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aula 09 Memória

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Memória
Universidade Estácio de Sá
Liana Ximenes
John Bransford e Mareia Johnson (1972, p.722) solicitaram a seus participantes que lessem a passagem a seguir e se lembrassem dos passos envolvidos.
(STERNBERG, 2010)
O procedimento é, na realidade, muito simples. Primeiro você dispõe itens em grupos diferentes. Evidentemente, um grupo pode ser suficiente, dependendo de quanto há para fazer. 
Se você precisar ir a outro local por causa da falta de instalações, isto constitui o passo seguinte; caso contrário, você já está bem preparado. 
E importante não exagerar as coisas, ou seja, é melhor fazer poucas coisas ao mesmo tempo do que muitas. 
Isto pode não parecer importante no curto prazo, porém podem surgir facilmente complicações. Um erro também pode ser oneroso. 
Em primeiro lugar, todo o procedimento parecerá complicado. Logo, no entanto, se tornará apenas outra faceta da vida. É difícil prever qualquer fim da necessidade para essa tarefa no futuro imediato, porém nunca se pode afirmar. 
Após o procedimento ser concluído, dispõe-se os materiais em grupos diferentes novamente. Então podem ser colocados em seus lugares apropriados. Finalmente, serão usados uma vez mais e todo o ciclo terá, então, deve ser repetido. Entretanto, isso faz parte da vida.
O que torna essa tarefa tão difícil? 
Quais são os processos mentais envolvidos nessa tarefa?
Memória
 “A memória caracteriza-se pela capacidade de adquirir, armazenar e recuperar diferentes tipos de informações, sendo fundamental para a sobrevivência e formação da identidade (Bueno; Batistela, 2010, p.76).”
Qual a importância da memória?
Imagine se não tivéssemos memória. Não reconheceríamos ninguém ou nada como familiar, seríamos incapazes de falar, ler ou escrever porque não lembraríamos de nada sobre a linguagem. 
Teríamos personalidades extremamente limitadas, porque não teríamos lembrança dos eventos de nossas vidas e, por isso, não teríamos percepção do self. 
Em suma, apresentaríamos a mesma ausência de conhecimento de um bebê recém-nascido.
(EYSENCK, 2017)
A memória e suas deformações
É comum esquecermos o que é trivial e incorporar à nossa memória fatos irreais.
A lembrança não é igual à realidade, pois o cérebro converte a realidade e as informações em códigos e as evoca também por meio de códigos. Tais códigos são sinais elétricos e bioquímicos que entram no organismo pelas diversas vias dos sentidos e são traduzidas pelos neurônios.
Porém, em cada tradução ocorrem perdas.
Formas de memória
Neisser distingue dois tipos de memória: 
Memória icônica (visual) ou ecóica (auditiva)– Memória transitória. É uma memória "imediata", tem uma duração de segundos ou menos, e depende da ativação ou inativação de receptores de um órgão sensorial periférico e está intimamente relacionada com a atenção. (Chamada de memória sensorial por Sterbeng)
A informação codificada pela memória icônica e/ou ecóica pode ser recodificada ou transduzida para a memória verbal.
Memória verbal - a memória verbal armazena a informação que lhe é passada pela anterior. Opera por meio da denominação das figuras discriminadas ou construídas. 
Memória Sensorial
Memória Icônica - Armazenamento sensorial que retém informações visuais por 500 ms ou por um período de tempo um pouco mais longo.
Memória ecóica – Armazenamento sensorial que retém informações auditivas por aproximadamente 2 s.
(EYSENCK, 2017)
Estudo da memória e imagens
O estudo da memória inclui a memória das imagens. 
Piaget, tanto quanto Neisser, não aceita que a imagem seja apenas uma cópia do objeto estímulo. A imagem reflete um trabalho construtivo da memória.
Tanto é que a imagem eidética é incomum. 
A imagem eidética (memória fotográfica) revela-se quase que predominantemente em crianças. Esse fato envolve dificuldade de estudo. Davidoff aponta que a memória eidética estar presente em cerca de 2% das crianças e numa proporção muitas vezes menor nos adultos, mostrando que esta também é uma habilidade que é suprimida com o avanço da idade.
