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Psicoestimuladores 
Os estimulantes psicomotores possuem efeitos diretos em 
funções mentais, como euforia, excitação e aumento da 
atividade motora (agitação). Além disso, podem atuar 
reduzindo a sensação de fadiga e aumentando as funções 
cognitivas, como atenção, inteligência e memória. 
Possuem uso terapêutico para pacientes com transtorno de 
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), alguns atuam 
como supressores do apetite, outros são empregados contra 
a narcolepsia (sono súbito e incontrolável, aparentemente 
sem motivo), além de serem potencializadores cognitivos, 
atuando como agentes nootrópicos. Todavia, podem ser 
utilizados como uso recreativo e abusivo, tanto das 
disponíveis facilmente como a cafeína quanto os mais 
inacessíveis como anfetaminas em geral. 
No transtorno do déficit de atenção e hiperatividade 
(TDAH) tem-se uma atenção limitada, que culmina em 
redução do desempenho social e escolar. Isso ocorre 
principalmente por uma hipofunção e redução de liberação de 
noradrenalina e dopamina no córtex pré-frontal (e em alguns 
núcleos da base), região responsável por controlar 
hierarquicamente as funções de regiões corticais superiores. 
Desse modo, perde-se o autocontrole motor e cognitivo. 
Usa-se o metilfenidato (ritalina) ou outras anfetaminas, 
principalmente em casos refratários, sendo que anfetaminas 
não são de primeira escolha para TDAH. Os medicamentos 
podem ser utilizados para TDAH, incluindo antidepressivos e 
agonistas -adrenérgicos. 
Problemas: efeitos a longo prazo não tão bem estabelecidos. 
O caso de narcolepsia trafega com adormecer súbito, 
constante e imprevisível somado a episódios de insônia 
durante a noite. Pode também estar sendo utilizado em casos 
de cataplexia (paralisia). Tais casos têm envolvimento com a 
hipoativação do tronco encefálico e do diencéfalo. Para isso 
usa-se anfetaminas e modafinil, além do oxibato de sódio. 
O uso como potencializadores cognitivos (nootrópico) 
promove melhoras cognitivas mesmo em pessoas sem 
prejuízos, aumentando motivação, concentração e memória, 
além de reduzir a fadiga. Podem também aumentar a 
inteligência, como também ter utilização em Alzheimer, 
esquizofrenia e depressão, regulando sintomas de redução 
da concentração e memória. Como exemplos tem-se cafeína, 
piracetam, anfetaminas, modafinil, metilfenidato, entre outros. 
Problemas: a utilização para esses fins é pouco embasada, 
de modo que a maioria dos pacientes utilizam como 
automedicação. 
O uso para supressão do apetite promove saciedade e falta 
de apetite (efeito anorexígeno) por modular funções 
hipotalâminas, além de promover a mobilização energética 
por induzirem lipólise (ativação noradrenérgica que ativa 
receptores 3 do tecido adiposo). Utilizam-se anfetaminas, 
que em teoria estão em desuso. 
Problemas: os efeitos são transitórios e com baixa eficácia, 
não funcionando bem para determinadas pessoas. Além 
disso, promovem efeitos colaterais no SNC e no sistema 
cardiovascular, em que o risco de uso supera o benefício. 
Tem-se também o abuso esportivo para aumentar disposição 
e reduzir massa magra. 
Anfetaminas e derivados 
1) DL-anfetamina, D-anfetamina e metanfetamina 
A metanfetamina é conhecida como cristal, speed, dexies ou 
ice. Além disso, rebite ou ‘bolinha’ pode ser qualquer 
anfetamina. A metanfetamina é mais lipossolúvel que a 
anfetamina, já que possui um carbono adicional, por isso 
possui um efeito mais rápido no SNC, sendo utilizada 
preferencialmente fumada. 
Mecanismo de ação: irão atuar 
aumentando a disponibilidade 
de monoaminas como 
noradrenalina e dopamina, 
aumentando também as 
quantidades de serotonina em 
menores quantidades. Esse 
mecanismo ocorre por três 
pontos diferentes: 
A) As anfetaminas usam e bloqueiam transportadores de 
monoaminas, reduzindo a recaptação dessas moléculas, 
aumentando a disponibilidade na fenda sináptica. 
