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Condições Clínicas e Agravos à Saúde Frequentes em Pessoas Idosas

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Condições clínicas e agravos à saúde frequentes em pessoas idosas 
 
Qual a diferença entre envelhecimento e idoso? 
 
Envelhecimento: 
O envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações 
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade 
de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior 
incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte. 
 
Idoso: 
 O conceito de idoso é diferenciado para países em desenvolvimento e para países 
desenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas aquelas pessoas com 60 anos e 
mais; nos segundos são idosas as pessoas com 65 anos e mais. Essa definição foi 
estabelecida pela Organização das Nações Unidas. 
Lei n 8.842, de janeiro de 1994 e Lei n 11 10.741, de outubro de 2003 
 
Peculiaridades da saúde e doença de idosos 
 
Não há outra faixa etária onde seja maior a variabilidade de condições clínicas entre 
os pacientes; seja aos 60, seja aos 90 anos, o estado funcional e de saúde dos 
idosos será a resultante da interação entre alguns fatores, como: 
 
A consulta clínica de pessoas idosas deve sempre contemplar esta diversidade, que 
se apresenta como mais complexa do que a consulta de adultos ou crianças. Assim, 
o próprio modo de raciocinar e exercer a clínica deve ser diferente diante de idosos 
mais velhos, pois a redução da reserva de sistemas fisiológicos e múltiplos 
problemas concomitantes modificam a apresentação das doenças. 
Redução da reserva fisiológica 
O declínio funcional de órgãos e sistemas ao longo do envelhecimento não é 
homogêneo e varia amplamente de acordo com os hábitos de vida e a incidência e 
controle de doenças, especialmente as doenças crônico-degenerativas. 
Dessa forma, não é incomum encontrar pessoas com demência moderada, mas que 
apresentam completa independência funcional (para deambular, se vestir e 
alimentar). Por outro lado, há pacientes com cognição e autonomia intactas, mas 
fisicamente dependentes para realizar a maioria das atividades cotidianas (por 
osteoartrose grave, por exemplo). 
A partir de certo limite de declínio da reserva fisiológica, especialmente renal, 
pulmonar, cardíaca e cerebral, o organismo perde a capacidade de suportar 
agravos; e as descompensações de um sistema ou de todo o organismo passam a 
se manifestar. Esse limite, entretanto, também não é homogêneo. 
Em consequência, muitas vezes as manifestações de uma doença nem sempre 
ocorrem no sistema fisiológico acometido, mas, muitas vezes, no sistema mais 
frágil. Frequentemente os sintomas e sinais por vezes são peculiares de idosos. 
Diante de um idoso com demência e confusão mental recente, você deve pensar, 
entre outras hipóteses, no infarto agudo do miocárdio. Diante de uma idosa com 
incontinência urinária recente, em cistite. 
Além das consequências da redução da reserva dos sistemas fisiológicos, a 
fragilidade de um idoso será tanto mais importante quanto maior for o número de 
problemas clínicos. 
 
A redução da reserva de um sistema fisiológico também contribuirá para a maior gravidade das 
doenças que o acometem. Este é o motivo da elevada letalidade das pneumonias em idosos e 
também da maior proporção de casos de úlcera péptica desencadeada por anti-inflamatórios, 
nesta faixa etária. 
 
