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- -1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA O ESTADO E A GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Identificar os mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada no âmbito da Segurança Pública; 2- Reconhecer o Sistema Único de Segurança Pública como indutor dos gabinetes de gestão integrada municipal, estadual e de fronteiras; 3- Avaliar o papel dos entes federados no Sistema Único de Segurança Pública. 1 Introdução Neste encontro, veremos de que modo o Estado, como poder público, pode favorecer a implantação de mecanismos de gestão integrada no que diz respeito à Segurança Pública. Estudaremos também as características do SUSP e como ele funciona como indutor, entre tantas outras políticas, da gestão integrada na Segurança Pública. Estudaremos também o Pronasci e como este programa fomentou a criação de diversos gabinetes de gestão integrada no Brasil inteiro, ao tornar a sua implantação uma condição para o recebimento de recursos federais. Finalmente, analisaremos o papel dos entes federados para a Segurança Pública e, mais especificamente, para a implantação da gestão integrada. Vamos começar? 2 As políticas públicas e a integralidade Já sabemos que a Segurança Pública é um direito e uma responsabilidade de todos. Dito de outra forma, não se trata apenas de tarefa do Estado/poder público, mas de cada cidadão. Atualmente escuta-se muito falar em políticas públicas de Saúde, de Segurança, de Desenvolvimento Social. Mas, o que vem a ser política pública? Como em quase todos os temas das Ciências Sociais, não existe um definição única e nem sempre podemos dizer que uma seja a mais correta dentre todas as outras. Alguns autores afirmam que políticas públicas são ações ou inações governamentais relativas às coisas concernentes aos cidadãos, à sociedade. • Monetária• - -3 • Monetária • Educacional • Saúde • Desenvolvimento social • Segurança • Agrícola Para os fins de nosso estudo, vejamos o que diz Potyara Pereira. Política pública não é sinônimo de política estatal. A palavra ‘pública’, que acompanha a palavra ‘política’, não tem identificação exclusiva com o Estado, mas sim com o que em latim se expressa como res publica, isto é, coisa de todos, e, por isso, algo que compromete simultaneamente, o Estado e a sociedade. Em outras palavras, ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões do governo e do mercado. É o que preferimos chamar de controle democrático exercido pelo cidadão comum, porque é controle coletivo, que emana da base da sociedade, em prol da ampliação da democracia e da cidadania. 3 O Sistema Único de Segurança Pública O SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) foi lançado em abril de 2003 e é um esforço do Governo Federal para elaborar uma política de âmbito nacional, unificada, para a área da Segurança. O SUSP criado no âmbito da Política Nacional de Segurança Pública – PNSP-, visa promover uma maior organicidade e cooperação entre as instâncias federal, estadual e municipal no que se refere à implementação de políticas de Segurança Pública e Justiça Criminal em todo o país. Seu objetivo é integrar e articular, de forma prática, as ações das polícias federais, estaduais, distrital e guardas municipais, preservando a autonomia das instituições envolvidas. 4 Introdução A partir da implantação do SUSP, começou-se a discutir, de forma mais consistente e sistemática, qual o papel dos municípios no sistema de Segurança Pública. Diante da estrutura federativa brasileira, sobressai-se a vocação primordial do município para a prevenção da violência e criminalidade, resguardando-se as competências legais. • • • • • • - -4 É no município que as pessoas residem, é no município que acontecem os problemas e as soluções, assim como é no município – poder público mais próximo do cidadão – que a comunidade procura a solução para os problemas que a aflige. Não é mais possível a continuidade de uma política reativa, pautada em um modelo tradicional de Segurança Pública que priorize unicamente o acréscimo de armamentos e efetivos policiais, visto que tais medidas apresentaram-se insuficientes para a redução da criminalidade. O SUSP opera com as seguintes convicções: • não há política de Segurança sem gestão; • a política de Segurança deve ser pautada nos Direitos Humanos; • a política de Segurança implica articulação sistêmica das instituições. 