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1ª prova - Caderno de Responsabilidade Civil

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Responsabilidade Civil		Thais Ferreira Ramos
Fernanda Matielo	UniCEUB – 8º SEM
1ª prova – 26/09 (mista)
2ª prova – 21/11 (mista)
3ª prova – 28/11 (cumulativa)
Bibliografia – Flávio Tartuce e Sérgio Cavalieri Filho
CONTEXTUALIZAÇÃO INICIAL: a vida em sociedade estabelece direitos e deveres (obrigações), demandando organização e exigindo regras para viabilizar o equilíbrio e o convívio social. Ulpiano estabeleceu 3 princípios fundamentais que regem a vida em sociedade: honeste vivere (viver honestamente), neminem laedere (não lesar) e suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu).
A palavra responsabilidade origina-se do latim respondere, que encerra a ideia de segurança ou garantia da restituição ou compensação do bem sacrificado. Teria, assim, o significado de recomposição, de obrigação de restituir ou ressarcir, haja vista que seria a obrigação de assumir as consequências do ato praticado. A responsabilidade é sempre um dever sucessivo (dever de reparar), diferente da obrigação, que é um dever originário decorrente da lei, no caso, de não lesar.
A obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação (decorre da lei ou da vontade contratual). Dessa maneira, a responsabilidade civil é a sombra da obrigação, haja vista que é o dever de reparar o prejuízo decorrente do descumprimento de um dever jurídico preexistente, seja em razão da existência de uma lei (ato ilícito) ou de um acordo de vontades (contrato).
O efeito da responsabilidade civil sempre será patrimonial, de modo que o patrimônio pagará pelos atos lesivos (lícitos ou ilícitos), logo, se não tiver patrimônio, não terá como reparar o dano. A natureza jurídica da responsabilidade civil é sancionadora-compositiva, pois tenta punir o ofensor, no sentido de fazê-lo pagar o prejuízo da vítima, e tenta evitar que atos idênticos ocorram posteriormente.
Trabalhar a responsabilidade civil significa assumir as consequências dos seus atos dentro da esfera civil (relações particulares), respondendo sempre com o patrimônio. Trata-se sempre de uma consequência do descumprimento do dever original. Dois princípios regem a responsabilidade civil, o neminem laedere, de não lesar, e o suum cuique tribuere, de reparar o prejuízo.
Todas as esferas de responsabilidade são autônomas e independentes, logo, sempre que um fato ultrapassar o caráter patrimonial, pode ou deve ser responsabilizado também nas outras esferas. Porventura haverão ocasiões de sobreposição entre elas, como quando houver condenação na esfera penal, haja vista que a decisão condenatória servirá de título executivo judicial na esfera cível. Para tal, a prescrição no cível só começa a correr depois do trânsito em julgado na esfera penal. Eventualmente haverão situações que o trânsito em julgado penal fará coisa julgada na esfera civil, como quando declarar inexistência do fato. No entanto, também existem situações em que o trânsito em julgado penal não faz coisa julgada na esfera cível.
FUNÇÃO: reparar o dano causado por força de uma conduta lícita ou ilícita, recolocando o prejudicado no status quo ante. A responsabilidade civil tem várias funções, mas a mais aceita pela doutrina é a compensatória do dano, visto que as outras duas são discutidas doutrinariamente sob o argumento de que a responsabilidade civil não poderia ser utilizada para enriquecimento ilícito, devendo se restringir a reparação do prejuízo efetivo. No entanto, todas as funções são de suma importância, não para enriquecimento ilícito, mas para coibir futuras condutas lesivas no mesmo sentido.
· Compensatória do dano – fazer com que o ofendido retorne ao status quo ante;
· Punitiva do ofensor – persuadir para não lesar, aplicando uma indenização que não seja tão alta para servir de enriquecimento ilícito, mas que seja suficiente para desestimular o ofensor a praticar novamente o ato lesivo.
· Desmotivação social da conduta – intolerância da conduta lesiva.
O juiz tem o poder de fixar a indenização em valor inferior quando for conveniente e mais justo, por exemplo, quando um fato ocorrer por culpa levíssima e acabar gerando uma indenização vultuosa para uma pessoa que não tem condição de pagá-la (art. 942).
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE: a responsabilidade tem como elemento nuclear a conduta violadora de uma obrigação ao qual nasce um dever de reparar. A ilicitude da responsabilidade civil e penal é a mesma, sendo que o que muda é a natureza do dever (obrigação) jurídico violado. A responsabilidade civil, embora seja mais abrangente que a penal, envolve interesses de particulares, enquanto que a responsabilidade penal atinge a sociedade como um todo. Logo, o ilícito civil é menos grave que o ilícito penal. 
No penal, há a violação a uma norma de direito público e o ofendido não está individualizado, pois, como vimos, o atingido é a própria sociedade. Além disso, o ilícito penal atinge bens sociais e não meramente patrimoniais, desse modo, a responsabilidade é pessoal e intransferível com penas de caráter pessoal (privação de liberdade) ao passo que a pena de caráter civil é sempre patrimonial. Por fim, a tipicidade é requisito no penal, mas no cível qualquer ação pode causar prejuízo e obrigar a reparação, ou seja, a culpabilidade é mais ampla.
Como vimos anteriormente, as esferas de responsabilidade são autônomas, de modo que quando um fato que repercutir na esfera civil e penal, haverá o acionamento do mecanismo repercutório da responsabilidade civil, bem como a movimentação do sistema repressivo da responsabilidade penal. Para os romanos, não havia distinção entre uma e outra, sendo que tudo se resolvia com a pena imposta ao causador do dano (pessoa ou pecuniária). A Lex Aquilia Damno inseriu a discussão de culpa na responsabilidade e estabeleceu uma pequena distinção entre as esferas de responsabilização.
	PENAL
	CIVIL
	Depende de tipificação
	O ilícito civil, em regra, não está vinculado a uma conduta típica, sendo que qualquer ação pode causar prejuízo e gerar o dever de reparar.
	Aplicação de sanção (fim de ressocialização)
	Reparação do dano (fim compensatório)
	A sentença penal pode influenciar a cível, como a sentença condenatória que demandará apenas a liquidação no cível para definição do quantum indenizatório.
	A sentença cível não influencia a penal
	Responsabilidade pessoal e intransferível, como aplicação de pena privativa de liberdade
	Responsabilidade patrimonial
	Imputabilidade, pois a responsabilidade é imposta apenas ao maior e capaz.
	Responsabilidade patrimonial, podendo atingir também os bens do menor (art. 928)
	Há violação de norma de ordem pública
	Há violação de norma de ordem privada
EFEITOS DA RESPONSABILIDADE PENAL SOBRE A CIVIL: é sabido que a sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível no que diz respeito ao dever de indenizar, logo, sempre que a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, a prescrição cível não correrá antes da respectiva sentença, de modo que ficará a cargo da vítima interpor ação apartada ou esperar a ação penal.
Trata-se da ação ex delito, para a qual o art. 200 do CC estabelece uma causa de suspensão da prescrição, segundo o STJ, para quando houver relação de prejudicialidade entre o fato a ser apurado na esfera penal e suas consequências na cível. No entanto, há quem entenda que se trata de impedimento, não começando a correr enquanto não houvesse a sentença condenatória penal, ou de interrupção, de modo que correria o prazo até o oferecimento da denúncia e, se até lá não prescrever, interrompe-se, zerando-o após a sentença condenatória.
SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA:
· Inexistência de crime – não faz coisa julgada.
· Inexistência do fato – faz coisa julgada. Não quer dizer que não houve fato típico, mas não houve o fato relatado, de modo que não haveria porquê haver responsabilidade civil.
· Inexistência\Insuficiência de prova – não faz coisa julgada.
· Negativa de autoria – faz coisa julgada.
· Motivo peculiar do direito penal (tipicidade, culpabilidade) – não
afeta o cível.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL: diz respeito à natureza do vínculo que ligam aquelas pessoas, levando em consideração a existência e o descumprimento de uma obrigação de natureza contratual (art. 389/395) ou o simples ilícito civil (art. 186/187). Por exemplo, se está andando na faculdade e esbarra em um colega de trabalho, derrubando o seu celular, o vínculo é extracontratual, decorrendo a responsabilidade de um simples ilícito civil. Por outro lado, por exemplo, se havia um contrato entre esses mesmos colegas de trabalho de prestação de serviços que foi descumprido, a responsabilidade é contratual.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA: será subjetiva quando o dano decorrer de conduta culposa do autor, cabendo à vítima provar a culpa (gênero) do autor do dano. Por outro lado, será objetiva quando a responsabilidade se der pelo risco da atividade ou previsão legal, de modo que independe de culpa do agente causador do dano. A base da responsabilidade continua sendo a subjetiva, no entanto, existem situações de responsabilidade decorrentes de atos lícitos e, ainda, por situações específicas que não sejam as subjetivas e objetivas.
RESPONSABILIDADE DIRETA OU INDIRETA: a regra é a responsabilidade direta, em que cada um responde pela sua própria conduta. Existe, ainda, a responsabilidade indireta, em que um terceiro responde pela conduta do autor do dano, em razão da existência de vínculo jurídico preexistente entre o autor e o terceiro. Não confundir com dano indireto.