Pena (1984) cita estudos que mostram que as imagens eidéticas prevalecem mais em crianças com retardo com lesão cerebral do que com crianças normais ou com retardo sem lesão cerebral. 
Depois de sobrevoar Roma por apenas 45 minutos, Stephen Wiltshire reproduziu minuciosamente, em desenho, um dos monumentos arquitetônicos da humanidade
Memória
Memória é o meio pelo qual retemos e nos valemos de nossas experiências passadas para usar essas informações no presente. 
A memória, como um processo, refere-se aos mecanismos dinâmicos associados ao armazenamento, retenção e recuperação de informações sobre experiências passadas.
Sterbeng, 2010
Operações da memória
Os psicólogos cognitivos identificaram especificamente três operações usuais de memória: codificação, armazenamento e recuperação. Cada operação representa um estágio do processamento da memória. 
Codificação - Na codificação você transforma dados sensoriais em uma forma de representação mental. 
Armazenamento - Na armazenamento você mantém as informações codificadas na memória. 
Recuperação - Na recuperação você acessou usa as informações armazenadas na memória.
Sternberg, R. Psicologia Cognitiva, 2000
Codificação 
Armazenamento
Recuperação
Modelo de Atkinson-Shiffrin
Três Buffers de Memória:
Tipos de Memória
Memória sensorial - constitui o repositório inicial de muitas informações que, no final, passam a fazer parte da armazenagem de curto prazo e de longo prazo. 
O armazenamento icônico é um registro sensorial de natureza visual e descontínua que retém informações por períodos muito breves. Sua designação origina-se do fato de as informações serem armazenadas sob a forma de ícones. Estes, por sua vez, são imagens visuais que representam algo. Ícones são parecidos usualmente com o que estiver sendo representado. 
Obs: Tema abordado anteriormente nessa aula como memória icônica e ecóica.
Memória de curto prazo - capaz de estocar informações por períodos um tanto mais longos, mas também com capacidade relativamente limitada.
Memória de longo prazo - de grande capacidade, capaz de estocar informações por períodos muito longos, talvez mesmo indefinidamente.
Memória de curto prazo
Mantém a memória por alguns segundos e, ocasionalmente, por até alguns minutos.
As pessoas também conseguem reter informações visuais na memória de curto prazo.
Memória de curto prazo
A memória de curto prazo tem capacidade muito limitada. Considere o teste de alcance da evocação de dígitos (digit span): os participantes ouvem uma série de dígitos em ordem aleatória e depois os repetem imediatamente na ordem correta. 
Também há tarefas de alcance da evocação de letras e palavras. Geralmente, o número máximo de itens evocados é em torno de sete
O Modelo da Memória de Trabalho 
Em 1974, Baddeley e Hitch propuseram o modelo de memória de trabalho (working memory) também chamado de memória operacional. 
Este sistema múltiplo de memória veio substituir o conceito de memória de curto-prazo, deixando de ser apenas um armazenador temporário para ser um processador ativo capaz de manipular um conjunto limitado de informações por um curto período de tempo. 
Memória de Trabalho
Define-se memória de trabalho como um sistema de capacidade limitada que permite o armazenamento temporário e gerenciamento de informações. 
Tem como principal função manter informações que estão sendo processadas por um curto período de tempo.
Ex: aquela que dura segundos, como no caso em que, por exemplo, alguém nos dita um número telefônico e lembramos por tempo suficiente para a discagem, mas logo esquecemos.
“Podemos também, ao lermos o número do telefone, lembrar dos vários encontros e da antiga amizade que tivemos com o possuidor do telefone focalizado. Junto com essas recordações, chegamos a “enxergar” a pessoa em diversos contextos e épocas, e, em cada focalização, sentimos emoções diversas”.
Características da memória de trabalho
Possui como função gerenciar a realidade,
mantendo por alguns segundos ou poucos minutos a informação que está sendo processada.