5 Os eixos do Sistema Único de Segurança Pública Vejamos agora, os 6 eixos do Sistema Único de Segurança Pública. Gestãounificada da informação Uma central recebe todas as demandas relativas à área da Segurança Pública. A coleta de informações deverá auxiliar na redução da violência e na prevenção ao crime. Gestão dosistema de segurança Delegacias com perícia, polícia civil e polícia militar deverão ser implantadas para cuidar de determinadas áreas geográficas das cidades. Formação eaperfeiçoamento de policiais Os policiais civis e militares serão treinados em academias integradas. A Secretaria Nacional de Segurança Pública tem um setor de formação e aperfeiçoamento que já está trabalhando nos currículos das academias para definir o conteúdo desses cursos de formação que levarão em conta sempre a valorização profissional. Valorizaçãodas perícias Essa fase da investigação de crimes receberá atenção especial. Prevenção • • • - -5 Ações concretas para a prevenção e redução da violência nos estados serão prioritárias. A Polícia Comunitária terá papel fundamental nesse processo. Ouvidoriasindependentes e corregedorias unificadas Serão criados órgãos para receber as reclamações da população e identificar possíveis abusos da ação policial. A corregedoria vai fiscalizar os atos dos policiais civis e militares, o objetivo é realizar o controle externo sobre a ação da Segurança Pública nos estados. 6 O SUSP e o respeito ao pacto federativo Da mesma forma que o SUSP prevê a integração entre as diferentes forças de Segurança Pública, existe um empenho para integrar os diversos federados no sentido de somar esforços, minimizar o retrabalho e otimizar os resultados. Sabe-se que à luz do pacto federativo, a União não pode obrigar os outros entes a agirem de determinado modo, mas, pode e deve fomentar e induzir a práticas que se mostraram exitosas em oportunidades anteriores e em outros lugares. Por meio de políticas públicas e fornecendo princípios e diretrizes, é possível envolver os municípios, os estados e o Distrito Federal em novas concepções acerca da Segurança Pública e das formas de tratá-la. 7 O Pronasci e a gestão integrada O Programa Nacional de Segurança com Cidadania foi instituído pela Lei nº 11.530 de 24 de outubro de 2007 e considerado um novo paradigma de Segurança Pública, que estava baseado em 2 grandes inovações. Articulação entre ações de segurança e ações de natureza sociais e preventivas, atuando nas raízes socioculturais da violência e da criminalidade, por meio do fortalecimento dos laços comunitários e das parcerias com as famílias, sem abdicar das estratégias de ordenamento social e repressão qualificada. Fomento de uma agenda federativa compartilhada, com o envolvimento de todos os entes, acrescentando, ao papel basilar dos estados, o governo federal, com indução de políticas de financiamento, e os municípios, com papel ativo nas ações de prevenção. Afirmamos que o Pronasci foi visto como uma inovação e, sabe por qual motivo? O programa buscava a promoção de um projeto de inclusão e fortalecimento da coesão social por meio do empoderamento das relações entre operadores de segurança e sociedade civil e do acesso a um Estado qualificado. - -6 Seu papel era garantir direitos fundamentais do cidadão e oferecer uma resposta a um contexto de tensão social do país, com altos índices de criminalidadee violência, atingindo os indivíduos mais jovens, rompendo com um modelo ultrapassado de política de Segurança Pública e buscando desenvolver ações que evitem que o crime aconteça sem deixar de lá, é óbvio, a repressão. Vejamos agora as ações dos 3 objetivos de atuação que o programa previam. • Territorial: atuando em regiões urbanas com altos índices de criminalidade; • Etário: priorizando a juventude, particularmente grupo de jovens entre 15 e 24 anos que vivem às margens da criminalidade e/ou tiveram conflitos com a lei; • Policial: favorecendo a formação e a valorização das forças de segurança. 8 Pronasci O Pronasci trabalhou com a concepção de que a sociedade deve formar cidadãos e criar condições para reduzir a vulnerabilidade social. Neste ponto, você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com os Fundamentos da Gestão Integrada e Comunitária, não é? Na próxima parte você entenderá porque é impossível falar sobre a Gestão Integrada em Segurança Pública sem mencionar o Pronasci e vice-versa. Vamos lá? 9 O Pronasci e os GGIs Os Gabinetes de Gestão Integrada passaram a ser a forma gerencial do Pronasci, sobretudo em sua forma de Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM). A partir do momento em que começaram a se configurar como a principal ferramenta de gestão do PRONASCI, esses gabinetes deviam garantir a sua viabilidade operacional ao reunir diversas instituições que incidem sobre a política de segurança, promovendo ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e da criminalidade e aumentando a sensação de segurança por parte da população e a valorização dos servidores públicos que atuam na área de segurança em todas as esferas. • • • Fique ligado Os GGIs evitam o isolamento e a fragmentação dos vários segmentos que compõem a área da segurança pública não devendo, por isso, se constituir em organismos meramente formais, mas, antes, atuar com efetividade na busca de resultados. - -7 Agora veremos o papel dos entes federados na gestão integrada da Segurança Pública. Os entes federados são a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. De acordo com o texto constitucional, cada ente tem um papel no que diz respeito à administração pública do país. Vejamos a seguir quais são esses papéis em relação à Segurança. 