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Teoria do Contrato

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SUMÁRIO 
10. Teoria do Contrato ............................................................................................................................................... 4
10.1 Conceito ............................................................................................................................................................ 4
10.2 Elementos do Contrato .............................................................................................................................. 4
10.3 Princípios Fundamentais ............................................................................................................................ 5
10.3.1 Autonomia da Vontade (ou Autonomia Privada) ................................................................... 5
10.3.2 Observância (ou Supremacia) das Normas de Ordem Pública ........................................ 7
10.3.3 Obrigatoriedade das Convenções (Pacta Sunt Servanda) .................................................. 7
10.3.4 Relatividade dos Efeitos do Contrato .......................................................................................... 7
10.3.5 Função Social do Contrato ............................................................................................................... 8
10.3.6 Boa-fé Objetiva ................................................................................................................................... 11
10.4 Formação do Contrato ............................................................................................................................ 14
10.4.1 Fase da negociação preliminar (pontuação) ......................................................................... 14
10.4.2 Fase da proposta (policitação/oblação)................................................................................... 15
10.4.3 Fase do contrato preliminar ......................................................................................................... 17
10.4.4 Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato .............................................. 19
10.5 Momento da Conclusão do Contrato ............................................................................................... 19
10.6 Local da Celebração do Contrato ....................................................................................................... 20
10.7 Classificação dos Contratos ................................................................................................................... 20
10.7.1 Contratos Unilaterais ou Bilaterais ............................................................................................. 20
10.7.2 Contratos Onerosos ou Gratuitos .............................................................................................. 21
10.7.3 Contratos Comutativos ou Aleatórios ...................................................................................... 21
10.7.4 Contratos Nominados ou Inominados ..................................................................................... 21
10.7.5 Contratos Paritários ou de Adesão............................................................................................ 22
 
 
10.7.6 Contratos Consensuais ou Formais ........................................................................................... 23
10.7.7 Contratos Reais .................................................................................................................................. 23
10.7.8 Contratos Principais ou Acessórios............................................................................................ 23
10.7.9 Contratos Pessoais ou Impessoais ............................................................................................. 23
10.8 Efeitos do Contrato ................................................................................................................................... 24
10.8.1 Exceção de Contrato Não Cumprido ........................................................................................ 24
10.8.2 Direito de Retenção ......................................................................................................................... 24
10.8.3 Revisão dos Contratos .................................................................................................................... 25
10.8.4 Estipulação em Favor de Terceiro .............................................................................................. 26
10.8.5 Vício Redibitório ................................................................................................................................ 27
10.8.6 Evicção .................................................................................................................................................... 30
10.9 Extinção da Relação Contratual ........................................................................................................... 31
10.9.1 Causas Anteriores ou Contemporâneas .................................................................................. 32
10.9.2 Causas Supervenientes .................................................................................................................... 32
11. Contratos em Espécie....................................................................................................................................... 34
11.1 Compra e Venda ........................................................................................................................................ 34
11.1.1 Elementos.............................................................................................................................................. 34
11.1.2 Venda de coisa comum ou venda de bem indivisível em condomínio .................... 36
11.1.3 Venda por medida ou por extensão – venda ad mensuram ......................................... 37
11.1.4 Cláusulas especiais (pactos adjetos) ......................................................................................... 39
11.2 Doação............................................................................................................................................................ 40
11.2.1 Conceito................................................................................................................................................. 40
11.2.2 Elementos.............................................................................................................................................. 41
11.2.3 Natureza Jurídica ............................................................................................................................... 42
11.2.4 Espécies.................................................................................................................................................. 42
 
 
11.2.5 Revogação da doação (art. 551, CC)......................................................................................... 45
11.3 Locação .......................................................................................................................................................... 47
11.3.1 Conceito................................................................................................................................................. 47
11.3.2 Natureza jurídica ................................................................................................................................ 47
11.3.3 Regras do contrato de locação ................................................................................................... 47
11.4 Empréstimo ................................................................................................................................................... 49
11.4.1 Conceito.................................................................................................................................................49
11.4.2 Natureza jurídica ................................................................................................................................ 49
11.4.3 Modalidades ........................................................................................................................................ 49
11.4.4 Comodato ............................................................................................................................................. 50
11.4.5 Mútuo ..................................................................................................................................................... 51
11.5 Prestação de Serviço ................................................................................................................................ 53
11.5.1 Conceito................................................................................................................................................. 53
11.5.2 Natureza jurídica ................................................................................................................................ 54
11.5.3 Elementos.............................................................................................................................................. 55
11.5.4 Tutela externa do crédito .............................................................................................................. 56
11.6 Empreitada .................................................................................................................................................... 57
11.6.1 Conceito................................................................................................................................................. 57
11.6.2 Natureza Jurídica ............................................................................................................................... 57
11.6.3 Modalidades de empreitada......................................................................................................... 58
11.6.4 Responsabilidade civil no contrato de Empreitada ............................................................ 58
11.7 Depósito......................................................................................................................................................... 59
11.7.1 Conceito................................................................................................................................................. 59
11.7.2 Natureza jurídica ................................................................................................................................ 59
11.7.3 Modalidades ........................................................................................................................................ 60
 
 
11.7.4 Do depósito voluntário ou convencional ............................................................................... 60
11.7.5 Do depósito necessário .................................................................................................................. 61
11.8 Mandato......................................................................................................................................................... 62
11.8.1 Conceito................................................................................................................................................. 62
11.8.2 Natureza jurídica e regras do mandato .................................................................................. 62
11.9 Seguro ............................................................................................................................................................ 64
11.9.1 Conceito................................................................................................................................................. 64
11.9.2 Natureza jurídica ................................................................................................................................ 64
11.9.3 Regras do contrato de seguro .................................................................................................... 64
11.9.4 Do seguro de dano .......................................................................................................................... 68
11.9.5 Do seguro de pessoa....................................................................................................................... 69
11.10 Fiança .............................................................................................................................................................. 70
11.10.1 Conceito................................................................................................................................................. 70
11.10.2 Natureza jurídica ................................................................................................................................ 70
11.10.3 Regras da fiança ................................................................................................................................ 71
11.10.4 Extinção da fiança ............................................................................................................................. 73
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 75
QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................................................................................... 91
GABARITO ........................................................................................................................................................................ 101
LEGISLAÇÃO COMPILADA......................................................................................................................................... 102
JURISPRUDÊNCIA............................................................................................................................................................. 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................................. 120
 
