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CFP 002) Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária - 18 de janeiro de 2020

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
POLICIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DA POLÍCIA MILITAR –
CFAPM
CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS
Sistema de Segurança Pública e
Polícia e Comunitária
(1ª Edição)
Conteúdo apresentado ao CFAPM para a disciplina de Sistema
de Segurança Pública e Polícia Comunitária (30 horas/aula)
junto ao Curso de Formação de Praças, como material
complementar/embasador às aulas expositivas.
Natal/RN
2020
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 1
Janildo da Silva Arante1
Sistema de Segurança Pública e
Polícia Comunitária
(1ª Edição)
Natal/RN
2020
11Janildo da Silva Arante, 2º Sargento QPMP-0 - PMRN, é graduado em Matematica Licenciatura Plena pela UFRN. Possui quarenta
cursos EaD na área de Segurança Pública. Já ministrou, junto ao CFAPM (CAS, CFS e CFP), além dessa disciplina, as disciplinas de
Estatística Aplicada à segurança Pública (CFS – CFAPM - CONTEUDISTA) , Sistema e Gestão em Segurança Pública (CAS -
CONTEUDISTA), Policia Comunitaria (CAS - CONTEUDISTA), Policia de Proximidade (CAS – Nova Cruz - - CONTEUDISTA),
Fundamentos da Gestão Pública Aplicados à Segurança Pública (CFS – Nova Cruz - Fundamentos da Gestão Pública Aplicados à
Segurança Pública), Sistemas de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária (CFS – CFAPM e Nova Cruz - Fundamentos da
Gestão Pública Aplicados à Segurança Pública) e Didática Aplicada à segurança Pública (CFS – CFAPM – CO CONTEUDISTA),
Legislação Organizacional (CFP - CONTEUDISTA), Leis Regulamentos Militares aplicados a Atividade Policial ( CFP – Conteudista),
Fundamentos Jurídicos da Atividade Policia – FJAP ( CFP – Conteudista) ...
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 2
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
POLICIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DA POLÍCIA MILITAR – CFAPM
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS
Unidade Curricular: Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária
Cód: CFP 002 Carga Horária: 30 h/a
EMENTA
I. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
MÓDULO 1 – SISTEMA E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA (15h):
1.1. Políticas Públicas
1.1.1. Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento; 
1.1.2. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual); 
1.1.3. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local; 
1.1.4. Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça criminal; 
1.2. Sistema e Gestão em Segurança Pública
1.2.1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas; 
1.2.2. Atribuições das instituições de segurança pública; 
1.2.3. Abordagem sistêmica da segurança pública; 
1.2.4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições; 
MÓDULO 2 – GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA
2.1. Polícia Comunitária
2.1.1. Breve histórico da polícia comunitária; 
2.1.2. A polícia comunitária como filosofia de um trabalho integrado;
2.2. Policiamento Comunitário
2.2.1. A comunidade como “Locus Privilegiado”; 
2.2.2. As redes sociais com foco nas ações comunitárias; 
2.3. Mobilização Comunitária
2.3.1. Fundamentos e princípios da gestão integrada e comunitária; 
2.3.2. Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária
no âmbito da segurança pública; 
2.3.3. Policiamento orientado por problema; 
2.3.4. Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade.
* Elaboração da ementa: Sargento Janildo e Subtenente Vantuil
II – OBJETIVO
Geral: criar condições para que o profissional da área de segurança pública possa ampliar
conhecimentos para ter uma visão geral de como funciona o Sistema de Segurança Pública, e também
como atuar de forma colaborativa e cooperativa no planejamento de ações integradas e comunitárias.
Específicos: ampliar conhecimentos para compreender a visão sistêmica da segurança pública,
os órgãos, as instituições, os profissionais e as políticas e ações voltadas para a sociedade e o cidadão,
mediante o estudo dos seus antecedentes históricos e da análise de cenários e perspectivas; Desenvolver
e exercitar habilidades para reconhecer a importância da formulação de políticas públicas e da
elaboração de planejamento na área de segurança pública; Ampliar conhecimentos para identificar os
fundamentos de gestão integrada e comunitária e as diversas formas existentes dessa gestão no sistema
de segurança pública; Identificar o processo do “triângulo do crime” ou “triângulo para análise de
problema - TAP”; Atuar de forma colaborativa e cooperativa no planejamento de ações integradas e
comunitárias; Reconhecer a importância de atuar como facilitador (protagonista) do processo orientado
para o problema.
III - ESTRATÉGIAS DE ENSINO
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 3
Os temas abordados poderão ser desenvolvidos através de aulas expositivas, debates, atividades em grupo
e individuais, utilizando os recursos didáticos disponíveis para auxiliar na fundamentação do ensino-aprendizagem.
IV- PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação deverá ser fundamentada em todo conteúdo ministrado, podendo ser composta por questões
objetivas (preferencialmente) e/ou subjetivas, valendo 100% da nota, pois se trata de uma única avaliação.
V- REFERÊNCIAS
BAYLEY, David H. Criando uma teoria de policiamento: padrões de policiamento. Coleção Polícia e Sociedade 1. São
Paulo: EDUSP, 2001.
BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise internacionalmente comparativa. São Paulo: EDUSP, 2001.
BECK, Ulrich, Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Editora 34, 2010, 1ª edição.
BERTALANFFY, Ludwig Vo. Teoria geral dos sistemas. BERTALANFFY, Ludwig Von; Ed. Vozes; 1975.
CERQUEIRA, C. M. N. A polícia em uma sociedade democrática. In: Polícia, violência e direitos humanos. CEDOP,
[S.l.]. Série Cadernos de Polícia, n. 20, 1994.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Violência, crime e sistemas policiais em países de novas democracias. Tempo Social:
Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
ROCHA, Luiz Carlos. Organização policial brasileira: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária,
Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, Guardas Municipais. São Paulo: Saraiva, 1991.
SAPORI, Luís Flávio. Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2007.
ANDRADE, Sebastião Carlos de O. Mudanças e oportunidade na gestão pública: o novo cidadão. Rio de Janeiro,
2001.
DE OLIVEIRA, Fatima Bayma. (Org.) Política de gestão pública integrada. Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV, 2008.
DI PIETRO, Marial Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011.
FARAH Marta Ferreira S. et al. Novas experiências de gestão pública e cidadania. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 1999.
PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma nova gestão pública. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser; SPINK, Peter. Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
SANTIN, V. F. Controle judicial da segurança pública: eficiência do serviço na prevenção e repressão ao crime. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
TROSA, Sylvie. Gestão Pública por resultados. Brasília: ENAP/Editora Revan, 2001.
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 4
Epigrafe
DIGNIDADE COM CARÊNCIAS: E POSSÍVEL?
Ricardo Brisolla Balestreri2
Assim mesmo, nessas condições, com esses salários, com essa carência de recursos, com eventuais 
humilhações internas, como é possível falar em dignidade?
É possível e é necessário, porque não podemos esperar por melhoressalários e melhores condições para ter
dignidade, assim como não é correto dizer que os criminosos são criminosos porque são pobres, coisa que
enxovalha a pobreza. A maioria dos cidadãos brasileiros é pobre e, no entanto, é digna e honesta. Alguns colegas
meus de direitos humanos às vezes cometem essa sandice de dizer, de forma bem-intencionada mas simplista: “A
causa da criminalidade é a miséria”. Não é verdade. É parcial. É claro que a miséria agrava, mas 99% das pessoas
que vivem em situação de miséria são cidadãos dignos, honestos, trabalhadores.
Da mesma maneira, não é possível desculpar comportamentos indignos da polícia por causa dos salários e das
condições de vida. Vamos lutar para melhorar os salários e as condições de vida, mas isso não é pretexto para agir
de forma indigna e de forma brutal — como não é pretexto para o professor, numa analogia, entrar numa sala de
aula e dizer: “Dou uma aula relaxada porque ganho mal”. Não é pretexto! O seu cliente, que é o aluno, não tem
culpa se você ganha mal. Vá brigar com o governo para ganhar melhor, mas não sacrifique o seu aluno. O cliente
da polícia é o cidadão. Se você tem problemas com o Estado, vá lutar e resolver com o Estado os seus problemas.
Não sacrifique o seu cliente porque ele não tem culpa direta sobre isso. O dever de qualquer profissional que atua
com o público é ser digno e tratar bem.
A reflexão final que eu faço é esta: que, ao chegar em casa, ao deitar sua cabeça no travesseiro, o sujeito não
seja obrigado à frustração de admitir: “Ganho mal, não me deram condições de trabalho, tive que comprar bala
para o meu próprio revolver — o que é um absurdo — e, além de tudo, fiz um trabalho malfeito”. Pelo menos
que ele possa ter o orgulho de pensar: “Apesar de não ganhar um salário digno, apesar de não ter bala para o
revólver, apesar de o carro não ter motor, apesar de todas as incompreensões e dificuldades, me mantive superior,
agi com dignidade e respeito, não me rebaixei à práticas criminosas. Fiz, por mim e pelos outros, um trabalho que
valeu a pena. Isso ninguém me tira.”
