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13a AULA COMPACTAÇÃO DE SOLOS 1. Introdução Definição: A compactação é um processo mecânico através do qual torna-se o solo mais denso, diminuindo o seu volume de vazios. Esta redução, mais ou menos rápida, ocorre face à expulsão ou compressão do ar dos vazios do solo. Difere, portanto, do adensamento (13a aula), que é também um processo de densificação, mas decorrente de uma expulsão lenta da água dos vazios. Finalidades: A compactação objetiva imprimir ao solo uma homogeneização e uma melhoria de suas propriedades de engenharia, tais como: - aumentar a resistência ao cisalhamento; - diminuir a permeabilidade; - reduzir os recalques; - aumentar a resistência à erosão. Utilização: Várias são as obras aonde se empregam solos compactados. Citam-se, entre outras aplicações: - os aterros compactados, na construção de barragens de terra, de estradas ou na implantação de loteamentos; - pavimentos de estradas e aeroportos; - o solo de apoio de fundações diretas; - os reaterros de valas escavadas a céu aberto; - os terraplenos de muros de arrimo; - os retaludamentos de encostas naturais. 2 2. Curva de Compactação Os primeiros estudos sobre compactação de solos foram realizados nas décadas de 20 e 30, por Porter e Proctor na Califórnia. Esses pesquisadores verificaram que, ao se aplicar uma determinada energia de compactação sobre um solo (um certo número de passadas de um determinado equipamento no campo, ou um certo número de golpes de um soquete sobre o solo contido num molde, no laboratório), o peso específico aparente seco (γd) resultante é função do teor de umidade (w) em que o solo se encontra. O método utilizado em laboratório consiste em se compactar uma porção de solo com uma certa energia de compactação em diferentes teores de umidade. A curva de variação de γd com w, chamada curva de compactação, ou curva de Proctor, tem a forma de uma parábola, como mostra a figura, e permite definir um ponto ótimo de compactação, para o qual se obtém a máxima densidade. As coordenadas desse ponto são referidas como umidade ótima (wot) e peso específico aparente seco máximo (γdmax). O trecho da curva correspondente a teores de umidade abaixo da ótima é denominado de ramo seco e o trecho correspondente a teores de umidade acima da ótima recebe o nome de ramo úmido da curva de compactação. É importante notar que na curva de compactação, a densificação do solo é medida em termos de γd e não de γn. Isso é perfeitamente justificável, uma vez que o que 3 interessa é se determinar em que condição tem-se a maior quantidade de partículas num mesmo volume. Isso é medido através de γd (Ps/Vt) e não através de γn (Pt/Vt), pois neste último está incluído o peso da água. É usual apresentar-se, em conjunto com a curva de compactação, a curva de variação do peso específico aparente seco em função do teor de umidade, para um grau de saturação de 100%. A equação dessa curva é facilmente deduzida a partir da expressão (3a aula): w s r e w S γ γ = de onde se obtém: s w d s r s wr 1SeSw γ γ −γ γ = γ γ= e finalmente: w sd r ) 11(Sw γ γ − γ = Para Sr = 100%, a expressão acima resulta: w sd )11(100w γ γ − γ = A curva de Sr=100% é traçada no gráfico de compactação, tomando-se valores convenientes para γd e calculando-se os valores correspondentes de umidade pela equação anterior. Como se observa na figura da página anterior, quando compactado, por maior que seja o teor de umidade, o solo nunca atinge a condição de Sr=100%. Verifica-se também que o ramo úmido é aproximadamente paralelo à curva Sr=100%. Para γd = γdmax e w= wot, tem-se Sr ≅ 85%. 