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Anna lillian canuto bittencourt Ideias gerais • Os termos exantema ou rash são utilizados para descrever a presença de uma erupção cutânea disseminada; • As doenças exantemáticas são um grupo de condições caracterizadas pelo surgimento agudo desta erupção; • As possíveis etiologias são: infecciosas, medicamentosas e reumatológicas; • Elas são divididas em 04 fases: 1. Período de incubação: momento que vai do contágio até o surgimento dos primeiros sinais e sintomas; - As infecções virais possuem um período de incubação maior, enquanto os agentes bacterianos tem um período de incubação curto. 2. Fase prodrômica: é a fase que compreende os sinais e sintomas que surgem antes do aparecimento do exantema; - O paciente já apresenta manifestações inespecíficas (como febre, mal-estar, adinamia, obstrução nasal, coriza, hiperemia de orofaringe, lacrimejamento, conjuntivite); - Paciente já é contagioso. 3. Fase exantemática: é caracterizada pelo surgimento do exantema; - Qual é o aspecto das lesões? - Como essas lesões progridem? - O que ocorre quando essas lesões desaparecem? Há descamação? 4. Fase de convalescença: é a fase de recuperação, em que raramente terá uma manifestação clínica. • Aspectos das lesões: - É caracterizado por ser um exantema maculopapular, ou seja, com predomínio de lesões maculares (apenas alteração da cor) e/ou papulares (lesões elevadas com menos de 0,5cm de diâmetro); - Morbiliforme: caracterizado pela presença de lesões maculopapulares avermelhadas, com pele sã de permeio, podendo confluir, sendo o principal exemplo o sarampo (causado pelo Morbilivírus); - Rubeoliforme: semelhante ao morbiliforme, mas as lesões aqui têm coloração mais clara e as pápulas são menores, característico da rubéola; - Escarlatiniforme: acometimento homogêneo da pele por lesões papulares puntiformes (micropapulares); - Urticariforme: caracterizado por lesões maculopapulares eritematosas, maiores e de limites imprecisos; Doenças exantemáticas Anna lillian canuto bittencourt - Algumas podem ter aspecto vesicular, com a presença de lesões de conteúdo líquido e seroso com até 1cm de diâmetro, característico de varicela e herpes-zóster; >> Se o conteúdo for purulento, ela é denominada pústulas. • Deve-se identificar, além do aspecto das lesões, a progressão delas, ou seja, onde surgem e para onde vão; - Craniocaudal; - Centrífuga. • Observar se há descamação, que pode ser de dois tipos: - Furfurácea: descamação fina, como uma “caspa”, característico do sarampo; - Laminar ou lamelar: descamação grosseira, em “lascas”, característico da escarlatina e doença de Kawasaki. Etiologia • Agente etiológico: Morbilivirus; • Vírus de RNA de única hélice com cápsula lipídica; • O homem é o único hospedeiro; • Existem 6 proteínas estruturais, as mais importantes são: a proteína hemaglutina (H) e a proteína de fusão (F); • O organismo produz os anticorpos neutralizadores e os anticorpos limitantes da proliferação viral que irão se ligar à proteína H e à proteína F, respectivamente, neutralizando-as. Epidemiologia • 2016: A Organização Pan-Americana de Saúde deu o certificado de eliminação da doença ao Brasil; • 2018: Novos casos da doença apareceram no país, principalmente na região Norte; • 2019: Perdeu o certificado após a confirmação do primeiro caso autóctone no país; • Mata 60.000 crianças por ano no mundo; • Classificação de acordo com a fonte de infecção: - Caso importado: caso cuja infecção ocorreu fora do país durante 14- 23 dias antes do exantema; - Caso relacionado com a importação: infecção contraída localmente, a partir da cadeia de transmissão originada do caso importado; - Caso com origem de infecção desconhecida; - Caso-índice: primeiro caso de fonte de infecção no território nacional; - Caso secundário; Sarampo Anna lillian canuto bittencourt - Caso autóctone: primeiro caso após a confirmação da cadeia de transmissão sustentada (o vírus circulando por mais de 12 meses no país). • O vírus pode ficar no ar por cerca de 01 hora; • A transmissão acontece através de gotículas do trato respiratório contaminadas; • É mais comum no verão e na primavera. Transmissão • A porta de entrada do vírus do sarampo é o trato