 
4 
 
DIREITO CIVIL 
Capítulo 4 
10. Teoria do Contrato 
10.1 Conceito 
Os contratos têm previsão inicial no artigo 42, do Código Civil, e já traz, em sua 
primeira disposição, a ideia de constitucionalização do Direito Civil. Isto porque, quando a lei 
determina que nos contratos sejam observadas as funções sociais, como limite da autonomia 
da vontade, conclui-se que a celebração destes velará pela aplicação dos direitos 
fundamentais das partes, observada mesmo na relação entre particulares, de forma 
horizontal. 
 Havia, antigamente, uma concepção individualista sobre os contratos, que eram regidos 
pelo pacta sunt servanda, decorrente do liberalismo. No entanto, com o advento do 
neoconstitucionalismo, houve um redimensionamento da autonomia provada e os princípios 
passaram a ser observados como regras jurídicas. 
 Assim, contrato é o acordo de duas ou mais vontades que visa à aquisição, resguardo, 
transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial. É um 
negócio jurídico bilateral, decorrente de uma ação humana voluntária e lícita, praticada 
com a intenção de obter um resultado jurídico. 
10.2 Elementos do Contrato 
 Seus elementos são: 
 Existência de duas ou mais pessoas: Essas pessoas podem ser físicas e/ou jurídicas. 
5 
 
 Capacidade plena das partes para contratar: Se as partes não forem capazes o 
contrato poderá ser nulo (ex: absolutamente incapaz que não foi representado) ou 
anulável (ex: relativamente incapaz que não foi assistido). 
 Consentimento: Vontades livres e isentas de vícios (erro, dolo, coação, etc). 
 Objeto do contrato é a prestação: Oobjeto é a atuação das partes no contrato. Ex: 
no contrato de compra e venda de um relógio, o objeto não é o relógio. Este é a 
coisa em que a prestação se especializa. O objeto de quem compra é pagar o preço 
e de quem vende deve entregar a coisa. Portanto é a ação humana. O objeto deve 
ser: 
 Lícito: não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios da ordem pública e 
aos bons costumes; 
 Possível: física e juridicamente; 
 Certo, determinado ou determinável: ou seja, deve conter os elementos 
necessários para que possa ser determinado – gênero, espécie, quantidade e 
características individuais; 
 Economicamente apreciável: isto é, deverá versar sobre o interesse capaz de 
se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. 
 Forma prescrita ou não defesa em lei: A regra é que a forma é livre. No entanto 
em algumas circunstâncias exige-se maior formalidade e solenidade (ex: escritura 
de compra e venda de imóvel). Quando a lei exigir que um contrato tenha uma 
determinada forma especial é desta forma que ele deve ser feito (não pode ser feito 
de outra maneira). Qualquer vício referente à forma torna o contrato nulo. 
10.3 Princípios Fundamentais 
10.3.1 Autonomia da Vontade (ou Autonomia Privada) 
 Os contratantes têm liberdade para estipular o que lhes convier. Em tese, pode-se 
contratar sobre o que quiser, mesmo que não previsto em lei (contrato inominado). 
6 
 
Trata-se de um dos princípios clássicos, juntamente com o princípio da força 
obrigatória dos contratos e relatividade dos efeitos do contrato, demonstrando que os efeitos 
estão limitados às partes. 
No século XIX, a função principal do Estado era somente de assegurar a ampla 
liberdade de contratação, de modo que as partes ajustavam as condições dos contratos como 
bem lhe entendiam, conforme regia o Estado liberal. Contudo, com a mudança do século, 
ficou demonstrado que a mera e ampla liberdade não era suficiente para haver o equilíbrio 
contratual, sendo necessário, portanto, a igualdade material, fazendo com o Estado 
abandonasse sua inércia, havendo, agora, a prevalência do Dirigismo Contratual. 
Assim a Autonomia Privada traduz literalmente a liberdade contratual, necessária em 
qualquer contrato, contudo, condicionada a outros princípios limitadores, como a função 
social dos contratos e da boa-fé objetiva, que iremos analisar posteriormente. Esse princípio, 
portanto, substituiu o modelo liberal da autonomia da vontade. 
 
Dirigismo contratual é a intervenção do Estado e da lei nos contratos. 
 
 
 
Nesse sentido, é importante fazer a diferenciação entre liberdade de contratar e liberdade 
contratual. A liberdade de contratar se relaciona com a escolha da pessoa ou das pessoas 
com quem o negócio jurídico será celebrado, sendo, em regra, uma liberdade plena, já que 
o direito à contratação inerente à própria concepção da pessoa humana, um direito existencial 
da personalidade advindo do princípio da liberdade. Por sua vez, a liberdade contratual se 
7 
 
relaciona com o conteúdo do negócio jurídico, sendo uma liberdade bem mais restrita, 
havendo, assim, limitações à carga volitiva das partes. 
10.3.2 Observância (ou Supremacia) das Normas de Ordem 
Pública 
 A liberdade de contratar encontra seus limites inicialmente na própria lei e também 
na moral e nos bons costumes. Ex: proibição de contrato envolvendo herança de pessoa viva 
(pacta corvina – art. 426, CC). 
10.3.3 Obrigatoriedade das Convenções (Pacta Sunt Servanda) 
 Decorre da ideia de autonomia da vontade, onde a convenção de um contrato passa a 
ter força de lei, constrangendo os contratantes ao cumprimento do conteúdo completo do 
negócio jurídico. Atualmente, cada vez mais, vem se atenuando a força desse princípio, em 
razão dos princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato. 
 
 
 
Uma exceção a esse princípio, é a teoria da imprevisão, chamada cláusula rebus sic 
stantibus (teoria da onerosidade excessiva) que mitiga o princípio ora estudado. Nesse 
sentido, a teoria da imprevisão emerge no ordenamento jurídico para RESOLVER o contrato 
(art. 478 do CC) se sobrevier fato imprevisível (superveniente que não poderia ser previsto no 
momento da celebração contratual) que acarrete o desequilíbrio contratual, tornando-o 
excessivamente oneroso para uma das partes e com extrema vantagem para a outra. 
10.3.4 Relatividade dos Efeitos do Contrato 
 O contrato é um instituto de direito pessoal e por isso apenas produz efeitos inter 
partes (vincula somente as partes que nele intervierem, ao contrário do que ocorre com os 
institutos de direitos reais, que produzem efeitos erga omnes. Não obstante, o próprio 
8 
 