4 A explicação para o formato da curva de compactação envolve o conceito de lubrificação. A água forma uma película lubrificante em torno das partículas, favorecendo o deslizamento dos grãos uns sobre os outros, ao receberem um esforço de compactação. No ramo seco, à medida que se acrescenta água, o deslizamento é cada vez mais fácil, resultando num solo cada vez mais denso. A partir de um certo teor de umidade, porém, o grau de saturação se torna elevado e o esforço de compactação não consegue expulsar o ar ainda existente nos vazios, em forma de bolhas. No ramo úmido, a água que é acrescentada distancia os grãos uns dos outros e ocupa espaço que poderia estar ocupado por partículas, resultando num solo cada vez menos denso. É importante chamar a atenção para o fato de que materiais granulares sem finos, devido à sua alta permeabilidade, não são afetados pela variação do teor de umidade, tanto quanto um solo coesivo, durante o processo de compactação. O ensaio de compactação acima descrito não é recomendável para estes materiais. Em seu lugar, são feitos ensaios para determinação dos índices de vazios máximo e mínimo (7a aula). 3. Ensaios de Compactação Ensaio de Compactação na Energia Normal com Reúso Os diversos tipos de ensaios de compactação estão descritos em detalhe na Norma Brasileira NBR 7182/1986 da ABNT. Descreve-se sucintamente a seguir o processo mais amplamente utilizado, que é o ensaio de compactação na Energia Normal com reúso do material. - Toma-se cerca de 3 kg de solo, previamente seco ao ar, destorroado e passado na peneira de 4,8 mm. 5 - Acrescenta-se ao solo uma certa quantidade de água e faz-se a homogeneização. - Procede-se então à compactação do solo no interior de um cilindro padrão (1000 cm3) em três camadas de igual espessura, sob a ação de 26 golpes de um soquete de 2,5 kg caindo de 30,5 cm. - determina-se o peso do solo compactado e seu teor de umidade. Obtém-se assim o primeiro par (w, γd). - Destorroa-se a amostra de solo recém compactada, acrescenta-se mais água e faz-se nova compactação da forma descrita anteriormente. Obtém-se o segundo par (w, γd). - O processo é continuado, acrescentando-se cada vez mais água à amostra, até se obter dados suficientes para a definição da curva de compactação (em geral, 5 pontos). Soquete de compactação cilindro de compactação Energias de Compactação Três são as energias que podem ser utilizadas no ensaio: a Energia Normal, a Energia Intermediária e a Energia Modificada. 6 A Energia Normal foi escolhida para, de certa forma, aproximar a compactação de laboratório à de campo, compatível portanto com os equipamentos usados normalmente nos serviços de terraplenagem. No entanto, durante a Segunda Grande Guerra (1939-1945), com o advento de bombardeiros pesados, as pistas de aeroportos necessitaram de aterros com uma capacidade de suporte maior, o que se conseguiu empregando-se equipamentos de compactação mais pesados. Isto levou à introdução, em laboratório, da Energia Modificada. Finalmente, tem-se o ensaio na Energia Intermediária, de emprego comum em pavimentação, que, como o próprio nome diz, impõe no solo uma energia que está entre a Energia Normal e a Modificada. O importante a destacar é que os ensaios de laboratório funcionam como ensaios de referência para a compactação de campo, de forma um tanto arbitrária, tendo a “padronização” partido, em última instância, do campo. A tabela a seguir indica as variações nos equipamentos e nos procedimentos de ensaio para as diferentes energias: Volume do No de Soquete No de Golpes Energia cilindro (cm3) Camadas Peso (kg) Altura de queda (cm) por Camada Normal 1000 3 2,50 30,5 26 Intermediária 1000 3 4,54 45,7 21 Modificada 1000 5 4,54 45,7 27 Existe ainda um outro cilindro (V = 2085 cm3) que é usado em ensaios com solos que contém pedregulhos. Quando utilizado esse cilindro, os valores da tabela são outros. A Energia de Compactação para os ensaios de laboratório é definida pela expressão: cilindrodoVolume camadasdengolpesdenquedadealturasoquetedopesoEC oo ××× = 7 São as seguintes as Energias de Compactação dos ensaios padronizados: energia normal: EC = 5,9 kgcm/cm3 energia intermediária: EC = 13,1 kgcm/cm3 energia modificada: EC = 28,0 kgcm/cm3 Constata-se que a Energia Normal é cerca de 1/5 da Energia Modificada. Ensaios sem reúso e sem secagem prévia Dois aspectos de grande importância para alguns solos são o reúso e a secagem prévia do material ao ar, antes da compactação. O reúso da mesma porção de solo na obtenção dos diversos pontos da curva de compactação pode provocar quebra de partículas, tornando o solo mais “fino” e diferente do que o utilizado no campo. Por outro lado, a secagem pode, em alguns solos, mudar suas características, seja pela aglutinação de partículas, seja por transformações irreversíveis na própria estrutura dos argilo-minerais. Por essas razões, a norma brasileira inclui diversas alternativas de execução de ensaio, possibilitando que o mesmo seja realizado com e sem reúso, e com e sem secagem prévia ao ar. Os ensaios sem reúso exigem maior quantidade de material. Nos ensaios sem secagem prévia, parte-se do solo em sua umidade natural e os diversos pontos da curva são obtidos alguns com acréscimo de água e outros com secagem parcial da amostra. 