respiratório ou conjuntiva; • Os pacientes são infecciosos a partir de 3 dias antes do surgimento da erupção e até 4-6 dias após o seu início; • Aproximadamente 90% dos indivíduos suscetíveis expostos desenvolvem sarampo; • Não é necessário o contato face a face, já que o vírus viável pode estar suspenso no ar até 01 hora após um caso fonte deixar o ambiente. Patogênese e manifestações clínicas 01° FASE – Fase De Incubação: • Ainda não há manifestações clínicas; • Período de incubação: 8-12 dias; • O vírus migra para linfonodo regionais; • 1° viremia – disseminação viral para o sistema reticuloendotelial; • 2° viremia – espalha o vírus para superfícies corporais. >> A fase prodrômica inicia após essa segunda viremia. 02° FASE – Fase prodrômica: • Replicação do vírus em todas as células do corpo, inclusive do SNC; • Necrose do epitélio + multiplicação viral + formação de células gigantes; • Infecção da mucosa respiratória >> coriza + tosse >> o paciente começa a eliminar o vírus e infectar outras pessoas; • As células infectadas se fundem e surgem células gigantes multinucleadas; - No sist. Reticuloendotelial, denomina-se células de Warthin- Finkeldey (imagem abaixo); • Infecta os linfócitos TCD4+, inibindo a resposta Th1. Anna lillian canuto bittencourt • COMO ESSA FASE SE MANIFESTA? - Duração de 2-4 dias; - Febre de aumento progressivo com pico no início do exantema (2° ou 3° dia); - Conjuntivite associada a fotofobia (não purulenta); - Tosse intensa (é o sintoma que dura mais, frequentemente em torno de 10 dias); - Manchas de Koplik (PATOGNOMÔNICO): é um enantema (lesões na mucosa) que surge entre 1-4 dias antes do exantema; >> Pequenas manchas brancas azuladas com halo eritematoso; >> Na face interna das bochechas, na altura dos pré-molares. 3° FASE – Fase Exantemática: • Surgimento de exantema; • Com o início do exantema, a produção de anticorpo começa e a replicação viral e os sintomas começam a desaparecer. • COMO ESSA FASE SE MANIFESTA? • Duração de 5 dias; • Lesão morbiliforme - lesões maculopapulares eritematossa, com áreas da pele sã de permeio, podendo confluir em algumas áreas; • Progressão craniocaudal lenta; Anna lillian canuto bittencourt • Começa na fronte (próximo à linha de implantação capilar), na região retroauricular e na nuca; • Confluente na face e parte superior do tronco. 4° FASE – Fase de convalescença: • O paciente não tem mais a doença; • As lesões desaparecem e há uma descamação furfurácea (com aspecto de farelo); • O exantema adquire aspecto acastanhado e desaparecem na mesma sequência em que surgiu. OBS: Sarampo atípico: • O indivíduo havia tomado uma vacina inativada e depois é infectado pelo vírus; • Febre alta + cefaleia; • Exantema petequial e purpúrico, com progressão centrípeta; • Derrame pleural é frequente. OBS: Infecção inaparente: • É uma forma mais leve; • Indivíduo que já recebeu anticorpos (seja por via transplacentária ou por hemoderivados, ou por vacina); • Tempo de incubação maior; • Pródromos e o exantemas são mais leves; • Não disseminam o vírus, ou seja, nãotransmite a infecção. Diagnóstico • O diagnóstico de sarampo baseia-se em achados clínicos e epidemiológicos; • Na fase aguda, há redução do leucograma total, com redução dos linfócitos maior que a dos neutrófilos; • Ocorre neutropenia absoluta; • Detecção de anticorpos: - IgM: 1-2 dias após o início do exantema até um 01 mês depois; - IgG: pode aparecer na fase aguda e é identificável por anos; Se uma amostra de soro é coletada menos de 72 horas após o início da erupção e for negativa, deve-se obter uma repetição da amostra. Anna lillian canuto bittencourt • Identificação viral: - Através da urina, secreções nasofaríngeas, sangue e líquor; - PCR; - Até o 5° dia a partir do início do exantema. Complicações • Pneumonia é a principal causa de morte no sarampo; • Otite média aguda é a complicação bacteriana mais comum; • Parencefalite Esclerosante Subaguda (PES) – acontece 7-10 anos após a infecção por sarampo, pois o vírus que estava em latência em células do SNC obtém nova virulência. Tratamento • Hidratação, oxigenação e conforto; • Uso de antipiréticos; • Não recomenda-se antibioticoterapias profilática; • Uso de vitamina A, pois sua hipovitaminose