ordenamento civil traz algumas exceções a esse princípio: estipulação de um contrato em 
favor de terceiro (arts. 426 a 438 do CC), promessa de fato de terceiro (arts. 439 a 440 do 
CC), contrato com pessoa a declarar (art. 471 do CC) e a função social dos contratos e sua 
eficácia externa (art. 421 do CC). 
10.3.5 Função Social do Contrato 
Trata-se de princípio expresso no artigo 421 do Código Civil, devendo ser observado 
em toda e qualquer relação contratual e determina que a liberdade de contratar deva 
observar a probidade e a boa-fé objetiva. 
Os ditames do referido princípio são baseados na superação do modelo individualista 
previsto no Código Civil de 1916, que se preocupava apenas com a relação individual gerada 
no contrato. A nova ordem constitucional de 1988 passou a exigir que todo e qualquer ramo 
do direito passe por uma “filtragem constitucional”, ou seja, deverão sempre ser observados 
os princípios fundamentais expressos na Constituição. Assim, com a irradiação dos princípios 
constitucionais, o Direito Civil passa a definir em suas disposições uma preocupação com o 
coletivo, limitando a autonomia da vontade sempre que ela possa ferir algum direito 
fundamental. 
Assim, a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função 
social do contrato. Na verdade, trata-se de um dispositivo genérico e que deve ser 
preenchido pelo Juiz dependendo de uma hipótese concreta que lhe é apresentada. Leva-se 
em consideração a presença de outros subprincípios tais como: a) Dignidade da Pessoa 
Humana; b) na interpretação do contrato, deve-se atender mais à intenção que o sentido 
literal das disposições escritas; c) Justiça Contratual (arts. 317 e 478, CC) – protegida por 
institutos como o da onerosidade excessiva, para dar maior equilíbrio às partes e ao contrato, 
estado de perigo, lesão, etc. 
Esse princípio surge para limitar diretamente o Princípio da Autonomia Privada, 
assim, o contrato não interessa apenas às partes contratantes, mas sim a toda a sociedade 
pois esse negócio jurídico possui repercussões em âmbito social (sociabilidade do direito). 
 
9 
 
 
 
 
Não foi eliminada a autonomia contratual ou a sua obrigatoriedade, mas apenas se atenuou 
ou reduziu o seu alcance quando presentes interesses individuais. 
Enunciado n. 23 do CJF/STJ: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo 
Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o 
alcance desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual 
relativo à dignidade da pessoa humana”. 
Nesse sentido, mesmo que um determinado contrato esteja de acordo com todos os 
preceitos legais, ele pode vir a ser declarado nulo/anulável se repercutir negativamente para a 
sociedade. 
Desta forma, de acordo com Flávio Tartuce, é correto afirmar que este princípio possui 
dupla eficácia: interna e externa. 
 Quanto à eficácia interna: o Princípio da Função Social dos Contratos objetiva a 
proteção da vulnerabilidade contratual (ex.: direitos do consumidor), a proteção 
contra a onerosidade excessiva ou desequilíbrio contratual (efeito gangorra), 
proteção da dignidade humana e direitos da personalidade, proteção contra 
cláusulas antissociaisou abusivas (ex.: Súmula 302/STJ), e conservação contratual, 
de modo que a extinção contratual deverá ser a última medida a ser tomada 
(Enunciado n. 360 do CJF/STJ, IV Jornada de Direito Civil e Enunciado n. 22 do 
CJF/STJ, I Jornada de Direito Civil). 
 Quanto à eficácia externa: diz respeito à proteção dos direitos difusos e coletivos 
(função socioambiental do contrato) da tutela externa do crédito, ou seja, a 
possibilidade de gerar efeitos perante terceiros ou das condutas destes repercutirem 
no contrato (Enunciado 21 do CJF/STJ, I Jornada de Direito Civil). 
Ainda, o art. 2035, parágrafo único do CC, traz uma norma de grande valia para 
compreensão desse princípio: 
10 
 
Art. 2.035. (…). Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos 
de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função 
social da propriedade e dos contratos. 
Vamos analisar cada trecho grafado: 
 Art. 2.035: esse artigo está disposto nas regras transitórias do CC/02, desta forma, 
a partir de sua leitura, compreende-se que esse princípio é aplicável ao contrato 
celebrado na vigência do CC/1916 (retroatividade motivada ou justificada). 
 Ordem pública: ora, se esse princípio se caracteriza como um preceito de ordem 
pública, como consequência, será imprescindível a intervenção do Ministério 
Público e do conhecimento ex officio pelo juiz. 
 Função social da propriedade: ao relacionar a função social dos contratos com a 
função social do direito de propriedade, o legislador acabou por fundamentar, 
constitucionalmente, o princípio ora estudado, equiparando-o ao previsto no art. 5, 
XXII e XXIII da CF/88. 
 Assim, tal princípio tem como funções básicas: 
 Abrandar a força obrigatória do contrato (Pacta Sunt Servanda); 
 Coibir cláusulas abusivas, gerando nulidade absoluta das mesmas (Súmula 302, 
STJ); 
 Possibilitar, sempre que possível, a conservação do contrato (Enunciado 22, I JDC), 
e o seu equilíbrio; 
 Possibilitar a revisão do contrato quando o mesmo contiver alguma 
onerosidade excessiva (ex.: teoria da impressão). 
 
 
 
Súmula 302, STJ – É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a 
internação hospitalar do segurado. 
11 
 
Enunciado 22, I Jornada: A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código 
Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, 
assegurando trocas úteis e justas. 
10.3.6 Boa-fé Objetiva 
É expressamente previsto no art. 422, do CC/02 e preconiza a atuação correta das 
partes, conforme um padrão normal de conduta, independentemente da boa-fé interior 
(subjetiva) que o contratante acredita ser correto1. 
E quais seriam essas condutas? Bom, dentre outras hipóteses, pode-se destacar: dever 
de cuidado, respeito, informação, lealdade, confiança, colaboração ou cooperação 
(expressamente constante do CPC/15), honestidade, razoabilidade, equidade, etc. 
Assim, as partes devem agir com lealdade, probidade e confiança recíprocas (art. 
422, CC), com o dever de cuidado, cooperação, informando o conteúdo do negócio e 
agindo com equidade e razoabilidade (usam-se os termos transparência, veracidade, 
diligência e assistência). Impede-se o exercício abusivo de direito por parte de algum dos 
contratantes. 
 
A violação de qualquer desses deveres (anexos/colaterais) implicará violação positiva do 
contrato, que ensejará responsabilidade civil objetiva (sem culpa), conforme dispôs o 
Enunciado n. 24 do CJF/STJ c/c Enunciado n. 363 do CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil: “Os 
princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente 
obrigada a demonstrar a existência da violação”. 
 
1 Vide questão 4 
12 
 
A observância deste princípio deve estar presente não só no momento da elaboração, 
como também na conclusão e execução do contrato, devendo ocorrer em TODAS as fases 
do contrato, inclusive, pós-contratual), que além da função econômica de circulação de 
riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, solidariedade, 
dignidade da pessoa humana, que são objetivos primordiais de nossa sociedade, estabelecidos 
na Constituição Federal. 
 