Múltiplos problemas - polipatologia 
A saúde do idoso é a resultante de diversos fatores que interagem ao longo das 
décadas de vida. Por este motivo, frequentemente os idosos apresentam múltiplas 
doenças ou condições clínicas ao mesmo tempo, condição denominada 
polipatologia. 
Em algumas situações é difícil diferenciar o envelhecimento habitual de condições 
patológicas, como no caso da redução do condicionamento físico X sarcopenia ou 
das queixas de memória X demência. Esta diferenciação, no entanto, nem sempre 
será imprescindível para tomada de decisões. 
Alguns dos múltiplos problemas que podem acometer o idoso, ao mesmo tempo: 
Em mulheres: 
Depressão, doença de Alzheimer, catarata, carcinoma espinocelular, insuficiência cardíaca, 
obesidade, diabetes, sedentarismo, constipação intestinal, neoplasia colorretal, úlcera venosa, 
osteoporose, incontinência urinária, deformidade dos pés. 
Em homens: 
Demência vascular, glaucoma, hiperacusia, prótese dentária mal adaptada, tabagismo, bronquite 
crônica, hipertensão arterial, doença coronariana, hipercolesterolemia, desnutrição, instabilidade 
postural, osteoartrose, neoplasia da próstata, insuficiência arterial periférica. 
Por outro lado, a existência de múltiplos e simultâneos problemas não impede o 
curso bem sucedido do envelhecimento, que preserve níveis razoáveis de 
autonomia e independência. Com o aumento da proporção de idosos dentre os 
usuários do Sistema Único de Saúde, o próprio modo de desenvolver o raciocínio 
clínico deverá mudar. Em adultos, a presença de múltiplos sinais e sintomas leva ao 
diagnóstico de uma única síndrome ou doença, como insuficiência cardíaca, 
tuberculose, depressão. 
Entre idosos, no entanto, há múltiplas causas provocando os múltiplos sintomas e 
sinais. E é comum nenhum deles ser predominante ou, quando há um 
predominante, não, necessariamente, é o sintoma relacionado à doença mais grave. 
A complexidade do raciocínio clínico necessário para avaliar idosos tende a atrasar 
o diagnóstico e favorecer a evolução da doença, bem como piorar o prognóstico. 
Esta tendência é agravada pela própria interação entre as manifestações clínicas 
das múltiplas doenças. 
Um desafio adicional nesses pacientes com polipatologia surge quando um 
problema de saúde desencadeia outro, que desencadeia um terceiro; ou quando o 
uso de medicamentos provoca efeitos adversos, que acabam sendo tratados por 
mais medicamentos, que provocam mais efeitos adversos. No áudio a seguir, ouça 
exemplos das interações entre as manifestações clínicas das múltiplas doenças. 
Efeito cascata e cascata iatrogênica 
A presença de múltiplos problemas e a redução da reserva fisiológica podem 
provocar o efeito cascata: a sucessão de problemas clínicos desencadeados 
progressivamente. 
A “cascata iatrogênica” se refere à sucessão de efeitos adversos provocados por 
medicamentos utilizadospara tratar os efeitos adversos provocados por outros 
medicamentos. 
Uma consequência comum da polipatologia é a polifarmácia: a utilização de grande 
número de medicamentos. Assim é preciso ficar atento pois a prescrição de vários 
medicamentos aumenta as chances de efeitos e interações adversas. Além disso, 
as peculiaridades da farmacocinética e da farmacodinâmica em idosos justificam o 
surgimento de efeitos adversos aos medicamentos. 
Fenômeno do iceberg 
Alguns problemas comuns em idosos não geram queixas durante um longo período 
de sua evolução, podendo permanecer ocultos, “submersos”, como a parte principal 
de um iceberg. Outros são evidentes, mas podem não ser reconhecidos por uma 
equipe sem treinamento. E acabam piorando a qualidade de vida (como a 
incontinência urinária), oferecendo risco (como fraturas por osteoporose), podendo 
trazer consequências muito significativas no médio prazo (como a perda de visão 
provocada pelo glaucoma). 
 