CONTEXTO HISTÓRICO: o instituto da RC sofreu expressiva alteração no curso da história. Antigamente, a responsabilidade aparecia como uma reação direta e violenta contra o causador do dano. A vingança privada (vendetta) era uma reação imediata e coletiva em que não havia qualquer controle, limite ou proporcionalidade entre o fato e a sanção. 
Os Romanos inseriram a ideia de delito (controle mínimo), mas não existia distinção entre delito penal e civil, nem existia a ideia de culpa como requisito de responsabilidade. A Lei de Talião insere um início de reciprocidade e proporcionalidade na vingança com a adoção da máxima: olho por olho, dente por dente. Já o Código de Hamurabi (1780 a.c) traz como inovação o poder público decidindo quando e como a vítima pode exercer a retaliação.
Composição: a partir da Lei das XII Tábuas, do Código de Ur-Nammu e do Código de Manu tem início a fase de composição, em que há a substituição da violência pela compensação econômica do dano. Tratava-se de uma composição tarifada, em que o quantum era fixo e obrigatório. Posteriormente, a Lex Poetelia Papiria (326 a.c) trouxe a substituição das penas pessoais e corporais pelas patrimoniais. Por fim, a Lex Aquilia Damno (286 a.c) inseriu a culpa como elemento necessário à configuração da responsabilidade civil, estabelecendo as primeiras distinções entre a responsabilidade civil e a criminal e fixando o início da fase de reparação do dano pela aplicação da sanção pecuniária. Para tal, o Estado assume definitivamente o ius puniendi, tomando para si a função de punir os ofensores da ordem jurídica.
Os Franceses desenvolvem a ideia de culpa contratual (civil) e delitual (penal) e apresentam a distinção entre reparação (compensação) e responsabilidade (garantia). A Revolução Francesa (Estado Liberal) traz a ideia da liberdade irrestrita, da igualdade e da fraternidade (boa-fé), juntamente com o instituto da autonomia da vontade e o pacta sunt servanda. Com o Código Civil Francês (1804) - Código de Napoleão, restou diferenciada expressamente a responsabilidade civil da responsabilidade penal.
Com a Revolução Industrial, houve um surto do progresso e multiplicação dos danos, principalmente decorrentes de acidentes de trabalho. Perceberam que a responsabilidade fundada exclusivamente na culpa não atendia os problemas sociais, então houve uma expansão da responsabilidade com a aplicação da presunção da culpa do agente, surgindo, portanto, a Teoria do Risco e da Responsabilidade Objetiva, ou seja, aquele que lucra com uma situação deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes (ubi emolumentum, ibi ônus e ubi commoda, ubi incommoda).
Nesse cenário do Estado Liberal e da Revolução Industrial, existe uma exploração da mão-de-obra (muito trabalho e salários baixos), com a exploração de mulheres e crianças em péssimas condições de trabalho. O que há é um descompasso entre a liberdade irrestrita e a dignidade do indivíduo (civil/constitucional). Desse modo, há a evolução da tríade axionômica para Liberdade como autonomia privada, Igualdade como isonomia substancial e Fraternidade como solidarismo constitucional, desenvolvendo uma nova visão sistêmica do direito, o Direito Civil Constitucional. Com o princípio da solidariedade social, com disposições constitucionais de responsabilidade objetiva, pode-se dizer que houve uma releitura da Responsabilidade Civil.
FONTE DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR: o novo código civil não restringe a responsabilidade somente aos atos ilícitos, adicionando, também, a responsabilidade por atos lícitos, quando age em estado de necessidade, por exemplo. No fim das contas, todo ato que gerar prejuízo resultará na responsabilidade civil, seja lícito ou ilícito.
Ato ilícito: a teoria geral do fato jurídico denomina o evento danoso decorrente da natureza como fato jurídico em sentido estrito, enquanto o comportamento humano comissivo ou omissivo se chama ato jurídico, que por sua vez subdivide-se em ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico.
O ato ilícito destaca-se como espécie do ato jurídico, encerrando a ideia de um comportamento humano voluntário, comissivo ou omissivo, desejada ou indesejada, violadora do dever geral de não lesar e cujos efeitos são contrários ao direito (dano), causando dano a um terceiro (vítima).
A noção de ato ilícito é fundamental para a responsabilidade civil. Com efeito, o ato ilícito é fonte primeira (fato gerador) da responsabilidade civil, pois a violação de uma obrigação (primária ou originária) legal ou contratual enseja no surgimento de uma obrigação secundária consistente no dever de reparar o dano, ou seja, na responsabilidade civil. No entanto, é importante ressaltar que o ato ilícito não necessariamente gera o dever de reparar, tendo, para isso, que haver dano a outrem. Vejamos, toda conduta contrária a norma jurídica é ilícita, pois transgrediu um dever jurídico, mas nem todas gerarão responsabilidade civil, somente aquelas que gerarem danos a alguém.
· Duplo aspecto da ilicitude
· Objetivo (amplo) – trata-se de toda conduta contrária ao Direito. São atos objetivamente ilícitos, independentemente da vontade/consciência do sujeito, basta o caráter socialmente nocivo do ato ou do seu resultado. A culpa não integra o conceito de ato ilícito do aspecto amplo. Em sentido amplo, o ato ilícito indica apenas a ilicitude do ato, ou seja, a conduta antijurídica (contrária ao Direito) sem qualquer referência ao elemento subjetivo (análise culposa do agente), é o chamado Ato Ilícito Lato Sensu. Para a responsabilidade Objetiva bastará a ilicitude em sentido amplo.
· Subjetivo (estrito) – a qualificação de uma conduta como ilícita implica fazer um juízo de valor a seu respeito. A ilicitude só aparece quando a conduta contrária ao Direito decorre da vontade (culpa) do agente. Há juízo de valor sobre a conduta do agente. A culpa integra o conceito de ato ilícito no aspecto estrito, tendo que ser uma conduta ilícita e culposa. Em sentido estrito o ato ilícito é o conjunto de pressupostos da responsabilidade ou da obrigação de indenizar fundada em culpa. Em sede de responsabilidade subjetiva a culpa integrará o conceito de ato ilícito e caracterizará um dos seus pressupostos.
Exclusão da ilicitude: nem todo ato danoso é ilícito, assim como nem todo ato ilícito é danoso. A ilicitude está vinculada a ideia de conduta contrária ao Direito. A obrigação de indenizar só existe quando alguém pratica uma conduta danosa a outrem, seja ela considerada ilícita ou lícita. Nos casos previstos
no art. 188 do CC (excludentes da ilicitude), a conduta não viola dever jurídico porque está albergada por previsão legal, muito embora cause dano a outrem. No sistema atual, também existe responsabilidade por ato lícito. Dever de indenizar por ato ilícito (art. 929 e 930).
· Exercício regular de um Direito – é o direito exercido regularmente, de acordo com o boa-fé, o fim econômico e social. Ou seja, agir em conformidade com a lei não gera responsabilidade ainda que seja nocivo a outrem, como uma pessoa cobrando uma dívida ou propondo uma ação contra outra. No entanto, existe o abuso do direito quando o exercício excede os limites estabelecidos na lei. A responsabilidade decorrente de abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico, ou seja, não precisa provar culpa na conduta do agente.
· Legítima Defesa – trata-se de repelir injusta agressão, a si ou a terceiro, utilizando moderadamente os meios necessários (art. 25 do CP). Existe a legítima defesa tanto no direito civil quanto no direito penal. Tanto a legítima defesa real quanto a putativa gera responsabilidade civil, mas somente a legítima defesa real (agressão atual e iminente) exclui a ilicitude, a legítima defesa putativa não exclui a ilicitude.
· Estado de necessidade – trata-se de conduta que destrói ou deteriora coisa alheia para afastar perigo eminente, desde que seja limitada à remoção do perigo. A responsabilidade do agente continua, mas não afasta o dever do causador indireto do dano indenizar o agente em direito de regresso.
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL: a configuração da obrigação de reparar o dano demanda a união de três pressupostos: conduta humana e voluntária, nexo causal e dano. Não deve confundir a voluntariedade da conduta com intenção de causar o dano, pois ela somente significa que a pessoa tem consciência do que está fazendo, ou seja, que não se trata de um ato reflexo (sem consciência, como o sonambulismo), que não constituem conduta pela inexistência de vontade, como o sonambulismo, a hipnose, o estado de inconsciência e a coação física absoluta. Os atos de inimputáveis que causem dano devem ser indenizados. Por fim, a culpa não é pressuposto geral da responsabilidade civil, mas sim elemento essencial da Responsabilidade Subjetiva. Sem a comprovação de qualquer um dos pressupostos não configura o dever de indenizar.
· Dano – é um prejuízo, seja ele material, moral, social, existencial, etc.
· Nexo Causal – direto e imediato entre a conduta e o dano. Os principais excludentes de nexo causal são: culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro e caso fortuito ou força maior.