é fator de risco. Utiliza- se duas doses, de acordo com o Ministério da Saúde: - criança < 6 meses: 50.000 UI/dose; - criança 6-12 meses: 100.000 UI/dose; - criança >12 meses: 200.000 UI/dose. Prevenção • Vacina tríplice viral (sarampo + caxumba + rubéola) aos 12 meses – vírus atenuado; • Vacina tetraviral (sarampo + caxumba + rubéola + varicela) aos 15 meses – vírus atenuado. • Em agosto de 2019, MS recomendou uma dose ZERO da vacina contra o sarampo para crianças entre 6-11 meses, devido ao número de casos aumentando; • Cerca de 95% dos pacientes apresentam soroconversão; • Deve haver um cuidado para alérgicos a ovo, pois essa vacina pode gerar uma reação de hipersensibilidade; • Crianças expostas ao HIV ou infectadas pelo HIV assintomáticas poderão ser vacinadas; - Em menores de 05 anos, LT-CD4+> 15%; - Em maiores de 05 anos, LT-CD4+> 200 céls/mm³ por pelo menos seis meses. Profilaxia pós-exposição • Vacina de bloqueio – até 72h: - Vacinação dos suscetíveis; Anna lillian canuto bittencourt - A vacina desencadeia produção de anticorpos em um menor tempo que o período de incubação da doença. • Imunoglobulina – até 6 dias: - Em casos de suscetíveis imunodeprimidos, como lúpus; - Aquele que não pode se vacinar. • Era conhecido como “sarampo de 03 dias” por ser uma espécie de sarampo mais branda; • A sua importância clínica está relacionada com a infecção transplacentária e a lesão fetal como parte da síndrome da rubéola congênita (SRC). Etiologia • Agente etiológico: Rubivirus; • Vírus de RNA de única hélice com cápsula lipídica; • O homem é o único hospedeiro. Epidemiologia • Com a introdução da vacina, a maior incidência passou a ser em jovens com mais de 19 anos; • 2008: Aconteceu a maior campanha de vacinação já realizada no mundo, imunizando os adultos; • 2015: OMS concede certificado de eliminação da rubéola e da SRC no país; • A transmissão acontece através do contato com secreções nasofaríngeas infectadas; • Período de maior transmissão: 3 dias antes até 6 dias após o início do exantema. Patogênese e manifestações clínicas 1°FASE – INCUBAÇÃO: • Após a infecção, o vírus replica no epitélio respiratório, onde irá se disseminar para os linfonodos regionais e causar uma viremia intensa (10°-17° dia) com disseminação sistêmica; • Inflamação linforeticular e infiltrado mononuclear perivascular e meníngea; • Período de incubação: 14-21 dias. 2° FASE – FASE PRODRÔMICA: • Duração de poucos dias; • Linfadenomegalia: suboccipital, retroauricular e cervical posterior; Rubéola Anna lillian canuto bittencourt • Febre baixa, cefaleia, mal-estar, conjuntivite sem fotofobia, entre outros. 3° FASE – FASE EXANTEMÁTICA: • Lesão rubeoliforme – lesões maculopapulares róseas; >> O que diferencia do sarampo, pois no sarampo é eritematosa. • Primeiras lesões na face e no pescoço (progressão craniocaudal); • Disseminação ocorre para o tronco e extremidades, de forma mais rápida do que no sarampo; • Duração de 3 dias; • Não há descamação; • Em crianças, a primeira manifestação da rubéola em geral é a erupção cutânea; • Pode aparecer lesões pequenas de coloração róseas no palato mole, denominadas manchas de Forch-heimer. Diagnóstico • O diagnóstico de rubéola é importante por razões epidemiológicas, para diagnóstico de infecção em mulheres grávidas e para confirmação de dianóstico de rubéola congênita; • Detecção de anticorpos: - IgM: 1-2 dias após o início do exantema até um 01 mês depois; - IgG: pode aparecer na fase aguda e é identificável por anos. • Identificação viral: - Através da urina, secreções nasofaríngeas, sangue e líquor; - PCR; - Até o 5° dia a partir do início do exantema. Complicações • Artrite acometendo pequenas articulações das mãos, surgindo cerca de 1 semana após o início do exantema; - Acomete mais os adultos. Anna lillian canuto bittencourt • Trombocitopenia pós-infecciosa, mais frequente em crianças e do sexo feminino, que é manifestada através de petéquias, epistaxe, hematúria, entre outros. - É autolimitada. • A encefalite é a complicação mais grave da rubéola, que ocorre de duas formas: - Uma síndrome pós-infecciosa que acompanha a rubéola aguda; - Uma panencefalite progressiva rara que se manifesta como distúrbio neurodegenerativo anos após