BALESTRERI, Ricardo Brisola. Direitos Humanos: Coisa de Polícia – Passo fundo-RS, CAPEC, Paster
Editora, 1998
2Ricardo Brisolla Balestreri, educador e consultor empresarial e governamental, é graduado em Estudos Sociais (PUCRS-
1980) e em História (UNISINOS-1995), possui especialização acadêmica em Psicopedagogia Clínica (Centro Educacional La
Salle de Ensino Superior, março de 1997) e em Terapia Familiar (Universidade Candido Mendes-UCAM, Rio de Janeiro, 30 de
Julho de 2006) e Formação em Hipnologia Clínica Condicionativa (2011). É Presidente do Conselho de Administração do
Observatório do Uso Legítimo da Força e Tecnologias Afins, membro do Conselho Consultivo do Observatório de Segurança e
Cidadania da Fundação Getúlio Vargas e Diretor Presidente da BBalescon, Editoria e Assessoria de Projetos. (Informações
coletadas do Lattes em 28/05/2018)
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 5
Apresentação
Esse trabalho é parte integrante do Plano de Curso de Formação de Praças. Nele temos a junção de duas
disciplinas, a saber Gestão Integrada e Comunitária e Sistema de Segurança Pública, ambas da ÁREA
TEMÁTICA I (SISTEMAS, INSTITUIÇÕES E GESTÃO INTEGRADA EM SEGURANÇA PUBLICA).
De posse do conteúdo programático a seguir:
MODULO 1 – SISTEMA E GESTÃO EM SEGURANÇA PUBLICA:
1.1. POLITICAS PÚBLICAS;
1.1.1. Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento;
1.1.2. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual);
1.1.3. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local;
1.1.4. Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça criminal;
1.2. SISTEMA E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA:
1.2.1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas;
1.2.2. Atribuições das instituições de segurança pública;
1.2.3. Abordagem sistêmica da segurança pública;
1.2.4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições;
MODULO 2 – GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA:
2.1. POLÍCIA COMUNITÁRIA;
2.1.1. Breve histórico da polícia comunitária;
2.1.2. A polícia comunitária como filosofia de um trabalho integrado;
2.2. POLICIAMENTO COMUNITÁRIO:
2.2.1. A comunidade como “Locus Privilegiado”;
2.2.2. As redes sociais com foco nas ações comunitárias;
2.3. MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA;
2.3.1. Fundamentos e princípios da gestão integrada e comunitária;
2.3.2. Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária no âmbito da
segurança pública;
2.3.3. Policiamento orientado por problema;
2.3.4. Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade;
Tivemos o cuidado de apresentar um material o mais contextualizado, interdisciplinar e transversal possível.
Espero que o presente material didático-pedagógico seja de grande valia para vosso aprendizado. Desde já torço
por vocês. Fica aqui o abraço desse humilde professor, instrutor e, por que não, facilitador do conhecimento.
Como poderemos a Polícia Comunitária é conteúdo obrigatório nas malhas programáticas dos cursos de
formação e aperfeiçoamento, com aulas a serem ministradas por multiplicadores formados nas capacitações
estaduais, nacionais ou internacionais.
Veja a PORTARIA Nº 43, DE 12 DE ABRIL DE 2019 
PORTARIA Nº 43, DE 12 DE ABRIL DE 2019, ONDE INSTITUI AS DIRETRIZES NACIONAIS E O
MANUAL DE POLÍCIA
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Publicado em: 18/04/2019 | Edição: 75 | Seção: 1 | Página: 61
Órgão: Ministério da Justiça e Segurança Pública/Secretaria Nacional de Segurança Pública
 
PORTARIA Nº 43, DE 12 DE ABRIL DE 2019
Institui as Diretrizes Nacionais e o Manual de Polícia
Comunitária.
O SECRETÁRIO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA, no uso da competência que lhe confere o art. 23, do
anexo I, do Decreto n° 9.662, de 1º de Janeiro de 2019, resolve:
Art. 1º Esta Portaria institui as Diretrizes Nacionais e o Manual de Polícia Comunitária, na forma dos Anexos.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
GUILHERME CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
ANEXO I
DIRETRIZES NACIONAIS DE POLÍCIA COMUNITÁRIA
Diretriz 1: Visão sistêmica da Polícia Comunitária
Entendida como filosofia e estratégia organizacional que deve permear toda a instituição policial e não apenas
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 6
constituir um programa de policiamento ou fração de efetivo.
Diretriz 2: Conteúdo obrigatório nas malhas programáticas dos cursos de formação e aperfeiçoamento 
Conteúdo obrigatório nas malhas programáticas dos cursos de formação e aperfeiçoamento, com aulas a serem
ministradas por multiplicadores formados nas capacitações estaduais, nacionais ou internacionais.
Diretriz 3: Preferência pelo emprego de todos policiais recém-formados na atividade de Policiamento
Comunitário
Fixação de seu emprego por período que propicie o estabelecimento de laços de confiança com a comunidade local.
Diretriz 4: Utilização de ações policiais sociais como meio de aproximação comunitária, de forma a contribuir
com o policiamento comunitário e não como fim
Utilização de ações policiais sociais como meio de aproximação comunitária, de forma a contribuir com o policiamento
comunitário e não como fim, e por prazo certo, dentro da dinâmica operacional de cada instituição, tendo em vista que estas
oneram efetivo profissional imprescindível para a atividade policial e devem ter sua continuidade preferencialmente
empreendida por voluntários oriundos da comunidade, prática que deve ser incentivada e valorizada na sociedade.
Entende-se ação policial social aquela empreendida em prol da comunidade local, mas que não demande para sua
implementação de profissional com formação e experiência na área de segurança pública, como, por exemplo, o ministério de
aulas de música ou esportes.
Não estão inclusas nesta classificação as ações de policiaisem escolas quanto à conscientização da prevenção do uso
de drogas (PROERD) e outras similares, as quais requerem expertise em segurança pública por parte do agente, a fim de que
seja propiciado ao público-alvo um completo panorama do problema sob perspectiva institucional. Destaca-se que neste
programa os policiais atuam realizando, concomitantemente, policiamento comunitário escolar, aplicação de lições em salas de
aula e constante interação junto às comunidades locais atendidas, sendo, portanto, considerado atividade de policiamento
comunitário.
Diretriz 5: Estruturação e normatização dos Conselhos Comunitários de Segurança
Importância da estruturação e normatização dos Conselhos Comunitários de Segurança, ou organismo congênere, para
a integral implementação do Sistema, por meio de fórum de comunicação presencial entre os gestores de segurança pública,
municipalidade e a comunidade, de forma que seus anseios sejam ouvidos e levados em consideração quando do planejamento e
ação operacional das instituições, bem como seja incentivada a consciência de corresponsabilidade na construção de uma
sociedade segura, meta a ser alcançada pela ação sinérgica de todos os atores envolvidos.
Diretriz 6: Colaboração federativa
Implementação de mecanismos de inter-relação e colaboração federativa para multiplicação de boas práticas e
aperfeiçoamento do Sistema, por intermédio de mecanismos como as visitas técnicas e os seminários.
Diretriz 7: Disseminação e uniformização da filosofia de polícia comunitária
Disseminação e uniformização da filosofia de polícia comunitária entre todos atores do Sistema de Segurança Pública
brasileiro, preferencialmente a partir de profissionais multiplicadores capacitados.
Devem as unidades da federação primar por manter uma identidade mínima de policiamento comunitário que
mantenha, como princípio básico de atuação norteadora de toda estrutura, a fixação do efetivo na área de atuação, a realização
de visitas comunitárias e solidárias, a realização de reuniões comunitárias, a mobilização comunitária e, sobretudo, que se dê
autonomia de ação ao policial comunitário dentro de sua esfera de atribuições.
Cabe destacar que a presente diretriz deve ser entendida como uma meta a ser alcançada por meio de esforços
institucionais de todos atores envolvidos na área de segurança pública, não constituindo obrigação exclusiva de uma instituição.
Diretriz 8: Mobilização e ação sinérgica com os atores responsáveis pela implementação de Políticas Sociais
Participação de Organizações Sociais, Instituições Públicas e/ou Privadas de todas as esferas para criar e fortalecer, de
forma transversal, o sistema com foco no cidadão.
Diretriz 9: Mensuração das ações de Polícia Comunitária
Sistematizar modelos de mensuração das ações de Polícia Comunitária, proporcionando a valorização de ações
preventivas e melhorando a motivação do profissional de segurança pública, com reconhecimento e/ou premiação periódica.
Diretriz 10: Comunicação ágil entre as esferas federal, estadual e municipal,
Comunicação ágil das esferas de poder, propiciando o fluxo de informações pelo canal técnico, devendo ser mantido
atualizado o nome do Coordenador Estadual de Polícia Comunitária junto à SENASP.