 
 
Não se confunde com a boa-fé subjetiva, que se relaciona com as crenças internas do 
sujeito e é irrelevante nas relações contratuais, pois, se respeitada a boa-fé objetiva, não há 
que se interferir na crença subjetiva da parte. 
Além disso, o Princípio da boa-fé objetiva possui algumas funções importantes para 
regulação dos contratos: 
 Interpretativa (art. 113, CC): Os contratos devem ser interpretados de maneira 
mais favorável a quem está de boa-fé. Presume-se que o consumidor e o 
aderente estão de boa-fé. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração. 
 De controle ou reativa (art. 187, CC): aquele que viola a boa-fé objetiva no 
exercício de um direito comete abuso de direito, ou seja, um ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
 Integrativa (art. 422, CC): a boa-fé objetiva deve integrar todas as fases 
contratuais – pré-contratual, contratual e pós. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
13 
 
 
Enunciado 25 – Art. 422: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador 
do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós -contratual. 
Enunciado 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de 
negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da 
natureza do contrato. 
O princípio da boa-fé objetiva possui alguns desdobramentos, vejamos: 
 Venire Contra Factum Proprium: dispõe sobre a vedação de a parte agir com 
comportamento contraditório ao previamente combinado. 
 Requisitos: 
o Comportamento anterior; 
o Comportamento posterior; 
o Ausência de justa causa; e 
o Dano ou receio de dano. 
 Supressio2 e Surrectio: são figuras correlacionadas, já que a supressio consiste na 
perda de um direito pelo decurso do tempo, obstando o seu exercício, em razão 
da boa-fé. Por outro lado, se uma parte perde o direito, a outra ganha, já que 
depositou confiança na aceitação do outro quanto à forma de cumprimento da 
obrigação, mesmo que diversa do que previamente estabelecido. 
 Tu quoque: não se confunde com o venire contra factum propium e consiste na 
vedação que a parte tem de exigir algo que ela também foi inadimplente. O 
indivíduo não pode aplicar valoração distinta à obrigação decorrente do mesmo 
ato. A aplicação deste princípio ocorre na exceptio non adimplementi (exceção do 
contrato não cumprido), por exemplo. 
 
2 Vide questão 3 
14 
 
 Duty to mitigaty the loss: conforme mencionado, a boa-fé deve ser observada por 
todas as partes do contrato, mesmo pelo credor que se depara com uma obrigação 
inadimplente. Neste caso, é necessário que o credor atue, levando-se em conta as 
circunstâncias, para tomar medidas que diminuam as perdas decorrentes do 
inadimplemento. Assim, se tiver ciência do descumprimento de um contrato e 
mesmo assim não tomar as medidas cabíveis, com o intuito de receber mais juros 
decorrentes da omissão, por exemplo, está agindo contra a boa-fé essencial nas 
relações jurídicas. 
10.4 Formação do Contrato 
 O contrato é fonte de obrigações, ele nasce da conjunção entre duas ou mais vontades 
coincidentes. Sem este mútuo consenso, não haverá contrato. No entanto, antes de se 
estabelecer o acordo final, é possível que ocorram algumas negociações preliminares (que 
são as sondagens, as conversasprévias e debates, tendo em vista um contrato futuro), sem 
que haja uma vinculação jurídica entre os participantes, não se criando ainda obrigações. É a 
chamada fase das tratativas. Apenas no momento em que as partes manifestam a sua 
concordância é que se formará o contrato, criando obrigações. 
 Os contratos possuem, portanto, quatro fases: fase de negociações preliminares ou de 
pontuação; fase de proposta, policitação ou oblação; fase de contrato preliminar e fase de 
contrato definitivo ou de conclusão do contrato. 
10.4.1 Fase da negociação preliminar (pontuação) 
É a fase de responsabilidade pré-contratual, em que ocorrem meras negociações 
preliminares, antecedendo a proposta. Nesse momento, ocorrem acordos que implicam 
propostas não formalizadas. 
Contudo, conforme já estudado neste material, havendo quebra da boa-fé objetiva, 
poderá surgir uma responsabilização pré-contratual de natureza extracontratual, conforme 
entendimento majoritário. 
15 
 
Todavia, ao se dar início a um procedimento negocitório, é preciso observar sempre se, 
a depender das circunstâncias do caso concreto, já não se formou uma legítima 
expectativa de contratar. Dizer, portanto, que não há direito subjetivo de não contratar 
não significa dizer que os danos daí decorrentes não devam ser indenizados, haja vista 
que, como vimos, independentemente da imperfeição da norma positivada, o princípio 
da boa-fé objetivatambém é aplicável a esta fase pré-contratual, notadamente os 
deveres acessórios de lealdade e confiança recíprocas3. 
10.4.2 Fase da proposta (policitação/oblação) 
É quando a oferta se torna formalizada, havendo a manifestação expressa da 
vontade de contratar, mas que depende da concordância (pura e simples) da outra parte. 
Assim, é a manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, solicitando a 
concordância da outra. 
Portanto, caracteriza-se essa fase como uma declaração unilateral de vontade 
receptícia. Nesse momento, a proposta (séria, clara, precisa e definitiva) se vincula ao 
proponente, pois, se a outra parte aceitar, o contrato está formado, assim, ela só produz 
efeitos ao ser recebida pela outra parte. 
Essa fase tem força vinculante, obrigando as partes, que são: 
 Proponente, policitante ou solicitante: faz a proposta (vinculado). 
 Oblato, policitado ou solicitado: recebe a proposta. 
 
Se a proposta originária é subitamente alterada pelo oblato, há uma contraproposta e os 
papeis se invertem. 
 
3 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. Teoria geral dos contratos. 1. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. IV, t. I, p. 96. 
16 
 
O art. 428 do CC traz hipóteses em que a proposta não se vinculará (exceção), 
portanto, de imprescindível leitura, vejamos: 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se 
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação 
semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a 
resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente. 
 Feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita: trata-se de 
contrato com declaração consecutiva. Aqui, considera-se também como pessoa 
presente aquela contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
 Feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para 
chegar a resposta ao conhecimento do proponente: trata-se de contrato com 
declarações intervaladas, imaginado em caso proposta enviada por carta; 
 Feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo 
dado; 
 Se antes proposta, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra 
parte, o oblato, da retratação do proponente. (direito de arrependimento) 
Ademais, o art. 430 do CC dispõe que, se a aceitação, por circunstância imprevista, 
chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicará o fato imediatamente ao 
aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
 
 
 
Feita a proposta, esta vincula o proponente ou policitante (art. 427, CC); caso a proposta 
não seja mantida, obriga a perdas e danos. 
17 
 
10.4.3 Fase do contrato preliminar 
 Às vezes não é conveniente às partes celebrar, desde logo, o contrato definitivo; assim 
podem firmar um contrato-promessa (pactum incontrahendo), sendo que as partes se 
comprometem a celebrar o contrato definitivo posteriormente (o exemplo clássico é o 
compromisso irretratável de compra e venda). Apesar disso ele deve ser registrado, 
presumindo-se irretratável. Se uma das partes desistir do negócio, sem justa causa, a outra 
poderá exigir-lhe, coercitivamente, o seu cumprimento, sob pena de multa diária, fixada no 
contrato ou pelo Juiz. 
As partes se denominam promitentes (na compra e venda: promitente-comprador e 
promitente-vendedor). Assim, é um pré-contrato (pactum de contrahendo), em que as partes 
assumem (vinculante) a obrigação de celebrar um contrato definitivo no futuro. Em razão 
disso, deve possuir os mesmos requisitos essenciais do contrato definitivo, exceto quanto à 
forma. Ex.: contrato de compra e venda de imóvel, no contrato definitivo, é obrigatória a 
escritura pública, porém, caso seja um contrato preliminar, essa formalidade é dispensada. 
A doutrina aduz que são 2 tipos de contrato preliminar previstos no Direito brasileiro, 
intitulados como compromissos de contrato, vejamos: 
 Compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção (art. 466): as duas 
partes assinam o instrumento, porém apenas uma das partes assume um dever de 
fazer o contrato definitivo. Assim, dispõe o art. 466: “Se a promessa de contrato 
for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se 
no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado 
pelo devedor”. 
 Compromisso bilateral de contrato (art. 463): ocorre, ao contrário do 
compromisso unilateral, quando as duas partes assinam o instrumento e, ao mesmo 
tempo, assumem a obrigação de celebrar o contrato definitivo. Assim, dispõe o art. 
463: “Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo 
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer 
das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à 
18 
 
outra para que o efetive. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado 
ao registro competente.” 
 