a rubéola. Tratamento • A rubéola é uma doença branda que não requer cuidadps além de antipiréticos e analgésicos; • A imunoglobulina ou os corticoides intravenosos podem ser considerados em trombocitopenia grave, não remitente. Prevenção • Vacina tríplice viral (sarampo + caxumba + rubéola) aos 12 meses – vírus atenuado; • Vacina tetraviral (sarampo + caxumba + rubéola + varicela) aos 15 meses – vírus atenuado. Etiologia • Agente etiológico: Parvovírus B19; • O vírus é de DNA fita simples; • O homem é o único hospedeiro do P.B19; • Esse vírus se replicam em células mitoticamente ativas; • Pode ser propagado apenas em células eritropoiéticas estimuladas por eritropoietima derivadas da medula óssea humana, cordão umbilical humano ou culturas de células hepáticas fetais primárias. Epidemiologia • 70% dos casos ocorrem entre 5 e 15 anos; • Picos sazonais: fim do inverno e na primavera; • A transmissão ocorre por via respiratória, através de gotículas eliminadas pela nasofaringe; • A transmissão acontece apenas durante a viremia, sendo 7-11 dias pós a inoculação; • O vírus também pode ser transmitido pelo sangue e hemoderivados, o que tem sido documentado em crianças com hemofilia que receberam fatores de coagulação; Eritema infeccioso Anna lillian canuto bittencourt • Período de incubação: 17-18 dias; • As crianças com eritema infeccioso provavelmente não são infectantes no momento da apresentação da doença clínica porque a erupção e a artropatia representam fenômenos pós-infecciosos e imunomediados. Patogênese • O P.B19 apenas se replica em células com atividade mitótica; - Proliferam-se em células precursores dos eritrócitos, próximo ao estágio de pro-normoblasto. • O tropismo por essas células está relacionado com a presença do antígeno de eritrócitodo grupo sanguíneo P, que serve de receptor; 1°: Acontece a viremia, fazendo com que haja uma diminuição na contagem de reticulócitos (hemácias imaturas), como consequência da interrupção da eritropoiese e da lise devido a infecção viral. Associado com quadro febril inespecífico; 2°: Após 02 dias, há o aparecimento de anticorpos (IgM), o que levará à regressão dos sintomas iniciais e a retomada da eritropoiese – um combate humoral ao vírus; 3°: O paciente passa alguns dias sem sintomas e só depois que a doença exantemática aparece. Por isso, ela não é um efeito direto do vírus, mas é um resultado pós-infeccioso relacionado a um processo imunomediado. - A criança não precisa ficar isolada, pois não transmite mais a doença. • De 7 a 11 dias após a inoculação, os indivíduos apresentaram viremia e eliminação do vírus na nasofaringe e apresentaram febre, mal-estar e rinorreia; • Há apenas uma queda leve e clinicamente insignificante na hemoglobina sérica; • Em grávidas, o feto pode desenvolver uma anemia grave e Insuficiência Cardíaca de alto débito. Além disso, o vírus afeta células miocárdicas fetais, contribuindo para a falência cardíaca; - Quadro de hidropsia fetal: é o acúmulo de líquido em dois ou mais compartimentos fetais (pele, pleura, pericárdio, placenta, entre outros), geralmente levando a óbito. • Indivíduos com anemia hemolítica crônica são muito suscetíveis a Anna lillian canuto bittencourt perturbações na eritropoiese, pois com a sua parada e queda abrupta na hemoglobina sérica, pode precisar de transfusão; • Indivíduos com problemas na imunidade humoral apresentam um risco maior de infecção persistente ou mais grave pelo B19, o que geralmente se manifesta como aplasia crônica da série vermelha. Manifestações clínicas • Período de incubação: 4-28 dias; 1° FASE: FASE PRODRÔMICA: • Acontece de uma forma leve; • Febre baixa, cefaleia e sintomas de uma infecção leve do trato respiratório superior. 