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Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia GRAVIMETRIA > A análise gravimétrica é baseada em uma série de operações que tem por objetivo determinar a quantidade de um constituinte de uma amostra, por: 1. Pesagem direta desse elemento puro 2. Pesagem de um seu derivado de composição conhecida e bem definida. > Possui como vantagens: Operação de fácil execução e boa reprodutibilidade Equipamentos simples e de baixo custo. > E como desvantagens: X Tempo relativamente grande para execução. X Grande número de operações, estando sujeito a uma série de erros acumulativos; X Pouca sensibilidade do método (para ppm e ppb). > O procedimento é dividido em várias etapas sucessivas, ou seja, operações unitárias: 1. Preparo da solução 2. Precipitação 3. Digestão 4. Filtração 5. Lavagem 6. Secagem ou calcinação 7. Pesagem PREPARO DA SOLUÇÃO > O elemento desejado precisa estar em solução. > Prepara-se uma solução conveniente de amostra, por meio de um tratamento químico (“abertura”), que pode ser o Suave ou enérgico o Ácido ou básico o Em solução ou por fusão > Usam-se, de modo geral, as seguintes aberturas: a) Abertura com água Para sais solúveis Equipamentos de vidro Exemplos: solubilização do NaCl. b) Abertura com ácido clorídrico Materiais carbonatados, alguns óxidos e alguns metais. Equipamentos de vidro. Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia Exemplos: calcário, óxido de ferro, óxido de manganês, alumínio metálico e zinco metálico. c) Abertura com ácido nítrico Alguns óxidos e metais. Equipamentos de vidro. Exemplos: óxido de cobre, cobre metálico, chumbo metálico e prata metálica. d) Abertura com água-régia Solubilização de metais Equipamento de vidro Exemplos: metais nobres, como ouro, prata, platina e paládio. e) Abertura com ácido fluorídrico Materiais silicosos Cápsula ou cadinho de platina Exemplos: silicatos, areia, etc. (quando o elemento a ser determinado não é o silício) f) Abertura por fusão com carbonato de sódio anidro Materiais silicosos Cadinho de níquel ou de ferro Bolo obtido pela fusão é dissolvido posteriormente com ácido clorídrico. Exemplos: análise de argila, feldspato e talco. g) Abertura por fusão com peroxido de sódio e hidróxido de sódio Alguns óxidos Cadinho de níquel ou de ferro Bolo obtido é dissolvido com ácido clorídrico. Exemplos: solubilização de cromita (óxido de crômio), cassiterita (óxido de estanho). h) Abertura por fusão com pirossulfato de potássio Alguns óxidos e fosfatos Cadinho de porcelana. Bolo obtido solubilizado com ácido sulfúrico. Exemplo: solubilização de rutilo (óxido de titânio) e apatita (fosfato de cálcio). > Para se obter uma solução conveniente é preciso que amostra solida a ser analisada esteja finamente dividida e bem homogênea. PRECIPITAÇÃO > O elemento que se deseja dosar é separado da solução por meio da formação de um precipitado, convenientemente escolhido em cada caso. Os fatores a se levar em conta para a escolha do reagente precipitante são: a) Solubilidade Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia O reagente escolhido deve formar um precipitado quantitativamente insolúvel, ou seja, o elemento a ser dosado que permanecer na solução deve ser menor que o limite de erro da balança (0,2 mg). Usa-se excesso de reagente, devido ao efeito íon comum que diminui a solubilidade do precipitado, a não ser em casos que o excesso de reagente forme um complexo solúvel. b) Características físicas O conhecimento prévio do tipo de precipitado que se obterá é necessário, pois disto depende: ‒ O tipo de filtração a ser empregado. ‒ Necessidade ou não de um certo tempo de digestão. c) Pureza do precipitado. Para se obter um precipitado mais puro possível, tomam-se precauções quanto aos reagentes empregados: ‒ Pureza dos reagentes. ‒ Velocidade e adição – recomenda-se adicionar-se gota a gota. ‒ Adicionar sob agitação e a quente. Impurezas podem estar já na amostra, para isso é necessário eliminá-las, por meio