófica do sujeito, e é sobre ela que nos atentaremos neste módulo.
Se o campo da Educação tem sua Epistemologia, se a Pedagogia é sua Ciência, é o sujeito que lhe fornece sentido. Consolidou-se, assim, um dos preceitos iniciais, mas fundamentais, para a Educação Integral:
Ela não pode ser meramente instrucional, pautada na repetição, na exposição unilateral de conteúdo. Para que haja uma Educação Integral, é necessária a compreensão de que educar é instigar o pensamento, ouvir opiniões contraditórias, construir argumentos, ou seja, é necessário conhecer o sujeito.
Concluindo - A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o psicológico, o cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional.
Conhecendo o Sujeito - Uma Pedagogia do Sujeito busca a construção do sujeito e que ele se reconheça como tal. Para refletirmos sobre esse sujeito, um pensamento de Martin Claret:
“No espaço e no tempo, todas as coisas mudam. Transformam-se. Nada tem forma permanente. A única coisa permanente é a impermanência. Modificar-se é o início da sabedoria”.
O sujeito é quem se modifica, logo, é ele quem sabe. Saber tem conotação mais forte do que conhecer. Saber é ter consciência do conhecer. E isso porque o ser humano não tem o monopólio da aprendizagem. Modificar-se é fazer alusão à necessidade que temos, todos, de nos construir e de nos reconhecer como sujeitos.
“O sujeito se define por e como um movimento, movimento de desenvolver-se a si mesmo. O que se desenvolve é sujeito. (...) Porém, cabe observar que é duplo o movimento de desenvolver-se a si mesmo ou de devir outro: o sujeito se ultrapassa, o sujeitose reflete”.DELEUZE, 2001
Observe que o desenvolver a si mesmo, o ultrapassar-se e o refletir alerta para a importância de se dizer eu. Eu sou e, por ser, construo-me autônomo, livre e responsável, nos meus comportamentos e nas minhas realizações. Por isso, é imprescindível que cada um de nós se construa e se reconheça como sujeito. Construir-se sujeito nada mais é do que edificar-se nas próprias dimensões. O sujeito emerge no limiar da interioridade e da exterioridade.
· Referir-se à interioridade é fazer referência aos aspectos psíquicos relativos ao conhecer/saber (o cognitivo), ao fazer (o motor), ao sentir (o emotivo) e ao querer (o volitivo).
· Referir-se à exterioridade é fazer referência ao corpo, à família, ao social e ao espiritual (não necessariamente ao religioso).
Importante chamar a atenção para algumas funções do dinamismo psicológico do saber, que sempre devem ser consideradas quando nos referimos ao sujeito:
· INTROSPECÇÃO
· EXTROSPECÇÃO
· ATENÇÃO
· MEMÓRIA
· INTUIÇÃO
· PENSAMENTO
· LINGUAGEM
· IMAGINAÇÃO
· PERCEPÇÃO ,OUTRAS
Essas funções vêm sendo estudadas pelas ciências, demonstrando que, devido à noção de sujeito ter surgido na Modernidade, não se pode, ao estudá-la, deixar de levar em consideração as contribuições atuais da Antropologia, da Sociologia, da Biologia, da Lingüística, das Neurociências, das Ciências Cognitivas, dentre outras. Os aspectos psíquicos interpenetram-se entre si, da mesma forma como os aspectos constituintes da exterioridade. E ambas, a interioridade e a exterioridade, também se interpenetram.
É preciso, também, fazer referência aos termos autoconsciência e consciência de si, próprios da linguagem contemporânea. Aquele que tem consciência de si sabe de suas possibilidades, de seu valor ou da importância de suas ações. Trata-se de uma determinação que designa ou caracteriza uma relação entre um eu e um outro (que é um eu). Com isso, não se pode deixar de considerar o conceito de alteridade (Alteridade, do latim alteritas (outro), é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo ser humano social interage e interdepende do outro).
Concluindo – O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em constante desenvolvimento.
A Pedagogia do Sujeito - Uma Pedagogia é teoria e método. Método é a interação entre um procedimento de ensino – os procedimentos de ensino têm a intenção de fazer com que o aluno aprenda o que tem de aprender – e uma teoria correspondente. Alguns exemplos, apenas, permitirão ao leitor se enveredar pelos caminhos do método pedagógico. Antes, convém observar que a Pedagogia do Sujeito parte dos seguintes princípios:
Cada sujeito é um sujeito
O sujeito é quem aprende
O sujeito aprende no seu ritmo
O sujeito aprende com o erro
O sujeito aprende melhor em grupo
Desde a indicação dos materiais que serão utilizados em classe até a análise e a compreensão das atividades, depara-se o professor com a obrigação de indicar exatamente como as aulas serão desenvolvidas e como as atividades devem ser propostas. Tal preparação demanda pesquisa sobre os conteúdos a serem trabalhados, sobre a formulação das atividades, sobre a lógica embutida nas suas proposições e sobre os procedimentos que permitirão desenvolvê-las.
É preciso que o professor saiba que, se não fizer essa preparação, se não vivenciar a experiência de também se submeter às atividades, prejudicará a aula. Portanto, trata-se de um momento que não tem o propósito de instrumentalizar o professor para simplesmente repassar a solução dos exercícios aos alunos.
Habituados a nos preparar para ensinar, para dar respostas, torna-se estranho e difícil mantermos uma atitude coerente de deixá-los buscar suas próprias soluções. E, especialmente, de fazer com que os alunos percebam os seus próprios erros. O professor precisa entender que, ao se assumir sujeito, deve encarar o aluno como sujeito. O que não acontece, por exemplo, quando o auxilia na solução ou soluciona um problema por ele.
É estranho e complexo para o aluno entender que, quando o professor nega a ele um dado desnecessário ou uma resposta correta, esteja exatamente autorizando-o a trabalhar com autonomia, com liberdade, isto é, a ser ele mesmo. Ao mesmo tempo em que professores e alunos realizam suas atividades procurando vivenciar experiências particulares e conjuntas, muitas vezes ainda nos causa estranheza que tal vivência, para ser coerente com a situação de experiência, não deva ser antecipadamente preparada a fim de ser bem-sucedida.
Então, qual é o papel do professor em uma Pedagogia do Sujeito?
Quanto ao papel do professor, o momento de desenvolvimento da aula, mais do que seria de se esperar e de forma contundente, demanda-lhe ser sujeito. Porque, mesmo tendo vivenciado de maneira muito intensa a preparação da aula, depara-se, dentre outras questões, com a exigência da precisão da linguagem e de que se valha apenas das informações necessárias à sua realização.
Assim, na Pedagogia do Sujeito, a linguagem utilizada deve:
Mas porque a linguagem precisa e rigorosa é tão importante?
A prolixidade e o descuido com o significado e o valor das palavras dispersam a atenção dos alunos, bem como os levam a não se responsabilizar pelo que dizem ou pelo que fazem.
Sem precisão e rigor de linguagem, diz-se por dizer e não há consequentemente o cumprimento rigoroso da aula.
A repetição dos preceitos induz à desatenção e à negligência, além de desvalorizar a situação vivenciada e a elaboração mental que ao aluno é solicitada.