Conduta humana: é o comportamento humano voluntário que se exterioriza através de uma ação ou omissão produzindo consequências jurídicas (Cavalieri). Como já dito, voluntariedade resulta da liberdade de escolha do agente imputável, não se confundindo com intencionalidade de causar o dano, mas tão somente de ter consciência do que está fazendo. Não há voluntariedade nos atos reflexos. A conduta voluntária está presente como elemento tanto da Responsabilidade Subjetiva (fundada em culpa) quanto da Responsabilidade Objetiva (fundada no risco), visto que o autor do dano age com sua livre capacidade de autodeterminação. Excepcionalmente, existem situações em que não haverá uma conduta humana propriamente dita, mas ainda haverá responsabilidade em decorrência da lei (responsabilidade por risco integral), como quando o seu cachorro ataca alguém porque fugiu de casa.
· Ato ilícito
· Ato lícito (arts. 929 e 930) – como vimos acima, o estado de necessidade e a legítima defesa podem excluir a ilicitude, mas não excluem o dever de indenizar.
· Atividade de risco (lei) – como regra geral, apenas os fatos humanos ensejam o dever de indenizar, pois são os sujeitos de direito. No entanto, existem ocasiões em que não haverá uma conduta humana propriamente dita, mas haverá responsabilidade porque a lei assim prevê. Por exemplo, o cachorro morde um vizinho; o vaso de planta que estava na varanda cai no carro do vizinho, etc.
· Fatos jurídicos provenientes da natureza não tem o condão de gerar responsabilidade e, portanto, indenização, salvo no caso de Responsabilidade por Risco Integral.
Imputabilidade: trata-se de um conjunto de condições pessoais que dão ao agente a capacidade para entender as consequências de seus atos e o dever de responder pelas suas ações contrárias a ordem jurídica. Ou seja, imputável é aquele que podia e devia ter agido de forma diversa, pois tem consciência do que estava fazendo. Imputabilidade é elemento básico para se atribuir ao agente a responsabilidade por seus atos. Com a mudança da lei, doentes mentais não são mais considerados incapazes, de modo que eles respondem diretamente por seus atos.
· Maturidade – significa o desenvolvimento mental do sujeito, logo, é tido como um critério estabelecido para a configuração da imputabilidade. A legislação civil prevê o critério temporal (maioridade) como primeiro critério para a imputabilidade. Ou seja, os menores de 16 anos são inimputáveis por faltar-lhes maturidade para se autodeterminar. Desse modo, os pais e os tutores respondem pelos atos dos filhos menores e tutelados. Os maiores de 16 anos e menores de 18 são considerados relativamente capazes e, segundo o art. 116 do ECA, se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada. Esse tema é analisado mais especificamente logo abaixo.
· Sanidade Mental – representa a higidez mental do sujeito de direito. A insanidade é uma característica das pessoas portadoras de enfermidade ou doença mental que têm o discernimento comprometido.
Ação ou omissão: a omissão é abstenção de conduta devida, ou seja, é a conduta negativa de quem tinha a obrigação de agir para impedir o resultado.
Dano\prejuízo: a ilicitude não acompanha necessariamente a ação humana danosa ensejadora da responsabilização, visto que há responsabilidade por ato lícito. A culpa também não integra essencialmente o rol de pressupostos da RC, tampouco é elemento da conduta humana ensejadora de responsabilidade civil, salvo em se tratando de responsabilidade subjetiva, quando o elemento culpa deverá ser efetivamente provado para caracterizar o dever de indenizar. Nesse caso, a responsabilidade subjetiva não decorre apenas da prática de uma conduta lesiva, exige-se que a conduta seja ilícita (culpável), ou seja, que haja consciência da violação e das consequências do ato praticado.
RESPONSABILIDADE DOS INCAPAZES: responde de forma indireta porque a responsabilidade é subsidiária, de modo que os responsáveis legais respondem primeiro com seus respectivos patrimônios.
Segundo Cavalieri, o restabelecimento do equilíbrio social violado pelo dano deve ser o denominador comum de todos os sistemas de responsabilidade civil, estabelecendo-se como normal fundamental que a composição ou restauração econômica se faça sempre que possível à custa do ofensor. 
O Código Civil adotou a responsabilidade mitigada e subsidiária dos incapazes. Desse modo, respondem pelos danos causados pelo incapaz, primeiramente, os responsáveis legais (pais, tutores, curadores, etc.) e, subsidiariamente, o próprio incapaz, se tiverem patrimônio o suficiente para dispor sem privar do necessário o próprio incapaz ou pessoas que dele dependem.
O art. 928 do CC determina que o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Os pais não responderão no lugar do incapaz quando, por exemplo, a pena aplicada for medida sócio-educativa de composição de dano, devendo o próprio incapaz responder pelas consequências.
Por fim, o menor responde solidariamente com os responsáveis quando for emancipado voluntariamente pelos pais.
No entanto, se a emancipação for legal, não há responsabilidade para os responsáveis.
Enunciado 39 – Art. 928: a impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana. Como consequência, também os pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessário à manutenção de sua dignidade. 
Enunciado 40 – Art. 928: o incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas sócio-educativas ali previstas.
Enunciado 41 – Art. 928: a única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil.
CONDUTA CULPOSA: é a conduta voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, com a produção de um evento danoso involuntário, porem previsto ou previsível. A culpa lato sensu é uma espécie de conduta contrária ao direito, seja intencional (dolo) ou não (culpa stricto sensu). Trata-se de um descumprimento de um dever de cuidado que o agente podia conhecer e observar (previsibilidade), ou a omissão de diligência exigível.
Seria, portanto, um comportamento ou conduta que viola a norma por falta de cuidado. Há a comparação da conduta do agente causador do dano com o comportamento do homem médio, que seguiria um padrão de normalidade. Então, haverá culpa sempre que a conduta analisada não fosse praticada pelo homem médio (comportamento padrão).
A culpa só é indispensável como elemento essencial na Responsabilidade Subjetiva, mas ela é necessária para determinação do quantum indenizatório em qualquer uma das modalidades. Ou seja, a indenização se mede pela extensão do dano e proporção entre a gravidade da culpa e o dano (art. 944). A caracterização da conduta culposa e a classificação da culpa conforme sua gravidade (grave, leve ou levíssima) interfere na definição do quantum indenizatório.
Enunciado 46 (com nova redação dada pelo Enunciado 380): a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma exceção ao princípio da reparação integral do dano.
Elementos da conduta culposa: 
· Conduta voluntária com resultado involuntário. Como já foi dito, o ato reflexo não gera responsabilidade, como os danos decorrentes de coação física absoluta, hipnose, sonambulismo e estados de inconsciência.
· Imputabilidade. Também é necessário que o agente tenha o discernimento suficiente para compreender os efeitos da sua conduta.
· Previsão ou previsibilidade do resultado. Ou seja, ao praticar a conduta, o agente tem consciência que aquele resultado pode vir a acontecer; é mentalmente esperado. Não é uma previsão genérica, mas sim relativa as circunstâncias do momento da realização da conduta.
· Falta de cuidado. Ou seja, seria uma conduta mal dirigida, por vontade ou inaptidão, considerando as condições pessoais do sujeito.
IMPORTANTE...
 A culpa é elemento indispensável na responsabilidade subjetiva.
 O ordenamento jurídico civil não distingue as consequências do sujeito que age com culpa (negligência, imprudência e imperícia) ou com dolo. A responsabilidade é a mesma quanto à fixação do dever de reparar.
 A doutrina distingue o dolo da culpa. O dolo caracteriza-se por uma conduta que já nasce ilícita, posto ser intencional e direcionada ao cometimento do prejuízo. 
 A culpa é uma conduta que nasce lícita e desvia no resultado para a ilicitude. O resultado não foi intencional, mas provocado por inobservância do dever de cuidado.
Dolo: é a vontade conscientemente dirigida à produção de um resultado ilícito. O dolo eventual, ou dolo indireto, ocorre quando há previsão do resultado e o agente não o quer diretamente, mas assume o risco de produzi-lo. A diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente reside no fato de que no primeiro, o agente assume o risco de produzir o resultado (foda-se), enquanto na segunda o agente acredita sinceramente que o evento danoso não irá ocorrer (fudeu).
Elementos do dolo:
· Representação: é a previsão, antevisão mental do resultado.
· Consciência da ilicitude;
Culpa em sentido estrito: é considerada como a conduta voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, com a produção de um evento danoso involuntário, porém previsto ou previsível. A culpa surge quando o agente negligencia o seu dever de cuidado. O agente poderia e deveria tomar atitude diversa daquela que tomou, ou seja, é cautela, atenção e diligência que o sujeito de direito deve ter para não causar dano a ninguém.
· Imprudência - falta de cautela por conduta comissiva (ação).
· Negligência - falta de cautela por conduta omissiva (omissão). Nesse caso. O agente tinha o dever legal de agir e não o fez. Por exemplo, um bombeiro viu alguém se afogando e não ajudou.
· Imperícia - falta de habilidade no exercício de atividade técnica. Tecnicamente, a imperícia foi retirada do Código Civil porque pode ser caracterizada tanto como negligência como imprudência. No entanto, a jurisprudência continua aplicando a imperícia.
CLASSIFICAÇÃO DA CULPA: 
Atuação do agente:
· In comittendo (ação - imprudência)
· In omittendo (omissão - negligência)
Análise do aplicador:
· Abstrata (homem médio)
· Concreta (caso concreto) - prevalece a análise do caso concreto.