de: ‒ Precipitação prévia. ‒ Complexação. DIGESTÃO > É o tempo em que o precipitado fica em contato com o meio de precipitação. > Tem como objetivo obter precipitado com partículas grandes, facilmente filtráveis, e o mais puro possível. > É efetuado em temperatura elevada, normalmente. > Nem sempre é necessário, e muitas vezes é indesejável > Exemplo: em precipitados gelatinosos, como o hidróxido de ferro, são necessários poucos minutos para fervura , pois em digestão prolongada sofreria contaminação. FILTRAÇÃO > É o processo de separação do precipitado do meio em que se processou sua formação. > A forma como será feita a filtração dependerá de qual processo o precipitado será submetido na fase seguinte: > Secagem (100ºC – 120ºC) em estufa – filtração deve ser feita em: Gooch de vidro (a) ou porcelana com fundo poroso (b) Gooch de porcelana com fundo perfurado dotado de uma camada de amianto como material filtrante (c). Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia Figura 1 A filtração por cadinhos de gooch é feita com auxílio de sucção. O sistema usado é constituído de: ‒ Suporte para o gooch ‒ Frasco de sucção (kitassato). ‒ Aspirador (trompa d’agua ou bomba de vácuo) Figura 2 Figura 3 > Calcinação em temperaturas elevadas – filtração se faz por meio de papel de filtro. O papel de filtro apresenta resíduos de cinzas após a calcinação, porém seu peso é inferior ao erro da balança (0,2 mg). A filtração é feita por gravidade. O papel filtro é dobrado e inserido num funil de vidro. Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia Deve-se umedecê-lo após estar no funil, para dar aderência. Transfere-se primeiro o liquido sobrenadante e depois o precipitado, com auxilio de bastão d vidro, recolhendo-se o filtrado em um béquer. Não se deve deixar o precipitado secar no filtro durante a filtração. Figura 4 LAVAGEM > Após a filtração, o precipitado deve ser submetido a um processo de lavagem para retirada de impurezas solúveis e parte da água-mãe que ficou retida. > Liquido de lavagem deve ser usado em pequenas porções, e deverá conter um eletrólito para evitar a poetização do precipitado, que deve ser: Volátil na temperatura de secagem ou calcinação, não deixando resíduo. Íon comum para reduzir a solubilidade do precipitado. O liquido de lavagem deve ser usado a quente. > Para uma lavagem eficiente recomenda-se que: Só a água-mãe seja transferida para o funil de filtração. O precipitado, ainda no frasco, é lavado sob agitação, o liquido sobrenadante é transferido para o funil. Repete-se o procedimento algumas vezes. Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia Por fim, transfere-se a totalidade do precipitado para o funil e continua-se a lavagem diretamente no filtro. SECAGEM OU CALCINAÇÃO > Após filtração e a lavagem do precipitado, este deve ser seco ou calcinado, antes de ser pesado. SECAGEM Temperatura abaixo de 250ºC Usado para remoção de água de lavagem residual. Precipitado é pesado sob a forma obtida na precipitação. Feita em estuda elétrica, regulada a cerca de 110ºC. Filtrados em gooch de vidro com placa porosa. Exemplos: cloreto de prata, dimetilglioximato de níquel, cromato de chumbo, sulfato de bário, etc. CALCINAÇÃO Temperatura acima de 250ºC. Usado para eliminação residual de lavagem, ou para quando se deseja proceder uma transformação do precipitado, para uma forma bem definida. Feita em mufla elétrica. Filtrados em papel filtro ou gooch de porcelana com fundo perfurado com camada porosa de amianto. Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia Exemplo: aos 1000ºC o hidróxido de ferro hidratado perde moléculas de água de hidratação e se converte no óxido de ferro. Para uma boa operação de calcinação, o papelfiltro deve ser convenientemente sobrado e colocado em um cadinho de porcelana. O cadinho é posto em uma mufla, deixando a temperatura subir até cerca de 300ºC, onde permanecerá até a queima do papel de filtro (porta da mufla deve permanecer entreaberta, para melhores condições oxidantes) Em seguida ajusta-se a mufla para temperatura requerida e depois de ser atingida, deixa-se o cadinho 30 a 60 minutos nessa temperatura. Retira-se o cadinho da mufla, coloca-se em um dessecador de 30 a 60 minutos, até que volte a temperatura ambiente e possa ser pesado. PESAGEM Etapa final. A pesagem é feita através de uma balança analítica, colocada em local a evitar vibrações, que causem erros de medida. Ambiente com temperatura e umidade controladas. Análise de etapas e Cálculo de resultados Determinação de cobre em amostra comercial de sulfato de cobre penta hidratado Preparo da solução a) Pesar 0,35 g da amostra (CuSO4), com precisão, em um Becker de 100 ml. b) Adicionar 30 ml de água destilada e misturar com o bastão de vidro. Precipitação c) Adicionar, lentamente, 5 ml de Carbonato de Sódio. d) Verificar a precipitação completa. CuSO4 + Na2CO3 Na2SO4 + CuCO3 Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia Digestão e) Aquecer direto sob tela de amianto e bico de Bunsen, próximo à ebulição, repondo, se necessário, a água evaporada. f) Envelhecer o precipitado por 10 minutos. Filtração g) Filtrar em papel de filtro quantitativo. h) Fazer o teste com Na2CO3 no liquido filtrado para verificar se todo o CuCO3 precipitou. Lavagem i) Lavar o material solido que foi filtrado com 3 porções de água destilada. Secagem ou calcinação j) Em seguida, colocar o papel de filtro com o precipitado em cadinho de porcelana previamente pesado e calciná-lo em mufla. CuCO3 CuO + CO2 k) Deixar o forno atingir a temperatura de 800ºC e calcina-se o sistema cadinho/amostra nesta temperatura por 30 minutos. Pesagem l) Pesar o conjunto frio e fazer os cálculos Cálculo m) Sabendo que o peso do cadinho vazio e de 32,4567g e após a calcinação e resfriamento a massa foi dada coma 32,5211g, calcule a % de Cu na amostra. Precipitação: CuSO4 + Na2CO3 Na2SO4(aq) + CuCO3 Calcinação: CuCO3 CuO + CO2 Fator gravimétrico – transforma a substancia pesada na substancia que se pretende determinar. = â ₓ Sendo: a = quantidade de átomos da substancia pretendida b= quantidade de átomos da substancia pretendida na substância pesada. Logo temos: = ₓ 1 1 Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia = 63,55 81,55 ₓ 1 1 = 0,7793 Cálculo da porcentagem do composto % . = ₓ ₓ 100 Massa pesada = cadinho final – cadinho vazio Massa pesada = 32,5211g – 32,4567g = 0,0644 g Massa amostra = 0,35 g % = 0,7793 ₓ 0,0644 ₓ 100 0,35 % = 14,33912% Exemplo envolvendo o cálculo da porcentagem do composto na amostra e KPS Ex.1. O íon cálcio também pode ser analisado pela análise gravimétrica. É precipitado na forma do sal orgânico oxalato de cálcio (pouco solúvel) com ácido oxálico H2C2O4. O precipitado CaC2O4 é coletado em papel de filtro (este será convertido em CO2 (gás) e H2O (vapor) pela ação oxidante do O2 atmosférico, sendo estes então eliminados), seco e aquecido até o rubro (calcinação). O processo converte o precipitado quantitativamente para óxido de cálcio (CaO). O precipitado depois de calcinado é resfriado em dessecador e pesado. Usa-se um cadinho previamente aquecido, resfriado e pesado para a ignição do precipitado. O cálcio em 300 mL de amostra de água natural foi determinado pela precipitação do cátion como CaC2O4. O precipitado foi filtrado, lavado e calcinado em cadinho com massa de 23,600g. A massa do cadinho, mais o precipitado calcinado foi de 23,751g. Calcule a % de cálcio na amostra. Determine a massa de cálcio que permanece em solução sabendo que o KPS do oxalato é 1,6x10-7. Fator gravimétrico = â ₓ = ₓ 1 1 Daniela Luiza Dorini – Química Analítica - Farmácia = 40,08 56,08 ₓ 1 1 = 0,7147 Porcentagem do composto % . = ₓ ₓ 100 % = 0,7147 ₓ (23,751 − 23,6) ₓ 100 300 = 0,036 % Quantidade de cálcio que não foi precipitado CaC2O4 Ca +2 + C2O4 -2 S S KPS = [Ca+2] ₓ [C2O4-2] KPS = (S) ₓ (S) 1,6 ₓ 10-7 = S2 1,6 ₓ 10-7 = S2 S = 1,6 ₓ 10-7 S = 4 ₓ 10-4 mol/L M= m MM ₓ V 4 ₓ 10-4= m 40 ₓ 0,3 = 4,8 ₓ 10 -3 g = 4,8 mg
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