Quando não se respeitam os momentos próprios de cada atividade, os alunos se confundem e aqueles que não estão atentos certamente vão entender as orientações de forma truncada ou incompleta.
Explicações adicionais desnecessárias e excesso de orientações para facilitar a solução dos problemas propostos desmerecem a competência dos alunos, tolhem-na, relaxam a exigência e o rigor do exercício. Podem até conduzi-los ao encontro de caminhos que não sejam os por eles mesmos descobertos e escolhidos e que anulam assim sua função e seu papel de atores/autores.
Quanto ao princípio de que os exercícios sejam inéditos, cumpre destacar que muitas pedagogias trabalham num sentido radicalmente oposto ao apresentado, porque dão ênfase à repetição, à apresentação de modelos de solução, ao exemplo, ao treinamento, à proposição de situações regulares e rotineiras, que reduzem as dificuldades tanto de professores quanto de alunos. Por isso, jamais se deve enfatizar resultados. Não se trata de negá-los, mas de saber que fazem parte da situação vivenciada.
Na perspectiva da Pedagogia do Sujeito, as atividades não devem ter caráter utilitário, nem finalístico. O aluno precisa conhecer. Logo, não interessa a ele visar a uma finalidade prática. O importante é que ele compreenda que a finalidade não é desenvolver objetos, mas desenvolver a si próprio.
A prática das atividades fundamenta toda análise. Não há precedência de teorias. A teoria é subjacente a qualquer atividade. Essa concepção da teoria, inerente ou imbricada e não dicotomizada da prática constitui atitude interdisciplinar, substancialmente perceptível quando professor e alunos discutem a realização das atividades.
Exige-se do professor que seja consciente, responsável e vigilante ao considerar objetos banais, porque o mais importante é o sujeito. E é essa uma das bases sobre as quais a Pedagogia do Sujeito edifica seu corpo teórico. Não é por outro motivo que a Pedagogia do Sujeito desconstrói os clichês ou os rótulos de que uns são melhores do que os outros... Não é melhor aquele que fez um objeto melhor. O que interessa é aquele que se faz melhor a partir do que vivencia.
Por isso, não cabe ao professor julgar o aluno, mas ao próprio aluno julgar se fez melhor. Ao professor compete provocar atitudes de avaliação para que todos e cada um avaliem como está se construindo o sujeito. A Pedagogia do Sujeito não se preocupa com o sucesso ou com o fracasso, pois é vivenciando essas experiências que o sujeito é construído. A Pedagogia do Sujeito jamais destacaque um sujeito tem maior ou menor habilidade nisto ou naquilo. Jamais admite o raciocínio das compensações. Um aluno nunca é bom em uma coisa e ruim em outra.
Concluindo - A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia na busca pelo conhecimento, a partir das suas próprias experiências individuais ou coletivas.
A proposta de uma Educação Integral do sujeito - A Pedagogia do Sujeito concebe e busca construir o sujeito em sua totalidade. E é por isso que todas as atividades têm que trabalhar diversas habilidades. Deve-se alertar o aluno de que um mau desempenho em uma atividade jamais será indicativo da impossibilidade de bem realizá-la. Pelo contrário, é dessa atividade que ele mais necessita, uma vez que é ela que apresenta desafios complexos, difíceis de serem enfrentados e a que mais o desenvolverá.
Há de se alertar o aluno para o fato de que, se ele é bem-sucedido em determinada atividade, poderá ser bem-sucedido em outras, pois estará efetivamente se desenvolvendo ao ampliar suas potencialidades.
Quanto às atitudes consideradas menores, no cotidiano escolar, um exemplo bastante significativo é o da exploração do erro. Não cabe nem ao aluno nem ao professor esconder qualquer tipo de erro. Ao contrário, o professor deve provocar no aluno constante atitude de vigilância para que este perceba o erro, uma vez que não há por que temê-lo. Não há por que escondê-lo de quem quer que seja, principalmente de si mesmo. É errando, e tendo consciência do erro, que se aprende. Além disso, é lastimável que deixemos escapar as possibilidades de nos questionarmos.
Professores e alunos precisam encontrar o caminho da busca do conhecimento, seja ele qual for (o filosófico, o científico, o artístico, o teológico e, até mesmo, não descuidar do senso comum), bem como precisam assumir o papel que lhes cabe de se formarem, também, pesquisadores. Um sujeito nada é sem o outro. Por isso, a relação intersubjetiva deve ser ética, respeitando os valores morais do grupo em que vivem ou deles próprios. Importante destacar que a escola tem papel decisivo, que deve ser definido com urgência, pois pela Educação se dará prioridade e se resguardará a qualidade de vida, a luta pela cidadania, a superação das desigualdades sociais, a dignidade e a felicidade dos seres humanos.
Concluindo - A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma proposta de Educação Integral.
Para saber mais sobre a Educação Integral e a Pedagogia do Sujeito, assista ao vídeo a seguir.
Resumindo - Nesse módulo, concluímos que:
A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o psicológico, o cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional. 
O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em constante desenvolvimento.
A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia na busca pelo conhecimento, a partir das suas próprias experiências individuais ou coletivas.
A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma proposta de Educação Integral.
Concluindo
A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma proposta de Educação Integral.
Considerações finais - Concluímos um importante trajeto filosófico para a Educação. Você primeiro descobriu o que é Epistemologia e o quão complexa é a relação entre a Filosofia e a Ciência. Depois, aplicamos o que aprendemos no campo da Educação, percebendo o papel da Pedagogia como Ciência da Educação, suas nuanças e o que representam em nosso entendimento de Educação. Por fim, percebemos os debates estabelecidos acerca da questão do sujeito e de como o entendimento da base filosófica da Educação pode ser transformado, valorizado e direcionado para nosso entendimento do papel do sujeito.
Fundamentos Filosóficos da Educação
Tema 2
Definição: Apresentação dos caminhos da Educação e da Filosofia da Educação no Brasil, analisando a Filosofia na prática educacional brasileira.
Propósito: Compreender os mecanismos da Educação, especificamente no Brasil, como disciplina filosófica.
MÓDULO 1 - Identificar a relação histórica entre a Educação e a Filosofia
MÓDULO 2-Descrever a história da Filosofia da Educação no Brasil
MÓDULO 3 - Identificar alguns dos possíveis papéis da Filosofia na prática educacional
Introdução
No Prefácio da primeira edição de sua História da Filosofia, Nicola Abbagnano aponta duas características importantes da Filosofia, que servirão como base para o desenvolvimento deste tema: 
· A essencial humanidade dos filósofos;
· A convicção de que nada do que é humano é alheio à Filosofia
Como complementação de seu pensamento, ele afirma que a Filosofia é o próprio homem, “que em si mesmo se faz problema e busca as razões e o fundamento do ser que é o seu”. Ao considerar que toda Pedagogia se desenvolve a partir de uma concepção humana, fica fácil compreender as relações entre Filosofia e Educação. É sobre isso que falaremos neste tema.