As principais queixas das pessoas idosas por vezes não correspondem aos seus 
principais problemas de saúde, como seria o caso de um idoso que se consultou 
para renovar a prescrição de um antidepressivo, mas cujo exame físico revelou a 
presença de anemia. 
Abordagem clínica de pessoas idosas 
A redução da reserva fisiológica, a polipatologia, a polifarmácia e o efeito cascata 
exigem dos profissionais uma abordagem diferente daquela tradicionalmente 
empregada com crianças e adultos. Imagine uma idosa que sofreu duas quedas em 
casa quando andava rapidamente pelo corredor, no meio da noite, para ir ao 
banheiro urinar. 
Considere que ela tem baixa acuidade visual por causa de catarata, é dependente 
de clonazepam para dormir, apresenta hipotensão ortostática pela dose excessiva 
de anti-hipertensivos (que incluem nifedipina de dia - que tem provocado edema das 
pernas - e hidrocolorotiazida à noite) e tem osteoartrose dos joelhos com indicação 
para fisioterapia e uso de bengala. Além disso, ela usa um chinelo que às vezes sai 
do pé e, na sua casa, no corredor mal iluminado que leva ao banheiro, há um tapete 
escorregadio. 
A abordagem do idoso deve priorizar a redução do risco de uma nova queda, que 
poderia provocar uma fratura do colo do fêmur. 
Com esta finalidade, diversas ações devem ser avaliadas e tomadas em conjunto 
pela equipe, como: a suspensão do benzodiazepínico, a retirada do diurético 
noturno, a redução da dose total de anti-hipertensivos com substituição da 
nifedipina, a fisioterapia para treino de marcha, de equilíbrio e de utilização de 
bengala. Valeria a pena a redução da ingestão de líquidos após as 18h, a 
recomendação de urinar logo antes de dormir e mesmo colocar uma comadre para 
que a idosa possa urinar no quarto sem ir ao banheiro. 
Outras ações simples seriam a recomendação para utilizar calçados mais firmes, o 
aumento da iluminação do corredor e a retirada ou fixação dos tapetes 
escorregadios. Com o intuito de reduzir no médio prazo o risco de quedas e fraturas 
seria importante programar a cirurgia de catarata e tratar a osteoporose - se houver 
- com bisfosfonatos, cálcio e vitamina D. 
É imprescindível uma equipe multidisciplinar bem treinada, pois somente um 
conjunto de intervenções – incluindo modificações no domicílio – será capaz de 
reduzir o risco de fraturas. 
 
 
 
 
 
PECULIARIDADES DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Embora a maioria das doenças em idosos se apresente de forma habitual, muitas vezes as 
manifestações serão atípicas: 
● Sinais e sintomas comuns podem ser menos intensos ou mesmo podem faltar; 
● Sinais e sintomas incomuns podem ser a primeira ou a principal manifestação; 
● Doenças que acometem um sistema podem manifestar-se em outro sistema. 
 