O registro não é obrigatório, sendo apenas um fator de eficácia perante terceiros. Assim, na 
verdade, a redação do parágrafo único do artigo deveria ser “o contrato preliminar poderá ser 
levado ao registro competente”. Assim, se não registrar, os efeitos serão inter partes; se 
registrar, serão erga omnes. 
 
 
 
Enunciado 30: Art. 463: a disposição do parágrafo único do art. 463 do novo Código Civil 
deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros. 
Enunciado 549: Art. 538: a promessa de doação no âmbito da transação constitui obrigação 
positiva e perde o caráter de liberalidade previsto no art. 538 do Código Civil. 
 Se não registrado na matrícula: haverá um contrato preliminar com efeitos 
obrigacionais “inter partes”, que gera uma obrigação de fazer o contrato 
definitivo. Conforme dispõe os arts. 463, 464 e 465, do Código Civil, 
compromissário comprador tem três opções se o promitente vendedor não 
celebrar o contrato: 
o Obrigação de fazer/exigir a celebração, desde que o preço seja pago (art. 
463, do CC); 
o Adjudicação compulsória inter partes, desde que o preço esteja pago (art. 
464, do CC); 
o Perdas e danos (art. 465, do CC). 
19 
 
 
Súmula 239,do STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do 
compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. 
 Se registrado na matrícula: deixará de ser um mero contrato preliminar, 
passando a se Tratar de um direito real de aquisição do compromissário 
comprador, que gera efeitos reais erga omnes. (art. 1.225, VIII, do CC), cabendo 
ação de adjudicação compulsória erga omnes. 
10.4.4 Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato 
Trata-se da última fase da formação dos contratos, momento em que ocorrerá o 
aperfeiçoamento do contrato, de modo a gerar todos os efeitos jurídicos e fáticos de sua 
avença de forma plena, ensejando a responsabilidade civil contrato em caso de 
inadimplemento. 
10.5 Momento da Conclusão do Contrato 
 Desta forma, entende-se que o contrato pode ser formado: 
 Entre presentes (inter praesentes): quando o oblato aceita a proposta, havendo 
um encontro de vontades, ocorrendo simultaneamente. Não havendo prazo 
estipulado, a aceitação deverá ser manifestada imediatamente, contudo, se houver 
prazo, deverá ocorrer no termo concedido, caso contrário não será considerada 
aceita, salvo de forma tácita. 
 Entre ausentes (inter absentes). o CC adota duas teorias: 
 Regra: Teoria da agnição ou aceitação/informação, na subteoria da 
expedição, ocorrendo com a expedição da aceitação, art. 434); 
 Exceção: teoria da agnição ou aceitação, na subteoria da recepção, quando 
houver convenção das partes. 
20 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é 
expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; (retratação). 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta. 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
Conforme explica Flavio Tartuce, quanto à formação do contrato eletrônico celebrado entre 
ausentes, a exemplo da contratação por e-mail, segundo o entendimento majoritário, aplica-se 
a teoria da recepção, conforme dispõe o Enunciado n. 173 do CJF/STJ: “A formação dos 
contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a 
recepção da aceitação pelo proponente”. 
10.6 Local da Celebração do Contrato 
 A regra é que o negócio jurídico se reputa celebrado no lugar em que foi proposto 
(art. 435, CC). Esta é uma regra dispositiva, isto é, as partes podem dispor de modo diverso, 
desde que expressa no contrato. 
10.7 Classificação dos Contratos 
10.7.1 Contratos Unilaterais ou Bilaterais 
 O contrato será unilateral quando apenas um dos contratantes assume obrigações 
em face do outro. É o que ocorre na doação pura e simples. Outros exemplos: mútuo, 
comodato, etc. Os contratos unilaterais, apesar de exigirem duas vontades, colocam só uma 
delas na posição de devedora. 
 O contrato será bilateral quando os contratantes são simultânea e reciprocamente 
credores e devedores uns dos outros, produzindo direitos e obrigações para ambos. O 
21 
 
contrato bilateral também é conhecido como sinalagmatico. A compra e venda é o exemplo 
clássico: o vendedor deve entregar a coisa, mas por outro lado tem o direito ao preço; já o 
comprador deve pagar o preço, mas, por outro lado tem o direito de receber o objeto que 
comprou. Outros exemplos: troca, locação, etc. 
10.7.2 Contratos Onerosos ou Gratuitos 
 Os contratos onerosos trazem vantagens para ambos os contratantes, pois estes 
sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito desejado (ex: locação – 
locatário paga aluguel, mas tem o direito de usar o bem; já o locador recebe o dinheiro do 
aluguel, mas deve entregar a coisa para que seja usada por outrem). Em outras palavras: 
ambas as partes assumem ônus e obrigações recíprocas. 
 Os contratos gratuitos (ou benéficos) oneram somente uma das partes, 
proporcionando à outra uma vantagem, sem qualquer contraprestação (ex: doação pura e 
simples, depósito, comodato, etc). 
10.7.3 Contratos Comutativos ou Aleatórios 
 O contrato é comutativo (ou pré-estimado) quando as prestações de ambas as partes 
são conhecidas e guardam relação de equivalência. Ex: compra e venda (como regra). 
 Já o contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes (ou de 
ambas) não e conhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. Depende de 
uma alea (incerteza, risco). O contrato depende de um risco futuro e incerto, capaz de 
provocar uma variação e consequentemente um desequilíbrio entre as prestações, não se 
podendo antecipar exatamente o seu montante. 
10.7.4 Contratos Nominados ou Inominados 
 Os contratos nominados (ou típicos) são os contratos que têm previsão e 
denominação prevista na lei (Código Civil ou Leis especiais). Ex: compra e venda, locação, 
comodato, etc. 
22 
 