Diretriz 11: Eficácia da polícia é medida pela percepção de segurança e ausência de crime e de desordem
Eficácia da polícia é medida pela percepção de segurança e ausência de crime e de desordem e não, tão somente, por
meio de quantificações de prisões, apreensões de produtos ilícitos, operações, dentre outras.
Diretriz 12: Retroalimentação da gestão operacional
Avaliações periódicas alicerçadas não só em dados estatísticos criminais, mas também com as contribuições advindas
da interação com a comunidade.
Diretriz 13: Cidadão cliente
O cidadão é o "cliente" por excelência das instituições de segurança pública, que devem manter seu esforço e foco em
prol da sociedade, materializando o conceito de que a Segurança Pública é um bem imaterial.
Diretriz 14: Prestação de contas
O policial presta contas de seu trabalho aos respectivos superiores hierárquicos e a instituição policial à comunidade
por meio de reuniões comunitárias.
Diretriz 15: Manutenção permanente de desafios
Visão interacionista deve ser enfatizada como mudança de foco dos conflitos, encorajando-os com vistas a estabelecer
grupos harmoniosos, pacíficos e cooperativos, controlando comportamentos estáticos e apáticos.
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 7
Diretriz 16: Respeito mútuo
O relacionamento institucional junto às comunidades deverá pautar-se por meio de características fundamentais que
permeiam o processo de comunicação e mútuo respeito devidos, por meio da empatia, alteridade, bom senso, cooperação,
probidade, dentre outros aspectos que agreguem valores positivos necessários às Instituições policiais envolvidas.
Diretriz 17: Responsabilidade territorial
O policiamento comunitário, no âmbito das Instituições Policiais envolvidas, será implementado aproveitando-se
quaisquer processos de policiamento desenvolvidos in loco de forma a garantir a fixação do efetivo e a responsabilidade
territorial, adaptável a cada realidade local no âmbito das Unidades da Federação.
Diretriz 18: Engajamento dos mais altos níveis
As altas direções deverão primar pela continuidade dos serviços prestados com foco voltado à aproximação
institucional com a sociedade, por meio de tecnologias administrativas e operacionais sustentáveis. Bem como incentivar seus
subordinados ao desenvolvimento contínuo de práticas de polícia comunitária.
ANEXO II
MANUAL DE POLÍCIA COMUNITÁRIA (Hiperlink)
Janildo da Silva Arantes – 2º Sgt PM nº 2000.0248 – Matrícula funcional 163.916-1.
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 8
https://justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1555096748.16/diretriz.pdf
Sumário.
Item Página
Ementa 03
Apresentação 06
MODULO 1 – SISTEMA E GESTÃO EM SEGURANÇA PUBLICA: 10
1.1. POLITICAS PÚBLICAS 10
1.1.1. Politicas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento; 17
1.1.2. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual); 29
1.1.3. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local; 31
1.1.4. Relação entre o sistema de segurança publica e o sistema de justiça criminal; 37
1.2. SISTEMA E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA 39
1.2.1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas; 40
1.2.2. Atribuições das institui coes de segurança pública; 41
1.2.3. Abordagem sistêmica da segurança pública; 48
1.2.4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições; 64
MODULO 2 – GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA 64
2.1. POLÍCIA COMUNITÁRIA 65
2.1.1. Breve histórico da polícia comunitária; 65
2.1.2. A polícia comunitária como filosofia de um trabalho integrado; 63
2.2. POLICIAMENTO COMUNITÁRIO 66
2.2.1. A comunidade como “Locus Privilegiado”; 69
2.2.2. As redes sociais com foco nas acoes comunitárias; 72
2.3. MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA 75
2.3.1. Fundamentos e princípio da gestão integrada e comunitária; 75
2.3.2. Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária no
âmbito da segurança pública;
79
2.3.3. Policiamento orientado por problema; 83
2.3.4. Estrategias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade; 98
Referências 103
 
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 9
MÓDULO 1 – SISTEMA E GESTÃO EM SEGURANÇA PUBLICA
Nesse módulo apresentaremos os seguintes conteúdos:
1.1. Politicas Públicas;
1.1.1. Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento;
1.1.2. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual);
1.1.3. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local;
1.1.4. Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiçacriminal;
1.2. Sistema e Gestão em Segurança Pública:
1.2.1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas;
1.2.2. Atribuições das instituições de segurança pública;
1.2.3. Abordagem sistêmica da segurança pública;
1.2.4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições;
1.1. POLITICAS PUBLICAS
INTRODUÇÃO
Conceito de Politicas Públicas e Atores Sociais
Durante os séculos XVIII e XIX, as principais funções do
Estado eram a segurança pública e a defesa em caso de embate
externo. Contudo, com a expansão da democracia, houve muitas
mudanças com relação às responsabilidades do Estado perante a
sociedade. Atualmente, pode-se dizer que a sua principal função é
proporcionar o bem-estar à mesma.
Para tal, o Estado necessita desenvolver diversas ações e
atuar em diferentes campos, como educação, saúde, segurança,
meios de transporte público, meio ambiente etc. Para alcançar frutos
em tais áreas, o governo se utiliza das Politicas Públicas. Conceito
de Politicas Públicas As Políticas Públicas são um conjunto de
decisões, planos, metas e ações governamentais (seja a nível nacional, estadual ou municipal) voltados para a
resolução de problemas de interesse publico – que podem ser específicos, como a construção de uma ponte ou gerais,
como melhores condições na saúde Pública.
Através de grupos organizados a sociedade faz seu apelo aos seus representantes - vereadores, deputados e
senadores, membros do poder legislativo, e estes mobilizam os componentes do poder executivo – prefeitos,
governadores e até mesmo o Presidente da República, para que atendam as solicitações da população.
E importante ressaltar que a existência dos grupos organizados e suas reivindicações não são garantia de que suas
expectativas serão atendidas, pois no processo das Politicas Públicas, e realizada uma seleção de prioridades que visa responder
as demandas das áreas mais vulneráveis da sociedade, o que certamente não abrangera todas as questões. E preciso que tais
reivindicações ganhem forca através de mobilizações sociais e chamem a atenção das autoridades.
POLITICAS PÚBLICAS E OS ATORES SOCIAIS
São chamados de atores políticos ou atores sociais os membros dos grupos que integram o sistema politico. Em todo o
procedimento das politicas publicas, desde o questionamento ate a execução, ha basicamente dois tipos de atores: os estatais ou
públicos – provenientes do Governo ou do Estado, aqueles que exercem funções públicas e mobilizam os recursos associados a
estas funções, ou seja, os políticos, eleitos pela população para um determinado período, e os servidores públicos, que atuam no
segmento burocrático; e os privados – provenientes da sociedade civil, compostos por sindicatos dos trabalhadores, empresários,
grupos de pressão, centros de pesquisa, imprensa, associações da Sociedade Civil Organizada (SCO), entre outras entidades.
Os políticos são escolhidos pela sociedade com base em suas concepções e propostas durante o período eleitoral e,
quando eleitos, buscam executá-las. Os servidores públicos, componentes da burocracia, controlam recursos e informação e
operam no processo de efetivação das políticas públicas definidas. A princípio, a burocracia é neutra, mas por muitas vezes este
princípio é corrompido por interesses pessoais, o que implica na cooperação ou impedimento das ações governamentais. Além
disso, os burocratas também possuem projetos políticos, sejam eles pessoais ou organizacionais; por isso é comum ver disputas
não somente entre políticos e burocratas, mas também entre burocratas de diversos setores governamentais.
Já os atores privados são aqueles que não possuem vínculo direto com a administração do Estado. Dentre os principais
grupos, tem-se:
Trabalhadores
A força deste grupo resulta da ação organizada, pois atuam através de seus sindicatos, que geralmente são
ligados a partidos, ONGs e, às vezes, até mesmo igrejas. Dependendo da importância do setor no qual atuam, podem
ter um maior poder de pressão;
Empresários
Este grupo exerce uma enorme capacidade de influir nas políticas públicas, visto que podem afetar a
economia do país. Os empresários mobilizam seus lobbies (do termo lobby, que significa a atividade de pressão que
tem como objetivo inferir diretamente nas decisões do poder público em favor de interesses privados) para
encaminhar suas demandas aos atores públicos.
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 10
Podem se manifestar como atores isolados ou coletivos;
Grupos de interesse e grupos de pressão
Os grupos de interesse são formados por pessoas que compartilham o mesmo desejo e trabalham para
conquistar seus objetivos. Já os grupos de pressão são formados por pessoas que possuem o objetivo de influenciar
determinada decisão de caráter público. Muitas vezes, esse tipo de pressão acontece de forma direcionada ao
Legislativo, porém, pode incidir também sobre os meios de comunicação, o Judiciário e o Executivo. Também é
comum tais grupos apoiarem determinados partidos políticos e alguns possuem recursos financeiros e
organizacionais;
Organizações de Pesquisa
Podem ser formadas por universidades ou organizações especializadas em pesquisas relacionadas às políticas
públicas.