Módulo 1 - Identificar a relação histórica entre a Educação e a Filosofia
A Filosofia e a Educação: caminhando na história do Ocidente
Como todo bom pensamento, precisamos definir claramente alguns pressupostos.
· O conhecimento passou a ser classificado na formulação do pensamento estruturalista no século XVIII. Antes eles se integravam e, por isso, é difícil separá-los.
· A tradição dos cursos de formação de professores não estuda Filosofia da Educação, mas História da Filosofia da Educação. Não pretendemos adotar esse caminho.
· A sociedade ocidental é uma invenção. Ela, ao ser inventada – não é uma invenção pessoal, mas um discurso formulado e repetido pela sociedade que passa a ser naturalizado como uma verdade – defende seu passado e “pinça” o que lhe interessa em uma história não linear e baseada em herança.
Diante desses pressupostos, é importante ressaltar que não nos limitaremos ao tempo, mas vamos mostrar alguns dos elementos que a contemporaneidade buscou e chamou de Filosofia da Educação.
Qual a origem da Filosofia?
A Filosofia teve origem na Grécia, no século VI a.C., época em que tudo era explicado pela mitologia. Tratava-se de uma interpretação da realidade “divino-mitológica”, também chamada de Cosmogonia. A grande mudança ocorreu quando os gregos passaram a explicar a realidade mediante o uso da razão e da lógica, dando lugar à Cosmologia. A Filosofia grega perdurou até o declínio do Império Romano.
Os primeiros filósofos, os pré-socráticos, isto é, anteriores a Sócrates, buscavam a origem do Universo e, claro, das coisas. Em geral, eram monistas, uma vez que acreditavam ser o Universo criado a partir de um único elemento. Tales de Mileto (624-548 a.C.), por exemplo, considerado o primeiro filósofo, acreditava que o Universo teve como primeiro elemento a água. Contudo, Sócrates, Platão e Aristóteles são considerados, por muitos, os fundadores da Filosofia ocidental. Suas obras avançaram no tempo e perpassaram as filosofias das Idades Média, Moderna e Contemporânea.
Interessa, aqui, fazer menção a Platão, que fundou a Academia Ateniense, tida como a primeira instituição de ensino do Ocidente, seguindo os preceitos do método dialético de Sócrates. Segundo historiadores, Platão teria sido aluno de Heráclito (540-470 a.C.) e de Sócrates. Uma introdução o seu pensamento filosófico é encontrada no Crátilo.
Como Platão percebe a humanidade?
Para Platão, a humanidade estava imersa, simultaneamente, em duas realidades, que é à base de toda a sua teoria:
Realidade inteligível - Em que o ser humano reflete sobre aquilo que se pode distinguir e expressar (realidade imutável das coisas).
Realidade sensível - É a que afeta os nossos sentidos.
Como Platão percebe a Educação?
Com relação à Educação, Platão acreditava nos métodos de debate e conversação. Ambos levariam ao conhecimento. Para ele, os próprios alunos deveriam descobrir as coisas. Estava claro que a Educação seria uma forma de desenvolver o homem moral e, assim, o filósofo se esforçou para promovero desenvolvimento intelectual e físico de seus alunos. Aulas de retórica, debates, educação musical, Geometria, Astronomia e educação militar faziam parte das discussões mantidas no momento de ensinar.
Para Aristóteles, o princípio da aprendizagem era a imitação. E tinha na família o núcleo da organização das cidades e o primeiro passo na educação das crianças. Porém, governantes e legisladores tinham o dever de regular e vigiar o crescimento das crianças quanto à saúde e às obrigações cívicas. Nesse sentido, o Estado se responsabilizaria pela Educação.
Concluindo - A Filosofia teve origem na Grécia Antiga. Um dos principais filósofos da época foi Platão, que percebia o homem em duas realidades: inteligível e sensível. Nesse contexto, a Educação deveria usar métodos de debate e conversação, permitindo que o aluno alcance o conhecimento por meio de descobertas.
Como era a Educação na Idade Média?
É importante ressaltar que existiram autores romanos, do início da Igreja medieval, e filósofos diversos sobre os quais teríamos que falar se voltássemos a linha temporal. Mas, como estamos compondo uma idéia – nesta fábula de mundo ocidental que vivemos –, vamos nos ater aos nomes tomados de forma recorrente.
Na Idade Média, a Igreja foi responsável pelas manifestações, principalmente, culturais. A fé cristã e, em especial, as instituições eclesiásticas eram as únicas a educar e formar.
Nos séculos XII e XIII foram criadas as universidades, uma das experiências humanas mais marcantes e decisivas para o mundo ocidental. O preceito dos discursos religiosos, principalmente na sua formulação de moral, é à base de entendimento da noção de Ocidente.
Antes mesmo de a obra de Aristóteles ser discutida na Universidade de Paris, no século XIII, muçulmanos, judeus e cristãos já o haviam feito, quando da tradução e interpretação dos textos do estagirita. O Ocidente, sob o prisma em que foi filosoficamente construído, é fruto dessas heranças de gregos e medievais, não como uma verdade, mas como uma influência.
Concluindo - Na Idade Média, a Educação era responsabilidade da Igreja, que era a única encarregada por educar e formar.
A Filosofia e a Educação na Idade Moderna e nos dias atuais
Como a Filosofia Moderna foi concebida?
A Filosofia Moderna vem, no entanto, de uma separação. Religião – Filosofia – Ciência, que eram o tripé de sustentação do homem ocidental, entra em uma lenta e completa separação. Por isso você pode estranhar um pouco esse movimento inicial, mas a separação deixou marcas, como se esses campos sempre tivessem sido separados.
É importante ressaltar que o foco deste tema não é a História da Educação, e sim o vínculo entre a Filosofia e a Educação.
Como a Educação foi concebida na Idade Moderna?
O período moderno teve início no final do século XV, quando foram alterados costumes, princípios, valores políticos, econômicos, sociais e culturais que vigoravam antes da Idade Média. A família e a escola foram redefinidas, se modificaram e passaram a comandar a formação das crianças e dos adolescentes.
Enquanto os pais procuravam dar aos filhos uma preparação para a vida.
A escola instruía, formava e ensinava. Além dos conhecimentos e comportamentos, graças à Didática, trabalhava a racionalização da aprendizagem dos saberes, a disciplina e organizava suas finalidades e seus meios específicos.
No início do século XVI, surgiu o colégio como instituição. Com ele, surgiram métodos de ensino/educação, dentre eles o Ratio Studiorum. Emerge, nessa mesma época, o cuidado com a disciplina dos estudantes, que teve origem na disciplina religiosa. Sua eficácia era condição necessária para o trabalho em comum.
Chegamos à era do Iluminismo, importante movimento intelectual – para muitos o criador do Estado Nação, da noção do Ocidente e do próprio capitalismo. Formula-se, então, a defesa de que os jovens necessitavam ser instrumentalizados, escolarizados.