10 O Estado Quando se pensa em Segurança Pública no Brasil, pode-se afirmar que aos estados cabe a organização e a manutenção das polícias, tanto a preventiva, como a da judiciária. O próprio texto constitucional prevê que as polícias fiquem com essa incumbência. Os estados participam do SUSP por meio de um protocolo de intenções assinado pelo governador e pelo Ministro da Justiça. A partir de então, cria-se um Comitê de Gestão Integrada do qual participam: • O secretário estadual de Segurança Pública (ou seu equivalente), como coordenador; • Representantes da Polícia Federal; • Polícia Rodoviária Federal; • Polícia Civil; • Guardas Municipais. • • • • • - -8 Conta-se também com a cooperação do Ministério Público e do Poder Judiciário. O comitê deve buscar o consenso para definir as ações, sobretudo ao que se refere ao enfrentamento do crime organizado em suas diversas modalidades. • Tráfico de drogas • Tráfico de armas • Contrabando • Lavagem de dinheiro • Pirataria As decisões do comitê estadual, então, são transmitidas a um gestor nacional, o possibilitando que boas práticas implantadas em determinado estado possam ser levadas a outros. Além disso, também cabe ao comitê definir as prioridades para investimentos federais na área. 11 O Município A partir da Constituição de 1988 os municípios passaram a ser considerados como entes federados e, por isso, nos últimos anos, a ter um mais destaque nos debates sobre Segurança Pública e prevenção da violência por se tratar, justamente, da instância governamental mais próxima dos problemas concretos vividos pelos cidadãos. Frente a este novo cenário, alguns dos municípios brasileiros passaram a repensar suas políticas sociais e urbanísticas, buscando incorporar a dimensão da prevenção da violência através da implantação de políticas integradas em nível local, estadual e federal. Para tanto, viram-se diante do desafio de criar, ampliar e mesmo repensar uma de suas importantes instituições para este fim: a Guarda Municipal. Os municípios possuem um grande desafio: desenvolver projetos concretos de prevenção e alcançar, com eles, reduções significativas nas taxas de criminalidade e nas ocorrências violentas. • • • • • Fique ligado O contexto sociopolítico contemporâneo sinaliza para o desafio de reestruturar o papel desta organização no Estado Democrático de Direito. Este empreendimento requer inúmeros esforços no sentido de ampliar os debates sobre o tema, tornando-o cada vez mais acessível à municipalidade brasileira que busca, em conjunto com a sociedade local, assumir o seu papel na construção da tão propagada Segurança Pública para todos. - -9 É perfeitamente possível alcançar estes resultados. A experiência internacional e alguns exemplos, em nosso próprio país, o demonstram suficientemente. Para isso, entretanto, é preciso trabalhar com seriedade e profissionalismo, articulando as ações o mais amplamente possível com todos os interessados e com as entidades parceiras. A partir de 2003, com o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), este movimento se aprofunda e o município ganha um destaque ainda maior no que se refere à consecução de políticas locais, integradas e participativas de prevenção do crime e da violência. Neste sentido, a arquitetura institucional do Sistema Único de Segurança é responsável pela produção de importantes documentos de referência para que as prefeituras se ajustem a este novo cenário. 12 Conclusão Em nossa próxima aula, veremos que existem metodologias cujo objetivo é a busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública. Como exemplo, analisaremos o Método IARA que possui 4 etapas, isto é, identificação, análise, resposta e avaliação. Mas, conforme dissemos, este é o assunto para o nosso próximo encontro. Aguarde! O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • Metodologias para busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública; • O Método IARA: Identificação, Análise, Resposta e Avaliação. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Analisou a relação entre políticas públicas e integralidade; • Compreendeu a definição de Pacto Federativo e a ideia de autonomia entre os entes federados; • Verificou a diferença entre unificação e integração prática; • Analisou a importância do município na gestão integrada da Segurança Pública. • • • • • • Olá! 1 Introdução 2 As políticas públicas e a integralidade 3 O Sistema Único de Segurança Pública 4 Introdução 5 Os eixos do Sistema Único de Segurança Pública 6 O SUSP e o respeito ao pacto federativo 7 O Pronasci e a gestão integrada 8 Pronasci 9 O Pronasci e os GGIs 10 O Estado 11 O Município 12 Conclusão O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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