2° FASE: FASE EXANTEMÁTICA: • O exantema evolui em 3 estágios, que não são sempre distinguíveis: - 1° estágio - Face esbofeteada: eritema malar bilateral (bochechas bem rosadas) com relativa palidez peribucal; - 2° estágio – Aparência reticulada: Após 04 dias, há a disseminação, de forma rápida, do exantema pelo tronco e para as extremidades proximais, poupando a região palmoplantar; >> São lesões de aspecto reticulado: maculares eritematosas que sofrem um clareamento central; - A palma da mão e a planta dos pés são poupadas; - Desaparece espontaneamente sem descamação; - Reicidiva após 2-3 semanas, quando o paciente se expõe ao sol, calor, estresse e exercícios. • Pode ocorrer artralgia: mãos, punhos, tornozelos e joelhos (mais comum em adultos); CUIDADO! A mudança da primeira para a segunda fase nem sempre é evidente, as manifestações podem surgir simultaneamente. Anna lillian canuto bittencourt • Crise aplásica transitória: é a queda da hemoglobina sérica de forma abrupta em pacientes com doenças hemolíticas crônicas. Diagnóstico • Trombocitopenia e neutropenia são frequentemente observadas na clínica; • Diagnóstico clínico; • Detecção de anticorpos: - IgM: persiste por 6 a 8 semanas; - IgG: pode aparecer na fase aguda e é identificável por anos. Tratamento • Não há indicação de tratamento; • Para artralgia: sintomáticos (analgésicos e AINES); • Imunodeprimidos com anemia crônica e supressão medular podem se beneficiar de infusão intravenosa de imunoglobulinas; • Infecção fetal ou paciente com hemólise crônica deverá fazer hemotransfusão. Etiologia • Também conhecido como roséola; • O herpesvírus humano 6 é a causa dominante de exantema súbito; • Casos menos frequentes podem ser causados pelo HVH-7; • Esse vírus pertence à subfamília B- herpesvírus, que incluem o citomegalovírus; • DNA dupla fita com nucleocapsídeo; • HVH-6 e HVH-7 replicam com muita eficácia nas células TCD4+; - O vírus HVH-6 pode infectar outras células, como: macrófagos, epiteliais, endoteliais, fibroblastos, células hepáticas, progenitoras da medula, etc. • O vírus HVH-6 tem dois tipos: A e B. - O tipo B é o causador de 99% dos casos do exantema súbito. Epidemiologia • Doença típica de lactentes; • 95% das crianças são infectadas por HVH-6 até os 02 anos de idade; • Pico de incidência: entre 6 e 9 meses; • Não é comum nos primeiros meses de vidas devido aos altos títulos de anticorpos maternos passados por via transplacentária; • Apenas 25% das crianças infectadas apresentam o E.S. clinicamente reconhecível; • Período de incubação: 5-15 dias (cerca de 10 dias). Exantema súbito Anna lillian canuto bittencourt Patogênese • Adquirido através da saliva contaminada de pessoas sadias, pelo beijo na criança, que entra no hospedeiro através das mucosas oral, nasal ou conjuntiva ocular; • Após a infecção aguda, o vírus persiste nas glândulas salivares do indivíduo; • Causa: a regulação negativa da resposta do tipo MHC I aumenta a atividade dos linfócitos T natural killer, suprimindo a proliferação das células mononucleares e induz uma resposta de citocinas inflamatórias; • A transmissão vertical pode acontecer por via transplacentária e, ainda, pelo material genético, já que o vírus é capaz de integrar-se ao DNA do cromossomo humano – sendo essa a forma mais comum. Manifestações clínicas 1° FASE – FASE PRODRÔMICA: • Principal característica: febre alta (39°C) que desaparece “em crise” após cerca de 72h; • Outros sintomas leves: irritabilidade, hiperemia faríngea, da conjuntiva ocular ou da membrana timpânica, rinorreia e linfadenomegalia cervical; • Manchas de Nagayama: enatema típico, caracterizadas por úlceras na junção entre a úvula e o palato – é mais comum em pacientes asiáticos. 2° FASE – FASE PRODRÔMICA: • O exantema surge entre 12-24h após a febre cessar; • Lesões rubeoliformes: lesões maculopapulares róseas, não pruriginosas; • Progressão centrífuga: surge no troco e depois se dissemina para a cabeça e as extremidades; • Pouco tempo de duração (no máximo de 3 dias); • Não há descamação. Em casos de comprometimento da imunidade celular, como após transplantes de medula óssea ou transplantes sólidos, pode ocorrer a reativação da doença. Anna lillian canuto bittencourt Diagnóstico Idade História clínica Achados clínicos PCR, cultura viral e sorologia Aumento de linfócitos e macrófagos • Diagnósticos diferencias: - Rubéola: linfadenopatia occipital e retroauricular, febre baixa que coincide com o exantema; - Sarampo: febre alta juntamente com o exantema, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplil; - Escarlatina: raramente em lactentes, presença simultânea de febre e exantema. Tratamento • Usar antitérmico; • Não se utiliza antivirais em pacientes imunocompetentes, pois