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A motricidade: do ato motor ao ato mental- Henri Wallon

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A MOTRICIDADE: DO ATO MOTOR AO ATO MENTAL. 
 
 Mas o grande eixo é a questão da motricidade; os outros surgem 
porque Wallon não consegue dissociá-lo do conjunto do funcionamento da 
pessoa. A psicogênese da motricidade (não se estranhe a expressão, 
porque, em Wallon, "motor" é sempre sinônimo de "psicomotor") se 
confunde com a psicogênese da pessoa, e a patologia do movimento com a 
patologia do funcionamento da personalidade. Por esse motivo foi tão 
aproveitado por Le Boulch, cuja psicocinética e propostas de educação 
psicomotora se caracterizam pela abrangência da sua compreensão do 
significado psicológico do movimento. 
 No antagonismo entre motor e mental, ao longo do processo de 
fortalecimento deste último, por ocasião da aquisição crescente do domínio 
dos signos culturais, a motricidade em sua dimensão cinética tende a se 
reduzir, a se virtualizar em ato mental. A sensória-motricidade incontinente 
do segundo ano de vida tende -- lentamente -- a diminuir, dando lugar a 
períodos cada vez maiores de imobilidade possível; este enfraquecimento 
da função cinética e proporcional ao fortalecimento do processo ideativo. 
Mas a quietação assim obtida é um produto difícil, dependente da 
maturação dos centros corticais de inibição assim como das estruturas 
responsáveis pelo controle automático do tônus (em particular, o 
cerebelo). Ela corresponde à redução da atividade muscular à sua função 
tônico-postural. 
• AS FASES DA INTELIGÊNCIA: 
 Nesta concepção do desenvolvimento da pessoa, a inteligência ocupa 
o lugar de meio, de instrumento colocado à disposição da ampliação 
daquela. Construindo-se mutuamente, sujeito e objeto, afetividade e 
inteligência, alternam-se na preponderância do consumo da energia 
psicogenética. Na primeira etapa, correspondente ao primeiro ano de vida, 
dominam as relações emocionais com o ambiente e o acabamento da 
embriogênese: trata-se nitidamente de uma fase de construção do sujeito, 
onde o trabalho cognitivo está latente e ainda indiferenciado da atividade 
afetiva. Ele consiste essencialmente na preparação das condições sensórias 
motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão, ao longo do segundo ano de 
vida, a exploração intensa e sistemática do ambiente. Este sim será o 
momento em que a inteligência poderá dedicar-se a construção da 
realidade; tendo obtido certa diferenciação, tomar-se-á aquilo que Wallon 
chamou de inteligência prática ou das situações, e cuja extrema visibilidade 
a tornou tão bem conhecida com o nome de sensório-motora. 
 Com a função simbólica e a linguagem, inaugurar-se-á o pensamento 
discursivo, que mantém com aquela uma relação de construção recíproca. 
Suas primeiras manifestações, captáveis em diálogos sustentados, Wallon 
as obteve a partir de cinco anos, revestidas de características que sintetizou 
com a denominação de _sincretismo. O pensamento discursivo é, pois, 
sincrético em sua origem; sua forma mais elementar, ao contrário do que 
julgaram os associacionistas, é uma molécula, o par. Este parece ser mais 
um exemplo de como a análise genética e a análise estrutural podem levar 
a resultados diversos. 
 
 Seu trabalho será uma nova superação do sincretismo agora no plano 
do pensamento, do discurso, do objeto. A função da inteligência, para o 
adulto como para a criança, Wallon a entende como residindo na explicação 
da realidade. Explicar supõe definir: são estas, pois, as duas grandes 
dimensões em torno das quais se organizam os diálogos que compõem sua 
investigação. 
 Seu entendimento sobre definição é quase clássico: a atribuição das 
qualidades específicas de um objeto, resultando em integrá-lo a uma classe 
maior, e diferenciá-lo das vizinhas. Diferenciação e integração constituem 
os processos básicos envolvidos. Este recorte nítido permitirá subtrair os 
objetos à confusão sincrética, e, por conseguinte estabelecer entre eles 
uma rede de relações nítidas. É esta trama relacional que, para Wallon, 
constitui a explicação das coisas: aqui ele se afasta da noção clássica, onde 
explicar é estabelecer as condições de necessidade de um fato. Para 
Wallon, explicar é determinar condições de existência, entendimento que 
abarca os mais variados tipos de relações: espaciais, temporais, modais, 
dinâmicas, além das causais _strictu _sensu. Ele é consequência da opção 
epistemológica walloniana: para a sua concepção dialética da natureza, 
tudo esta ligado a tudo, além de estar em permanente devir.

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