A memória de trabalho é responsável por determinar o contexto em que os diversos fatos, acontecimentos ou outro tipo de informação ocorrem e se vale a pena ou não fazer uma nova memória de tal evento ou não.
Também considerada como um sistema gerenciador central, que mantém a informação “viva”pelo tempo suficiente para entrar na memória propriamente dita ou não, a partir do processo de determinação de tal informação é nova (ou não) e se é útil (ou não) para o organismo.
É importante para os outros processos cognitivos, como: raciocínio, solução de problemas, cálculo mental etc.
Não é um arquivo passivo de armazenamento de informações, mas possui um processamento altamente ativo e flexível, onde o material está constantemente sendo manejado, combinado e transformado.
Diferença entre memória de trabalho e memória de curto prazo
 A memória de curto prazo simplesmente envolve a retenção da informação na mente por curto período de tempo, por exemplo, lembrar-se de que o problema que você precisa resolver é 333 + 999. 
A memória de trabalho, em contraste, envolve a manipulação mental – ou o trabalhar com - da informação retida e começa a funcionar numa série de atividades de aprendizagem. 
Por exemplo, para responder questões sobre um capítulo de ciências, uma criança não somente tem de reter corretamente a informação factual, mas precisa trabalhar mentalmente com aquela informação para responder perguntas sobre ela. 
Memória de Longo Prazo
Memória de Longo Prazo
Quando a maioria de nós se refere à memória, usualmente está se referindo à memória de longo prazo. 
Nesta condição, retemos memórias que permanecem conosco ao longo de períodos extensos, talvez indefinidamente. 
Todos dependemos consideravelmente de nossa memória de longo prazo.
Ex: Constituem exemplos quais são os nomes das pessoas, onde guardamos objetos, como nos programamos nos vários dias e assim por diante.
Não é possível, ainda, determinar sua capacidade de armazenamento. Alguns teóricos acreditam que é infinita.
Também não é possível determinar um período de armazenamento.
Modelo de Larry Squirre apud STERNBERG, 2014, p. 176 
Memória 
[de longo prazo]
Declarativa/Explícita
Episódica
(eventos)
Semântica
(fatos)
Não declarativa/Implícita
Procedural
Aptidões para procedimentos (motoras, perceptivas, etc)
Indução/ Priming
Condicionamento clássico
Não associativa (habituação e sensibilização)
Memória
Memória Explícita (ou declarativa)
São aquelas adquiridas com plena intervenção da consciência.
É aquela que envolve a lembrança consciente de palavras, cenas, faces ou narrativas.
Pertencem os fenômenos de consciência e lembrança. 
Pode ser: semântica ou episódica
Memória Implícita (ou não declarativa)
A memória não declarativa não envolve a recordação consciente, mas, em vez disso, revela-se por meio do comportamento. 
É a memória para procedimentos e habilidades, por exemplo, a habilidade para dirigir, jogar bola, dar um nó no cordão do sapato e da gravata, etc.
Somos capazes de executar tarefas, por vezes complexas, com nosso pensamento voltado para algo completamente diferente.
Memória Não declarativas ou Implícitas
Memória Procedural - é a memória para habilidades (p. ex., tocar piano, andar de bicicleta). Essa memória envolve saber como desempenhar certas ações.
Priming - Facilitação do processamento de (e resposta a) um alvo por meio da apresentação prévia de um estímulo relacionado a ele.
Condicionamento clássico – memória associativa de estímulos e respostas.
Habituação/ sensibilização - A habituação e a sensibilização são duas formas de aprendizagem não-associativas. Na habituação ocorre a redução da força de uma resposta a um estímulo. A sensibilização é o aumento da força da resposta a uma variedade de estímulos seguidos. 
Memória Declarativa ou Explícita
Curto Prazo – Memória de Trabalho
Longo Prazo – Memória Semântica e Episódica
Tipos de Memória Explícita – Longo prazo
Endel Tulving (1972) propôs uma distinção entre dois tipos de memória explícita. 