Presunção: essas culpas presumidas abaixo perderam campo na esfera da responsabilidade extracontratual porque foram substituídas pela figura da Responsabilidade Objetiva. É diferente de falar que a culpa presumida não existe, mas somente essas em específico.
· In viligando
· In eligendo
· In custodiendo (guarda de coisa ou animal)
- Culpa presumida: a lei com o escopo de facilitar a prova da culpa e do ato ilícito estabelece presunções juris tantum de sua existência. 
· A presunção da culpa na esfera extracontratual está superada pela adoção da responsabilidade objetiva (Enunciados 450 e 451 do CJF). 
· Aplicada essencialmente nos casos de responsabilidade contratual demanda a inversão do ônus da prova, fazendo com que o causador do dano tenha que provar a licitude de sua conduta.
· A culpa subjetiva do agente se presume do próprio fato, basta que a vítima prove a relação de causa e efeito entre o ato e o dano. 
· Para derrubar a presunção de culpa o autor do dano deverá provar a inexistência de culpa na sua conduta. 
· Conhecida também, impropriamente, como culpa in re ipsa, ou seja, a culpa deriva inexoravelmente das circunstâncias em que ocorre o fato danoso, bastando a prova do fato para provar a culpa do agente. É automática, presumida dos próprios fatos. 
· Caberá ao agente afastar a culpa e não ao ofendido prová-la. Ao ofendido bastará a prova dos fatos.
 Grau de culpa: segundo o caso concreto, analisa-se a culpa para determinar o quantum indenizatório.
· Grave – falta grosseira/descuido injustificável. Embora não intencional, a falta de cuidado demonstra que o agente atuou como se quisesse ou aceitasse o resultado negativo. No caso de um advogado, seria perder um prazo, por exemplo.
· Leve – é a falta de diligência média, que qualquer homem normal teria e que poderia ser evitada com atenção ordinária. No caso de um advogado, seria um descuido na distribuição eletrônica, por exemplo.
· Levíssima – é a falta cometida por força de conduta que escapa do comportamento padrão do homem médio, do padrão de normalidade. Requer atenção extraordinária ou conhecimentos específicos. 
No Direito Civil a culpa não interfere na caracterização do
prejuízo. No Direito Penal a culpa configura elemento do tipo e é considerada essencial para a fixação da pena. Quando o juiz entender, na fixação do quantum indenizatório, que o valor está em descompasso com o grau de culpa mínimo, pode diminui-lo. Então, no Direito Civil, não há distinção entre a culpa e o dolo pra fixar o dever de indenizar, mas há interferência do grau de culpa para fixação do quantum indenizatório (art. 944), inclusive na responsabilidade objetiva (Enunciado 46 e 380 das Jornadas de Direito Civil – CJF). No entanto, não pode-se utilizar do grau de culpa para aumentar a indenização, devendo esta ser o suficiente apenas para reparar o dano.
Culpa contra a legalidade: dever violado resulta de texto expresso de lei ou regulamento. A simples desobediência da norma cria a presunção da culpa. 
Culpa in contrahendo: decorre do comportamento do agente na fase pré-contratual (fase das negociações preliminares) que viola o princípio da boa-fé. Trata-se de conduta por parte do agente, ainda na fase de negociações, no intuito de protelar o fechamento do contrato ou enganar o outro agente. Se comprovada a má-fé, há culpa in contrahendo.
Culpa concorrente: quando paralelamente a conduta do agente causador do dano há, também, conduta culposa da vítima. Ou seja, o prejuízo decorre do comportamento culposo de ambos. Desse modo, como houve concorrência de culpas, as indenizações são fixadas em razão do grau de culpa de cada agente. No entanto, é preciso ter atenção, pois nem sempre o ato culposo da vítima importará em culpa concorrente, uma vez que na responsabilidade adota-se a teoria da causa adequada e não da equivalência das condições. A tese da culpa concorrente não é exatamente uma tese de defesa, pois estará assumindo responsabilidade. 
I Jornada - Enunciado 46 – Art. 944: a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma exceção ao princípio da reparação integral do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva. 
IV Jornada - Enunciado 379 – Art. 944: O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil.
IV Jornada - Enunciado 380 – Art. 944: Atribui-se nova redação ao Enunciado n. 46 da I Jornada de Direito Civil, pela supressão da parte final: não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva. 
V Jornada - Enunciado 457 – Art. 944: A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional e somente será realizada quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente. 
V Jornada - Enunciado 458 – Art. 944: O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser levado em conta pelo juiz para a quantificação do dano moral.
CULPA E ATO ILÍCITO: o ato ilícito destaca-se como espécie do ato jurídico, encerrando a ideia de um comportamento humano voluntário comissivo ou omissivo contrário ao direito e que causa dano a um terceiro (vítima). A noção de ato ilícito é fundamental para a responsabilidade civil. Com efeito, o ato ilícito é fonte primeira da responsabilidade civil, pois a violação de uma obrigação (primária ou originária) legal ou contratual enseja no surgimento de uma obrigação secundária consistente no dever de reparar o dano, ou seja, na responsabilidade civil. 
Para Cavalieri, o fato gerador da Responsabilidade Civil é o ato ilícito, que seria a conduta humana voluntária, omissiva ou comissiva, desejada (dolo) ou indesejada (negligência, imprudência ou imperícia), violadora do dever geral de não lesar e cujos efeitos são contrários ao direito, os chamados danos.
No mesmo sentido, San Tiago Dantas diz que ilícito é a transgressão de um dever jurídico, logo, toda conduta contrária a norma jurídica é ilícita (ilicitude).
Duplo aspecto da ilicitude: 
· Objetivo (amplo) – toda conduta contrária ao Direito. São atos objetivamente ilícitos, independentemente da vontade/consciência do sujeito, basta o caráter socialmente nocivo do ato ou do seu resultado. A culpa não integra o conceito de ato ilícito do aspecto amplo.
· Subjetivo (estrito) – a qualificação de uma conduta como ilícita implica fazer um juízo de valor a seu respeito. A ilicitude só aparece quando a conduta contrária ao Direito decorre da vontade (culpa) do agente. Há juízo de valor da conduta do agente. 
A culpa integra o conceito de ato ilícito. Em sentido amplo, o ato ilícito indica apenas a ilicitude do ato, ou seja, a conduta antijurídica (contrária ao Direito) sem qualquer referência ao elemento subjetivo (análise culposa do agente), chamado de ato ilícito lato sensu. Em sentido estrito, o ato ilícito é o conjunto de pressupostos da responsabilidade ou da obrigação de indenizar fundada em culpa. Em sede de Responsabilidade Subjetiva, a culpa integrará o conceito de ato ilícito e caracterizará um dos seus pressupostos. Já para a Responsabilidade Objetiva, bastará a ilicitude em sentido amplo.
RESPONSABILIDADE SEM CULPA (RISCO): aquele que causa dano a outrem no exercício de atividade perigosa, por sua natureza ou pela natureza dos meios adotados é obrigado a indenizar os prejuízos. O risco abrange toda exposição de terceiro à possibilidade de dano. Há responsabilidade independentemente de culpa nos casos previstos em lei ou quando a atividade desempenhada criar risco ao direito de outrem. A culpa pode ou não existir, mas será sempre irrelevante para configuração do dever de indenizar.
A Responsabilidade Objetiva não está definida exclusivamente na lei, havendo casos definidos pela doutrina e jurisprudência. A Cláusula Geral da Responsabilidade Objetiva possibilita ao juiz adotar a responsabilidade sem culpa por meio da análise do caso concreto e da verificação da conduta da parte e do meio social ao qual pertence.
A teoria do risco surge para sustentar a responsabilidade objetiva e excluir a análise da culpa para a reparação do dano, conforme o artigo abaixo:
Art. 927. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Toda vez que, por conta do risco inerente à própria atividade, ocorrer um dano, a responsabilidade será objetiva. 
V Jornada de Direito Civil - Enunciado 448: A regra do art. 927, parágrafo único, segunda parte, do CC aplica-se sempre que a atividade normalmente desenvolvida, mesmo sem defeito e não essencialmente perigosa, induza, por sua natureza, risco especial e diferenciado aos direitos de outrem. São critérios de avaliação desse risco, entre outros, a estatística, a prova técnica e as máximas de experiência.
V Jornada de Direito Civil - Enunciado 446: A responsabilidade civil prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do Código Civil deve levar em consideração não apenas a proteção da vítima e a atividade do ofensor, mas também a prevenção e o interesse da sociedade.
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 555: "Os direitos de outrem" mencionados no parágrafo único do art. 927 do Código Civil devem abranger não apenas a vida e a integridade física, mas também outros direitos, de caráter patrimonial ou extrapatrimonial.
Teorias do risco: 
· Risco Proveito – o responsável é aquele que tira proveito (vantagem lucrativa) da atividade danosa. Ubi emolumentum, ibi onus (onde está o bônus está o ônus). Quem colhe os frutos da atividade ou da coisa deve experimentar as consequências prejudiciais que dela decorrem. Ex. transporte aéreo, relações de consumo, etc.