Ainda que de forma lenta, a noção de uma escola pública, a multiplicação de leitores e o surgimento de projetos “nacionais” foram influenciados por esses defensores da razão como forma de resolver os problemas do mundo. Essa nova escola, presente, valorizada, pública, tinha alguns preceitos: jovens deveriam ser levados ao caminho do conhecimento e o debate era o modo de traçar esse caminho. A avaliação foi um dos processos difundidos e valorizados. O exame passou a ser crucial no trabalho escolar, também como instrumento disciplinar. O estudante era submetido ao máximo controle.
No Iluminismo, percebemos o divórcio definitivo entre a Filosofia e a fé. A idéia é de que o pensamento gerou um rompimento do homem com seu mundo. Apesar dos avanços inegáveis na escrita e dos debates filosóficos, que permitiram a percepção da Pedagogia como um novo campo de conhecimento, a Filosofia também acabou profundamente descolada da prática, criando um fosso entre os que pensavam e construíam o conhecimento e aqueles que o aplicavam no seu dia a dia.
Concluindo - A Idade Moderna iniciou um processo de separação entre Religião, Filosofia e Ciência. Nesse cenário, a família e a escola foram redefinidas em seus papéis na formação do sujeito: a família educava para a vida, enquanto a escola ensinava os saberes sistematizados. Essa formação foi enfatizada com o Iluminismo, que trouxe a necessidade de escolarização dos jovens, inaugurando a noção de uma escola pública.
Qual o cenário da Educação na Idade Contemporânea?
Na Idade Contemporânea, é vigente o enfrentamento dos desafios impostos pela sociedade à Educação:
· Propõe-se a compreensão do sistema educacional como um todo.
· Deseja-se possibilitar o desenvolvimento dos estudantes sem limitá-los a segmentos ou fragmentos.
· Deve-se englobar diferentes atores sociais(escolas,famílias e professores ) no processo.
É necessário dizer que esses processos foram longos e complexos, estudados em História da Educação, Currículo e Política Pública. Isso, no entanto, não rompe com a dicotomia anteriormente indicada – de um lado estando os operários da Educação e do outro os intelectuais da Educação.
Também deve ser dada atenção à tecnologia, que cada vez mais faz parte do nosso mundo. Por isso, a escola precisa estar atenta a ela, pois provoca inúmeras mudanças. A Educação, enfim, é vista como processo cooperativo e como processo de construção. Sabe-se que a aprendizagem se dá em diferentes cenários: em casa, na rua, nas escolas etc. Trata-se de um processo abrangente.
A Educação, portanto, precisa de uma nova Filosofia que a permita ser quem efetivamente é: o exercício de pensar e valorizar o sujeito.
Concluindo - A Educação na Idade Contemporânea deve ser concebida por todos os sujeitos que atuam nesse processo, com o objetivo de permitir o desenvolvimento do aluno sem qualquer limitação. Essa exigência traz a necessidade de uma nova Filosofia, que pense e valorize o sujeito.
Formação Integral × Construção do Sujeito
A Educação ofertada pela família e por instituições é informal, pois ocorre fora de uma estrutura oficial de ensino. Nesse caso, ela se dá durante a vida. Os conhecimentos obtidos são os mais variados e dependem das vivências de cada um. Como a escola é uma instituição que possui uma estrutura oficial, a Educação nela oferecida é formal. Isto é, tudo o que acontece na escola é pedagógico (de Pedagogia). Daí a importância do Plano Pedagógico, que envolve tudo e todos.
Mas o que a Educação oferecida na família e na escola tem a ver com Formação Integral?
A Formação Integral entende o sujeito para além de sua condição cognitiva, considerando seus afetos, suas dimensões sociais, psicológicas, físicas e sua inserção necessária em um contexto de relações. É preciso ainda lembrar que o sujeito tem desejos, anseios e demandas simbólicas, buscando satisfação nas suas diversas formulações de realização. A Educação familiar e escolar, portanto, devem caminhar juntas na formação do sujeito.
Percebe-se que, atualmente, há um significado atribuído ao termo integral diferente do que era atribuído no passado. Pensa-se que o estudante não deve sepreocupar apenas com os conhecimentos que o permitirão ingressar numa Instituição de Ensino Superior ou no mercado de trabalho. Há quem diga que é preciso buscar o desenvolvimento pessoal do aluno.
Aqui está o problema: o termo pessoa tem uma carga religiosa muito grande. Inspira-se na Santíssima Trindade – a pessoa do Pai, a pessoa do Filho e a pessoa do Espírito Santo. Portanto, tudo vem de Deus e tudo volta para Ele. Apesar de apontarmos que a separação ocorreu, algumas tradições permanecem muito vivas, assim como a base cristã de nossa sociedade. Sendo assim, não se pode valer, num mesmo discurso, dos termos sujeito e pessoa. Quem se faz autônomo, livre e responsável é o sujeito. Por isso, a idéia de construir-se sujeito. O sujeito se constrói; ninguém o concebe. Ninguém ajuda a um sujeito; ele é quem se ajuda. Quando muito, poderemos discutir que o sujeito, de alguma forma, encontre o seu próprio caminho. Diante disso, vamos imaginar a seguinte situação:
Uma professora de Matemática pediu aos alunos que resolvessem uma lista de exercícios. Após concluir os exercícios, Jorge pergunta para a professora: “Professora, terminei os exercícios, a senhora pode verificar se estão certos?”
Com base no que vimos sobre formação integral do sujeito, como a professora deve responder à pergunta de Jorge?
Claro, verifico se as suas respostas estão certas.
Reveja as suas resoluções, você precisa ter certeza de que as suas respostas estão certas.
Essa situação mostra o quanto a autonomia, a liberdade e a responsabilidade são importantes na Educação. Considerando esses fatores, ao pedir a Jorge que revise a sua resolução, a professora estará desenvolvendo nele:
· Autonomia - A capacidade de decisão. Jorge decidiu que terminou a resolução da questão.
· Liberdade - A capacidade de autodeterminação. Significa que Jorge poderá dizer, ou não, à professora que terminou a questão.
· Responsabilidade - A capacidade de comprometimento. Significa que se Jorge disser à professora que terminou a questão, arcará com a responsabilidade de ter errado ou acertado. Se errar, terá que refazê-la; se acertou, era exatamente o que tinha de fazer.
Concluindo - A Filosofia Contemporânea serve para que o aluno possa dialogar com a própria capacidade de construir o seu conhecimento. Além disso, aportada no sujeito, por exemplo, ela dá sentido à ruptura com o ensino pautado na transmissão, demonstrando que o único sentido possível é o da aprendizagem.
Para saber mais sobre a relação entre Filosofia e Educação, assista ao vídeo a seguir que mostra a narrativa de um trecho do artigo de Anísio Teixeira, publicado em 1959.
Resumindo - A Filosofia teve origem na Grécia Antiga. Um dos principais filósofos da época foi Platão, que percebia o homem em duas realidades: inteligível e sensível. Nesse contexto, a Educação deveria usar métodos de debate e conversação, permitindo que o aluno alcance o conhecimento por meio de descobertas.
· Na Idade Média, a Educação era responsabilidade da Igreja, que era a única encarregada por educar e formar.