A memória semântica armazena conhecimento geral do mundo. É nossa memória para fatos que não são diferenciados para nós e que não são lembrados em qualquer contexto temporal específico.
Ex: Coisas que são do conhecimento comum, tais como os nomes das cores, os sons das letras, as capitais de países e outros fatos básicos adquiridos ao longo da vida.
A memória episódica armazena eventos ou episódios que a pessoa vivenciou.  É a lembrança de experiências biográficas e eventos específicos a partir dos quais podemos reconstruir os eventos reais que aconteceram em pontos específicos no tempo, dentro das nossas vidas.
 Ex: Recordar onde você estava quando ocorreu o 11 de setembro; Relembrar o seu primeiro beijo, o seu primeiro dia de escola, etc.
Efeito da posição serial
Efeito da posição serial: a capacidade de lembra itens de uma lista depende da ordem de uma apresentação, com os itens apresentados no inicio ou no final da lista mais bem lembrados do que os do meio. Temos então PRIMAZIA e RECENTICIDADE.
Efeito da recenticidade - o efeito da recenticidade ocorre quando nos recordamos melhor de itens do final de uma lista.
Efeito da primazia - Os itens do início da lista tendem a ser evocados menos vezes do que os itens do final da lista, mas a sua evocação é superior ao nível de evocação do meio da lista
os itens apresentados no inicio ou no final da lista mais bem lembrados do que os do meio. 
Experimento de Ebbinghaus 
Nos experimentos sobre memória, com o objetivo de evitar eventuais vieses que seus sujeitos experimentais pudessem apresentar em relação às palavras a serem memorizadas, Ebbinghaus necessitou criar palavras com as quais os sujeitos nunca tivessem tido contato. 
Para resolver esse problema, Ebbinghaus inventou as palavras sem sentido, formadas por duas consoantes separadas por uma vogal (por exemplo “dit”).
Ebbinghaus – curva de esquecimento
Neste experimento, Ebbinghaus descobriu que grande parte das informações memorizadas em um dado momento tende a ser esquecidas rapidamente nas primeiras horas após a aprendizagem . 
Após esse abrupto declínio na retenção das informações memorizadas, após os dias seguintes da primeira evocação, segue-se uma certa estabilidade, onde o esquecimento ocorre de forma mais suave e gradual.
Memória excepcional
Há casos raros de pessoas com memoria excepcional (melhor ou deficiente) que oferecem conhecimentos interessantes sobre a natureza da memoria em geral.
As pessoas estudadas com memória excepcional faziam mais ou menos a mesma coisa - de forma consciente ou quase automática. 
Todos eles traduziam informações arbitrarias, abstratas e sem significado em informações mais concretas em termos sensoriais ou com mais significado. Importante o significado para o mnemonista gravar a mensagem.
Memória excepcional – Caso “S”
Quando estava trabalhando como jornalista, seu editor notou que ele conseguia repetir qualquer informação que era dita para ele, palavra por palavra.
Assim, ele mandou o russo Solomon Shereshevskii (com frequência, referido como S) para se consultar com o psicólogo Luria. 
Foi constatado que S aprendia de modo rápido um material complexo (p. ex., listas com mais de cem dígitos), do qual se lembrava perfeitamente vários anos mais tarde. 
Segundo Luria (1968), “Não havia limite para a capacidade de memória de S ou para a durabilidade dos traços de memória que ele retinha”.
Memória excepcional – Caso “S”
O psicólogo russo Alexander Luria (1968) estudou S. por mais de 30 anos e concluiu que, mesmo se sua retenção fosse medida 15 ou 16 anos apos a sessão em que havia aprendido as palavras S. ainda poderia reproduzi-las.
“S” convertia o conteúdo de que precisava se lembrar em imagens. Muito de seu uso das imagens visuais na recordação da memoria não era intencional, e sim resultado de um raro fenômeno psicológico, a sinestesia.
Sinestesia – ocorre a experiência
das sensações em uma modalidade sensorial diferente do sentido que foi fisicamente estimulado. Por exemplo, S. convertia de modo automático um som em uma impressão visual.
