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SÃO PAULO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO Nome: Mayara do Nascimento Nunes R.A.: 8936216 Turma: 003208A02 APS – ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA. SÃO PAULO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO Avaliação Prática Supervisionada – APS – apresentada ao Curso de Graduação de Direito. Apresentação de uma resenha crítica sobre as penalidades administrativas a serem aplicadas ao contratado em contratos administrativos, nos termos da Lei 8.666 de 1993, com especial enfoque sobre a controvérsia jurispridencial e doutrinária acerca das penalidades de declaração de inidoneidade e suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração. Professor: Jean Paolo Simei e Silva RESENHA CRÍTICA Dentre as cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos, é importante ressaltar a possibilidade da aplicação de penaliades contratuais pela descumprimento das cláusulas que tem por finalidade reprovar a conduta do contratado que deixa de observar algumas regras do contrato ou de cumprir a obrigação assumida. Nesse sentido, se for comprovado que o contratado/particular cometeu uma falta, ou seja, uma inexecução total ou parcial do contrato administrativo caberá à Administração Pública a aplicação de sanções de natureza administrativa, conforme aduz o art. 58, inciso IV da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), a saber: Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: [...] IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste. As penalidades aplicáveis aos contratados que violarem as obrigações estão elencadas no rol taxativo do art. 87 da referida Lei 8.666/93, há uma gradação, partindo da mais leve a mais grave, quais sejam: Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: I - advertência; II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato; III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos; IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior. No entanto, há uma divergência jurispridencial e doutrinária acerca das penalidades de declaração de inidoneidade e suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, pois a lei não determinou quais são os pressupostos necessários para a aplicação de tais penalidades que se diferem quanto ao prazo, gravidade e competência, gerando ainda controversa quanto aos seus limites. A penalidade de suspensão temporária de licitar e contratar com Administração causa a impossibilidade do particular/contratante participar de licitações ou de celebração de contratos por prazo de até 2(dois) anos. Quando da interpretação literal do inciso III art. 87 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos) é possível entender que a suspensão produzirá efeitos apenas perante ao ente Administrativo que a aplicou, não se estendendo a toda Administração Pública. O Tribunal de Contas da União tem se sedimentado no sentido de que a penalidade de suspensão temporária e de impedimento de contratatar incide somente em relação ao órgão ou à entidade contratante (Acórdão nº 2.962/2015 – TCU/Plenário; Processo nº 019.168/2015-2; Ministro Relator Benjamim Zymler). Ao passo que Marçal Justen Filho entende que os efeitos teriam de se estender a toda a Administração: “Se o agente apresenta desvios de condura que o inabilitam para contratar com determinado sujeito administrativo, os efeitos dessa ilicitude teriam de se estender a toda a Administraçao Pública”. No mesmo sentido se posciona o Superior Tribunal de Justiça, não sendo possível distinguir o alcançe das duas sanções, abrangendo toda a Administração: EMENTA: ADMINISTRATIVO MANDADO DE SEGURANÇA LICITAÇÃO SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DISTINÇÃO ENTRE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - INEXISTÊNCIA IMPOSSIBILIDADE DE PARTICIPAÇÃO DE LICITAÇÃO PÚBLICA LEGALIDADE LEI 8.666/93, ART. 87, INC. III. - É irrelevante a distinção entre os termos Administração Pública e Administração, por isso que ambas as figuras (suspensão temporária de participar em licitação (inc. III) e declaração de inidoneidade (inc. IV) acarretam ao licitante a não-participação em licitações e contratações futuras. - A Administração Pública é una, sendo descentralizadas as suas funções, para melhor atender ao bem comum. - A limitação dos efeitos da "suspensão de participação de licitação" não pode ficar restrita a um órgão do poder público, pois os efeitos do desvio de conduta que inabilita o sujeito para contratar com a Administração se estendem a qualquer órgão da Administração Pública. - Recurso especial não conhecido. (REsp 151.567/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/2/2003, DJ 14/4/2003, p. 208) No que tange a declaração de inidoneidade, que é considerada mais grave que a anterior, inciso IV do art. 87, impede que o contratante de contratar com toda Administração Pública, direta e indireta da União, enquanto perdurarem as razões pelas quais ensejaram a punição ou até a reabilitação que será concedida pela autoridade quando o particular ressarcir a Administração pelos prejuízos decorrentes da conduta praticada. Considerando a gradação entre as penalidades, Jessé Torres Pereira Junior leciona: Logo, se a suspensão ocorre perante a Administração, a empresa penalizada somente estará impedida de licitar e contratar perante o órgão que lhe aplicou a suspensão. Se a penalidade fosse a declaração de inidoneidade, de que cuida o art. 87, IV, os efeitos seriam mais amplos, porque devem ser observados perante a Administração Pública. Esta, inclusive, a evidente distinção entre as penalidade de suspensão e de inidoneidade. De acordo com o entendimeto do Supremo Tribunal de Justiça a declaração de inidoneidade e a suspensão produzem efeitos futuros, sem interferir nos contratos já existentes e em andamento. Por fim, nota-se que não há unanimidade quanto aos efeitos e amplitude das penalidades aqui tratadas, causando vulnerabilidade aos particulares. REFERÊNCIAS: PEREIRA JUNIOR, Jessé Torres. Comentários à lei de licitações e contratações da Administração Pública. 5ª ed.Ver. Atual. E ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. BRASIL. LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993. Portal da Legislação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em: 10. nov. 2020. FILHO, Marçal Justen. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 11ª edição, Dialética, 2005. Rayanna Silva Carvalho. O entendimento divergente do STJ e TCU sobre o alcance das sanções de suspensão e impedimento de licitar e declaração de inidoneidade. Conteúdo Jurídico. Brasilia-DF. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/44726/o-entendimento- divergente-do-stj-e-tcu-sobre-o-alcance-das-sancoes-de-suspensao-e-impedimento- de-licitar-e-declaracao-de-inidoneidade>. Acesso: Em: 10. nov. 2020.
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