Com essas pesquisas, eles propõem soluções práticas para problemas sociais e assim, influenciam no
processo de políticas públicas;
Mídia
A mídia possui grande influência quando o assunto é a definição de empasses relacionados ao governo. São
formadores de opinião que possuem credibilidade na sociedade e por isso são capazes de mobilizar um grande número
de pessoas. Além disso, possuem certo domínio sobre as políticas públicas.
Portanto, as políticas públicas envolvem um processo complexo, constituído por um fluxo de decisões e ações
praticadas por diversos indivíduos e órgãos, que acarretará diretamente no equilíbrio - ou desequilíbrio, social.
Fases das Políticas Públicas
O Ciclo das Politicas Públicas apresenta vários estágios:
➢ Agenda, em que são selecionadas as prioridades;
➢ Formulação, em que são apresentadas soluções ou alternativas;
➢ Implementação, em que são executadas as políticas;
➢ Avaliação, em que ocorre a análise das ações tomadas.
Na teoria, são estas as fases que correspondem às Politicas Publicas, mas, na prática, tais etapas se misturam
entre si e nem sempre seguem a sequência proposta, sendo tal segmentação mais significativa para uma melhor
compreensão do assunto.
FORMAÇÃO DE AGENDA
Dada a impossibilidade de que todos os problemas existentes na sociedade sejam atendidos, pois os recursos
necessários para tal ação são escassos em relação à quantidade de problemas, a primeira fase correspondente à
formação de agenda é necessária para que sejam estipuladas as questões a serem discutidas pelo governo. Portanto,
este processo de se estabelecer uma listagem dos principais problemas da sociedade envolve a emergência, o
reconhecimento e a definição dos problemas em questão e, consequentemente, os que não serão atendidos.
O que vai determinar a inserção ou não inserção de um problema publico em uma agenda? Dentre uma série
de fatores, pode-se citar por exemplo, a existência de indicadores ou dados, que mostram as condições de uma
determinada situação; e o resultado obtido com ações governamentais anteriores que apresentaram falhas nas
providências adotadas. Os desdobramentos políticos (como por exemplo, as mudanças de governo) também são
poderosos formadores de agenda, pois isso está relacionado à visão dos políticos eleitos sobre os temas que devem ou
não receber prioridade.
Cabe ressaltar que, mesmo que uma questão seja listada na Agenda, isso não significa que terá prioridade em
relação às outras, pois tal prioridade ocorre com a junção de diversos fatores, como a própria vontade política, uma
forte mobilizaçãosocial e a avaliação de custos para a resolução do problema em questão.
FORMULAÇÃO DE POLITICAS PUBLICAS
A partir do momento em que os problemas são inseridos na agenda, é preciso planejar e organizar as
alternativas que serão colocadas em prática para a solução dos mesmos. É o instante em que se deve definir os
objetivos das políticas públicas, as ações que serão desenvolvidas e suas metas. Sendo assim, muitas propostas de
ação são descartadas, o que provoca embates políticos, visto que determinados grupos teriam tais ações – que foram
deixadas de lado, favoráveis a eles.
Pode-se definir como necessários a uma boa formulação de políticas os seguintes passos: a transformação de
estatísticas em dados importantes para a solução dos problemas; identificação dos principais atores envolvidos e a
avaliação das preferências dos mesmos; e ação com base nas informações adquiridas.
A avaliação das alternativas deve acontecer de forma objetiva, levando-se em conta algumas questões, como
viabilidade financeira, legal e política, e também os riscos trazidos pelas alternativas em estudo. Desta forma, opta-se
por aquelas que seriam mais convenientes para o cumprimento do objetivo.
IMPLEMENTAÇÃO DE POLITICAS PUBLICAS
É na implementação que os planos e escolhas são convertidos em ações, resultados. Durante este período, as
políticas podem sofrer diversas transformações dependendo da posição do corpo administrativo, que é o responsável
pela execução da política.
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Nesta fase, alguns elementos podem prejudicar o processo das políticas, como por exemplo: disputa pelo
poder entre organizações; contexto social, econômico e tecnológico das políticas; recursos políticos e econômicos;
treinamento do setor administrativo responsável pela execução e o apoio político à disposição. Embora, frente às
necessidades públicas, seja mostrada uma carência de recursos, por muitas vezes, os programas governamentais são
falhos, havendo mais deficiência na gestão do que falta de recursos propriamente dita. Dentre as disputas entre
organizações, é interessante dizer que, quanto maior o número de organizações estiverem envolvidas no processo de
implementação das políticas – dependendo do nível de colaboração entre elas, maior será o número de ordens a serem
resolvidas, o que demanda maior tempo para a realização das tarefas.
Há dois modelos de implementação das Políticas Públicas: o de Cima para Baixo (modelo centralizado,
aplicação do governo para a sociedade) e o de Baixo para Cima (modelo decentralizado, aplicação da sociedade para
o governo). No modelo de Cima para Baixo, poucos funcionários participam das decisões e formas de implementação.
Trata-se de uma concepção hierárquica da administração pública, sendo tais decisões cumpridas sem indagações. No
modelo de Baixo para Cima, os favorecidos pelas políticas, atores públicos e privados, são chamados para participar
do processo.
Para o desenvolvimento de um bom processo de implementação, é necessário que, dentre outros fatores: o
programa disponha de recursos suficientes; a política implementada tenha um embasamento teórico adequado em
relação ao problema e a sua solução; haja uma só agencia implementadora ou baixo nível de dependência entre elas;
exista completa compreensão dos objetivos a serem atingidos, bem como das tarefas a serem realizadas; e ocorra
aprimorada comunicação entre os elementos envolvidos no programa.
AVALIAÇÃO DE POLITICAS PUBLICAS
Na avaliação ocorre o processo de coleta de dados e análise do programa adotado, o que permite a percepção
dos erros e pode levar ao aperfeiçoamento posteriormente. Portanto, esta fase: analisa os impactos, a eficiência,
eficácia e sustentabilidade das ações desenvolvidas; possibilita a correção, prevenção de erros e a criação de novas
informações para futuras políticas públicas; permite que a administração faça a devida prestação de contas das
atitudes tomadas; responde se os resultados produzidos estão se saindo da maneira esperada e identifica os obstáculos
que dificultam o desenvolvimento do processo; além de fomentar a comunicação e a cooperação entre os diversos
atores.
Para se averiguar uma ação, a Avaliação deve responder se os resultados ocorreram em tempo viável, se os
custos para a produção foram adequados e se o produto corresponde aos objetivos da política, sendo estes requisitos
relacionados à eficácia e eficiência do desenvolvimento. Quanto ao impacto, deve-se analisar a relevância de tais
modificações, as áreas afetadas e a cooperação dos componentes políticos na obtenção de seus objetivos. Em relação à
sustentabilidade, uma política deve manter seus efeitos positivos após o fim das ações governamentais direcionadas a
tal política.
Em relação aos responsáveis pela avaliação, pode-se dividir de duas formas: avaliacao interna – feita pelos
responsáveis pela gestão do programa, e avaliação externa – feita por especialistas não participantes do programa. A
avaliação interna é vantajosa no sentido de que, por estarem incorporados ao programa, além de um maior
conhecimento sobre tal, terão também acesso mais facilitado às informações de que precisam. Já a avaliação externa
conta com uma importante imparcialidade, o que gera uma maior credibilidade em relação ao público externo, mas
tem como desvantagem um gasto maior de tempo – e dinheiro, até que se habituem com o objeto de estudo.
O fato da Avaliação ser colocada como a última fase, não quer dizer que ela deve ser utilizada apenas no fim
da atuação política. A avaliação pode/deve ser feita em todo o processo de Políticas Públicas, contribuindo para um
bom desenvolvimento das ações minimizando as chances de insucesso.
BUROCRACIA NO PROCESSO DE FORMULAÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO
Uma das definições de burocracia, é que trata-se de um grupo ou
organização que, hierarquicamente, trabalha de maneira usual, costumeira;
entretanto, não pode ser vista como uma simples realizadora que está
indiferente às resoluções políticas, pois é composta por membros que possuem
seus próprios interesses e que os mesmos fogem à neutralidade.
A burocracia possui um domínio da informação sobre o que ocorre
nas ações públicas, tem uma fácil acessibilidade por meio de contatos e
consequente influência na estrutura administrativa (principalmente no
processo de implementação), além de estar disposta de uma forma permanente na organização da formulação e
implementação das políticas públicas. Tais recursos proporcionam à burocracia um papel de maior destaque do que é
previsto nas avaliações tradicionais.
MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO
Existem diversas maneiras de se considerar soluções em resposta aos problemas públicos. Destacam-se os modelos:
Racional(H. Simon), Incremental (Lindblom), Analise misturada (Etzioni) e Irracional (Cohen, March e Olsen).