Alexander Luria
(1902-1977)
Ele relatava que sua sinestesia, que era, em grande parte, involuntária, interferia em sua capacidade de ouvir as pessoas! As vozes davam lugar a misturas de sensações interferindo com sua capacidade de acompanhar uma conversa.
Por exemplo, ele achava difícil entender conceitos como infinito ou nada, que não se prestam muito bem a imagens visuais. As vezes, também se sentia sobrecarregado quando lia, pois memorias anteriores atrapalhavam as posteriores. 
Caso S.
“Cada palavra evoca imagens; elas colidem uma com a outra e o resultado é o caos. Eu não consigo fazer nada com isso. E então tem também a sua voz [...] outra distorção [...] então tudo é uma embrulhada.”
Sua mente parecia “um monte de entulho de impressões” (Luria, 1968), o que tornava muito difícil que tivesse uma vida normal. Por fim, ele acabou indo para um asilo.
Memória deficiente/ esquecimento
Várias síndromes diferentes são associadas a perda de memoria. A mais conhecida e a amnesia.
A amnesia é uma perda grave de memória.
Amnésia retrógrada –dificuldade em recordar eventos que ocorreram antes do início da amnésia
Amnésia anterógrada – prejuízo acentuado na habilidade de recordar novas informações aprendidas depois do início da amnésia
Memória deficiente/ esquecimento
Amnésia infantil - a incapacidade de lembrar eventos que ocorreram quando éramos muito pequenos.
Os adultos relatam muito poucas memórias autobiográficas antes dos 3 anos de idade e apresentam recordação limitada para eventos que ocorreram em idade entre os 3 e 6 anos.
Teorias buscam explicar a amnésia infantil
A teoria do desenvolvimento sociocultural (Fivush & Nelson, 2004; Fivush, 2010) apresenta uma explicação plausível. 
De acordo com essa teoria, a linguagem e a cultura são ambas centrais no desenvolvimento inicial da memória autobiográfica. 
A linguagem é importante em parte porque a utilizamos para comunicar nossas memórias. 
As experiências que ocorrem antes de a criança desenvolver a linguagem são difíceis de expressar em palavras posteriormente.
Teorias buscam explicar a amnésia infantil
Josselyn e Frankland (2012) assinalaram que a amnésia infantil tem sido observada em várias espécies não humanas. 
Josselyn e Frankland destacaram que o hipocampo (crucialmente envolvido na memória declarativa, incluindo a memória autobiográfica) apresenta desenvolvimento pós-natal prolongado. De especial importância, há um processo de neurogênese no qual novos neurônios são gerados no hipocampo (especialmente, no giro dentado) durante os primeiros anos de vida.
Neurogênese no Hipocampo
“os altos níveis de neurogênese regulam de modo negativo a habilidade de formar memórias duradouras, mais provavelmente pela substituição das conexões sinápticas nos circuitos da memória hipocampal preexistentes”
Algumas teorias sobre memória e esquecimento
Teoria da deterioração (Desuso/ declínio)
Interferência
Recalcamento
Teoria do Declínio (ou do desuso/ deterioriação)
Segundo a Teoria da Deterioração, a informação é esquecida porque desaparece gradualmente, com o passar do tempo, e não porque ela foi deslocada por outra informação. 
A deterioração acontece quando a simples passagem do tempo faz com que esqueçamos os conteúdos e informações (Sternberg, 2008).
Talvez a explicação mais simples para o esquecimento das memórias de longo prazo seja o declínio, que é “o esquecimento por uma perda gradual do substrato da memória”
Teoria da Interferência
Para a Teoria da Interferência, a interferência ocorre quando informações concorrentes, ou seja quando a informação anterior interfere com a nova aprendizagem. 
O  esquecimento será o resultado da competição entre respostas similares.
 À medida que a informação vai sendo processada, a probabilidade de serem armazenadas informações muito semelhantes, faz com que a recuperação se possa processar com maior dificuldade. Neste contexto foram identificados dois tipos de interferência: proativa e retroativa.