B) A anfetamina entra no neurônio, em seu terminal pré-
sináptico, de modo que consegue entrar na vesícula com 
as monoaminas e deslocá-las para o citosol. Assim, 
aumenta-se a difusão passiva para as sinapses por 
exocitose ou por transporte inverso por meio dos 
recaptadores. 
C) Inibem as isoformas da MAO, inibindo a degradação de 
monoaminas, aumentando sua liberação. 
De modo geral, esses três mecanismos são redundantes e 
visam aumentar a liberação e manutenção de monoaminas 
na fenda sináptica. Todavia, devem ser usados com 
precaução, já que a liberação exacerbada de monoaminas 
pode causar efeitos colaterais como uma síndrome 
serotoninérgica, crise por noradrenalina, entre outros. 
Os efeitos das anfetaminas no SNC podem ser divididos em 
agudos e tardios. Os efeitos agudos são descritos como 
euforia, agitação, redução da fadiga, insônia e anorexia. Em 
contraposição, os efeitos tardios, relacionados com o efeito 
rebote por depleção dos neurotransmissores se demonstram 
como ansiedade, depressão, psicose e letargia. Podem 
causar efeitos indiretos no SNC tanto pela liberação direta de 
noradrenalina no cérebro ou por uma liberação periférica de 
noradrenalina, que influencia em aspectos centrais por 
ativação do nervo vago, como paranoia, pânico, 
agressividade e até mesmo tentativas de suicídio. 
Problemas devido uso prolongado: degeneração de 
terminais nervosos e morte celular em decorrência da 
liberação de metabólitos tóxicos. Além disso, por liberarem 
altas quantidades de dopamina irão gerar uma sensação de 
recompensa, podendo induzir dependência. Irão também 
promover uma redução na dinâmica de presença de 
recaptadores ou receptores de monoaminas em 
dependentes. Alguns estudos mostram a relação do uso 
crônico de anfetaminas com a predisposição a doenças 
neurodegenerativas em decorrência da morte celular 
generalizada. 
No organismo podem causar efeitos simpatomiméticos 
indiretos, aumentando a liberação de adrenalina 
perifericamente, aumentando a pressão arterial e a 
frequência cardíaca, consequentemente predispondo a riscos 
cardiovasculares como hipertensão e infarto. Irão também 
aumentar a concentração plasmática de lipídios, já que 
aumenta a lipólise por agir em receptores 3. Reduzem a 
motilidade do TGI e TGU por ter uma alta ativação simpática, 
deixando essas funções de escanteio. 
A associação com outros fármacos simpatomiméticos, como 
iMAOs, tiramina (reação do queijo) e efedrina, ou com outros 
estimulantes, podem causar liberação excessiva de 
noradrenalina e efeitos adversos graves. 
O uso crônico promove o aumento do potencial abusivo 
desses fármacos, além de promoverem uma tolerância 
preferencial (para alguns sintomas específicos), geralmente 
para euforia e anorexia. Assim, necessita-se de maiores 
doses, culminando no aumento dos efeitos indesejados e ao 
desenvolvimento de dependência (por reforço positivo, 
recompensa pela droga). Tais fármacos possuem também 
toxicidade aguda, podendo causar overdose principalmente 
por efeitos cardiovasculares. 
Farmacocinética: o tempo de meia vida dos anfetamínicos 
pode variar de 5 a 30 horas, em que a absorção pelo TGI é 
boa, mas o pico plasmático é lento. Por isso ao uso recreativo 
preferem usar a forma fumada, sendo mais absorvida em 
decorrência área de absorção alveolar ser grande, chegando 
rapidamente ao sangue e causando seus efeitos. Consegue 
atravessar a BHE rapidamente (atravessa melhor que a 
efedrina e a tiramina), por isso o efeito é quase instantâneo 
com o uso injetado ou fumado. 