· Risco Criado – aquele que em razão de sua atividade (conduta ou profissão) cria um perigo está sujeito à reparação do dano que causar. Por exemplo, o artigo 938 atribui responsabilidade ao dono do prédio pelas coisas que dele caírem e causarem danos. É uma ampliação do risco-proveito, pois a vítima não precisa
provar que o dano decorreu de uma vantagem ao causador, aumentando os encargos do agente. 
· Risco Integral – modalidade extremada da doutrina do risco pois obriga indenizar até nos casos de inexistência do nexo causal. O dever de indenizar existe simplesmente pela existência do dano. Por exemplo, o dano ambiental (poluidor pagador) e o dano nuclear.
DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO AMBIENTAL. LUCROS CESSANTES AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. CABIMENTO. 1. A legislação de regência e os princípios jurídicos que devem nortear o raciocínio jurídico do julgador para a solução da lide encontram-se insculpidos não no códice civilista brasileiro, mas sim no art. 225, § 3º, da CF e na Lei 6.938/81, art. 14, § 1º, que adotou a teoria do risco integral, impondo ao poluidor ambiental responsabilidade objetiva integral. Isso implica o dever de reparar independentemente de a poluição causada ter-se dado em decorrência de ato ilícito ou não, não incidindo, nessa situação, nenhuma excludente de responsabilidade. Precedentes. 2. Demandas ambientais, tendo em vista respeitarem bem público de titularidade difusa, cujo direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é de natureza indisponível, com incidência de responsabilidade civil integral objetiva, implicam uma atuação jurisdicional de extrema complexidade. 3. O Tribunal local, em face da complexidade probatória que envolve demanda ambiental, como é o caso, e diante da hipossuficiência técnica e financeira do autor, entendeu pela inversão do ônus da prova. Cabimento. 4. A agravante, em seu arrazoado, não deduz argumentação jurídica nova alguma capaz de modificar a decisão ora agravada, que se mantém, na íntegra, por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1412664/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 11/03/2014)
· Risco Profissional – o dever de indenizar decorre de o fato prejudicial ser fruto da atividade profissional do lesado, como um acidente de trabalho.
· Risco Excepcional – ocorre sempre que o dano é consequência de um risco extraordinário, que ultrapassa a atividade comum e normal. Por exemplo, trabalho em rede elétrica de alta tensão, exploração de atividade radioativa, etc. Não é muito utilizada em razão de sua abrangência.
· Risco Administrativo – a ação administrativa cria um risco específico para a sociedade e implica na chamada Responsabilidade Civil do Estado. Não são todos os casos de responsabilidade do Estado que incide a responsabilidade objetiva. No caso de omissão do Estado (quando o serviço não funciona, funciona mal ou atrasado) a responsabilidade será subjetiva, fundada na culpa anônima ou falta do serviço (decorrente da gestão estatal). 
DANO: é a lesão a um interesse jurídico tutelado, seja patrimonial ou não, causado por ação ou omissão do sujeito infrator. O dano configura elemento essencial para caracterizar o dever de indenizar e sua prova cabe ao autor da ação (vítima). A existência do dano (an debeatur) pode ser presumido quando a lei autorizar, mas o quantum debeatur (extensão do dano) não pode ser presumido. O fato de haver dano presumido não significa dizer que se admite dano hipotético ou eventual. Vejamos jurisprudência acerca do dano material presumido:
4. O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza jurídica dupla: danos emergentes (dano positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos exigem efetiva comprovação, não se admitindo indenização em caráter hipotético, ou presumido, dissociada da realidade efetivamente provada. Precedentes. 5. Quando reconhecido o direito à indenização (an debeatur), o quantum debeatur pode ser discutido em liquidação da sentença por arbitramento, em conformidade com o art. 475-C do CPC. 6. Não comprovada a extensão do dano (quantum debeatur), possível enquadrar-se em liquidação com "dano zero", ou "sem resultado positivo", ainda que reconhecido o dever da União em indenizar (an debeatur). (REsp 1347136/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe 07/03/2014)
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. FALECIMENTO DA FILHA DA AUTORA, MENOR DE IDADE, EM DECORRÊNCIA DE ATROPELAMENTO EM LINHA FÉRREA. 1. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. MAJORAÇÃO. CABIMENTO. 2. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA. DANOS MATERIAIS PRESUMIDOS. 3. CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL. NECESSIDADE. 4.TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. DATA DO EVENTO DANOSO. 5. RECURSO PROVIDO.(REsp 1325034/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/04/2015, DJe 11/05/2015)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MARCA. EXCLUSIVIDADE. USO INDEVIDO. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. MESMO SEGMENTO PROFISSIONAL. CONFUSÃO. INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL PRESUMIDO. POSSIBILIDADE. 1. As instâncias ordinárias, à luz dos elementos fático-probatórios coligidos aos autos, entenderam que houve usurpação do direito da marca pertencente à ora agravada. Impossibilidade de revisão. Súmula nº 7/STJ. 2. A jurisprudência desta Corte admite a presunção do dano material decorrente de violação do direito de marca. Inteligência do artigo 129 da Lei nº 9.279/1996. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1281710/MG, julgado em 14/10/2014, DJe 21/10/2014)
Cavalieri afirma que pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano, pois sem dano não há o que reparar, ainda que a conduta lesiva tenha sido culposa ou até dolosa. Se assim o fosse, a indenização geraria enriquecimento ilícito. No entanto, havendo dano, a indenização deve corresponder a exata extensão do dano (princípio do restitutio in integrum). O dano patrimonial causa diminuição patrimonial e o moral lesiona os direitos de personalidade.
V Jornada de Direito Civil - Enunciado 456: A expressão "dano" no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas.
IMPORTANTE...
 O dano tem que ser certo, seja presente ou futuro (lucro cessante). 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor (lato sensu) abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (dano emergente) o que razoavelmente (efetivamente) deixou de lucrar (lucro cessante). 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
 Pode existir dano presumido pela lei. Na responsabilidade contratual, a cláusula penal é considerada como forma de liquidação antecipada dos danos.
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Requisitos do dano indenizável:
· Violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial
· Certeza do dano – o dano precisa ser efetivo, haja vista que o dano abstrato ou hipotético não gera responsabilidade.
· Subsistência do dano – o dano não pode já ter sido reparado. O ideal é que o acordo já inclua todos os prejuízos.
O dano in re ipsa vem perdendo espaço a cada dia na jurisprudência, inclusive no que tange ao dano moral, onde era amplamente aceito. Dano in re ipsa é aquele que decorre de forma automática, ou seja, presumido do próprio fato. Atualmente o STJ tem adotado o posicionamento do dano/prejuízo in re ipsa no caso de dispensa indevida de licitação.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE. INDEVIDA DISPENSA DE LICITAÇÃO. DANO AO ERÁRIO. RESSARCIMENTO. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CARACTERIZAÇÃO DE CULPA DA EMPRESA CONTRATADA. PROVA DO PREJUÍZO. DANO
IN RE IPSA. NECESSIDADE DE PRÉVIO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, INACUMULATIVIDADE DE PENAS E IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO INTEGRAL DO QUE FOI RECEBIDO CARENTES DE PREQUESTIONAMENTO. DISCUSSÃO DOS TEMAS NO VOTO VENCIDO. SÚMULA 320/STJ. 3. A indevida dispensa de licitação, por impedir que a administração pública contrate a melhor proposta, causa dano in re ipsa, descabendo exigir do autor da ação civil pública prova a respeito do tema. Precedentes da Segunda Turma. (REsp 817.921/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 06/12/2012)
ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEI N. 8.429/92. DANO AO ERÁRIO. ACÓRDÃO A QUO BASEOU-SE EM PROVAS DOS AUTOS. SÚMULA 7/STJ. O DANO DEVE SER COMPROVADO E ACOMPANHADO DE DOLO OU CULPA. NÃO SE PRESUME O DANO. 1. Aferir a existência de má-fé por parte do administrador público a fim de contrariar o afirmado no acórdão recorrido, como requer o agravante, exigiria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, o que é vedado nesta instância, a teor da Súmula 7/STJ. 2. Ainda que assim não fosse, esta Corte tem entendimento de que, nas ações de improbidade administrativa, a lesão ao erário deve ser provada e deve vir acompanhada de dolo ou culpa do agente, o que não ficou demonstrado no acórdão recorrido, que entendeu pela "inabilidade" do prefeito, mas não pela existência de dolo ou culpa. (AgRg no REsp 1200085/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, julgado em 18/09/2012, DJe 19/12/2012)
Espécies de dano: a doutrina clássica apresenta dois grandes grupos na classificação dos danos (material e moral), todavia, atualmente é possível inserir o dano estético como uma terceira espécie de dano. As espécies de dano (material, moral e estético) são autônomas e independentes, ensejando cada qual a sua reparação. 
O dano estético apresenta controvérsia sobre sua natureza jurídica – se é espécie própria de dano ou classificação do dano moral. Atualmente a jurisprudência admite o dano estético como espécie autônoma de dano, com fixação de verba indenizatória distinta do dano material e moral. (Súmula 387 do STJ). 