· A Idade Moderna iniciou um processo de separação entre Religião, Filosofia e Ciência. Nesse cenário, a família e a escola foram redefinidas em seus papéis na formação do sujeito: a família educava para a vida, enquanto a escola ensinava os saberes sistematizados. Essa formação foi enfatizada com o Iluminismo, que trouxe a necessidade de escolarização dos jovens, inaugurando a noção de uma escola pública.
· A Educação na Idade Contemporânea deve ser concebida por todos os sujeitos que atuam nesse processo, com o objetivo de permitir o desenvolvimento do aluno sem qualquer limitação. Essa exigência traz a necessidade de uma nova Filosofia, que pense e valorize o sujeito.
· A Filosofia Contemporânea serve para que o aluno possa dialogar com a própria capacidade de construir o seu conhecimento. Além disso, aportada no sujeito, por exemplo, ela dá sentido à ruptura com o ensino pautado na transmissão, demonstrando que o único sentido possível é o da aprendizagem.
Verificando o aprendizado
1. A base da Filosofia de Platão envolve:
A divisão da realidade em inteligível e sensível.
A unicidade de todos os seres.
O mundo das idéias e o submundo espiritual.
A Ética, a Física e a Metafísica.
2. Em que a Educação moderna difere da Educação contemporânea?
Na falta de disciplina, ética e eficácia.
Nos atores sociais envolvidos, antes se restringindo apenas à família e atualmente envolvendo o Ensino Superior.
Na compreensão da abrangência, da complexidade e do caráter processual da Educação.
Na ideologia de gênero.
Módulo 2 – Descrever a história da filosofia da Educação no Brasil.
A Filosofia da Educação no Brasil
No Brasil, o surgimento da disciplina Filosofia da Educação passou, simultaneamente, por três processos:
1-Estatização do ensino - O Estado brasileiro assumiu, paulatinamente, sua função de educar.
 2- Institucionalizações da formação de professores - Busca de uma melhor valorização da profissão docente.
3- Cientificidades da Pedagogia - A fundamentação epistemológica do discurso pedagógico.
História da Filosofia da Educação no Brasil
Para entendermos a história da Filosofia da Educação no Brasil, vamos destacar alguns acontecimentos importantes.
Fonte: www.greelane.com
 Modelo de ensino da Escola Nova - Ainda no final do século XIX, surgiram as primeiras preocupações com a cientificidade da Pedagogia. As idéias da Escola Nova - ancoradas na Psicologia e na Sociologia, passaram a fazer parte das discussões. A Escola Nova acompanhou a vanguarda dos movimentos ocorridos no mundo, fruto da urbanização e da industrialização, os quais defendiam uma estrutura e políticas públicas capazes de ofertar sentido às novas demandas sociais.
Fonte: Correio da Manhã - Arquivo Nacional
 Instituto de Educação do Rio de Janeiro - Nos anos 1930, com a emergência da Revolução Industrial e do reordenamento político e cultural da sociedade brasileira, foram feitas exigências para que o Estado se valesse de seu papel de educador. Nesse contexto, a Educação e a escola se tornaram, praticamente, responsáveis pelo desenvolvimento do país. Daí, toda atenção dada às instituições que formariam professores. Antes disso, as Escolas Normais eram as únicas instituições a formar professores, porém de maneira generalista e enciclopédica, e mesmo essa transição levou algumas décadas para se fortalecer.
Fonte www.scielo.br
 Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da USP - No ano de 1934, a formação de professores para o ensino secundário foi institucionalizada, graças à criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). Em 1939, a Faculdade Nacional de Filosofia impunha outro modelo de formação com a busca pelo estabelecimento de um novo ensino normal, que tinha como base as Ciências da Educação e o surgimento das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras.
Foi a Filosofia, portanto, que deu bases de sustentação ao discurso pedagógico, o que ocasionou uma indistinção entre o discurso filosófico sobre a Educação e o discurso pedagógico geral. Ideais pedagógicos, natureza da Educação, fundamento moral da Educação, natureza do homem, dentre outras, tornaram-se questões norteadoras do discurso filosófico/pedagógico. Nesse ponto, destacou-se a contribuição do escolanovismo como movimento, reconduzindo a epistemologia da Educação brasileira.
Um dos nomes mais importantes desse contexto é Anísio Teixeira, cuja percepção era de que a Educação precisava ser cientificizada.
À medida que o discurso científico se impunha, a importância e os objetivos da Filosofia eram relativizados. Nos cursos de formação de professores secundários, nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, a Filosofia aparece na disciplina História e Filosofia da Educação. Passou-se a estudar o ideário dos grandes pensadores com vistas à Educação – Sócrates, Platão, Aristóteles, Rousseau (1712-1778), Kant (1724-1804), dentre outros.
A necessidade de uma cultura filosófica e científica (Ciências da Educação), no conjunto da formação do professorsecundário, tornara-se consenso mundial nos anos 1930 e foi sustentada pelas idéias reformadoras em Educação. Nesse contexto, também a Sociologia da Educação tomou para si a principal tarefa da Filosofia da Educação: determinar fins e valores da Educação.
Nesse período, como a Filosofia era entendida?
A Filosofia da Educação era entendida como originária de um sistema filosófico, do qual decorria certa concepção de mundo, de homem e uma hierarquia de valores. Portanto, o ensino da Filosofia da Educação no Brasil foi, em grande medida, o estudo das idéias sobre Educação de importantes filósofos no contexto da história da Filosofia.
Até meados da década de 1970, a Filosofia e a História da Educação se tornaram disciplinas de destaque nos cursos de graduação e pós-graduação em Educação. É importante observar que a disciplina Filosofia da Educação não fazia parte do Departamento de Filosofia; era apresentada como um saber filosófico “aplicado” à Educação. Logo, tinha outras características e objetivos.
No artigo Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro, Dermeval Saviani apresenta uma síntese interessante. Para ele, no Brasil, a questão do preparo de professores emerge de forma explícita após a Independência, cogitando-se a organização da instrução popular. A partir daí, em relação à questão pedagógica articulada com as transformações que se processaram na sociedade brasileira ao longo dos últimos dois séculos, podem se distinguir os seguintes períodos na história da formação de professores no Brasil:
•1827-1890 - Ensaios intermitentes de formação de professores(período que se iniciou com o dispositivo da Lei das Escolas de Primeiras Letras,que obrigava os professores a se instruírem no método do ensino mútuo,às próprias expensas.Estendeu-se até 1890,quando prevaleceu o modelo das Escolas Normais)
1890-1932 - Estabelecimento e expansão do padrão das Escolas Normais (cujo marco inicial foi a reforma paulista da Escola Normal, tendo como anexo a escola – modelo)
1932-1939 - Organização dos Institutos de Educação(cujos marcos são às reformas de Anísio Teixeira no Distrito Federal,em 1932,e de Fernando de Azevedo em São Paulo,em 1933).