Sua eliminação ocorre de 
forma inalterada na urina, 
sem metabolismo 
significativo. Como a 
anfetamina é um 
componente básico a 
acidificação da urina 
causa uma reação ácido 
base que ioniza a 
anfetamina, de modo que 
a aprisiona na urina, 
aumentando sua 
eliminação e reduzindo 
seus efeitos. Essa acidificação pode ser feita com ácido 
ascórbico. Se a anfetamina permanecer como uma base na 
sua forma apolar ela poderá ser reabsorvida durante o 
trânsito urinário, aumentando seus efeitos. 
O metilfenidato (ou ritalina) é uma anfetaminaatípica tanto 
no efeito neuroquímico quanto comportamental, já que 
passou por modificações estruturais significativos. Promove 
apenas o bloqueio de transportadores de noradrenalina e 
dopamina, não possuindo penetrância no neurônio. Assim, 
não desloca os neurotransmissores de vesículas e não inibe 
a MAO, tendo efeitos mais sutis. Possui absorção lenta, com 
pico em 2h com o uso oral e biodisponibilidade baixa, de 
cerca de 20%, sendo bom para não causar um acúmulo do 
fármaco no sangue, mesmo em grandes doses, protegendo 
de possíveis efeitos prejudiciais tal como os causados por 
anfetaminas. Com base nisso seu perfil de segurança é 
‘melhor’, podendo ser utilizado para pacientes pediátricos. 
Problemas: por ter um melhor perfil de segurança seu risco 
é subestimado, de modo que muitos indivíduos estão 
recebendo metilfenidato sem o diagnóstico de TDAH. Além 
disso, existem dilemas éticos e de regulamentação, devido 
ao histórico de tornar patológicos situações que são normais, 
bem como a existência de uso abusivo/recreativo. 
Como alternativas para otimizar seu uso terapêutico tem-
se formulações de liberação lenta (longa ação), tendo uma 
liberação constante ao longo do dia, reduzindo efeitos 
euforizantes e as flutuações de concentração ao longo do dia. 
Um pró fármaco da anfetamina (lisdexanfetamina) irá ter 
início de ação lenta e com menor potencial de abuso, tendo 
aumento da meia vida e duração maior e mais constante na 
circulação. 
Modafinil 
É um metabólito do adrafinil, que se liga aos recaptadores de 
dopamina e inibe a recaptação desse neurotransmissor, de 
modo que ele fica mais na sinapse e exerce sua função. 
Todavia, essa ligação ao recaptador é de baixa afinidade e 
de baixa potência, tendo menor eficiência se comparado a 
outras drogas de abuso. Irá aumentar a concentração de 
dopamina no núcleo estriado e no accumbens. Tem efeitos 
relacionados com a resposta terapêutica, sendo que seus 
usos principais são para narcolepsia e com efeito 
nootrópicos. Eles terão menos efeitos euforizantes, mas 
alguns estudos mostram que eles aumentam o 
comportamento antissocial e agressivo. 
Cocaína 
É um alcaloide derivado da Erythroxylon coca, sendo um 
psicoestimulante que reduz a fadiga, promove 
broncodilatação (usado em locais com altas atitudes, mascar 
folha de coca) e age como anestésico local. Tem uso histórico 
como tônicos, chás e folha mascada, sendo base da cultura 
de vários povos. 
Irá inibir a recaptação de dopamina, noradrenalina e 
serotonina, principalmente dopamina, aumentando 
sensações de euforia, agitação e prazer, o que também se 
relaciona ao aumento da dependência. Age também 
potencializando a atividade simpática, de modo que aumenta 
pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura corporal e 
resistência periférica. Ao contrário das anfetaminas, a 
cocaína possui menor chance de causar alucinação, delírio e 
psicose, apesar dessa chance não ser nula. 
Em casos de intoxicação tem-se sintomas como tremor e 
convulsão, sendo que as manifestações de depressão 
respiratória e vasomotora são evidentes apenas em 
intoxicações graves. 
Em relação ao uso abusivo e nocivo, a cocaína não causa 
tanta tolerância, mas o aumento da dose ocorre pela busca 
do prazer (escalonamento de dose que leva ao uso 
compulsivo). As sensações são muito intensas e por pouco 
tempo, sendo seguidas por um efeito rebote com depressão, 
disforia e fadiga, provavelmente por depleção dos 
neurotransmissores. Ocorre dependência psicológica (com 
presença de fissura) e física (com sintomas mais reduzidos 
de abstinência). 