Modelo Racional
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Este modelo baseia-se no pensamento de que a racionalidade é imprescindível para a tomada de decisão. Considera as
informações perfeitas, as trata com objetividade e lógica e não considera as relações de poder. No modelo racional, primeiro se
estabelece um objetivo para solucionar o problema, depois se explora e define as estratégias para alcançar o objetivo, estimando-
se as probabilidades para tal, e por fim, a estratégia que parecer cabível é escolhida
Modelo Incremental
O modo incremental situa-se na abordagem de racionalidade limitada, retratando as impossibilidades do racionalismo e
praticando o foco nas informações. É um modelo descritivo, reconhece que a seleção de objetivos depende dos valores e a
implementação estará sujeita a intervenções, visto que cada ator envolvido tem sua própria percepção do problema. Este modelo
considera que, por mais apropriado seja o fundamento de uma alternativa, a decisão envolverá relações de poder. Desta forma, a
decisão mais convenienteé formada a partir de um consenso e objetiva garantir o acordo entre as partes interessadas.
Modelo da Analise Misturada (mixed-scanning)
Este modelo combina características dos dois modelos anteriores. Dispõe uma racionalidade bidimensional e prevê dois
níveis de decisão: fundamentais, estratégicas e racionais em relação às decisões a seguir; e incremental, que consiste em uma
comparação das opções selecionadas de forma racional. Esta análise permite mais inovação do que o modo incremental, sem
precisar impor o processo radical do modo racional.
Modelo Irracional (lata de lixo)
Este modelo trata do processo de decisão em ambientes e objetivos ambíguos, que podem ser chamados de “anarquias
organizadas” e subverte a lógica solução-problema para problema-solução. Para os que defendem esta ideia, o processo de
tomada de decisão é extremamente dúbio, imprevisível, e pouco se relaciona com a busca de meios para se alcançar os fins.
Trata-se de uma abordagem aberta, em que as decisões resultam dos seguintes elementos: problema, solução, participante e
oportunidade; em que as oportunidades são vistas como latas de lixo, em que problemas e soluções são jogados pelos
participantes.
POLITICAS PUBLICAS NO BRASIL
Ainda na década de 20 o Brasil tinha grande parte de sua população vivendo no campo com uma economia
fortemente baseada na agricultura. Mas, em cerca de 70 anos, o país tornou-se um dos mais importantes e influente
país na área industrial e viu sua população migrar em massa para as cidades.
Em todos esses anos, os governos deram mais ênfase na industrialização e não acompanharam da mesma
forma as transformações na sociedade brasileira. O estado não desempenhava um papel regulador e participativo, mas
criava um governo autoritário que também refletia de maneira autoritária nas politicas públicas brasileiras.
De caráter conservador, a politica brasileira possui uma maneira peculiar para tratar as políticas sociais. O
atendimento é centralizado, ou seja, atendendo a interesses específicos. Mas o país possui necessidades diferentes em
cada região e em alguns casos elas acabam não sendo resolvidas da forma correta. São todas tratadas da mesma
maneira e de forma massiva.
As políticas públicas deveriam ser criadas para distribuir de forma igualitária os recursos de caráter individual
e social. Elas seriam a garantia da qualidade de vida, uma vida desenvolvida de maneira agradável e digna.
Entretanto, para ter essa qualidade de vida é importante diversos fatores, como moradia, vestuário, educação, saúde,
segurança e lazer.
A implementação de políticas públicas de qualidade no Brasil não costuma ser tão debatido pelos
parlamentares do país.
Além disso, não é feito um estudo aprofundado do assunto e como esses processos podem ser implantados de
maneira mais dinâmica e eficiente. Muitas vezes as políticas públicas são confundidas como prestação de serviço do
Poder Público aos cidadãos. Elas afetam determinados grupos da sociedade fazendo com que o as atitudes
governamentais realizadas ou não atinjam pessoas de diversos grupos.
A partir da década de 30 o país modernizou-se e cresceu o número de direitos sociais. Em 1930 foi criado o
Ministério do Trabalho e anos mais tarde a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ainda nessa década surgiram
programas voltados aos pagamentos de aposentadoria e pensões em diversas profissões.
Com a imposição da ditadura (intervenção militar) – grifo nosso - pelo governo militar, muitos direitos
civis, sociais e políticos foram retirados da população brasileira. Foram criados o Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS) e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Na década de 1970 foi criado o Ministério da
Previdência que atuava na área de saúde e na área social.
Apesar de muitas medidas criadas e programas sociais voltados a população, essas decisões eram baseadas no
assistencialismo, na corrupção e na ineficiência desses processos. Ou seja, havia muitos recursos para as políticas
sociais, mas eles eram desviados e por isso passou-se a investir mais no sistema privado (educação e saúde privada,
por exemplo).
A partir da Constituição de 1988 o Brasil passou a investir menos nas políticas públicas com o aumento da
dependência internacional, o crescimento da desigualdade social, da pobreza e exclusão. As atuais políticas públicas
brasileiras não conseguem reverter a desigualdade e investem, em sua maioria, em pequenos grupos sociais. Para a
população pobre são criadas políticas de compensação no intuito de “distrair” para os verdadeiros problemas.
Com a abertura democrática brasileira, a descentralização teve apoio no intuito de aumentar os direitos
sociais e a participação da sociedade no processo decisório. Nesse período a população necessitava de mais recursos e
mostrava sinais de crescimento, mas era impedida pelos problemas econômicos em um país refém da inflação.
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Apesar de ter sido implementada como uma forma de garantia dos direitos sociais dos brasileiros, a
Constituição Federal de 1988, tem sido pouco eficaz quando se trata do bem-estar da população. Facilitou o acesso a
diversos serviços essenciais, mas não se preocuparam com a questão financeira. O objetivo era reduzir a desigualdade
do Brasil.
Essa constituição é considerada redistributiva e instiga o Governo Federal a tornar as necessidades sociais e
políticas públicas eficazes. No início da década de 90 o Governo Federal deixou de ser o principal provedor e passou
a fiscalizar entidades que ofereciam determinados serviços para a sociedade. São diversos programas sociais de
caráter municipal, estadual e federal e muitas vezes eles não são compatíveis entre si. Essa incompatibilidade acaba
virando uma desvantagem para a população que necessita dessa ajuda. 
Os gestores públicos ainda não conseguiram identificar as reais necessidades básicas dos cidadãos. Por mais
que se ouça dos políticos promessas relacionadas a erradicação de muitas mazelas, como a pobreza, os programas e
atitudes relacionadas a isso ainda são muito ineficientes. Muitas vezes as soluções são distribuídas entre a população,
mas de forma desordenada.
O grande mistério, quando se observa a desigualdade no Brasil, é que o país possui uma das maiores
economias do mundo.
Tal situação pode ser explicada pelo atraso politico da população brasileira que muitas vezes teve seu voto
influenciado por militares, coronéis e políticos mal intencionados.
Nas últimas décadas o Brasil tem desempenhado novas atividades relacionadas ao caráter público. É
necessária uma articulação e engajamento da sociedade para debater as propostas de políticas públicas em todo o país.
O Estado desempenha um papel importante para o desenvolvimento social e estrutural do Brasil e é para ele que
devem ser direcionadas as cobranças dos setores sociais do pais. 
Características das politicas públicas no Brasil
Uma das características relevantes nas políticas públicas brasileiras é a fragmentação. Muitas vezes essa
fragmentação causa problemas pois há muitas divergências entre determinadas agências de controle quando o assunto
é burocrático. Outra característica das políticas públicas brasileiras é a descontinuidade administrativa, em que as
agências responsáveis pelas políticas públicas muitas vezes pensam nas políticas públicas de acordo com o interesse
de seus gestores. Levando isso em consideração, a cada mudança de cargo, muda-se as políticas implantadas.
Outra característica está ligada principalmente as políticas sociais e dão preferência para o que é ofertado sem
considerar as necessidades dos beneficiados. Essa situação resulta em problemas ligados a credibilidade
governamental, frustração dos cidadãos, desperdícios, etc. Um outro ponto relevante é a separação de política
econômica e política social. Nesse caso a políticasocial assume um papel secundário. Um outro aspecto importante é
a fiscalização e a seletividade, baseados nos direitos universais. 
Novos Arranjos para as Politicas Públicas
A partir da década de 1990 foram realizadas tentativas para criar políticas públicas universais e estáveis. Surgiram leis
como a Lei Maria da Penha, Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso. Além disso, foram introduzidos
benefícios sociais como o bolsa família e bolsa escola. Muitas dessas conquistas são resultados de organizações montadas pelos
civis através de referendos, protestos e manifestos. Seria importante que as políticas públicas fossem integradas para um único
propósito. No entanto, o que se vê atualmente é um processo fragmentado. 
Apesar dessa situação, nos últimos tempos a administração das políticas públicas se tornaram mais democráticas, com
o Estado desenvolvendo um papel mais próximo da sociedade. Começa a ser trabalhada uma política menos centralizada em que
a população participa com mais empenho e importância nas políticas públicas brasileiras. Os políticos tentam agora desenvolver
métodos para decisões compartilhadas.