 Já os inominados (ou atípicos) são os contratos criados pelas partes, dentro do 
princípio da liberdade contratual e que não correspondem a nenhum tipo contratual 
previsto na lei; não têm tipificação; não têm um nome com previsão legal. Ex: cessão de 
clientela, factoring, etc. O art. 425 do CC permite às partes estipular contratos atípicos, 
observadas as normas gerais fixadas no Código Civil. 
10.7.5 Contratos Paritários ou de Adesão 
 Paritários são aqueles em que ambos os interessados são colocados em pé de 
igualdade e podem discutir as cláusulas contratuais, uma a uma, eliminando os pontos 
divergentes mediante transigência mútua. 
 De adesão (ou por adesão) são aqueles em que a manifestação de vontade de uma 
das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra. Uma das partes elabora o 
contrato e a outra parte apenas adere às cláusulas já estabelecidas, não sendo possível a 
discussão ou modificação dessas cláusulas. Ex: contratos bancários, contrato de transporte, 
convênio médico, seguro de vida ou de veículos, sistema financeiro de habitação, etc. 
 O contrato de adesão deve ser sempre escrito com letras grandes e legíveis. Ele não 
pode ser impresso com redação confusa, utilizando terminologia vaga e ambígua, nem com 
cláusulas desvantajosas para um dos contratantes. 
A cláusula que implicar limitação ao direito do consumidor deverá ser redigida com 
destaque (letras maiores), permitindo sua imediata e fácil compreensão. Na dúvida vigora a 
interpretação mais favorável ao aderente. 
Segundo o art. 424, CC são nulas as cláusulas que estipulam a renúncia antecipada do 
aderente a algum direito resultante da natureza do negócio (ex: “caso o objeto adquirido 
esteja com algum problema, o aderente abre mão de pedir a substituição do produto”). 
23 
 
10.7.6 Contratos Consensuais ou Formais 
 Consensuais ou não solenes são os contratos que independem de uma forma 
especial; em geral se perfazem pelo simples acordo ou consenso das partes. Podem ser 
celebrados inclusive de forma verbal. 
 Solenes ou formais são os contratos em que a lei exige uma forma especial. A falta 
desta formalidade levará à nulidade do negócio. Ex: a compra e venda de bens imóveis exige 
escritura pública e registro. 
10.7.7 Contratos Reais 
São os que se aperfeiçoam com a entrega da coisa. O depósito somente será 
concretizado quando a coisa for realmente entregue, depositada. Outros exemplos: comodato, 
mútuo, penhor, etc. Antes da entrega da coisa, tem-se apenas uma promessa de contratar e 
não um contrato perfeito e acabado. 
10.7.8 Contratos Principais ou Acessórios 
 Principais são os contratos que existem por si, exercendo sua função e finalidade 
independente de outro. Ex: contrato de compra e venda, de locação, etc. 
 Acessórios são aqueles contratos cuja existência supõe a do principal, pois visam 
assegurar sua execução. Ex: fiança. 
10.7.9 Contratos Pessoais ou Impessoais 
 Contratos Pessoais (personalíssimos ou intuitu personae) são aqueles em que a pessoa 
do contratante é considerada pelo outro como elemento determinante de sua conclusão. 
Ex: Desejo que o advogado “Y” me defenda no Tribunal do Júri. Quero que o cirurgião “X”me 
opere. Quero comprar um quadro do famoso pintor “Z”. 
 Contratos Impessoais são os que a pessoa do contratante é juridicamente 
indiferente para a conclusão do negócio. Ex: Contrato uma empresa para pintar minha casa. 
Tanto faz se o serviço for realizado pelo pintor “A” ou “B”. 
24 
 
10.8 Efeitos do Contrato 
 O contrato válido estabelece um vínculo jurídico entre as partes, sendo que, em 
princípio, é irretratável unilateralmente. Ou seja, depois de celebrado, como regra, uma das 
partes não pode simplesmente desistir do cumprimento do contrato. 
Trata-se da aplicação do Pacta Sunt Servanda. Formado um contrato, assumidas as 
obrigações, passamos ao cumprimento do seu conteúdo. Porém, um contrato pode produzir 
diversos efeitos. 
10.8.1 Exceção de Contrato Não Cumprido 
 Também é chamado de exceptio non adimpleti contractus. Nos contratos bilaterais (ou 
sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir a sua 
obrigação, exigir a do outro (art. 476, CC). Isso porque há uma dependência recíproca das 
prestações que, por serem simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo. 
 Excepcionalmente será permitido, a quem incumbe cumprir a prestação em primeiro 
lugar, recusar-se ao seu cumprimento, até que a outra parte satisfaça a prestação que lhe 
compete ou dê alguma garantia de que ela será cumprida. No entanto, isso somente é 
admissível quando, depois de concluído o contrato, sobrevier diminuição em seu patrimônio 
que comprometa ou torne duvidosa a prestação a que se obrigou. 
 Em caso de rescisão, a parte lesada pelo inadimplemento (não cumprimento) da 
obrigação pela outra parte pode pedir rescisão do contrato, acrescido de perdas e danos. 
10.8.2 Direito de Retenção 
 É a permissão concedida pela norma ao credor de conservar em seu poder coisa 
alheia, já que detém legitimamente, além do momento em que deveria restituir, até o 
pagamento do que lhe é devido. 
Digamos que uma pessoa foi possuidora de boa-fé de uma casa, durante quatro anos. 
Nesse tempo realizou benfeitorias necessárias. No entanto o verdadeiro proprietário moveu 
uma ação de reintegração de posse e acabou ganhando a ação. O possuidor, embora 
25 
 
estivesse de boa-fé, perdeu a ação; deve sair do imóvel. No entanto, tem o direito de ser 
indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizou no imóvel. E se a pessoa que ganhou a 
ação não quiser indenizar? Ora, enquanto o possuidor não for indenizado pela benfeitoria 
necessária que realizou, ele tem o direito de reter o imóvel até que seja ressarcido ou até o 
tempo calculado sobre o valor da benfeitoria. 
 Devem estar presentes os seguintes requisitos: 
 Detenção da coisa alheia; 
 Conservação dessa detenção; 
 Crédito líquido, certo e exigível do retentor, em relação de conexidade com a 
coisa retida. Esse direito está assegurado a todo possuidor de boa-fé que tem 
direito à indenização por benfeitorias necessárias ou úteis (art. 1.219, CC). 
 