a doença tem sua natureza benigna; • Crianças com desconforto e irritabilidade, ou em que apresentam histórico de convulsões febris, pode tratar com ibuprofeno ou acetaminofeno; • Equilíbrio hídrico. • Também conhecida como catapora; - Popularmente conhecido como “cobreiro”. • O vírus varicela-zóster (VZV) causa infecções primárias, latentes e recorrentes; - Ou seja, a infecção primária é manifestada como varicela que resulta no estabelecimento de uma infecção latente vitalícia dos gânglios nervosos sensoriais. • Costuma ter curso benigno e autolimitado na infância.Etiologia • O VZV é um herpesvírus humano neurotrópico; • A reativação desse vírus causa o quadro de herpes-zóster, mais comum em indíviduos mais velhos e com comorbidades. Epidemiologia • Apesar do quadro ter comumente evolução benigna, a varicela pode estar associada a complicações, especialmente se associada a comorbidades; • No Brasil, a vacina passou a ser disponibilizada em caráter universal para Varicela Anna lillian canuto bittencourt todos apenas em 2013, sendo que a segunda dose apenas em 2018; • A grande maioria dos casos ocorrem antes dos 15 anos de idade; • Estima-se que o Brasil tenha 3 milhões de casos por ano; • Os adultos acometidos têm maior risco de evoluírem com necessidade de internação e óbito; • Há aumento do número de casos no final do inverno e início da primavera; • É bastante contagiosa. Patogênese • O VZV é transmitido pelas secreções respiratórias e pelo líquido das lesões cutâneas tanto por disseminação através do ar como por contato direto; • A varicela resulta da inoculação do vírus na mucosa da via aérea superior e do tecido linfoide tonsilar; • Período de incubação: 10-21 dias; - Período em que o VZV replica-se no tecido linfoide local seguido por uma viremia subclínica breve que dissemina o vírus para o sistema reticuloendotelial. • As lesões cutâneas disseminadas ocorrem durante a segunda fase virêmica que dura 3-7 dias; • As células mononucleares do sangue periférico transportam o vírus infectante, produzindo novos grupos de vesículas durante o período de viremia; • O vírus é transportado para a os sítios da mucosa respiratória durante o final do período de incubação, o que permite a disseminação para contactantes suscetíveis antes do aparecimento da erupção; • A resposta imune do hospedeiro limita a replicação viral e facilita a recuperação da infecção; • O vírus é transportado de maneira retrógrada através de axônios sensoriais para os gânglios da raiz dorsal através da medula espinal, onde o vírus estabelece infecção latente; • O paciente transmite o vírus de 1-2 dias antes do surgimento do exantema e persiste até o momento em que todas as vesículas tornam-se crostas (em média de 3-7 dias após o início das lesões). Manifestações clínicas 1° FASE – FASE PRODRÔMICA: • Inicia-se 14-16 dias após a exposição; • Os sintomas prodrômicos podem estar presentes, particularmente em crianças mais velhas e adultos; • Nas crianças mais novas, não costuma haver pródromos, sendo a manifestação cutânea as primeiras alterações; • Febre, mal-estar, anorexia, cefaleia e, ocasionalmente, dor abdominal leve; Anna lillian canuto bittencourt • Acontecem 24-48 horas antes da erupção acontecer; • Febre moderada, em torno de 38-39°C, podendo ser alta de até 41°C; • Persistem durante os 2-4 primeiros dias pós a o início das erupções. 2° FASE – FASE EXANTEMÁTICA: • As lesões aparecem primeiro no couro cabeludo, face ou tronco; • O exantema inicial consiste em máculas eritematosas intensamente pruriginosas que evoluem através de um estágio papular para formar vesículas claras repletas de líquido; • Em 24-48 horas, cada vesícula evolui como pústula com umbilicação central e formação de crostas; • Polimorfismo regional – em uma mesma região do corpo, pode encontrar lesões em vários estágios evolutivos; • As lesões podem se espalhar também pelas mucosas; • A distribuição é centrípeta, ou seja, as lesões são mais evidentes no centro do corpo; • A progressão é centrífuga, ou seja, se disseminam do centro para a periferia; • Conforme a resposta imune do hospedeiro vai controlando a replicação viral, o aparecimento de novas lesões vai sendo interrompido; • No momento em que todas as