III Jornada de Direito Civil - Enunciado 192: Os danos oriundos das situações previstas nos arts. 949 e 950 do Código Civil de 2002 devem ser analisados em conjunto, para o efeito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e estético.
Novos danos:
· Dano moral coletivo – decorre da violação aos direitos da personalidade em seu aspecto individual homogêneo ou coletivo em sentido estrito, em que as vítimas são determinadas ou determináveis (art. 81, parágrafo único, incisos II e III do CDC). A indenização é destinada a elas, vítimas, diferentemente do dano social, como se verá. Exemplo: anticoncepcionais de farinha.
· Dano social – afetam a vida da coletividade e decorrem de condutas socialmente reprováveis pelo grupo social. São interesses difusos e as vítimas são indeterminadas ou indetermináveis (art. 81, parágrafo único, I do CDC).
· Perda de uma chance – subtrai da vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor. Não integra nem o dano material, nem o dano moral.
PERDA DE UMA CHANCE (perte d'une chance): segundo o STJ, é aplicável quando o ato ilícito resulte na perda da oportunidade de alcançar uma situação futura melhor. Ou seja, representa o prejuízo real decorrente da perda de uma chance em razão da conduta ilícita. A conduta do agente tira da vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor. Na perda de uma chance o objeto da reparação é a perda da possibilidade de obter um ganho provável. Trata-se de uma teoria utilizada para compensar a frustração de uma possibilidade.
Requisitos:
· Probabilidade e certeza que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resulta em prejuízo. 
· Comprovação de que a chance era real e séria. 
V Jornada de Direito Civil - Enunciado 444: A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. A chance deve ser séria e real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos.
STJ: “As Turmas que compõem a Segunda Seção desta Corte vêm reconhecendo a possibilidade de indenização pelo benefício cuja chance de obter a parte perdeu, na hipótese em que tenha ocorrido um ato ilícito e que esse ato ilícito tenha tirado da vítima a oportunidade real, atual e certa de obter resultado que a beneficiaria.”
DANO PATRIMONIAL OU MATERIAL: é o dano suscetível de avaliação pecuniária, ou seja, é a lesão aos bens e direitos economicamente apreciáveis do seu titular que resultam em uma diminuição patrimonial, visto que atinge os bens integrantes do patrimônio da vítima. A reparação direta diz respeito à restauração ao estado anterior e a indireta é a reparação equivalente ou indenizatória. O titular da ação de ressarcimento é o ofendido ou seus dependentes econômicos. Segundo o art. 943, o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Dano emergente ou dano positivo: é efetivo prejuízo sofrido pela vítima. Importa efetiva e imediata diminuição do patrimônio da vítima em razão da conduta lesiva. Atinge o patrimônio presente. A reparação visa à restituição integral dos prejuízos sofridos.
Lucro cessante ou dano negativo: é a frustração da expectativa do lucro, aquilo que se deixará de ganhar em razão do ilícito. Corresponde àquilo que a vítima deixou razoavelmente (efetivamente) de lucrar em razão do dano. O arbitramento do lucro cessante é complicado em razão da probabilidade de perda patrimonial em razão do ato ilícito, pois atinge o patrimônio futuro da vítima.
a) Perda de um ganho esperado
b) Frustração da expectativa de lucro – é uma coisa certa, mas para o futuro.
c) Diminuição potencial do patrimônio
“O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza jurídica dupla: danos emergentes (dano positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos exigem efetiva comprovação, não se admitindo indenização em caráter hipotético, ou presumido, dissociada da realidade efetivamente provada. Precedentes. (REsp 1347136/DF, julgado em 11/12/2013) 
Dano material reflexo ou em ricochete: consiste no prejuízo que atinge reflexamente terceira pessoa, ligada à vítima direta. O agente causa um dano a vítima e indiretamente também atinge um terceiro ligado à vítima. O dano reflexo deve ser certo, de existência comprovada. Entra com uma ação em nome próprio e não no nome de quem foi diretamente atingido. É uma questão muito controversa na jurisprudência e depende de análise casuística.
Cavalieri entende que os danos reflexamente causados a terceiros não encontram cobertura direta na esfera da responsabilidade civil, mas seu entendimento já está superado no ramo civil. Por exemplo, à respeito disso, Stolze doutrina que, embora não seja de fácil caracterização, o dano reflexo ou em ricochete enseja a responsabilidade civil do infrator, desde que seja demonstrado o prejuízo à vítima indireta.
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 560: No plano patrimonial, a manifestação do dano reflexo ou por ricochete não se restringe às hipóteses previstas no art. 948 do Código Civil.
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 552: Constituem danos reflexos reparáveis as despesas suportadas pela operadora de plano de saúde decorrentes de complicações de procedimentos por ela não cobertos.
Perda de uma chance: como já falado, é um instituto admitido pelo STJ na ordem jurídica brasileira como sendo uma modalidade possível de mensuração do dano, utilizada quando em razão de ato ilícito a parte perde a oportunidade de obter uma vantagem. 
A conduta ilícita tira da vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor. O objeto da reparação é a perda da possibilidade de obter um ganho provável. Não é mero dano hipotético, devendo ser demonstrada com pelo menos 50% de probabilidade e certeza de que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resultou em prejuízo.
Há uma diferença
entre a perda da chance (oportunidade) e a perda do resultado (lucro cessante). Naquela, exige-se que a chance seja real e séria, que estabeleça uma efetiva oportunidade da vítima concorrer à situação futura esperada. Por exemplo, a perda do prazo por advogado para a propositura da ação ou interposição de recurso.
Há controvérsia sobre a natureza jurídica da perda de uma chance, se é modalidade de dano moral, ou se é lucro cessante, a exemplo do famoso caso do show do milhão (RESP 788459/BA), ou, ainda, se é subespécie de dano emergente ou se trata-se de categoria distinta de dano.
STJ: A jurisprudência desta Corte admite a responsabilidade civil e o consequente dever de reparação de possíveis prejuízos com fundamento na denominada teoria da perda de uma chance, "desde que séria e real a possibilidade de êxito, o que afasta qualquer reparação no caso de uma simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória (REsp 614.266/MG, DJe de 2/8/2013).
RECURSO ESPECIAL - PROCESSUAL CIVIL - CIVIL - TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE - PARTICIPAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE - ENVIO DA PROPOSTA PELO CORREIO A ESTADO DIVERSO DA FEDERAÇÃO - POSSIBILIDADE CONCRETA DE ÊXITO - PREJUÍZO REAL - ART. 159 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - SÚMULA Nº 7/STJ. CUSTAS PROCESSUAIS. ISENÇÃO. 1. A teoria da perda de uma chance incide em situações de responsabilidade contratual e extracontratual, desde que séria e real a possibilidade de êxito, o que afasta qualquer reparação no caso de uma simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória. 2. O êxito em licitação, possibilidade frustrada em virtude da conduta ilícita da empresa responsável pela entrega, em tempo hábil, da documentação devidamente enviada, enseja dano concreto, aferível à luz do art. 159 do Código Civil de 1916. 3. O exame relativo à mensuração do valor econômico da efetiva possibilidade da recorrida em obter o resultado útil esperado, caso a correspondência houvesse sido adequadamente enviada ao destino correto, resta insindicável, nesta instância processual, pelo óbice formal da Súmula nº 7/STJ. 4. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é isenta do recolhimento das custas processuais em decorrência do art. 12 do Decreto-Lei nº 509/1969. 5 - Recurso especial parcialmente provido. (REsp 614.266/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 02/08/2013)
DANO ESTÉTICO: espécie de dano específico para tratar da proteção da integridade física da vítima, em face de estar ligado a deformidades físicas decorrentes do evento danoso. Trata-se de uma espécie autônoma de dano que compreende qualquer prejuízo ao corpo da pessoa, devendo ser uma afetação real e não somente subjetiva. Tem fundamento constitucional (direito à integridade física e à saúde). Tem fundamento constitucional no direito à integridade física e à saúde. Segundo a Súmula 387 do STJ, é possível a cumulação de dano estético com dano moral.
Para DINIZ “o dano estético é toda alteração morfológica do indivíduo, que, além do aleijão, abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, e que impliquem sob qualquer aspecto um afeiamento da vítima, consistindo numa simples lesão desgostante ou num permanente motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência sobre sua capacidade laborativa. 
São exemplos de danos estéticos, as mutilações (ausência de membros - orelhas, nariz, braços ou pernas etc.); cicatrizes, mesmo acobertáveis pela barba ou cabeleira ou pela maquilagem; perda de cabelos, das sobrancelhas, dos cílios, dos dentes, da voz, dos olhos (RJTJSP, 39:75); feridas nauseabundas ou repulsivas etc., em consequência do evento lesivo.