 
 
Segundo o STJ (Súm. 619), “A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, 
de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias”. 
10.8.3 Revisão dos Contratos 
 Em princípio, os contratos devem ser cumpridos exatamente como foram estipulados 
(pacta sunt servanda). No entanto, a obrigatoriedade das convenções não é absoluta. Admite-
se, excepcionalmente, a revisão judicial dos contratos de cumprimento a prazo ou em 
prestações sucessivas, quando uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma 
alteração imprevista da conjuntura econômica. 
 A finalidade é restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro entre os contratantes, 
lastreada na chamada Teoria da Imprevisão. Segundo ela, somente permanece o vínculo 
obrigatório gerado pelo contrato enquanto ficar inalterado o estado de fato vigente à época 
da estipulação. Se for alterado o estado de fato, permite-se também a alteração do contrato, 
26 
 
ficando a parte liberada dos encargos originários, sendo que o contrato pode ser revisto ou 
rescindido. 
Esta cláusula implícita é conhecida pela expressão rebus sic stantibus (tentando fazer 
uma tradução literal teríamos: “o mesmo estado das coisas”; “as coisas ficam como estão”; 
“pelas coisas como se acham”). 
 Para se tornar viável a extinção (ou revisão) do contrato por onerosidade excessiva, o 
Juiz, em cada caso, sempre deve verificar a ocorrência dos seguintes elementos: 
 Vigência de um contrato comutativo (as prestações são conhecidas e equivalentes 
entre si). 
 Ocorrência de alteração das condições econômicas após a celebração do contrato. 
 A alteração da situação foi imprevisível e extraordinária. 
 Onerosidade excessiva para uma das partes na execução do contrato nas 
condições originalmente estabelecidas. 
 Como regra, a resolução por onerosidade excessiva cabe nos contratos bilaterais (ou 
sinalagmáticos), como na compra e venda. Porém o art. 480, CC dispõe que se no contrato as 
obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja 
reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. 
10.8.4 Estipulação em Favor de Terceiro 
 Um dos princípios do contrato é que ele não pode prejudicar nem beneficiar a terceiros, 
atingindo apenas as partes que nele intervieram (princípio da relatividade). No entanto esse 
princípio não é absoluto, podendo favorecer terceiros (nunca criando obrigações ou 
prejudicando). Ex: A (estipulante) compra uma casa de B (promitente) para que este a 
entregue para C (beneficiário). C não é parte do contrato, no entanto é o favorecido pelo 
mesmo. 
 Neste caso, tanto o que estipula a cláusula (estipulante) como o terceiro (beneficiário) 
tem o direito de exigir do promitente o cumprimento da obrigação. 
27 
 
10.8.5 Vício Redibitório 
 Nos contratos bilaterais em que há a transferência da posse, uma parte deve garantir a 
outra que essa possa usufruir o bem conforme sua natureza e destinação (contratos de 
compra e venda, locação, comodato, doação com encargos etc.). 
Por seu turno, vícios redibitórios4 são falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa 
alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destinam 
ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se 
esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente direito para redibir (devolver a coisa 
defeituosa) ou para obter abatimento no preço. 
O alienante (o vendedor) é o responsável, mesmo alegando que não conhecia o 
defeito, trata-se da responsabilidade objetiva (respondendo independente de culpa), exceto se 
o contrário estiver previsto no contrato. 
 Há responsabilidade do alienante mesmo que a coisa pereça apenas na posse do 
adquirente, mas o vício oculto já existia antes da tradição (art. 444, CC). 
 Por outro lado, não há responsabilidade do alienante se o adquirente sabia que a 
coisa era defeituosa e mesmo assim quis recebê-la. Também não há responsabilidade se o 
vício se deu por causa posterior à entrega. 
 O bem adquirido em hasta pública não se pode redibir, nem pedir abatimento do 
preço. No entanto, se a aquisição do bem aconteceu em um leilão de arte ou em uma 
exposição de animais, a responsabilidade subsiste. 
 Os contratos objeto do vício redibitório são os comutativos (ex.: compra e venda) e 
os de doação com encargo (doações em que o beneficiário, para receber o bem doado, 
assume algum ônus). 
 Decadência 
 
4 Vide questão 5 
28 
 
 Nos negócios regulados pelo Código Civil, o art. 445 do mesmo código estabelece que 
o prazo de reclamação e propositura das ações acima citadas, contado da entrega efetiva 
(tradição), são de: 
PRAZO HIPÓTESES 
30 (trinta) dias Bens móveis 
01 (um) ano Bens imóveis 
15 (quinze) dias ou 
para imóveis 
Se o comprador já estava na posse do bem móvel 
quando foi realizada a venda06 (seis) meses Se o comprador já estava na posse do bem imóvel 
quando foi realizada a venda 
 
Quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo conta-se a partir do instante em 
que dele tiver ciência, até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias, se tratar de móveis, ou 
de 01 (um) ano, se tratar de imóveis. 
 Código de Defesa do Consumidor 
A Lei no 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor – CDC) possui normas de ordem 
pública e de interesse social, atendendo disposições constitucionais que atribuem ao Estado 
à defesa do consumidor. 
A responsabilidade prevista no CDC é objetiva (independente de culpa) e solidária 
(entre o fabricante e o comerciante). Vejam a diferença: se uma pessoa adquire um bem de 
um particular, a reclamação rege-se pelo Código Civil; mas, se ela adquiriu de um 
comerciante, rege-se pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 Lembre-se que o CDC tem uma abrangência maior: considera como vícios tanto os 
defeitos ocultos na coisa como também os aparentes ou de fácil constatação. Além disso, o 
29 
 
defeito pode estar na coisa ou no serviço prestado. Há também uma diferença na 
nomenclatura: no CC chamamos de vícios redibitórios (arts. 441/446); no CDC (arts. 18 a 26) 
chamamos de vícios do produto. 
No entanto, a doutrina costuma afirmar que existe um “diálogo das fontes” entre o CC 
e o CDC, pois há uma conexão entre ambos, sendo que um sistema complementa o outro, 
especialmente no que diz respeito aos princípios contratuais, possibilitando maiores benefícios 
e mecanismos de defesa para o consumidor. 
 Os prazos são decadenciais, contados a partir da data da entrega efetiva do produto 
ou do término da execução dos serviços. Observem que também são diferentes dos prazos 
estabelecidos no Código Civil. 
Há uma crítica da doutrina quanto aos prazos, pois eles são menores do que no CC: 
Prazo Hipóteses 
30 (trinta) dias Produtos não-duráveis: desaparece facilmente com o 
consumo (ex.: gêneros alimentícios) 
 
90 (noventa) dias 
Produtos duráveis: não desaparece facilmente com o 
consumo, possuindo um ciclo de vida ou de utilização 
mais longo (ex.: eletrodomésticos, automóveis etc.) 
 