lesões tornam-se crostas e novas lesões param de surgir, sabemos que a viremia foi interrompida; • Todas as crostas finalmente desaparecem entre uma e duas semanas deixando as áreas hipo ou hiperpigmentadas; • Não é comum a formação de cicatrizes. - Quando há cicatriz, provavelmente seja fruto de uma lesão que ocorreu infecção secundária. Anna lillian canuto bittencourt Tratamento • Uso de sintomáticos e antipiréticos; • Pode usar anti-histamínicos sistêmicos para controle do prurido; • O único medicamento antiviral disponível na forma líquida e que está licenciado para o uso pediátrico é o aciclovir; - Não é recomendado de forma rotineira para o tratamento de todas as crianças com varicela que sejam previamente hígidas. Prevenção • A vacina é a tetraviral, aplicada aos 15 meses; • Hoje há uma segunda dose da varicela monovalente aos 04 anos. Pós-exposição • Há a vacinação de bloqueio em até 05 dias após a exposição ao vírus; - Apenas em controle de surto em ambiente hospitalar ou em creches. • No caso de surto em ambiente hospitalr, os suscetíveis que não possam receber a vacina (imunodeprimidos, grávidas, menores de nove meses) irão receber a imunoglobulina humana antivaricela- zóster em até 96 horas. • Também conhecida como “doença do beijo”. Etiologia • É causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV); - Causa mais de 90% dos casos de mononucleose infecciosa. • É um vírus de DNA da família do Herpesviridiae; • O resto dos causos é causado por outros agentes, como citomegalovírus, toxoplasmose, rubéola, vírus da hepatite, HIV e adenovírus. Epidemiologia • Os anticorpos contra o EBV são encontrados em todos os grupos populacionais; • Cerca de 95% da população adulta apresenta marcadores de infecção pregressa; • A infecção na infância costuma ser assintomática e indistinguível de outras infecções comuns na faixa etária; • Não é comum a identificação da síndrome da mononucleose infecciosa antes dos quatro anos. Mononucleose Anna lillian canuto bittencourt Patogênese • O vírus EBV, assim como os outros da família Herpesviridiae, possui a capacidade de estabelecer infecção latente; 1°: A infecção primária é o resultado da exposição ao vírus presente nas secreções orais de indivíduos infectados; 2°: Após ser adquirido na cavidade oral, o EBV infecta as células epiteliais orais, o que vai contribuir para os sintomas da faringite; 3°: Há replicação intracelular, com destruição das células e liberação de novas partículas virais que vão se espalhando para estruturas contíguas, como as glândulas salivares; 4°: Acontece a viremia, com infecção de linfócitos T CD8+, que serão os linfócitos atípicos encontrados na doença; 5°: A infecção latente se estabelece nos linfócitos B por meio de um processo de transformação e imortalização dessas células; Manifestações clínicas • Período de incubação longo: 30-50 dias; - É mais curto em crianças. • A maioria das crianças com infecção primária será assintomática; • Os pacientes queixam-se de sintomas vagos, como mal-estar, fadiga, febre aguda ou prolongada (com duração maior que uma semana), cefaleia, odinofagia, náusea, dor abdominal, mialgia; - Tudo isso dura por uma ou duas semanas, enquanto a febre e a odinofagia vão piorando aos poucos. • A maioria dos pacientes apresenta linfadenopatia generalizada; • Os achados da avaliação da orofaringe são indistinguíveis dos encontrados na faringite estreptocócica: - Hipertrofia amigdaliana; - Exsudato com petéquias no palato. • Sinal de Hoagland – presença de edema palpebral; • Em 3-15% dos pacientes com mononucleose infecciosa encontra-se um exantema maculopapular; - Geralmente associada ao uso de amoxicilina ou ampicilina, ou seja, esse exantema é uma vasculite Mononucleose = fadiga, faringite e linfadenopatiageneralizada Anna lillian canuto bittencourt imunomediada, não um quadro de alergia à medicação. Diagnóstico • Achados laboratoriais comuns: - Presença de leucocitose com 20-40% de linfócitos atípicos, que correspondem aos linfócitos T CD8+; - Trombocitopenia. • O diagnóstico definitivo é estabelecido por identificação de anticorpos; • Existem três tipos de anticorpos específicos: - Contra proteínas estruturais do vírus denominado de anti-VCA; - Contra proteínas