8 4. Influência da Energia de Compactação A curva de compactação e os valores de γdmax e wot são função da energia de compactação aplicada. A figura mostra curvas de compactação determinadas sobre o mesmo solo, mas em diferentes energias. Pode-se notar que: - quanto maior a energia, maior o valor de γdmax e menor o valor de wot; - os pontos (wot, γdmax) se alinham ao longo de uma curva correspondente a um grau de saturação entre 80 % e 90 %; é a chamada linha dos pontos ótimos. - o ganho em densidade devido a um aumento significativo de energia pode não ser tão significativo; e - para elevadas umidades praticamente não se consegue ganho na densidade com o aumento da energia. 5. Influência do Tipo de Solo Para uma mesma energia, os valores de γdmax e wot dependem do tipo de solo.Em geral, os solos apresentam densidades máximas baixas e umidades ótimas elevadas quando são muito argilosos. Por exemplo, solos argilosos muito plásticos podem apresentar wot superiores à 30% e γdmax menores do que 15 kN/m3. 9 Densidades secas máximas elevadas e umidades ótimas baixas são típicas de solos arenosos pouco argilosos. Nestes solos podem ser encontrados wot inferiores à 10% e γdmax superiores a 20 kN/m3. Solos siltosos se apresentam em posição intermediária entre os solos arenosos e os solos argilosos. 6. Estrutura do Solo Compactado O solo compactado fica com uma estrutura (7a aula) que depende da energia aplicada e da sua umidade por ocasião da compactação. A figura indica esquematicamente as estruturas em função destes parâmetros. No ramo seco da curva de compactação, a estrutura do solo é do tipo floculada, enquanto que no ramo úmido, as partículas se posicionam paralelamente, e o solo fica com estrutura do tipo dispersa. Observa-se também que, para uma mesma umidade, quanto maior a energia, maior o grau de dispersão. 10 7. Variação das propriedades do solo com a umidade de compactação Resistência ao Cisalhamento Curvas tensão - deformação obtidas em ensaios triaxiais não drenados realizados sobre corpos de prova compactados em diferentes umidades são mostradas na figura a seguir. Verifica-se que quanto menor a umidade de compactação, maior a resistência de pico e menor a deformação em que essa resistência é obtida. Na figura ao lado, onde as resistências de pico são mostradas em função do teor de umidade, o efeito da umidade de compactação pode ser melhor avaliado. Com base nesses resultados, à primeira vista parece mais conveniente compactar o solo com uma umidade no ramo seco da curva, pois sua resistência é a mais elevada possível. Entretanto, isso não é feito, pois se o solo se saturar (nas épocas de grande precipitação pluviométrica), ele terá uma perda de resistência muito grande, como indica, na figura, a curva de resistência após saturação. No ramo úmido, a resistência do solo em sua umidade de compactação já é baixa e, uma vez que o solo se encontra com elevado grau de saturação, a sua eventual saturação praticamente não causará nenhum efeito. Na umidade ótima, por outro lado, a resistência permanece quase 11 estável e é nessa condição que o solo apresenta sua maior resistência quando saturado. Reforça-se assim o conceito de que a compactação de um solo, qualquer que seja sua finalidade, deverá ser feita nas condições de umidade ótima. Permeabilidade Na figura ao lado, observa-se que, para uma mesma energia de compactação, aumentando-se a umidade do solo, a permeabilidade diminui, atingindo um valor mínimo na umidade ótima. No ramo úmido, a permeabilidade volta a aumentar. Isso se