O profissional de saúde deverá conhecer tanto os sintomas que geralmente estão ausentes, 
quanto os sintomas que invariavelmente estão presentes. Em virtude da redução da reserva 
fisiológica do sistema respiratório, por exemplo, é raro observar pneumonia sem taquipnéia. 
Sintomas sistêmicos como astenia e hiporexia podem ser a manifestação de inúmeras doenças 
diferentes e, por vezes, os familiares e o próprio idoso podem erroneamente atribuir estes 
sintomas ao “envelhecimento”. 
Embora as queixas mais recentes sejam especialmente importantes, é uma tarefa árdua 
determinar a época provável do início dos sintomas; descobrir que o início do quadro coincidiu 
com a retirada de um medicamento ou com eventos sociais (por exemplo, um neto que se 
divorciou) pode orientar a investigação. 
Exames complementares também devem ser interpretados com cautela em alguns idosos. 
● Ausência de leucocitose em um quadro infeccioso agudo pode ser consequência da 
resposta inflamatória atenuada pelo envelhecimento; 
● Na radiografia de tórax do idoso com pneumonia, a consolidação do parênquima 
pulmonar por vezes só torna-se evidente após a correção da desidratação; 
● Na densitometria óssea, a densidade mineral óssea pode estar falsamente elevada em 
pacientes com osteoartrose; 
● Valores de creatinina inferiores a 1,0 mg/dl podem corresponder à insuficiência renal 
moderada a grave em idosas octogenárias com IMC 〈 20; nestes pacientes, é 
imprescindível calcular o clearence de creatinina. 
Exemplos de sintomas nos idosos: 
Em idosos com “baixa reserva cognitiva”, o estado de delirium (confusão mental aguda) pode 
ser indicativo de agravos tão diversos como constipação intestinal, erisipela, insuficiência 
cardíaca ou efeitos adversos de medicamentos. 
“Desânimo, falta de energia e dores no corpo” podem ser manifestações de doenças tão 
diversas quanto hipertireoidismo, osteomalácia ou depressão. 
Insônia pode ser a expressão clínica da ortopnéia ou da nictúria na insuficiência cardíaca inicial. 
- Perda de peso pode sugerir neoplasias ou ser provocada por próteses dentárias mal ajustadas. 
Como veremos a seguir, as peculiaridades das manifestações clínicas de algumas doenças em 
idosos são tão comuns que em vez de “atípicas”, poderiam ser consideradas apresentações 
“típicas de idosos”. Algumas delas são inclusive consideradas entidades nosológicas bem 
definidas, e denominadas “Gigantes da Geriatria”. 
OS GIGANTES DA GERIATRIA 
Porserem tão comuns e de diagnóstico e manejo tão complexo, algumas síndromes geriátricas 
são denominadas gigantes da geriatria. Praticamente qualquer agravo à saúde do idoso pode se 
manifestar através de delirium, incontinência urinária, instabilidade postural e quedas e contribuir 
para a imobilidade. Iatrogenia e doenças neuropsiquiátricas, como demências e depressão, 
completam o grupo de gigantes. 
Depressão, demência e delirium 
Por vezes reunidas em um grupo denominado “insuficiência cognitiva”, demência, delirium e 
depressão muitas vezes representam um desafio para os profissionais da UBS. A depressão é 
muito prevalente em idosos e o quadro clínico pode ser bastante peculiar. Em idosos ela 
geralmente se associa a eventos vitais como viuvez e doenças incapacitantes, fazendo com 
que, muitas vezes, sejam erroneamente consideradas “um estado normal” da velhice. 
Dentre idosos com depressão, em vez dos tradicionais sintomas de tristeza e sentimento de 
culpa, são mais comuns irritabilidades e as queixas somáticas (como alterações do sono e 
fadiga, fraqueza e dores difusas). As demências acometem mais de um terço dos idosos com 85 
anos no Brasil. Na doença de Alzheimer, a mais comum, o prejuízo da memória recente 
associa-se precocemente a distúrbios da linguagem, habilidades executivas e visuo-espaciais. 
Sintomas como isolamento social, irritabilidade e a própria depressão, por outro lado, podem 
preceder a síndrome demencial por alguns anos. O mesmo vale para o comprometimento 
cognitivo leve, que pode preceder a demência com acometimento isolado, porém significativo da 
memória recente. 
Ao contrário da demência, o quadro com flutuação da cognição e comportamento ao longo do 
dia e déficits de atenção de início abrupto sugere o diagnóstico de delirium, ou confusão mental 
aguda. Este é considerado uma urgência em se tratando de pessoas idosas, em virtude da 
gravidade potencial das doenças subjacentes. Frequentemente é o marcador precoce de 
distúrbios tão diversos como hipoxemia, bacteremia, e hematoma subdural. 
Incontinência urinária 
Embora algum grau de incontinência urinária acometa muito idosos residentes na comunidade, 
ela não será relatada pelos pacientes em uma consulta de rotina, a menos que seja investigada 
com alguma insistência. Os dois tipos mais comuns de incontinência urinária são: - A 
instabilidade do detrusor, que se manifesta como um desejo imperioso de urinar e perda de um 
grande volume de urina; 
● A incontinência de esforço, que se manifesta pela perda de pequenos volumes de urina 
provocada por situações que aumentam a pressão intra-abdominal, como a tosse, 
espirros ou levantar-se da cama. Em algumas situações a incontinência urinária é 
transitória e remite após a remoção da causa; 
● Tratamento de sinusite que provocava tosse; 
● Substituição de um diurético por anti-hipertensivo que não aumenta a diurese; 
● Tratamento de osteoartrose facilitando a deambulação até o banheiro; 
Instabilidade postural, quedas e fraturas 
Diversos estudos demonstram que cerca de 1/3 dos idosos sofrem quedas a cada ano e 2% 
delas provocam fraturas proximais do fêmur. A mortalidade alcança 25% nos primeiros seis 
meses e, dentre os sobreviventes, a maioria deixará definitivamente de deambular com 
independência se não receber assistência adequada (OMS, 2007). Apesar destas estatísticas, 
observa-se que a indagação sobre a ocorrência de quedas não faz parte de uma anamnese 
habitual a menos que o profissional tenha conhecimento em geriatria e gerontologia. Entretanto, 
é importante o questionamento sobre a ocorrência de quedas, pois pode ter como consequência 
a diminuição ou perda da capacidade funcional. Como exemplo de questões que podem auxiliar 
https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0002_IDOSO_CONDICOES_CLINICAS/7/assets/lib/docs/u4_Reability_of_Nationawide_Prevalence_Estimates_of_Dementia.pdf
https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0002_IDOSO_CONDICOES_CLINICAS/7/assets/lib/docs/u4_Reability_of_Nationawide_Prevalence_Estimates_of_Dementia.pdf
na indagação sobre quedas, veja a seção Quedas, da 4ª Edição da Caderneta de Saúde da 
Pessoa Idosa. 
As causas de quedas podem ser agrupadas em fatores ambientais (como o tapete escorregadio 
na sala) ou intrínsecas (como a hipotensão ortostática). Importa não somente saber a frequência 
e consequências das quedas, mas principalmente as situações em que ocorreram e os fatores 
envolvidos, para que as causas possam ser tratadas e/ou removidas. O surgimento recente de 
quedas muitas vezes é um alerta de que “algo não vai bem”, requerendo ampla investigação. 
Imobilidade 
Síndrome de Imobilidade é o desfecho de um longo processo de perda de independência. Esta 
situação clínica é muito comum em instituições de longa permanência. A síndrome nunca se 
instala subitamente. Ela reflete, muitas vezes, a assistência insuficiente ao idoso. Seu protótipo 
é o idoso acamado, desnutrido, incontinente, com fecaloma, contraturas irreversíveis nos 
membros, úlceras de pressão e déficit cognitivo, que falece por pneumonia de aspiração ou 
trombose venosa profunda. 
Iatrogenia 
A Iatrogenia é o gigante da geriatria que se refere aos males causados ao paciente por ações 
dos profissionais de saúde. Estes podem resultar inclusive de procedimentos bem indicados. No 
entanto, na maioria das vezes, a iatrogenia em geriatria resulta de imprudência, imperícia e falta 
de moderação ou crítica ao se prescrever medicamentos, ou uma intervenção não 
medicamentosa. A frase “to begin slow and go slow” (começar devagar e ir devagar) nos lembra 
que, à exceção dos antibióticos, doses necessárias para idosos geralmente são menores do que 
as de adultos, e que a titulação progressiva é uma excelente estratégia. A frase foi atualizada 
recentemente: “to begin slow and go slow, but go!” (começar devagar e ir devagar, mas vá!), 
reforçando a necessidade de se atingir doses terapêuticas. 
 