RECURSOS ESPECIAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL - ALUNA BALEADA EM CAMPUS DE UNIVERSIDADE - DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS - ALEGAÇÃO DE DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, CONSISTENTE EM GARANTIA DE SEGURANÇA NO CAMPUS RECONHECIDO COM FATOS FIRMADOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM - FIXAÇÃO - DANOS MORAIS EM R$ 400.000,00 E ESTÉTICOS EM R$ 200.000,00. 1.- Constitui defeito da prestação de serviço, gerando o dever de indenizar, a falta de providências garantidoras de segurança a estudante no campus, situado em região vizinha a população permeabilizada por delinquência, e tendo havido informações do conflagração próxima, com circulação de panfleto por marginais, fazendo antever violência na localidade, de modo que, considerando-se as circunstâncias específicas relevantes, do caso, tem-se, na hipótese, responsabilidade do fornecedor nos termos do artigo 14, § 1º do Código de defesa do Consumidor. 2.- A Corte só interfere em fixação de valores a título de danos morais que destoem da razoabilidade, o que não ocorre no presente caso, em que estudante, baleada no interior das dependências de universidade, resultou tetraplégica, com graves consequências também para seus familiares. 3.- A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a pensão mensal deve ser fixada tomando-se por base a renda auferida pela vítima no momento da ocorrência do ato ilícito. No caso, não restou comprovado o exercício de atividade laborativa remunerada, razão pela qual a pensão deve ser fixada em valor em reais equivalente a um salário mínimo e paga mensalmente. 4.- No caso de sobrevivência da vítima, não é razoável o pagamento de pensionamento em parcela única, diante da possibilidade de enriquecimento ilícito, caso o beneficiário faleça antes de completar sessenta e cinco anos de idade. 5.- O ressarcimento de danos materiais decorrentes do custeio de tratamento médico depende de comprovação do prejuízo suportado. 7.- É devida, no caso, aos genitores e irmãos da vítima, indenização por dano moral por ricochete ou préjudice d'affection, eis que, ligados à vítima por laços afetivos, próximos e comprovadamente atingidos pela repercussão dos efeitos do evento danoso na esfera pessoal. (REsp 876.448/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/06/2010, DJe 21/09/2010)
DANO MORAL: é quando há violação aos direitos da personalidade, abrangendo, portanto, qualquer agressão à dignidade pessoal que lesione a honra objetiva, sendo, por isso, indenizável. Dano moral é a lesão ao direito de personalidade, independentemente de repercussão patrimonial direta, desconsiderando-se o mero mal estar, dissabor ou vicissitude do cotidiano.
Trata-se de lesão a direito cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro (STOLZE). O dano moral independe de repercussão patrimonial direta, bastando lesionar a esfera personalíssima da pessoa (intimidade, honra, imagem, vida privada, etc.). A concepção moderna de dano moral supera a conceituação clássica do instituto vinculado à dor espiritual, sendo a lesão aos direitos da personalidade (arts. 11 a 21 do CC). A reparação é a regra para o Dano, seja moral, seja material. A irreparabilidade é exceção (Beviláqua).
A sanção consiste na imposição de uma indenização, cujo valor é fixado judicialmente, com a finalidade de:
· compensar a vítima;
· punir o infrator;
· prevenir fatos semelhantes garantindo segurança jurídica.
Teoria negativista: vigorou até 1966 e sustentava a impossibilidade de pagar a dor com dinheiro, pois se considerava uma imoralidade o chamado pretium doloris. É a primeira fase de análise da reparabilidade do dano moral e neste período se negou veementemente qualquer possibilidade de reparação do dano moral. É imoral estabelecer preço para dor. Não há possibilidade de ressarcimento do dano moral com um critério de equivalência.
Teoria Intermediária ou Eclética: era como se só existisse dano moral se estivesse junto do dano material. Ou seja, reconheceu o dever de reparação do dano moral, porém vinculado à demonstração de um prejuízo patrimonial. Teve como marco o julgamento de RE 59940, onde se começou a admitir o dano moral no ordenamento pátrio, mas desde que efetivamente vinculado a um dano patrimonial indireto como a perda de filhos menores. Essa teoria deu origem à Súmula 491 do ST, que declara
ser indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.
Teoria positivista: é a terceira fase de análise da reparabilidade do dano moral e reconhece plenamente o caráter ofensivo desta espécie de dano e o dever de reparação. Está fundada no texto Constitucional de 1988 que elevou a reparação do dano material e moral ao status de “Direitos e Garantias Fundamentais”. 
O princípio da dignidade da pessoa humana é o fundamento dos direitos da personalidade, cuja violação enseja reparação extrapatrimonial. O artigo 5º, inciso V da CF/88, estabelece que “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. ”
CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL: o dano moral está in re ipsa, decorre inexoravelmente da gravidade do próprio fato ofensivo, de sorte que provado o fato, provado está o dano. Só configura dano moral os acontecimentos (dor, sofrimento, constrangimento ou aborrecimento) que extrapolem a normalidade. Meros aborrecimentos do dia-a-dia, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora do caráter lesivo do dano moral. 
O dano moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de inadimplentes ou protesto indevido, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato. (AgInt no AREsp 858.040/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe 09/05/2017)
A cobrança indevida de serviço de telefonia, quando não há inscrição em cadastro de inadimplentes, não gera presunção de dano moral, sendo imprescindível a sua comprovação" (AgRg no REsp N. 1.537.146/RS, Relator Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 3/11/2015).
Quanto à possibilidade de configuração do dano moral presumido, saliente-se que a jurisprudência do STJ não reconhece a existência de dano moral in re ipsa pela mera cobrança indevida caracterizadora de falha na prestação de serviço público (AgRg no AREsp 698.641/RS; AgRg no AREsp 673.768/RJ; AgRg no REsp 1.516.647/RS).
PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA. REPETIÇÃO EM DOBRO. ENGANO JUSTIFICÁVEL. SÚMULA 7/STJ. DANO MORAL. COMPROVAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência desta Corte, interpretando o art. 42 do CDC, estabelece que o engano é considerado justificável quando não decorre de dolo ou culpa na conduta do prestador de serviço. Na hipótese, não é possível aferir a existência dos mencionados aspectos subjetivos sem novo exame dos fatos e das provas constantes dos autos. Incidência da Súmula 7/STJ. 2. A inscrição indevida do nome do usuário de serviço público em cadastro de inadimplentes gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano moral, que, na hipótese, é in re ipsa. Essa solução, porém, não é a mesma aplicável à situação em que inexiste qualquer ato restritivo de crédito, mas apenas falha na prestação ou cobrança do serviço. Nesse caso, conforme a regra geral, o dano moral deve ser demonstrado, não presumido. 3. Para afirmar-se a caracterização da responsabilidade civil na hipótese, seria necessário novo exame dos fatos e das provas constantes dos autos, providência inadmissível a este Superior Tribunal em sede de recurso especial. Incidência da Súmula 7/STJ. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 672.481/RS, Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 04/08/2016, DJe 12/08/2016)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SEGURO. GRUPO ECONÔMICO. INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. INDENIZAÇÃO. NEGATIVA INDEVIDA DE COBERTURA. DANO MORAL PRESUMIDO. 1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, as instituições financeiras pertencentes a um mesmo grupo econômico, como no caso, possuem legitimidade para responder por eventuais danos ocorridos à parte contratante. 2. A recusa indevida/injustificada do pagamento da indenização securitária enseja reparação a título de dano moral por agravar a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do beneficiário, estando caracterizado o dano in re ipsa. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 595.031/SP, julgado em 02/08/2016, DJe 08/08/2016)
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA - DANO MORAL PRESUMIDO - "QUANTUM" INDENIZATÓRIO - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Segundo entendimento jurisprudencial majoritário, tanto a inscrição irregular quanto a manutenção indevida do nome do inadimplente em serviço de proteção ao crédito configura dano moral presumido, que prescinde de prova. A indenização por dano moral deve ser arbitrada segundo o prudente arbítrio do julgador, sempre com moderação, observando-se as peculiaridades do caso concreto e os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, de modo que o "quantum" arbitrado se preste a atender ao caráter punitivo da medida e de recomposição dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima. (TJ-MG - AC 10713140054113001. Publicado em 11/12/2015)
CONSUMIDOR. APELAÇÃO. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA INDEVIDA DE COBERTURA. DANO MORAL PRESUMIDO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A recusa injustificada da operadora de plano de saúde nos casos de recomendação médica e quando indispensável ao restabelecimento clínico do paciente, causa abalo moral in re ipsa, porquanto viola os direitos da personalidade do segurado. Precedentes do Colendo STJ e desta eg. Corte de Justiça. 2. A indenização por danos morais tem caráter punitivo-pedagógico, de forma que o autor da ofensa seja desestimulado a reiterar a sua prática, além do caráter compensatório, que busca a reparação do dano sofrido pela vítima. Sob esse enfoque, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mostra-se proporcional, razoável e adequado ao abalo experimentado. 3. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO (TJ-DF - 0021949-52.2016.8.07.0001. Publicado em 21/03/2017)
REPARAÇÃO DO DANO MORAL (art. 5º, V e X, CF): foi matéria controvertida, em razão de vários argumentos, hoje já há interpretação pacificada sobre a reparabilidade do dano moral. Ultrapassada a dificuldade de estabelecer a reparabilidade, surge a tese da inacumulabiilidade do dano moral e material, resolvida pela Súmula 37 do STJ “São cumuláveis as indenizações de dano material e moral oriundos do mesmo fato”.