1939-1971 - Organização e implantação dos Cursos de Pedagogia e de Licenciatura e consolidação do modelo das Escolas Normais
•1971-1996 - Substituição da Escola Normal pela Habilitação Específica de Magistério
1996-2006 - Advento dos Institutos Superiores de Educação, Escolas Normais Superiores e o novo perfil do Curso de Pedagogia
A primeira Escola Normal criada no Brasil, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, data de 1835. Tinha como objetivo formar professores para o magistério de Ensino Primário e era oferecido em cursos públicos de nível secundário (atual Ensino Médio). Desde então, o movimento de criação de Escolas Normais no Brasil passou por diversas reformulações. Mesmo assim, tornou-se instituição pública fundamental, formadora de professores para o Ensino Primário.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1971, a Escola Normal foi substituída pela habilitação específica de Magistério e, em 1996, a nova LDB converteu a formação de educadores de nível superior em cursos de graduação plena: surgem os Institutos Superiores de Educação e as Escolas Normais Superiores.
Concluindo - O ensino da Filosofia da Educação no Brasil teve como base o estudo das idéias sobre Educação de importantes filósofos no contexto da história da Filosofia.
Novos caminhos e novos olhares
A Filosofia da Educação brasileira recente está em meio a um complexo debate. Dos autores que trouxeram a Pedagogia da Autonomia para o campo de debate, o principal nome é:
 Paulo Freire (1921-1997). 
Darcy Ribeiro (1922-1997) e Cristovam Buarque, apesar de não serem filósofos e terem atuação mais destacada como políticos foram defensores desse entendimento, ainda que de forma parcial.
A relação entre os pedagogos e a política é recorrente. Nilcea Freire (1953-2019), Claudia Costin, Renato Janine, Paulo Renato Souza (1945-2011), Gabriel Chalita e Fernando Haddad são alguns nomes de professores de institutos superiores, mas que, pela atividade e vínculo com a Educação, passaram a exercer cargos políticos. Suas atuações – independentemente de vínculo político – ajudam-nos a constatar a presença simbólica de fundamentos filosóficos que dialogam com a perspectiva multidisciplinar que vem marcando a Educação.
Fonte: Antonio Cruz / Agência Brasil
· Nilcea Freire
Fonte: Senado Federal / Reuniões Conjuntas
· Claudia Costin
Fonte: Valter Campanato / Agência Brasil
· Renato Janine
Site do Governo do Estado de São Paulo
· Paulo Renato Souza
· Gabriel Chalita
· Fernando Haddad
Mais recentemente, um debate conservador sobre as práticas relacionadas ao ensino vem ser incorporado a essa discussão. Diante dos processos nacionais que, como podemos observar, são diversos, uma tendência de cunho filosófico é bastante forte: A autonomia.
Como pressuposto do conjunto, mas pensada de forma diferente
Na ruptura com a estrutura social
Para escolhas das ações e entrada no mercado
Para escolhas democráticas, respeitando as tradições locais.
Que se deve ser debatida filosoficamente a fim de não se tornar mera falácia sobre a importância da Educação, sem uma efetiva reflexão sobre o que isso significa.
Fonte: Shutterstock
Vamos exercitar o que vimos até aqui!
Leia o trecho do artigo Filosofia da Educação:Implicações e impactos na Pedagogia,de Santos e Bonin(2018).
“O pensamento filosófico é caracterizado pela reflexão,ou seja,a busca de algo por si mesmo por meio da especulação,examinando e analisando com cuidado. Ao definir a Filosofia como reflexão,ela se constitui como um conhecimento,isto é,filosofar é atuar sobre o próprio conhecimento científico,interrogando-o e problematizando-o.
A Pedagogia é entendida como uma Ciência e seus princípios devem ser submetidos à reflexão filosófica, uma vez que a Filosofia não se limita ao domínio do que pode ser observado pelos sentidos, orientando-se em direção ao conhecimento dos princípios que escapam à percepção dos sentidos. Em Filosofia da Educação, a Filosofia se coloca como forma de conhecimento a Educação como um problema filosófico. Os dois termos juntos representam o estudo dos fundamentos das teorias e práticas educativas na sociedade.
A função essencial da Filosofia da Educação consiste em acompanhar, criticamente, a atividade educacional de forma a explicitar os seus fundamentos, esclarecer a função e a contribuição das diversas disciplinas pedagógicas e avaliar o significado das soluções escolhidas. A ausência de orientação filosófica no terreno da Educação acarreta conseqüências lamentáveis.
Só é possível melhorar e reformar o sistema educativo quando se têm uma verdadeira Filosofia da Educação, na qual haja um acordo acerca da finalidade, das possibilidades e das condições da Educação. Assim, para o êxito da Ciência pedagógica é indispensável à Filosofia da Educação”.
Com base nessa leitura, construa um texto de sua autoria sistematizando a importância da Filosofia da Educação e guarde-o. A sugestão é que você faça um portfólio dos seus escritos e vá guardando ao longo curso. Quando chegar ao final do semestre,ou do curso,perceba o quanto evoluiu.
Concluindo – O debate da Filosofia da Educação, no Brasil, tem estado muito ligado à política e tem destacado a autonomia como pressuposto filosófico para se pensar a Educação.
Resumindo: O ensino da Filosofia da Educação no Brasil teve como base o estudo das idéias sobre Educação de importantes filósofos no contexto da história da Filosofia.
O debate da Filosofia da Educação, no Brasil, tem estado muito ligado à política e tem destacado a autonomia como pressuposto filosófico para se pensar a Educação.
1. Assinale a alternativa correta sobre a história da Filosofia da Educação no Brasil:
· Surge ao final do século XIX, com as primeiras preocupações acerca da questão da cientificidade da Pedagogia.
· Ao final do século XX, surgem as primeiras preocupações com a questãoda cientificidade da Pedagogia e a necessidade de se constituir uma Filosofia com Dermeval Saviani.
· As primeiras preocupações com a Filosofia pedagógica brasileira surgem nas LDB de 1961 e de 1996.
· A Filosofia da Educação brasileira foi inaugurada por Anísio Teixeira e pelos escolanovistas.
2. As primeiras preocupações com a questão da autonomia na Educação brasileira aparecem nos debates de estudiosos sobre Educação. A relação entre pedagogo e sua Filosofia é:
· O processo de cientificidade da Pedagogia significou a fundamentação epistemológica do discurso pedagógico brasileiro a partir de Anísio Teixeira.
· O processo da Pedagogia da Autonomia significou a fundamentação filosófica da Pedagogia brasileira a partir de Paulo Freire.
· O processo de uma Filosofia pedagógica com a percepção de uma Educação Integral marcou os desenvolvimentos e a prática de Darcy Ribeiro.
· O processo de cientificidade da Pedagogia significou a fundamentação da Pedagogia pelas Ciências da Educação, 
Módulo 3 – Identificar alguns dos possíveis papéis da filosofia na prática educacional.
Professores-pesquisadores e a importância do método
Numa época em que as culturas, responsáveis pela estruturação e organização das sociedades modernas, são instadas a se responsabilizarem pelo futuro de seus cidadãos – principalmente por conta dos impactos causados pelo desenvolvimento tecnocientífico e por conta da emergência de uma economia globalizada que obrigam muitos desses cidadãos a viverem sob condições deploráveis – é imprescindível que a escola forme bem seu professores. Essa formação precisa estar atenta a não deterioração das relações humanas. E um dos caminhos para isso é dar um tratamento científico ao que envolve a Educação.