Tem-se efeitos cardiovasculares pela intensa ativação 
simpática como hemorragias, arritmias, insuficiência 
cardíaca, infarto e até morte. Em gestantes que fazem uso de 
cocaína, observa-se alterações do desenvolvimento fetal, 
principalmente relacionadas ao SNC. 
Farmacocinética: tem efeito curtíssimo com pico em até 30 
segundos, tendo absorção por muitas vias (oral, nasal, 
intravenosa). Geralmente usa-se o pó de cocaína 
(hidrocloreto de cocaína na forma de sal) nasal ou 
intravenoso ou como base livre (mais lipossolúvel) que é 
fumada (área alveolar aumenta a absorção), chegando mais 
rapidamente no SNC e tendo efeitos mais intensos e rápidos. 
Os metabólitos da cocaína podem ser identificados no 
cabelo, podendo ser utilizado como exame toxicológico (uso 
em até 3 meses). 
Como efeitos do uso crônico e nocivo de cocaína têm-se 
atrofia ou necrose nasal e perfuração do septo e/ou do palato. 
Metilxantinas 
São antagonistas de receptores de adenosina, que 
promovem a modulação da transmissão da via purinérgica. O 
ATP tem função de neurotransmissão, sendo convertido em 
adenosina e promovendo a fadiga celular e a retomada de 
processos homeostásicos. Bloqueando os receptores de 
adenosina tem-se a redução na sensação de cansaço 
mental, aumentando a produtividade, atenção e memória. 
A adenosina é um protetor agudo do SNC, além de também 
reduzir a condução e a frequência cardíaca e aumentar a 
vasodilatação coronária. Todavia, irá promover 
broncoconstrição e aumento da concentração de histamina e 
de muco nas vias aéreas, aumentando também a migração 
leucocitária. 
Como esses receptores de adenosina sinalizam uma 
exaustão mental, o bloqueio deles nem sempre é 
recomendado, já que pode culminar em uma exaustão 
exacerbada, além do limite. 
A metilxantina pode ter origens variadas, como cafeína (dose 
tóxica de 200mg/dia), teofilina e teobromina. Além de serem 
antagonistas de adenosina também serão inibidores da 
fosfodiesterase. Como efeitos tem-se estimulação do SNC 
(atenção, alerta, memória, redução da fadiga), aumento da 
contração cardíaca e da vasoconstrição (causa de 
hipertensão e infarto), broncodilatação e redução do muco 
(ação na asma), redução da migração leucocitária pulmonar, 
aumento da diurese (por vasodilatação da arteríola aferente) 
e aumento da absorção pelo TGI (por vasodilatação do TGI). 
Também promove vasoconstrição da meninge, tendo ação na 
redução de dores de cabeça. Pode ser teratogênico em altas 
doses. 
Outros estimulantes 
A catinona/catina é derivada da Catha edulis, que aumenta 
a liberação de serotonina, promovendo agitação, melhora do 
humor e do estado mental, sendo substâncias muito 
alucinógenas. Inclui as catinonas sintéticas, conhecidas 
como ‘sais de banho’, tendo como exemplos mefedrona, 
metedrona e metilona. 
 
O piracetam e outras ampacinas são fármacos usados 
como nootrópicos que agem como agonistas alostéricos 
glutamatérgicos em canais AMPA cainato, facilitando a 
ativação desses canais, que é etapa inicial para formação de 
memória. Assim, tem-se melhora na cognição, no 
aprendizado e na memória. Busca-se utilizar tais fármacos 
para manutenção e recuperação da memória em pacientes 
com Alzheimer, demência senil e esquizofrenia. Todavia, tem 
eficácia clínica questionável. 
A arecolina é derivada da Areca catechu, agindo como 
agonista colinérgico direto e auxiliando na formação de 
memórias, melhorando a cognição e o aprendizado. 
A benzilpeperazina age reduzindo a recaptura de 
serotonina, noradrenalina e serotonina, causando também 
efeitos alucinógenos. É proibido, mas encontrado como um 
contaminante de outras drogas.

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