justifica pelo fato de que é na umidade ótima que o solo apresenta o seu menor índice de vazios. Outra constatação interessante é que no ramo seco o solo se mostra mais permeável do que no ramo úmido, para um mesmo valor de γd. Portanto, a diferença no índice de vazios não pode ser a justificativa neste caso. A razão da diferença de permeabilidades nos ramos seco e úmido reside nas diferentes estruturas que os solos compactados apresentam nessas duas situações. No ramo seco, como discutido anteriormente, o solo compactado se apresenta com uma estrutura floculada, que possibilita um maior escoamento de água que a estrutura dispersa observada no ramo úmido. 12 Compressibilidade Em termos de compressibilidade, para uma mesma densidade seca e mesma energia de compactação, solos compactados no ramo seco são menos compressíveis do que os compactados no ramo úmido, pelo menos para baixas tensões. 8. Compactação no Campo A compactação de campo compreende uma série de atividades, que vão desde a escolha da área de empréstimo até a compactação propriamente dita. Escolha da área de empréstimo A escolha da área de empréstimo constitui um problema técnico–econômico. Intervêm na escolha fatores como distância de transporte, necessidade de desmatamento, volume de material disponível, tipos de solo, diferença entre a umidade natural e a umidade ótima (face a necessidade do acerto de umidade), possibilidade de uso de materiais que serão escavados quando da construção do próprio aterro, etc. Escavação, transporte e espalhamento do solo A escavação do solo na área de empréstimo deve ser feita com cuidados especiais quanto à drenagem, para evitar a saturação do solo em época de chuva. Depois de transportado, o solo é espalhado em camadas tais que sua espessura seja compatível com o equipamento compactador, como discutido adiante. 13 Acerto da umidade e homogeneização Através da irrigação (quando a umidade natural do solo é menor do que a ótima) ou da aeração (quando a umidade natural é maior do que a ótima), faz-se o acerto da umidade. Procede-se também à homogeneização, para distribuir bem a umidade, e ao destorroamento do solo, se necessário. Compactação propriamente dita Segue-se a compactação propriamente dita, com equipamentos e parâmetros adequados ao tipo de solo, conforme a Tabela a seguir. Essas informações são meras indicações, devendo-se verificar os equipamentos e parâmetros mais adequados em cada caso particular. Tipo Solo Modo de Parâmetros dos equipamentos compactar e (cm) N v (km/h) p ou P Rolo pé de carneiro Argila ou silte De baixo para cima 20 a 25 8 a 10 ≤ 4 1 a 3 MN/m2 Rolo pneumático Silte, areia com finos De cima para baixo 30 a 40 4 a 6 4 a 6 0,5 a 0,7 MN/m2 Rolo liso vibratório Material granularVibração 60 a 100 2 a 4 ≥ 8 50 a100 kN Legenda: e – espessura da camada de solo solto; N – número de passadas do rolo compactador v – velocidade do rolo compactador; p – pressão na pata ou no pneu P – Peso do rolo vibratório 9. Equipamentos de Compactação Os equipamentos de compactação podem ser classificados, quanto ao tipo de esforço aplicado no solo em: - de compressão ou estáticos; - de impacto; e - de vibração. 14 Equipamentos de Compressão ou Estáticos Os equipamentos deste tipo aplicam uma pressão sobre a superfície da camada, que se distribui em seu interior, acarretando a compactação do material. As tensões originadas pelo equipamento na superfície diminuem rapidamente com a profundidade, o que impõe uma limitação à espessura da camada. Há também a necessidade de manter a velocidade do equipamento em níveis relativamente baixos. Rolo pé – de – carneiro: O elemento principal deste equipamento é o tambor metálico com certo número de protuberâncias (patas) convenientemente dispostas em sua periferia. As patas têm comprimento entre 14 e 27 cm e área de 30 a 350 cm2. O tambor pode ser preenchido com areia úmida, possibilitando variar o peso dentro de certos limites. Em geral, os modelos leves são rebocados e os mais pesados são autopropelidos. É altamente recomendado para compactação de solos argilosos em núcleos de barragens. Nas primeiras passadas, as patas penetram no solo, compactando a parte inferior da camada; à medida que o número de passadas aumenta, as patas penetram cada vez menos até que simplesmente marcam o solo (“compactação de baixo para cima”), com impressões não mais profundas que 5 cm. O solo mais superficial de uma camada só é compactado quando das primeiras passadas do rolo sobre a camada seguinte. Por essa razão, ocorre uma perfeita ligação entre camadas. 