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Faz-se necessário, em primeiro lugar, refletir sobre o lugar da pesquisa científica nos cursos, programas e projetos de formação de professores. Nesse sentido, devem ser observados alguns dos efeitos da não efetivação da disponibilidade, da vocação e, quase sempre, da possibilidade dos professores de pesquisar. Por exemplo, não é sem motivo que predominam atualmente no discurso educacional brasileiro fortíssimo conteúdos de senso comum e ideológico. Isso efetivamente será solucionado quando a formação do professor objetivar, também, torná-lo um pesquisador.
Não é possível que somente aqueles que chegam a um curso de pós-graduação stricto sensu ouçam falar em pesquisa científica. Não se podem criar exigências sobre algo que grande parte dos professores desconhece. Mas é o professor contemporâneo quem forma os profissionais do futuro. Por isso, ele precisa estar preparado para as rápidas mudanças que inexoravelmente ocorrerão.
Cada vez mais se exige, também dos estudantes de graduação, trabalhos de pesquisa. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é um bom exemplo. Contudo, uma análise, mesmo que superficial, de alguns TCCs produzidos é capaz de mostrar uma dissonância acerca do conceito de pesquisa, tanto por parte dos professores quanto dos alunos.
Para um melhor entendimento, pode-se pensar em alguns termos análogos escolhidos a esmo para pesquisa:
INVESTIGAÇÃO
BUSCA
PROCURA
INDAGAÇÃO
AVERIGUAÇÃO
INQUIRIÇÃO
ARGUIÇÃO
EXAME
SABATINA
ESPÍRITO CRÍTICO
SONDAGEM
ANÁLISE
No entanto, seu uso indiscriminado é uma armadilha. É preciso cuidar de explicitar os sentidos dos termos de que se vale ao estruturar diferentes argumentos, principalmente os de natureza científica. O conhecimento humano implica certa reflexão com relação ao que se conhece. E a metodologia da pesquisa possibilita entender o porquê de as ciências serem qualificadas como rigorosas. Seus resultados decorrem de pensamentos rigorosos, isto é, aqueles que se referem, principalmente, a um objeto, mediante um método e são lógicos, coerentes, não contraditórios. E assim tem que ser, porque a Ciência nasceu sob a égide da razão e da verdade. Não é, pois, por outro motivo que o rigor da Ciência se encontra atualmente nos seus próprios discursos.
Além do conhecimento científico, o conhecimento filosófico é também constituído de forma rigorosa. Por isso, a Filosofia e a Ciência são consideradas interpretações pertinentes da realidade. O ser humano, ao fazer Ciência, está apenas interpretando a realidade e suas próprias ações, mas o faz segundo critérios e métodos próprios para validarem seus resultados. São essas interpretações que se transformam em discursos verdadeiros, fundamentados e validados. Portanto, em discursos com sentido.
Concluindo
A pesquisa científica deve fazer parte da formação do professor, pois é dessa forma que ele será capaz de interpretar a sua realidade e, assim, dar sentido à ação educativa.
Superando a dicotomia teoria × prática
Imagine que o gestor de uma escola é abordado por pais de alunos que dizem não entender a filosofia da escola. Ele – mostrando dificuldade – defende o socioconstrutivismo (que não é uma linha filosófica) e se dispõe a chamar os professores para explicar a filosofia.
Qual seria o resultado disso?
Certamente isso geraria uma reprodução equivocada sobre o que é a Filosofia. Essa situação é recorrente e acontece porque os nossos professores têm trabalhado conteúdos científicos, mas desconhecem, quase que por completo, o que é a Ciência, suas diferenças e até mesmo o que é uma disciplina. Não fazem por mal, temos tradições e políticas tecnicistas há tempos na formação de novos professores, os quais, embora muito experientes, pouco ou nada refletem sobre sua própria prática. Claro está que não se trata de privilegiar a teoria em detrimento da prática, mas sim de, exatamente, superar tal dicotomia.
Por outro lado, mesmo sendo considerada moderna surgida tal como a conheceu nos séculos XVI e XVII, é importante não esquecer que a Ciência moderna é caudatária da Ciência grega e que os gregos identificam Ciência com Filosofia. Tampouco se pode esquecer que a Idade Média incorporou a Filosofia à Teologia e que só mais tarde, com o advento do chamado método experimental – um dos principais responsáveis pela caracterização da Ciência como moderna –, é que se tratou de diferenciá-las. Dicionários de língua portuguesa conferem à palavra Ciência inúmeras definições. Vejamos algumas:
· Ela é tida, num sentido amplo, como um conhecimento ou um saber que se adquire pela leitura e meditação.
· Há, ainda, a definição que lhe confere o significado de processo, mediante o qual o homem domina a natureza, objetivando seu próprio benefício. Constitui, portanto, uma das possibilidades de se apreender a realidade, mas de uma maneira que depende muito mais da ação do que da contemplação.
· Em sentido restrito, contudo, é tomada como um conjunto organizado de conhecimentos relativos a determinados objetos, especialmente os obtidos mediante a observação e a experimentação.
Um bom exemplo disso pode ser encontrado no trabalho de Tales de Mileto, ao determinar a altura das pirâmides do Egito por medição direta. Sabendo que a Terra recebia os raios solares paralelamente, colocou um objeto de altura conhecida próximo da pirâmide e mediu o comprimento da sombra que esse objeto projetava. Ao mesmo tempo, mediu a extensão da sombra projetada pela pirâmide e comparou as medidas das sombras para (sabendo que as extensões eram proporcionais) calcular a altura da pirâmide.
 Ilustração do experimento de Tales.
Como, então, podemos definir a prática?
· Em sentido amplo, prática diz respeito à ação ou é propriamente a ação. De maneira mais comum, o que é imediatamente transformado em ação.
· Originariamente, prática, ou fazer, tem o sentido de arte – a tékhne grega – e, como tal, o sentido de conhecimento daquilo que se faz. Aliás, outro não é o sentido de tékhne que o de fazer e ensinar (saber) fazer. Noutros termos, para se fazer bem é preciso saber.
· Atualmente, o termo técnica possui várias definições. Em geral, coincide com o sentido amplo da palavra arte, isto é, aquilo que dirige com eficácia uma atividade qualquer.
· No que diz respeito ao comportamento humano em relação à natureza, refere-se à produçãode bens. Por esse motivo, afirma-se que a técnica sempre acompanhou o desenvolvimento da humanidade.
Somos levados a considerar a técnica como um conjunto de conhecimentos que tem por finalidade a solução de problemas, sem que haja o menor conhecimento dos mecanismos que a regulam. Com o passar do tempo, porém, julgou-se efetivamente que a sobrevivência e o bem-estar do ser humano dependiam, fundamentalmente, do desenvolvimento da técnica. Faltava o saber. Mais especificamente o saber científico. Impôs-se, então, uma diferença qualitativa – a técnica aliada à Ciência resultaria na tecnologia.
Como esse cenário se reflete na escola?
Nossa escola se encontra culturalmente defasada, isto é, não tem acompanhado o velocíssimo desenvolvimento da tecnociência. E, o que é também grave, não tem acompanhado as manifestações das demais áreas da cultura – Filosofia, Arte e Teologia.
