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Resenha sobre a obra “Discurso Sobre a Servidão Voluntária” de La Boétie PARTE 5 As aparências do tirano também variam de acordo com a forma que pretendem conquistar a atenção dos homens. Utiliza do exemplo dos reis assírios, que, aparecendo somente ao anoitecer para seu povo, colocavam no imaginário do povo situações e boatos daquilo que desconheciam. E o desconhecido e misterioso era o que os tornava tão únicos, temidos e aclamados pelo povo. O mistério fazia com que o povo fantasiasse milhões de coisas e, através da aparência os reis assírios eram vistos como, não homens, mas qualquer outra coisa fora do normal. Também por meio da religião os tiranos enganam os homens, obrando falsos milagres e se colocando como divindades. Entretanto, o que realmente promove o tirano dentro de seu governo são suas alianças. Aqueles que o tirano convoca como seus cúmplices para, por meio deles, espalhar a apatia diante da servidão. Os poucos que ficam ao lado do tirano edificam novas alianças, e logo abaixo delas, mais homens se unem. É pela cumplicidade de suas alianças que o tirano coloca em prática as suas crueldades. Tendo a proteção de mais e mais homens que querem tirar proveito dos benefícios do tirano, de suas riquezas e do poder que podem conquistar estando ao lado dele. Começam por querer agradá-lo e prestarem-lhe os mais diversos serviços, submetendo-se. Ora, é assim que afinal perdem toda a sua liberdade e, não tendo mais nada de seu, trocam serviços por riquezas e poder, deixando de ser donos de si para terem como dono um único homem. Segundo o autor, é, portanto, o ter que permite a crueldade dos homens, pois eles almejam a superioridade e a inveja dos que não têm. A amizade e o amor do tirano, segundo La Boétie parecem estar sempre envolvidas com o seu poder de controlar tudo. Pois o tirano ama mais a si mesmo e seu poder que um parceiro amante. Porque, na realidade, o tirano sequer é capaz de amar ou ser amado por qualquer um. Já que é no poder e na superioridade que consegue o que precisa, e, quando se iguala a outrém, perde o seu potencial e precisa encarar alguém que o é tanto quanto ele. Não há espaço para qualquer tipo de igualdade entre qualquer um e o tirano, pois que sua maior afeição é na superioridade.
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