15 Rolo Pneumático: Os rolos pneumáticos são constituídos por uma plataforma metálica apoiada em dois eixos com pneus. O número de pneus em cada eixo é variável, com um mínimo de três, até seis ou mais. Para melhor cobertura do terreno a ser compactado, as rodas dos eixos são desencontradas em seu alinhamento, de maneira que as do eixo traseiro correm nos espaços deixados pelas dianteiras. A área e a pressão de contacto dos pneus, que afetam a compactação obtida, são função da carga por roda e da pressão de enchimento dos pneus. O rolo de pneus deixa uma superfície compactada lisa e consequentemente não produz boa ligação ou aderência entre as camadas adjacentes. Em comparação com o rolo pé-de-carneiro, o rolo de pneus compacta o solo mais rapidamente e com menor número de passadas. Entretanto, o aterro resultante é menos uniforme em relação à umidade e ao peso específico, além da deficiência no que se refere à ligação entre as camadas. 16 Equipamentos de Impacto O mais simples equipamento de compactação consiste de um soquete de cerca de 15 kgf operado manualmente; a altura de queda e a freqüência de aplicação dos golpes ficam limitados a valores relativamente baixos, o que restringe a sua aplicabilidade a locais restritos e a obras de pequena responsabilidade. Os “sapos mecânicos” são soquetes mecanizados, a ar comprimido ou a óleo diesel. Apresentam eficiência bem maior que os manuais.Diferenciam-se dos equipamentos vibratórios pela grande amplitude (20cm) e baixa frequência (30 a 60 ciclos por minuto). São utilizados em locais onde é impraticável o acesso de equipamentos de maior produtividade (dentro de valetas, junto a condutos, muros de arrimo, etc.) Equipamentos de Vibração São utilizados na compactação de materiais granulares (areias, pedregulhos e enrocamentos). Os rolos lisos vibratórios são rolos lisos (cilindros ocos de aço, que também podem ser preenchidos com areia) dotados de mecanismos que produzem vibração (freqüência de 500 a 5000 ciclos por minuto). A freqüência e o peso dos rolos vibratórios devem ser escolhidos de acordo com o material a ser compactado: rolos pesados com vibração de baixa freqüência para pedregulhos e enrocamentos, rolos leves a médios com alta freqüência para as areias. 17 São disponíveis também rolos pé-de-carneiro e rolos pneumáticos vibratórios. Por fim, existem as placas vibratórias que, como o próprio nome sugere, consistem de uma placa, redonda ou retangular, acoplada a mecanismo vibratório, acionado a motor elétrico, a gasolina ou a diesel. Os modelos maiores têm áreas de até 2m2. 10. Especificação de compactação Na especificação de uma compactação são definidas as condições em que o solo deve ser compactado no campo. As especificações de compactação não fazem referência ao teor de umidade em si, ou ao peso específico aparente seco a ser obtido, mas a um desvio de umidade e a um grau de compactação, conforme definições abaixo: maxd aterrodGC γ γ = grau de compactação otaterro www −=∆ desvio de umidade Isto porque numa área de empréstimo, o solo sempre apresenta uma certa heterogeneidade. O comportamento de dois solos de uma mesma área, com curvas de compactação um pouco diferentes, é mais semelhante se os dois forem compactados com o mesmo desvio de umidade e o mesmo grau de compactação, do que se os dois forem compactados com a mesma umidade e mesma densidade seca. Um exemplo de especificação de compactação é GC≥97% e -2% ≤ ∆w ≤ +1%. Significa que o γs do aterro deve ser no mínimo igual a 0,97 γdmax e a umidade do aterro deve estar compreendida no intervalo wot - 2% e wot + 1%. 