A escola tem um papel crucial que urge ser definido, pois somente pela Educação é possível resguardar e priorizar a qualidade de vida, a luta pela cidadania, a superação das desigualdades sociais, a dignidade e a felicidade de nosso povo. Há de se pensar numa urgente reestruturação do caráter da pesquisa em Educação. E mais, a Revolução tecnocientífico na Educação não pode se reduzir à introdução de novidades, principalmente da parafernália de aparelhos nas escolas. É preciso analisar suas conseqüências nos processos de democratização do saber e na contribuição que essa democratização trará para a extinção da dívida social, assim como refletir sobre todas as contradições que o uso indevido do conhecimento tecnocientífico acarreta ao processo ensino-aprendizagem. É imprescindível aos educadores entender que os paradigmas científicos são outros e que, por isso mesmo, acabam por fazer com que muitas práticas e discursos sejam questionados.
Concluindo - A prática tem o sentido de técnica e está intimamente relacionada com o saber. É necessário, portanto, que a escola seja capaz de refletir sobre a sua prática – técnica, com o objetivo de entender os mecanismos que embasam e justificam a sua ação, para transformar a realidade que a cerca.
O retorno do sujeito - Vive-se atualmente um novo tipo de racionalidade científica que adota e considera novos princípios reguladores, entre eles, de extrema relevância, a discussão sobre a subjetividade. Se antes essa questão era de domínio quase exclusivo da Filosofia e da Teologia, vemos atualmente, até com certa estranheza, as diferentes ciências se envolvendo e se ocupando com ela. Por isso, cumpre considerar que houve períodos e obras em que se falava, e ainda se fala, em homem ou em natureza humana. Outros períodos e outras obras preferiram dar destaque ao indivíduo, à pessoa ou, até mesmo, à pessoa humana. Vamos entender como ocorreu esse retorno ao sujeito:
É conveniente também observar que a própria Filosofia considerou o sujeito apenas em uma perspectiva, isto é, enquanto aquele que conhece – o sujeito cognoscente –, concepção adotada principalmente por pensadores que viveram no período de Descartes (1596-1650) a Heidegger (1889-1976).
Depois, a Filosofia perdeu a noção de sujeito. O discurso da morte do sujeito, que reproduz a expressão nietzscheana da morte de Deus, contribuiu para isso.
Mas, atualmente, fala-se em retorno do sujeito.
É importante acatar a ideia de retorno do sujeito, mas não se pode negar que o mundo das ideias carece de atualizações das teorias do sujeito, pelo menos em um tratamento não dicotômico. Claro está que somente um aprofundamento na história do desenvolvimento da noção de sujeito fará com que entendamos esses desdobramentos. Com certeza, as especificidades e particularidades serão muitas. É essa admissão da noção de sujeito que permite explicitar pesquisas as quais não são voltadas para objetos, mas para sujeitos.
Mas o que é ser sujeito?
Assim como o conceito de Educação, também é difícil a tarefa de responder sobre o que é ser sujeito. Dotados de consciência, os sujeitos têm o poder de interferir sobre suas próprias vidas – conhecem, agem, sentem e querem. E isso nos dá uma ideia do que significa pesquisar sujeitos. Por outro lado, toda atividade pedagógica deve também estar voltada para sujeitos. O que nos leva a admitir que toda atividade pedagógica se dá com vistas a uma concepção de ser humano. Questão complexa, que exige reflexão profunda. Suas respostas dirigirão toda e qualquer prática pedagógica.
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Pensar a Educação significa pensar o humano, isto é, teorizar sobre sua essência. Assim, seria útil distinguir pensar a Educação (pensar a prática educativa, em todos os seus aspectos) de pensar sobre Educação (explicitar cada vez mais o fenômeno educativo). É preciso, pois, olhar para o sujeito com outros olhos. O sujeito é quem sabe, age, sente e quer. Por isso a necessidade que temos, todos, de nos construir e nos reconhecer sujeitos. A anulação do sujeito contamina nossas sociedades, acarreta um mal-estar generalizado no cotidiano de todos, favorece o aparecimento das assustadoras patologias psicológicas, a expansão da violência, a banalização da vida e os gritantes indícios no aumento da discriminação e da desigualdade.
Em especial para aqueles que só pensam em conteúdo, é urgente compreender a necessidade de mudança. Aquilo que o estudante precisa saber pode por ele mesmo ser adquirido. Há inúmeras maneiras de se chegar à aquisição de um conteúdo.
É por esse viés que a formação de professores precisa assumir a perspectiva interdisciplinar na condução de suas pesquisas e na maneira de encarar os alunos como sujeitos, isto é, colocando-os diante da realidade, teórica e praticamente, e propiciando que construam e se reconheçam sujeitos. De acordo com Deckeyser (2006), considerar a questão do sujeito nos dias atuais equivale, fundamentalmente, a esclarecer seu quadro de emergência e a justificar o lugar de nascimento de uma interrogação renovada de urgência pela ética.
Cabe, pois, à Filosofia da Educação refletir sobre os processos e sistemas educativos, sistematizar os métodos didáticos e analisar temas que dizem respeito à Pedagogia. Ela une o pensar a Educação (a prática educativa) e o pensar sobre Educação (investigação do fenômeno educativo). Já a análise crítica do discurso pedagógico caberia à epistemologia da Pedagogia.
Concluindo - O sujeito deve ser o centro do processo de pensar e fazer a Educação. Os alunos, portanto, são os sujeitos no contexto escolar e devem ser considerados em seu pensar, sentir, agir e querer.
Resumindo - A pesquisa científica deve fazer parte da formação do professor, pois é dessa forma que ele será capaz de interpretar a sua realidade e, assim, dar sentido à ação educativa.
A prática tem o sentido de técnica e está intimamente relacionada com o saber. É necessário, portanto, que a escola seja capaz de refletir sobre a sua prática – técnica, com o objetivo de entender os mecanismos que embasam e justificam a sua ação, para transformar a realidade que a cerca.
O sujeito deve ser o centro do processo de pensar e fazer a Educação. Os alunos, portanto, são os sujeitos no contexto escolar e devem ser considerados em seu pensar, sentir, agir e querer.
Assinale a alternativa correta:
· Pensar a Educação significa pensar o humano.
· Pensar a Educação significa pensar os seres vivos.
· Pensar a Educação significa pensar os animais.
· Pensar a Educação significa pensar em tudo o que existe.
2. De que decorre a defasagem cultural da escola nos dias atuais?
Da compreensão do sujeito como fragmentado.
Da impossibilidade de se manter atualizado com a rápida evolução da tecnologia.
Da confusa combinação entre teoria e prática.
De não se contemplar as diversas áreas da cultura e de restringir a tecnociência a aparelhos tecnológicos. 
Considerações finais
Neste tema, você recebeu suportes para construir o papel da Filosofia da Educação como elemento fundamental para compreensão do campo, sendo provocado a se situar na cronologia e a observar qual o efetivo papel da Filosofia na contemporaneidade depois

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