Argumentos contrários a reparabilidade do dano moral: (STOLZE)
a) Falta de um efeito penoso durável; 
b) Incerteza de um verdadeiro direito violado; 
c) Dificuldade de descobrir a existência do dano;
d) Indeterminação do número de pessoas lesadas;
e) Impossibilidade de uma rigorosa avaliação em dinheiro;
f) Imoralidade de compensar uma dor com dinheiro;
g) Amplo poder conferido ao Juiz;
h) Impossibilidade jurídica da reparação;
CLASSIFICAÇÃO DO DANO MORAL: a classificação de dano moral em direto e indireto é diferente da classificação ordinária, sendo direto quando se referir a lesão específica de um direito de personalidade, como uma difamação. Será indireto quando houver uma lesão específica a um bem ou interesse patrimonial que, de modo reflexo, produza um prejuízo, uma ofensa extrapatrimonial. Os dois anos são sofridos pela mesma pessoa. Em regra, o inadimplemento contratual não gera dano moral, dependendo da análise do caso concreto.
Dano em Ricochete: é o dano sofrido por sujeito em razão de um dano efetivo a outrem, ou seja, é o dano moral sofrido por 3º ligado à vítima. No dano moral em ricochete o dano é sofrido por terceiro.
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS.LEGITIMIDADE ATIVA. PAIS DA VÍTIMA DIRETA. RECONHECIMENTO. DANO MORAL POR RICOCHETE. DEDUÇÃO. SEGURO DPVAT. INDENIZAÇÃO JUDICIAL. SÚMULA 246/STJ. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DE SÚMULA. DESCABIMENTO.DENUNCIAÇÃO À LIDE. IMPOSSIBILDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ E 283/STF. (...) 2. Reconhece-se a legitimidade ativa dos pais de vítima direta para, conjuntamente
com essa, pleitear a compensação por dano moral por ricochete, porquanto experimentaram, comprovadamente, os efeitos lesivos de forma indireta ou reflexa. Precedentes. 3. Recurso especial não provido. (REsp 1208949/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/12/2010, DJe 15/12/2010)
PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL REFLEXO. PESSOA JURÍDICA. SÓCIO-GERENTE COM NOME INDEVIDAMENTE INSCRITO NO CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE EMPRÉSTIMO À SOCIEDADE. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA PESSOA JURÍDICA. ABALO DE CRÉDITO. NÃO OCORRÊNCIA DE DANO IN RE IPSA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA OFENSA À HONRA OBJETIVA. 1. O dano moral reflexo, indireto ou por ricochete é aquele que, originado necessariamente do ato causador de prejuízo a uma pessoa, venha a atingir, de forma mediata, o direito personalíssimo de terceiro que mantenha com o lesado um vínculo direto. (...) 5. A jurisprudência desta Corte já se posicionou no sentido de que o dano moral direto decorrente do protesto indevido de título de crédito ou de inscrição indevida nos cadastros de maus pagadores prescinde de prova efetiva do prejuízo econômico, uma vez que implica "efetiva diminuição do conceito ou da reputação da empresa cujo título foi protestado", porquanto, "a partir de um juízo da experiência, [...] qualquer um sabe os efeitos danosos que daí decorrem" (REsp 487.979/RJ, Rel. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, DJ 08.09.2003).
Não obstante, no que tange ao dano moral indireto, tal presunção não é aplicável, uma vez que o evento danoso direcionou-se a outrem, causando a este um prejuízo direto e presumível. A pessoa jurídica foi alcançada acidentalmente, de modo que é mister a prova do prejuízo à sua honra objetiva, o que não ocorreu no caso em julgamento, conforme consignado no acórdão recorrido, mormente porque a ciência acerca da negação do empréstimo ficou adstrita aos funcionários do banco. 8. Recurso especial não provido. (REsp 1022522/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/06/2013, DJe 01/08/2013)
Honra: é o conjunto de predicados ou condições de uma pessoa física ou jurídica que lhe conferem consideração e credibilidade social, é o valor moral e social da pessoa que a lei protege ameaçando de sanção penal e civil a quem a ofende por palavras ou atos.
· Subjetivo – atenta, ofende a honra subjetiva (o caráter interno da honra). Honra subjetiva é o sentido de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoa. Só é possível para pessoa física.
· Objetivo – representa a ofensa ao caráter externo da honra, a honra objetiva (boa-fama, reputação, imagem). Honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeito do cidadão. Honra profissional é o valor social da pessoa perante o meio onde exerce sua atividade. Pode ser sofrido por pessoas físicas e jurídicas. A pessoa jurídica só pode ser ofendida em relação a sua honra objetiva, ou seja, em razão do caráter externo da honra.
LEGITIMAÇÃO PARA PLEITEAR O DANO MORAL: o titular direto é o próprio ofendido, e o indireto seriam os terceiros que sofrem por consequência (danos reflexos).
NASCITURO - STJ- “Em que pese entender o STJ "que o nascituro também tem direito a indenização por danos morais" (Ag n. 1268980/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJ de 02/03/2010), não são todas as situações jurídicas a que submetidas o concebido que ensejarão o dever de reparação, senão aquelas das quais decorram consequências funestas à saúde do nascituro ou suprimam-no do convívio de seus pais ante a morte destes. ” 
“O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum" (REsp 399.028/SP, Rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ 15.4.2002).
TRANSMISSIBILIDADE: o direito de ação é de natureza patrimonial e como tal transmite-se aos sucessores (art. 943). Segundo Cavalieri, não é o dano moral que se transmite, mas sim a correspondente indenização, ou seja, é possível a transmissão do direito de indenização por dano moral, mas não do próprio dano moral. Assim, perpetrado o dano contra a vítima quando ainda viva, o direito a indenização correspondente não se extingue com a sua morte.
Dano sofrido pelo falecido em vida sem ação proposta: legitimidade do espólio e dos herdeiros de requererem a indenização.
Dano sofrido pelo falecido em vida com ação proposta: sucessão ao espólio e herdeiros.
Dano sofrido pelos herdeiros em razão do falecimento: ação própria dos herdeiros. Não há legitimidade do espólio para requerer indenização em nome dos herdeiros.
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. MORTE DE FAMILIAR. DEMANDA AJUIZADA PELO ESPÓLIO. ILEGITIMIDADE ATIVA. NULIDADE QUE NÃO SE PROCLAMA. INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. APLICAÇÃO. PROSSEGUIMENTO DO FEITO APÓS A EMENDA DA INICIAL. 1. A jurisprudência tem, de regra, conferido soluções diversas a ações i) ajuizadas pelo falecido, ainda em vida, tendo o espólio assumido o processo posteriormente; ii) ajuizadas pelo espólio pleiteando danos experimentados em vida pelo de cujus; e iii) ajuizadas pelo espólio, mas pleiteando direito próprio dos herdeiros (como no caso). 2. Nas hipóteses de ações ajuizadas pelo falecido, ainda em vida, tendo o espólio assumido o processo posteriormente (i), e nas ajuizadas pelo espólio pleiteando danos experimentados em vida pelo de cujus (ii), a jurisprudência tem reconhecido a legitimidade do espólio. 3. Diversa é a hipótese em que o espólio pleiteia bem jurídico pertencente aos herdeiros (iii) por direito próprio e não por herança, como é o caso de indenizações por danos morais experimentados pela família em razão da morte de familiar. Nessa circunstância, deveras, não há coincidência entre o postulante e o titular do direito pleiteado, sendo, a rigor, hipótese de ilegitimidade ad causam. 4. Porém, muito embora se reconheça que o espólio não tem legitimidade para pleitear a indenização pelos danos alegados, não se afigura razoável nem condicente com a principiologia moderna que deve guiar a atividade jurisdicional a extinção pura e simples do processo pela ilegitimidade ativa. A consequência prática de uma extinção dessa natureza é a de que o vício de ilegitimidade ativa seria sanado pelo advogado simplesmente ajuizando novamente a mesma demanda, com a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, alterando apenas o nome do autor e reimprimindo a primeira página de sua petição inicial. 5. Em casos com esses contornos, a jurisprudência da Casa não tem proclamado a ilegitimidade do espólio, preferindo salvar os atos processuais praticados em ordem a observar o princípio da instrumentalidade. 6. No caso em exame, como ainda não houve julgamento de mérito, é suficiente que a emenda à inicial seja oportunizada pelo Juízo de primeiro grau, como seria mesmo de rigor. Nos termos dos arts. 284, caput e parágrafo único, e 295, inciso VI, do CPC, o juiz não poderia extinguir o processo de imediato e sem a oitiva do autor com base em irregularidades sanáveis, somente cabendo tal providência quando não atendida a determinação de emenda da inicial. 7. Recurso especial provido para que o feito prossiga seu curso normal na origem, abrindo-se prazo para que o autor emende a inicial e corrija a impropriedade de figurar o espólio no polo ativo, nos termos do art. 284, caput e parágrafo único, e 295, inciso VI, do CPC. (REsp 1143968/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2013, DJe 01/07/2013)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. AÇÃO PROPOSTA PELO OFENDIDO. FALECIMENTO DO TITULAR NO CURSO DA AÇÃO. LEGITIMIDADE DOS SUCESSORES. TRANSMISSIBILIDADE DO DIREITO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A Corte Especial deste Tribunal firmou o entendimento de que, embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização

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