18 Para os materiais granulares sem finos, a especificação de compactação é definida em termos de compacidade relativa (7a aula): C. R. = e e e e max max min − − onde emax e emin são respectivamente os índices de vazios máximo e mínimo e e é o índice de vazios do material compactado. Um exemplo de especificação para estes materiais é CR≥70%. 11. Controle de Compactação Controlar a compactação de uma camada de solo compactado significa verificar se o grau de compactação e o desvio de umidade estão dentro dos limites estabelecidos. Se os valores de GC e ∆w atenderem ao prescrito na especificação, é liberada a compactação da camada seguinte. Se somente o grau de compactação não estiver no nível desejado, pode-se tentar atingi-lo através de novas passadas do rolo compactador. Entretanto, se o desvio de umidade estiver fora do intervalo especificado, não há outra solução a não ser remover a camada, fazer o acerto da umidade e proceder a nova compactação. Após a compactação de uma camada de solo, determina-se o seu peso específico natural (γn). Isso pode ser feito pela cravação no solo compactado de um cilindro com extremidade biselada. Conhecendo-se o volume do cilindro e determinando-se o peso de solo em seu interior, pode-se calcular o peso específico natural. Outro processo bastante utilizado é o do “funil de areia”, em que se abre um furo na camada, retira-se e pesa-se o solo contido no furo, e mede-se o volume do furo jogando-se areia com peso específico aparente seco conhecido. 19 Sendo waterro a umidade do aterro, o peso específico seco do aterro é determinado por: aterro n aterrod w1 )( + = γγ A grande dificuldade no controle da compactação no campo está na determinação da umidade do aterro. A sua determinação através de estufa, como é sabido, requer um período de 24 horas para secamento de solos argilosos. Numa obra onde o trabalho é ininterrupto, com a colocação sucessiva de camadas de solo uma sobre as outras, não é possível esperar-se todo esse tempo até a obtenção dos resultados de laboratório para verificação se uma camada foi compactada devidamente e na umidade desejada. É necessário pois lançar mão de métodos expeditos que permitam, num prazo extremamentecurto (menos de uma hora), conhecer os resultados dos ensaios a fim de poder atuar imediatamente no andamento da compactação. Dentre esses processos, têm-se: Speedy moisture test - Neste ensaio utiliza-se um aparelho composto de uma câmara de reação e um manômetro, o qual mede a pressão interna da câmara. Uma amostra úmida de solo com peso de cerca de 20g é colocada na câmara de reação, juntamente com ampolas de carbureto de cálcio. Agitando-se o aparelho, as esferas de aço existentes na câmara quebrarão as ampolas e o carbureto reagirá com a água do solo, aumentando a pressão interna, que será registrada no manômetro. O equipamento deverá ter sido anteriormente calibrado em laboratório, com o solo a ser controlado, para se estabelecer uma correlação entre leitura do manômetro e teor de umidade do solo. Este método oferece resultados satisfatórios somente no caso de solos arenosos. 20 Frigideira - Pode-se ainda usar frigideira e fogareiro, para a secagem violenta e rápida, no próprio campo, das amostras. Este processo tem a desvantagem de queimar matéria orgânica e retirar água de cristalização da argila. Como se nota, ambos os processos apresentam inconvenientes. O método mais amplamente utilizado para controle de compactação foi desenvolvido por Jack Hilf e é descrito a seguir. Método de Hilf No método de Hilf, que tem sido usado em barragens de terra brasileiras desde 1956, não é necessário determinar a umidade do aterro para controle de sua compactação. Ele permite o cálculo preciso de GC e uma estimativa bastante razoável de ∆w. a) Curva de Hilf Do mesmo ponto onde se mediu γn aterro, coleta-se uma porção de solo (cerca de 15 kg) que, após homogeneização, é quarteada. Cada quarto possui a mesma umidade wa, desconhecida. Suponha-se que o solo esteja no ramo seco da curva de compactação. Então toma-se cada quarto, a partir do segundo, e adiciona-se uma certa quantidade de água, crescente de um quarto para o seguinte, dada por: u wi i P P z ∆ = (i= 1, 2, 3 e 4) (1) onde ∆Pwi é o peso de água adicionado e Pu é o peso úmido de cada quarto. Se o solo estiver no ramo úmido, basta secá-lo, através de jatos de ar quente. 