GESTÃO DO CUIDADO 
A redução da reserva de sistemas fisiológicos, polipatologia, apresentação atípica de doenças, 
efeito adverso de medicamentos e diagnóstico tardio tornam os problemas nos idosos mais 
complexos do que em adultos. Para gerenciar o cuidado ao idoso, é necessário:Identificar as prioridades 
Diante dos casos agudos, a prioridade é afastar as doenças graves. Lembre-se das 
manifestações atípicas: doenças cardíacas podem se cursar com quadros de confusão mental; 
pneumonia pode se exteriorizar como incontinência urinária. Doenças mais comuns são mais 
comuns, e doenças incomuns são incomuns; mas na geriatria, manifestações atípicas de 
doenças comuns são ainda mais frequentes que doenças incomuns. 
Ter uma abordagem multidisciplinar 
A presença de múltiplos determinantes de doenças é um dos motivos pelos quais as condutas 
mais efetivas são as que envolvem o diagnóstico e abordagem multidisciplinar da equipe. 
Algumas demandas muito comuns de idosos frágeis são, por exemplo, a necessidade de 
fonoterapia para distúrbios da deglutição, fisioterapia para treino de marcha e os cuidados de 
enfermagem para tratamento de úlceras de pressão. 
Traçar metas realistas 
É importante ter clareza do que se deseja alcançar com as intervenções. As metas não devem 
ser muito ambiciosas, mas eficientes. A recuperação de apenas 10% ou 20% em uma condição 
desencadeia um ciclo virtuoso de melhora em outras áreas, resultando em ganho funcional 
significativo. 
Gerenciar tarefas 
Diante de uma lista de problemas extensa é necessário priorizar as medidas imediatas para as 
condições que representam maior risco. Além disso, é importante o gerenciamento de outras 
condutas, como imunizações e investigação diagnóstica de neoplasias, especialmente em 
pessoas com histórico familiar, e/ou que apresentem queixas e sintomas , que devem ser 
incluídos na programação de médio prazo. 
 
 
https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0002_IDOSO_CONDICOES_CLINICAS/7/index.html#/casosclinicos

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