Intersetorialidade
A intersetorialidade busca ultrapassar os resultados das políticas sociais e os problemas enfrentados pela população
para ter acesso aos serviços públicos. Esse caso atribui a ideia de associação e igualdade dos direitos sociais dos cidadãos.
Descentralização 
A descentralização é um dos processos que podem ser identificados após a Constituição Federal de 1988. Nos âmbitos
governamentais (União, Estados e Municípios) possuem habilidades e recursos para instituir novas políticas públicas para a
garantia dos direitos dos cidadãos. Ou seja, muitas vezes, os estados e municípios deliberam decisões através de necessidades
próprias.
 Disponível em:< http://www.okconcur sos.com.br/apostilas/apostila-gratis/134-politicas-publicas/1156-
tipos-de-politicaspublicas#. XN4hv25Kg2w >. Acesso em 17 maio 2019.
1.1.1. POLITICAS PÚBLICAS: FORMULAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, AVALIAÇÃO E
ACOMPANHAMENTO
POLITICAS PUBLICAS NA ÁREA DE SEGURANÇA
Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as questões relativas à
segurança pública e à justiça criminal. Uma verdadeira obsessão securitária refletiu-se num nível jamais visto de
debates públicos, de propostas legislativas e de produção acadêmica.
Esta última se debruçou sobre as práticas de segurança e de justiça, ao menos no contexto da
redemocratização do país.
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Não obstante, pouco tem sido feito, no âmbito político, para que se tornasse tangível uma efetiva reforma
dessas instituições, tendo como preâmbulo pesquisas e conhecimentos provenientes tanto da maior participação
coletiva na formulação, implantação e acompanhamento de políticas públicas, quanto da disponibilidade sem
precedentes de pesquisadores aptos a discutir com o universo da política e das instituições criminais as alternativas de
reforma, dentro de um contexto de aumento do quantum de cidadania e participação democrática.
Em outros termos, como bem lembrou Paulo Sérgio Pinheiro, a redemocratização política do Brasil não foi
ainda capaz de lançar suas luzes sobre as práticas de nossas instituições criminais – estas, ao contrário, parecem
resistir à democratização, formando um enclave autoritário no cerne mesmo do Estado democrático.
A violência letal, a superlotação dos presídios, rebeliões e mortes, os horrores vividos pelos jovens em
instituições como a Febem, o virtual abandono das instituições manicomiais sem a contrapartida de um atendimento
ambulatorial, o desalento e a descrença nas medidas de recuperação dos presos e de cura dos esquecidos dos
manicômios judiciários, a tortura em delegacias de polícia e a eterna lentidão e alheamento das autoridades judiciárias
são faces terríveis que apontam para uma crise de longa data em nosso sistema criminal.
Neste momento, estamos nos perguntamos sobre as razões para todas estas dificuldades e vendo, por toda
parte, a expansão da segurança privada, a disseminação de dispositivos eletrônicos de segurança, o aumento do
sentimento de insegurança e a constituição de verdadeiros enclaves fortificados em que a tolerância em relação às
violações das liberdades civis corre de par com a aceitação das hierarquias e das múltiplas faces da exclusão social.
Disponível em: <http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca/politica> . Acesso em 07 ago 2018.
Politicas Públicas como área de conhecimento
As Políticas Públicas fazem parte de nosso dia a dia e, portanto, é natural que muitos de nós tenhamos uma
ideia superficial deste tema. Esta aula é importante, pois apresentará alguns conceitos utilizados nos estudos sobre
políticas públicas, aproximando você de um saber mais acadêmico e menos vinculado ao senso comum.
A área de Políticas Públicas é relativamente recente. A década de 1950 pode ser considerada um marco para o
estabelecimento da área disciplinar de estudos das políticas públicas. Contudo, é claro que esta disciplina não surge do
nada, desde a década de 1930 já se observavam contribuições teóricas da Análise Racional das Políticas.
O estudo das Políticas Públicas se vincula como área de estudos não só da Ciência Política, mas também da
Sociologia e da Economia. Posteriormente, nota-se a importância de outras áreas do conhecimento, como a
Administração Pública, o Direito, etc.
A dinâmica de funcionamento das Políticas Públicas apresenta alta complexidade e por isso o olhar
multidisciplinar, envolvendo diversas áreas do conhecimento é muito importante nas análises sobre uma Política
Pública.
O conhecimento produzido pelos estudos sobre Políticas Públicas tem grande utilidade para gestores,
políticos e demais atores que lidam com um problema público. O crescimento dos indicadores de violência e
criminalidade é um exemplo de problema público.
Mas antes de dar sequência aos nossos estudos, é interessante parar agora para fazer uma pergunta simples,
mas muito importante: O que são Políticas Públicas?
Definição de Politicas Públicas
É muito difícil responder a esta pergunta simples, porque Política Pública é um conceito abstrato, que se
materializa por meio de instrumentos diversos. Esses instrumentos podem ser programas, projetos, leis, rotinas
administrativas, etc.
No caso das Políticas Públicas de Segurança, a instalação de uma unidade policial, a construção e gestão de
uma unidade prisional e o desenvolvimento de oficinas culturais podem ser percebidas como formas de
operacionalização de uma Política Pública.
Mas ainda na tentativa de definir melhor o que seria uma Política Pública, é possível perceber que, de uma
maneira geral, as Políticas Públicas são decisões, ou processos decisórios, que envolvem questões de ordem pública,
ou seja, que envolvem um problema público.
Esses processos decisórios buscam atender ao interesse de uma coletividade, ou seja, de um grupo. Em tese,
espera-se que esse grupo seja toda a sociedade, mas sabe-se que muitas vezes, no interior da sociedade, há interesses
diferentes, algumas vezes divergentes.
No contexto de um Estado Democrático de Direito, esses processos decisórios buscariam atender ao interesse
de uma coletividade, orientando-se pela legalidade e pela mediação de interesses entre os diversos grupos presentes
em uma sociedade.
O processo decisório envolvido na definição e implementação de uma política pública é altamente complexo,
e por isso, é difícil estabelecer uma sequência linear e racional entre suas etapas. Entender as Políticas Públicas como
um processo decisório é também muito importante: muitas vezes ouvimos pessoas simplificando o processo de
criação de uma Política Pública. É comum ouvir pessoas dizendo: “ah, resolver os problemas da criminalidade e
violência é fácil. E só prenderos criminosos! E só contratar mais policiais!”
Quando se entende Políticas Públicas como processo fica claro que a solução para um problema público não é
dada por uma única decisão. Ou seja, para se prender criminosos é necessário: 
 Sistema de Segurança Pública e Polícia Comunitária – CFP 2020.1 - Página 15
• construir presídios;
• ter leis que determinem uma conduta como crime;
• estruturar um Sistema de Justiça capaz de garantir um julgamento justo;
• pensar se o fato social que se está criminalizando deve mesmo ser penalizado.
Isto é, deve-se pensar se a prisão de pessoas que comentem este tipo de conduta implicará, de fato, na redução
do problema da criminalidade e violência, etc.
Tipos de Politicas Públicas
Com o intuito de contribuir com a análise das políticas públicas, foram desenvolvidas tipologias, que nada
mais são do que formas de classificar os conteúdos, os atores, os estilos e as instituições - dentro de um processo de
política pública.
Dentre as várias tipologias de conteúdo das políticas públicas apresentadas por Secchi (2013), merece
destaque àquela formulada por Theodore J. Lowi. A tipologia de Lowi baseia-se no critério de “impacto esperado na
sociedade”. Segundo esse critério, as políticas públicas podem ser classificadas em quatro tipos, saiba mais sobre elas:
Politicas regulatórias: Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto, para atores públicos e privados.
Exemplos desse tipo de políticas são: os códigos de trânsito, as regras de tráfego aéreo, a proibição de fumo em locais fechados,
a proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas, e as regras para publicidade de certos produtos.
Politicas distributivas: Geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a
coletividade/contribuintes. Exemplos desse tipo de política pública são: os subsídios, a gratuidade de taxa para certos usuários
de serviços públicos, incentivos ou renúncias fiscais, etc.
Politicas redistributivas: Concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos
concentrados sobre outras categorias de atores. Exemplos clássicos são: as cotas raciais para universidade, políticas de
benefícios sociais ao trabalhador e os programas de reforma agrária.
Politicas constitutivas: São “regras sobre os poderes” e “regras sobre as regras”, ou seja, são aquelas políticas que
definem as competências, jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas. Podemos citar
como exemplos: as regras do sistema político-eleitoral; a distribuição de competências entre poderes, esferas e instituições; as
regras das relações intergovernamentais e as regras da participação da sociedade civil em decisões públicas. Sechi (2013) chama
a atenção para o fato de que o analista de políticas públicas pode realizar sua análise utilizando uma das tipologias já
consolidadas na literatura (aplicação dedutiva) ou então pode construir sua própria tipologia (desenvolvimento indutivo).
O desenvolvimento indutivo de tipologias se baseia na capacidade do pesquisador em estabelecer um critério
diferente para a verificação de uma variável ou estabelecer novas categorias analíticas para classificação dos
fenômenos.]