21 A seguir, homogeneiza-se muito bem e compacta-se cada quarto de solo no cilindro de Proctor, obtendo-se o peso úmido do solo compactado (γui). Calcula-se agora para cada ponto do ensaio, o que Hilf denominou de peso específico úmido convertido: ( )z1 u uc + γ=γ (2) A tabela resume o que foi dito. Quarto no Umidade após quarteamento z Peso espec. úmido após compactação Peso espec. úmido convertido 1 wa z1=0 γu1 γuc1 2 wa z2 γu2 γuc2 3 wa z3 γu3 γuc3 4 wa z4 γu4 γuc4 A curva γuc em função de z é chamada curva de Hilf e pode ser traçada imediatamente após o término do ensaio de compactação, uma vez que z é conhecido e γu é determinado no ensaio. b) Relação entre a curva de Hilf e a curva de Proctor Para qualquer um dos quartos, após a adição da fração z de água, o peso da água passa a ser: z)w1(PwPP asasw ++= donde ( )[ ] ( )[ ] ( )( )z1w1zw1w1 V P V zw1PwPP V PP adaa sasassws u ++γ=+++= +++=+=γ 22 Da definição de γuc (expressão 2), tem-se: )w1( aduc +γ=γ (3) O teor de umidade w, de qualquer quarto, após a adição de água é: z)w1(w P z)w1(PwP P P w aa s asas s w ++= ++ == (4) donde resulta: a a aa a w1 w w1 w w1 ww z + + + = + − = (5) Como, nas expressões 3 e 5, wa, embora desconhecido, é uma constante, resulta uma relação de afinidade entre a curva de Hilf e a curva de Proctor. Assim, demonstra-se que a curva de Hilf também apresenta um pico, o qual corresponde ao ponto ótimo de Proctor. )w1( amaxdmaxuc +γ=γ (6) a aot ot w1 ww z + − = (7) c) Cálculo exato do Grau de Compactação O grau de compactação é dado por: maxuc aterron a maxuc a aterron maxd aterrod )w1( )w1( GC γ γ = + γ + γ = γ γ = (8) onde γn aterro é o valor do peso específico natural do aterro, determinado através da cravação do cilindro biselado ou então pelo uso do frasco de areia. 23 d) Estimativa do Desvio de Umidade Somando-se 1 aos dois membros da expressão 4 e rearranjando-se os termos vem: )z1)((w1(z)w1(w1w1 aaa ++=+++=+ (9) Para z = zot, tem-se w = wot, face à relação de afinidade. Substituindo-se em (9) segue que: )z1)((w1(w1 otaot ++=+ (10) donde: ot ot a z1 w1 )w1( + + =+ (11) Mas o desvio de umidade ∆h pode ser escrito da seguinte forma: ( ) ( )ota w1w1w +−+=∆ (12) Utilizando a expressão (11), tem-se: )w1( z1 z 1 z1 1)w1(w1 z1 w1 w ot ot ot ot otot ot ot + + − = − + +=+− + + =∆ (13) Observa-se que o valor do desvio de umidade depende de zot (que foi determinado no ensaio) e de wot, e não mais da umidade do aterro. É possível, entretanto, que face à heterogeneidade da área de empréstimo, não se conheça o valor de wot. Por um golpe de sorte, mesmo que se estime wot com um erro de ±5%, o erro em ∆w será de apenas ±0,1%. 24 Há dois caminhos para a estimativa de ∆w: - O primeiro consiste em adotar um valor para wot, com erro de até ±5%. Um engenheiro ou encarregado com prática conseguem uma precisão bem melhor. - O segundo caminho passa pela hipérbole de Kuczzinski, que é a equação empírica da “linha dos pontos ótimos”. Esta equação foi obtida por Kuczinski em 1950, trabalhando com solos ensaiados pelo IPT, procedentes de diversos estados brasileiros e vale em g/cm3: 05,0 w6,21 537,2 ot maxd ±+ =γ (14) Multiplicando-se ambos os termos de (14) por (1+ha) e tendo-se em conta as expressões 3 e 11, tem-se: ( ) )w1( w6,21 537,2z1 ot ot maxucot ++ =γ+ (15) A expressão 15 resolve o problema, pois da curva de Hilf extrai-se γuc max e zot; da expressão 15 obtém-se wot; e finalmente pela expressão 13 estima-se ∆w. Ensaio de Compactação na Energia Normal com Reúso Energias de Compactação Ensaios sem reúso e sem secagem prévia Resistência ao Cisalhamento Compressibilidade Escolha da área de empréstimo Escavação, transporte e espalhamento do solo Acerto da umidade e homogeneização Compactação propriamente dita Parâmetros dos equipamentos P – Peso do rolo vibratório 9. Equipamentos de Compactação Equipamentos de Impacto Equipamentos de Vibração a) Curva de Hilf b) Relação entre a curva de Hilf e a curva de Proctor c) Cálculo exato do Grau de Compactação d) Estimativa do Desvio de Umidade fesp: http://www.fesp.br
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