Interferência Proativa
Uma informação antiga atrapalha a uma nova. 
Perturbação da memória pela aprendizagem prévia (frequentemente de material similar).
Ex: Senha velha de cartão de banco. A interferência de uma informação antiga (francês) atrapalha na aquisição de uma nova informação (inglês). 
Interferência retroativa
Uma informação nova atrapalha a recuperação da antiga. 
Ex: só lembra do número de telefone novo, e não consegue relembrar o anterior.
Pense em um amigo que você conhece há vários anos. Procure formar uma imagem visual clara de como ele era cinco anos atrás. Acreditamos que você achou difícil fazer isso porque informações ricas sobre como ele é agora interferem em sua habilidade de lembrar como ele era naquela época. Esse é um exemplo comum de interferência retroativa.
Recalcamento
Teoria ligada à teoria psicanalítica de Freud. 
“[...] entre os vários fatores que contribuem para o fracasso de uma recordação ou para uma perda de memória, não se deve menosprezar o papel desempenhado pelo recalcamento” (FREUD, 1997 [1898]). 
Trata-se da teoria do esquecimento ativo. Em função dessa perspectiva certos esquecimentos não seriam devidos à fraqueza da memória, mas devido à intervenção de uma força contrária que exerceria função inibitória. 
A doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é uma doença mais comum em adultos mais velhos, a qual causa demência e perda progressiva de memória. 
A demência é uma perda da função intelectual grave o suficiente para prejudicar a vida cotidiana da pessoa.
Observa-se tendência ao esquecimento de fatos recentes e dificuldade para registrar novas informações. À medida que a doença progride, o paciente passa a ter dificuldades para desempenhar as tarefas mais simples, como utilizar utensílios domésticos, ou ainda para vestir-se, cuidar da própria higiene e alimentar-se.
A doença foi identificada por Alois Alzheimer em 1907. Geralmente e reconhecida pela perda de função intelectual na vida cotidiana.
Alois Alzheimer – psiquiatra alemão (1864-1915)
Doença de Alzheimer - Memória
Os primeiros sinais da doença de Alzheimer geralmente incluem prejuízos à memória episódica. As pessoas têm dificuldades de se lembrar de coisas aprendidas em um contexto espacial ou temporal. À medida que a doença avança, a memória semântica também começa a ser prejudicada. 
Metamemória
Para manter ou intensificar a integridade das memórias durante a consolidação, podemos usar várias estratégias de metamemória. 
As estratégias de metamemória envolvem a reflexão em nossos próprios processos de memória, tendo em vista melhorá-la. 
Tais estratégias são especialmente importantes quando estamos transferindo novas informações para a memória de longo prazo ensaiando-a.
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As estratégias de metamemória são apenas um componente da metacognição, nossa capacidade de pensar a respeito e de controlar nossos própriosprocessos de pensamento e maneiras para realçar nosso pensamento
Metacognição
Caso do paciente H.M.(1926-2008)
Henry Gustav Molaison, também conhecido por H.M., foi um americano com um distúrbio raro de memória e seu caso e cérebro foram amplamente estudados por pesquisadores.
Esse homem perdeu totalmente a capacidade de guardar novas memórias, em consequência de uma cirurgia experimental. 
.M. era uma criança normal até que aos 9 anos sofreu uma queda enquanto andava de bicicleta. O forte traumatismo craniano que sofrera deixou como sequela as constantes crises epilépticas, intratáveis com o uso das medicações convencionais.
Na cirurgia os lobos temporais foram retirados bilateralmente, pois eram o foco das convulsões, em 1953. 
Depois da cirurgia o paciente H.M., que ficou curado da epilepsia, passou a sofrer de graves problemas de memória.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=W0TTQroCjoQ
Referencias 
Michael W. Eysenck e
Mark T. Keane. Manual de Psicologia Cognitiva . 
STENBERG, R.J. Psicologia Cognitiva. São Paulo: Cengage Learning, 2014.

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