não estruturais denominado de antígeno precoce (EA); - Contra proteínas nucleares expressas durante a fase de infecção denominado antígeno nuclear (anti-EBNA). • Os mais utilizados são o anti-VCA e o anti-EBNA; • Na fase aguda da doença é possível identificar um rápido aumento dos títulos de IgM e IgG anti-VCA; - A IgM anti-VCA é apenas transitória e pode ser detectada apenas por quatro semanas ou no máximo por três meses após a infecção primária; - A IgG anti-VCA será detectada para o resto da vida. • O anti-EA também pode ser detectado precocemente; • Os anticorpos anti-EBNA são os últimos a surgir, aparecendo apenas três ou quatro meses após a infecção aguda; - A associação de um resultado de IgG anti-VCA positivo com um resultado de anti-EBNA negativo também sugere infecção recente. Tratamento • Não há tratamento específico; • Deve ser evitado o uso de ácido acetilsalicílico e corticoides. Anna lillian canuto bittencourt Etiologia • Agente etiológico: Streptococcus pyogenes – estreptococo B-hemolítico do grupo A; • É uma bactéria gram + em formato de coco que cresce em cadeias; - Ela pode ser classificada em sorogrupos com base na classificação antigênica de um carboidrato presente na sua parede celular – existem mais de 20 grupos sorológicos (AV). • Exotoxina pirogênica A, B e C - estão associadas ao exantema da escarlatina e são produzidas por cepas da SGA infectadas com bacteriófagos; - Anticorpo específico para cada exotoxina; - O paciente pode ter até 03 vezes a escarlatina. • A proteína M é o fator de virulência presente na superfície celular que irá promover uma resistência à fagocitose. Epidemiologia • Faixa etária: 5-15 anos (não é comum antes dos 03 anos); • A transmissão acontece através do contato com gotículas nasofaríngeas; • Focos de transmissão: escolas e domicílio; • Período de incubação: 2-5 dias; • A transmissão é interrompida, em geral, 24 horas após o início da terapia antimicrobiana. Patogênese • A SGA tem 3 mecanismos diferentes de infecção, porém, para a escarlatina, será dado um foco em apenas 02 deles, que são: - Infecção direta: causando a faringotonsilite; - Produção de exotoxina: causando a escarlatina. • As anticorpos antitoxina protegem contra a escarlatina, mas não contra as infecções estreptocócicas. Escarlatina SGA na faringe FARINGOTONSILITE É infectado por um bacteriófago Produção de endotoxinas pirogênicas estreptocócica A, B e C ESCARLATINA Anna lillian canuto bittencourt Manifestações clínicas 1° FASE – FASE PRODRÔMICA: • Ao exame físico: faringe hiperemiada, amígdalas aumentadas e cobertas com exsudato, petéquias no palato e adenomegalia cervical; • Queixa de odinofagia (dor ao engolir). 2° FASE – FASE EXANTEMÁTICA: • O exantema aparece cerca de 24/48h após o início das manifestações estreptocócicas, mas pode aparecer de forma inicial; • Apresenta um aspecto de hiperemia difusa; • Lesõs micropapulares – lesões papulares puntiformes, eritematosas, sofrem clareamento à digitopressão e deixa a pele com um aspecto áspero; • Inicia-se no pescoço; • Sinal de Pastia – lesões mais intensas em dobras, como axilas, região inguinal e prega cubital; PATOGNOMÔNICO! • Sinal de Filatov – hiperemia na região malar com palidez peribucal; PATOGNOMÔNICO! • Sinal em morango: PATOGNOMÔNICO! - Língua em morango branco (1° dia) – papilas hipertrofiadas recoberta por camada branca; Anna lillian canuto bittencourt - Língua em morango vermelho (3°dia) – papila hiperemiada e proeminente, sem camada branca. • Após 3-4 dias, o exantema desaparece e inicia-se uma descamação em progressão cefalocaudal; Diagnóstico • A história clínica é soberana; • Identificação da bactéria por coleta do material da orofaringe; • Aumento no título de anticorpos; • Leucocitose com desvio para esquerda (aumento de polimorfonucleares); • Eosinofilia. Tratamento • O tratamento é imediato; • Antibioticoterapia por 10 dias, apesar de ter melhora clínica em poucos dia de uso da penicilina: - Penicilina V oral; - Penicilina G benzatina; - Amoxicilina. • Para alérgicos à penicilina, usar cefaloporinas (cefalexina, eritromicina, clindamicina e azitromicina). - A azitromicina pode ser usada por apenas 5 dias.
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