Especificamente no campo de análise das políticas de segurança pública, merece destaque o sistema de
classificação proposto por Filocre (2010) que distingue as políticas nas categorias descritas no quadro a seguir:
Maximalista: É aquela política que enfatiza a adoção de combinações de tipos de ações estatais. Nela, a ação policial é
importante, mas não suficiente, e deve estar conjugada com outras atividades.
Minimalista: Nesse tipo de política, a atuação estatal é fortemente focada em um ou poucos tipos de ações estatais de
controle da criminalidade. Exemplo dessa política é a que enfatiza exclusivamente a ação policial.
Geral (Abrangente): Esse tipo de política prevê uma mesa estratégia sobre todo um território.
Local: Esse tipo de política estabelece ações particularizadas de acordo com as necessidades específicas do território.
Distributiva: Esse tipo de política compreende intervenções estatais de baixo grau de conflito, uma vez que um grande
número de indivíduos se beneficia das ações.
Redistributiva: Esse tipo de política foca o deslocamento de recursos para beneficiar certas camadas ou grupos
sociais, gerando descontentamento e conflito em relação àqueles que arcam com seus custos.
Reguladora: Esse tipo de política é baseada em ordens e proibições. Frequentemente, seus objetivos são evitar
comportamentos considerados negativos.
Constitutiva (Estruturadora): Esse tipo de político refere-se à criação e modelação de instituição, bom como à
determinação e configuração dos processos de negociação, de cooperação e de consulta entre os atores políticos.
Estrutural: É aquela política que visa impactar a ordem pública mediante ações sobre macroestruturas econômicas.
Normalmente demanda longo prazo para operar efeitos e estes efeitos tendem a ser duradouros.
Tópica (Superficial): É aquela política que visa impactar a ordem pública mediante ações sobre condições imediatas.
Serve especialmente a ocasiões de pronta resposta a variação indesejada da criminalidade. Os resultados são colhidos no curto
prazo, mas seus efeitos, normalmente não perduram além do tempo necessário ao reequilíbrio da criminalidade.
Emergencial: É uma política para implementação em curto espaço de tempo e com efeitos imediatos.
Continua: É uma política que prevê atuação ao longo do tempo, ou seja, considera que a ordem pública seja alcançada
e mantida ao longo de um processo.
Multissetorial: Esse tipo de política compreende ações distribuídas por diversos segmentos, públicos ou privados, seja
quanto a órgãos estatais ou outros agentes envolvidos, seja no que diz respeito a áreas de atuação - educação, família, sistema
prisional, etc.
Especifica: Esse tipo de política compreende ações acentuadas num único setor ou se vale da atuação destacada de um
único órgão.
Atores no Processo de Politicas Públicas
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Até agora, você deve ter percebido que o enfrentamento de problemas públicos passa não por uma, mas por
uma série de decisões. E estas decisões não são tomadas por um único ator, mas por uma série de atores presentes em
uma política pública.
Mesmo quando estabelecida ou liderada por algum ator específico, uma política pública recebe influências de
diversos atores ao longo do seu ciclo de existência.
De acordo com Rua (1998), os atores em políticas públicas são aqueles elementos envolvidos em conflitos
acerca da alocação de bens e recursos públicos. Usualmente, podem ser identificados como sendo aqueles que têm
algo a ganhar ou perder com tal política, ou seja, têm alguma coisa em jogo, sendo seus interesses diretamente
afetados pelas decisões e ações que compõem a política em questão.
Segundo Secchi (2013), os atores são aqueles indivíduos, grupos ou organizações que desempenham um
papel na arena política. Os atores relevantes em um processo de política pública são aqueles que têm capacidade de
influenciar, direta ou indiretamente, o conteúdo ou os resultados da política pública.
Arena é o lugar onde acontece a disputa política. Secchi (2013, p. 152)
NOTA
A palavra “ator” é importada das artes cênicas para as ciências políticas, porque explicita a conotação de interpretação
de papéis. Nesse sentido, há um entendimento de que os indivíduos, grupos e organizações que influenciam o processo político
não têm comportamentos ou interesses estáticos, mas sim dinâmicos, de acordo com os papéis que interpretam. Os atores
interagem, alocam recursos, constroem coalizões, resolvem conflitos em um cenário político, ou seja, em uma arena política.
A fim de contribuir para o processo de análise das políticas públicas, também são utilizados sistemasde
classificação de atores, que servem para agregar aqueles que possuem características em comum e distinguir aqueles
com características diferentes.
Conforme proposto por Secchi (2013), a primeira forma de distinguir tipos de atores é dividi-los em “individuais” e
“coletivos”:
Atores individuais são pessoas que agem intencionalmente em uma arena política. São exemplos de atores individuais:
os políticos, os burocratas, os magistrados, os formadores de opinião.
Atores coletivos são os grupos e as organizações que agem intencionalmente em uma arena política. São exemplos de
atores coletivos: os partidos políticos, a burocracia, os grupos de interesse, as organi zações da sociedade civil e os movimentos
sociais.
Rua (1998) também propõe duas categorias de classificação dos atores de políticas, que podem ser divididos em
“atores públicos” e “atores privados”, saiba mais sobre cada um:
Atores públicos: São aqueles que se distinguem por exercer funções públicas e por mobilizar os recursos associados a
essas funções, podendo ser divididos em dois subgrupos: políticos e burocratas.
Políticos: São aqueles atores cuja posição resulta de mandatos eletivos, cuja atuação é condicionada pelo cálculo
eleitoral e pelo pertencimento a partidos políticos. São os parlamentares, governadores, prefeitos e membros eleitos do executivo
federal;
Burocratas: São aqueles atores que devem sua posição à ocupação de cargos que requerem conhecimentos
especializados e se situam em um sistema de carreira pública, controlando recursos de autoridade e informação.
Atores privados: São aqueles que não mantêm vínculo com o Estado, e devem contar com recursos privados para
fazer valer seus interesses. Entre os atores privados destacam-se: os empresários, os trabalhadores, os agentes internacionais,
atores transnacionalizados e, embora não atue diretamente, não se pode ignorar o papel da mídia.
Outra forma de categorizar os atores de políticas públicas, proposta por Secchi (2013), é classificá-los em “atores
governamentais” e “atores não governamentais”, que por sua vez, podem ser subdivididos.
Atores Governamentais: Políticos, Designados politicamente, Burocratas e Juízes.
Atores Não Governamentais: Grupo de interesse, Partidos Políticos, Meios de comunicação, Think Tanks,
Destinatários das políticas públicas, Organização do terceiro setor e Outros interessados.
Em uma determinada arena de política pública é possível identificar uma série de atores importantes em um
determinado processo decisório. Cada arena política tem uma configuração de atores bastante peculiar, com a
prevalência de alguns e a ausência de outros.
No campo da Segurança Pública há como exemplos de atores: os policiais, os agentes prisionais, os agentes
socioeducativos, os guardas municipais, o presidente, os governadores, os deputados, os juízes, os promotores, os
prefeitos, a sociedade civil – organizada em associações de bairro e conselhos comunitários de segurança pública – os
meios de comunicação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), as empresas de produção de armamento,
viaturas, câmeras de videomonitoramento, rádios, etc.
As Políticas Públicas influenciam e são influenciadas por princípios e ideais que orientam a relação entre
Estado e sociedade. Ou seja, as Políticas Públicas não são certas ou erradas, e sim, refletem princípios e ideais de
atores que possuem a prerrogativa, ou a capacidade, de definir diretrizes e rumos de uma determinada intervenção
sobre um problema público.
No caso das Políticas Públicas de Segurança Pública é possível perceber alguns modelos que se orientam
mais por um paradigma militarizado e repressivo; em outros modelos percebe-se a orientação por um modelo mais
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preventivo orientado pela dinâmica social dos fenômenos de violência e criminalidade, mas também é possível
perceber uma mescla entre estes modelos.
Em todos estes casos é importante compreender o processo político de escolha e definição do modelo
adotado.
Ciclo de Politicas Públicas
O processo político de tomada de decisão sobre um problema público, ou seja, de definição de Políticas
Públicas, pode ser dividido em etapas ou fases dos ciclos de políticas públicas. 
Autores como Amabile (2012), consideram quatro etapas principais: formulação, execução, monitoramento e
avaliação. A identificação destas etapas é didática e contribui para análise das Políticas Públicas que, conforme dito
anteriormente, são altamente complexas. Ao analisarmos o ciclo de Políticas Públicas considera-se desde a inserção
de um problema público em uma agenda governamental até a avaliação de sua real efetividade, conforme o que se
propunha inicialmente.
Outra possibilidade de representação do ciclo de políticas públicas é proposta por Secchi (2013) e
compreende sete etapas:
- Identificação do problema.
- Formação de agenda.
- Formulação de alternativas.
- Avaliação.
- Implementação.
- Tomada de decisão.
- Extinção.
Secchi (2013) chama a atenção para o fato de que o ciclo de políticas públicas raramente reflete a real
dinâmica ou vida de uma política pública. No mundo real, as fases geralmente se apresentam misturadas e as
sequências se alternam. Alguns acadêmicos afirmam que não há um ponto de início ou um ponto de finalização, e que
o processo de política pública é incerto, e as fronteiras entre as fases não são nítidas.
Apesar de todas essas ponderações, o ciclo de políticas públicas tem uma grande utilidade: ajuda a organizar
as ideias, faz com que a complexidade de uma política pública seja simplificada e ajuda políticos, administradores e
pesquisadores a criar um referencial comparativo para casos heterogêneos. (SECCHI, 2013, p. 44).
Paradigmas de Politicas de Segurança Pública
Nesta aula, você acompanhará a trajetória dos paradigmas de segurança no Brasil e como esses modelos
norteiam as concepções de políticas de segurança pública. Essa trajetória tem início no modelo de Segurança Interna
ou Segurança Nacional, que prevaleceu no período do Regime Militar; passa pelo paradigma de Segurança Pública
que orientou o modelo de segurança instituído no regime democrático, a partir da Constituição de 1988,; e chega ao
mais recente modelo inspirado no ideal de Segurança Pública com Cidadania, que tem se disseminado nos países da
América Latina.
Esta aula não tem por objetivo defender um modelo em detrimento de outro. O objetivo aqui é criar
condições para a compreensão de que as políticas públicas são processos políticos, ou seja, que as políticas públicas
não nascem prontas, mas, como você estudou, são construídas em arenas políticas compostas por diversos atores
institucionais com diversos interesses, que em determinados momentos são, inclusive, conflitantes.
Quando se para e olha para a Política Pública de Segurança dos nossos dias, muitas vezes não se considera o
processo de consolidação deste formato de Política Pública. Mas é importante considerar que a Política Pública de
Segurança dos nossos dias “não nasceu de um ovo”. Ela é fruto de um processo decisório político que vem se
consolidando ao longo dos anos. 
Nesta aula, você estudará um pouco sobre este processo, ou seja, sobre a trajetória das Políticas Públicas de
Segurança no Brasil.
Paradigma de Segurança Interna ou Segurança Nacional
Sua viagem não terá início nos primórdios de nosso país; começará em um passado mais recente, que ainda
deixa marcas na dinâmica de funcionamento das Políticas Públicas no Brasil. Começará pelo Regime Militar de 1964.
Naquele momento, o paradigma de Política Pública de Segurança girava em torno da imagem de Política de
Segurança Interna.
As Forças Armadas eram um importante ator que exercia o papel de concepção e desenvolvimento de
alternativas repressivas, com o propósito de combater um “inimigo interno”, que supostamente era visto como umaameaça ao Estado e à ordem pública.
A ideia de “inimigo interno” tem origem no conceito de “inimigo externo” utilizado no combate ao
comunismo, considerando como suspeitos os cidadãos que ameaçassem “a vontade ou interesse nacional”..
Neste contexto, a Política de Segurança Nacional se valia de alternativas como supressão de direi tos
constitucionais, censura, uso irrestrito de força e desrespeito aos direitos humanos. 
A centralidade atribuída às Forças Armadas na concepção e execução da política de Segurança Nacional
repercutiu na criação de um aparato militarizado e repressivo composto pelo Serviço Nacional de Informação (SNI) e
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outros órgãos voltados à gestão da informação e inteligência como o Destacamento de Operações e Informações de
Defesa Interna (DOI – CODI). A participação de outros atores, neste momento da arena das Políticas Públicas de
Segurança, assumia um caráter secundário – como no caso das forças policiais estaduais – ou inexistente, como no
caso das prefeituras.
Paradigma de Segurança Pública
O fim do Regime Militar e restabelecimento da ordem democrática no Brasil têm como marco a Constituição
Federal de 1988. Este, marca o estabelecimento de uma nova perspectiva de Política Pública de Segurança no Brasil,
orientada pela imagem de Política de Segurança Pública. Neste novo contexto, os governos estaduais, especialmente
por meio de suas forças policiais, destacaram-se como os principais atores nesta nova configuração de arena de
política pública, assumindo um papel importante na concepção e implementação de ações de enfrentamento e controle
dos problemas públicos de criminalidade e violência.
Para Adorno (1999), os processos de centralização do controle e militarização das políticas de segurança,
potencializados durante o regime militar no Brasil, produziram consequências institucionais por meio da
disseminação da ideia de controle da criminalidade como uma questão de Segurança Interna, prejudicando a distinção
entre controle civil da ordem pública e a garantia da segurança nacional. Para o mesmo autor, esta percepção
fortaleceu o argumento de que o controle do problema público da criminalidade é uma questão relacionada às
instituições policiais.
A consolidação das Políticas de Segurança Pública em torno deste argumento teria atribuído um papel menos
definido a outros atores institucionais presentes nesta arena de política pública, tais como Ministério Público, Poder
Judiciário e Sistema Prisional, além de impor aos governos estaduais, recém-eleitos após o Regime Militar, um
“delicadíssimo problema político, até hoje mal equacionado: o de reenquadrar suas polícias militares e reconquistar o
controle civil sobre a Segurança Pública” (Adorno, 1999, p. 133). Neste cenário, as polícias estaduais, que já atuavam
em papel de destaque na execução da Política de Segurança Interna, assumiram um papel ainda mais central na
formulação e execução de ações de Política de Segurança Pública.
Contudo, destaca-se a importância da Constituição de 1988 para distinção entre políticas de Segurança
Pública e de Segurança Nacional em um contexto de retomada da democracia. A perspectiva de Segurança Pública, ao
suceder um paradigma no qual as Forças Armadas detinham a primazia da preservação da ordem, preocupa-se em
diferenciar os papéis institucionais das polícias e do Exército. Essa separação de papéis transcrita no texto
constitucional é importante, pois destaca a distinção entre Segurança Pública e Segurança Nacional: a primeira
voltada para manifestação da violência no âmbito interno do país e a segunda refere-se a ameaças externas à soberania
nacional e defesa do território (Freire, 2009, p.104).
Nesse sentido, a Constituição dispõe no Título V a respeito da “Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas”, dedicando o Capítulo II às Forças Armadas e o Capítulo III à Segurança Pública, demonstrando uma
clara intenção do constituinte em diferenciar as duas funções.
Veja o que dispõe a Constituição no caput do art. 142. Capítulo II – Das Forças Armadas.
“Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Agora, comparem com o que dispõe o caput do art. 144. Capítulo III – Da Segurança Pública.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Apesar dessa diferenciação explícita entre as forças de Segurança Nacional e as forças de Segurança Pública,
há que se ressaltar, no entanto, que a Constituição ainda prevê que as polícias militares, assim como os corpos de
bombeiros militares, constituem forças auxiliares e reserva do Exército (CF, § 6º do art. 144). Essa vinculação está
relacionada ao caráter militarizado dessas instituições. Note que o mesmo não ocorre em relação às polícias civis dos
estados e às polícias federais.
Outro aspecto importante a ser destacado em relação às mudanças decorrentes da Constituição de 1988 é que
o paradigma de Segurança Pública, como uma nova imagem de política pública, abriu espaço para o envolvimento de
novos atores institucionais nesta arena de política pública. O artigo 144 explicita a percepção das Políticas de
Segurança Pública como um dever do Estado, mas ao mesmo tempo, como um direito e responsabilidade de todos.
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Contudo, a Constituição de 1988 é precisa ao definir os deveres do Estado, e lacônica ao especificar a
responsabilidade de todos. Ou seja, é explícita ao definir funções de órgãos policiais, mas pouco clara ao definir a
forma de participação de novos atores, como governos municipais e membros da sociedade civil.
A centralidade atribuída às ações policiais, a indefinição quanto às formas de participação dos governos
municipais (limitados à possibilidade de criação de Guardas Municipais para proteção do patrimônio público
municipal) contribuiu, acompanhado de outros fatores, para uma baixa participação da maior parte dos municípios nos
primeiros anos das Políticas de Segurança Pública (GUINDANI, 2004; SOARES, 2005; MESQUITA NETO, 2006;
RICARDO e CARUSO, 2007).
A respeito das Guardas Municipais, a Constituição de 1988 traz a seguinte previsão no art. 144:
“§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.” Esta forma de distribuição de atribuições e responsabilidade entre os atores
presentes na arena de Política de Segurança Pública começa a ser repensada, especialmente a partir da segunda
metade da década de 90.
O aumento exponencial dos indicadores de criminalidade e a generalização da sensação de insegurança nos
principais centros urbanos brasileiros colocaram o problema público da criminalidade não apenas como uma
responsabilidade das forças policiais estaduais, mas de novos atores como os governos municipais.
Autores como Guindani (2004) indicam que a disseminação de experiências internacionais em que novos
atores, como os governos municipais e a sociedade civil, desempenharam um papel importante no controle da
criminalidade e violência. Além disso, fomentou uma nova percepção sobre os papéis que os atores presentes

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