O CDC também estabelece que fornecedores, quando efetuada a reclamação direta, têm 
prazo máximo de trinta dias para sanar o vício. Não o fazendo pode o consumidor exigir 
alternativamente: 
 Substituição do produto. 
 Resolução do contrato: restituição da quantia paga (e, dependendo do caso, 
acrescido de perdas e danos); não há necessidade de se provar a má-fé do 
alienante, pois presume-se a boa-fé do consumidor. 
 Abatimento proporcional do preço. 
30 
 
10.8.6 Evicção 
 Como vimos, o alienante tem o dever de garantir ao adquirente a posse justa da coisa 
transmitida, defendendo-a de eventuais pretensões de terceiros. 
 Por isso, a lei a protege de eventual evicção. Evicção é a perda da propriedade de 
uma coisa para terceiro, em razão de ato jurídico anterior e em virtude de uma sentença 
judicial (evincere = ser vencido). 
A evicção supõe a perda total ou parcial da coisa, em mão do adquirente, por ordem 
do Juiz, que a defere a outrem. Exemplo clássico: A vende para B uma fazenda. Quando B 
toma posse do imóvel percebe que uma terceira pessoa (C) já detém a posse daquele imóvel 
há muitos anos. B Tenta tirar C do imóvel. Mas este além de não sair ainda ingressa com uma 
ação de usucapião. Caso C obtenha a sentença judicial de usucapião, B perderá o imóvel. 
Vejam: B pagou pelo imóvel e o perdeu em uma ação judicial. Isto é a evicção. Na hipótese 
concreta, A fica obrigado a indenizar B. Observem neste exemplo que: 
 A → é o alienante, aquele que transferiu a coisa viciada, de forma onerosa. Em 
regra, ele não tem conhecimento de que coisa era litigiosa. 
 B → é o evicto (adquirente ou evencido), aquele que perdeu a coisa adquirida, em 
virtude da sentença judicial. 
 C → é o evictor (ou evencente), aquele que adquiriu a coisa porque ganhou a ação 
judicial. 
 Toda pessoa, ao transferir o domínio, a posse, ou o uso a terceiro, nos contratos 
onerosos, deve resguardar o adquirente contra os riscos de evicção. Trata-se de uma 
obrigação de fazer, a cargo do alienante, que nasce com o próprio contrato. Se ocorrer a 
evicção estamos diante de uma inexecução contratual, pois eu paguei pela coisa e não a 
recebi; ou a recebi, mas perdi logo a seguir por determinação judicial. 
 Direitos do Evicto 
 Restituição integral do preço pago. 
 Restituição das despesas com o contrato. 
31 
 
 Todos os prejuízos decorrentes da evicção (o evicto deve provar quais foram 
as perdas e danos). 
 Indenização dos frutos que for obrigado a restituir. 
 Obter o valor das benfeitorias necessárias e úteis que não lhe forem pagas 
pelo evictor. 
 Custas judiciais, honorários advocatícios e demais despesas processuais. 
 A evicção pode ser total ou parcial. A parcial ocorre quando a perda é inferior a 100% 
do valor da coisa. Já o art. 455, CC fala em evicção parcial considerável e não-considerável. 
Mas não estabelece porcentagem para cada caso. Portanto, tudo vai depender do bom senso 
do Juiz em um caso concreto. 
 O adquirente deve, assim que for instaurado contra si o processo judicial, chamar o 
alienante para integrar o processo (art. 456, CC). Trata-se de um instituto de Direito Processual 
Civil. É a chamada denunciação a lide. Ela é obrigatória para que o evicto (adquirente) possa 
ao menos ser reembolsado daquilo que pagou pela propriedade, sem receber a coisa. Se 
assim não proceder (não denunciar a lide) perderá os direitos decorrentes da evicção, não 
mais dispondo de ação direta para exercitá-los. A denunciação se justifica posto que o 
alienante precisa saber da pretensão do terceiro reivindicante, uma vez que irá suportar as 
consequências da decisão judicial. 
10.9 Extinção da Relação Contratual 
 Há uma grande divergência doutrinária sobre as terminologias referentes aos modos 
extintivos dos contratos, pois não há sistematização legal. Adotamos o sistema da Professora 
Maria Helena Diniz, pois é o que vem caindo nos concursos. 
 O adimplemento (também chamado de execução, cumprimento ou satisfação 
obrigacional) do contrato é o modo normal de extinção do mesmo. O devedor executa a 
prestação e o credor atesta o cumprimento através da quitação (prova de que houve o 
pagamento). Se a quitação não lhe for entregue ou se lhe for oferecida de forma irregular, o 
devedor poderá reter o pagamento (sem que se configure a mora) ou efetuar a consignação 
em pagamento. 
32 
 
 No entanto, um contrato pode ser extinto antes de seu cumprimento, ou no decurso 
deste. São as chamadas causas anteriores ou contemporâneas ao nascimento do contrato ou 
supervenientes à sua formação. 
Costuma-se dizer então que Rescisão é o gênero. As demais nomenclaturas seriam as 
espécies. Vejamos: 
10.9.1 Causas Anteriores ou Contemporâneas 
 As causas anteriores são divididas em duas: 
 Nulidades: trata-se da não-observância de normas jurídicas atinentes a seus 
requisitos subjetivos, objetivos e formais (capacidade, objeto, consentimento, forma, 
etc.). Ex: se uma pessoa menor de 16 anos realiza um contrato, ou este tem por 
objeto algo ilícito, temos a nulidade do contrato (arts. 166 e 167, CC). 
 Arrependimento: previsto no próprio contrato, quando os contraentes estipulam 
que o mesmo será rescindido, mediante declaração unilateral de vontade, se 
qualquer deles se arrepender. 
10.9.2 Causas Supervenientes 
 As causas supervenientes são divididas em seis: 
 Resolução por inexecução voluntária: a prestação não é cumprida por culpa do 
devedor. Sujeita o inadimplente ao ressarcimento por todas as perdas e danos 
materiais e morais. 
 Resolução por inexecução involuntária: a prestação não é cumprida, sem que haja 
culpa do devedor, nos casos de força maior ou caso fortuito. Não há indenização 
por perdas e danos; tudo volta como era antes; se houve qualquer tipode 
pagamento, a quantia deve ser devolvida. 
 Resolução por onerosidade excessiva: evento extraordinário e imprevisível, que 
impossibilita ou dificulta extremamente o adimplemento do contrato. Trata-se da 
aplicação da Teoria da Imprevisão (cláusula rebus sic stantibus). Provadas as 
condições pode haver a rescisão contratual ou a revisão das prestações. Têm-se 
33 
 
entendido que, em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, 
deve-se conduzir, sempre que possível, à revisão dos contratos e não à resolução. 
 Resilição bilateral ou distrato: trata-se de um novo contrato em que ambas as 
partes, de forma consensual, acordam pôr fim ao contrato anterior que firmaram. 
O distrato submete-se às mesmas normas e formas relativas ao contrato, 
conforme o art. 472, CC. 
 Resilição unilateral: há contratos que admitem dissolução pela simples declaração 
de vontade de uma das partes (também chamada de denúncia vazia). Só ocorre 
excepcionalmente. Os exemplos clássicos ocorrem no mandato, no comodato e no 
depósito. Assume a feição de resgate, renúncia ou revogação. Quem revoga é o 
mandante, comodante ou depositante. Quem renuncia é o mandatário, comodatário 
ou depositário. 
 Morte de um dos contraentes: como regra, morrendo um dos contratantes, a 
obrigação se transmite aos seus herdeiros, até o limite das forças da herança. No 
entanto, nas obrigações personalíssimas (intuitu personae) a morte é causa 
extintiva do vínculo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
11. Contratos em Espécie 
 O tema “contratos em espécie” é um tema com bastante incidência no exame da ordem 
e, portanto, deve ser estudado com bastante atenção. 
11.1 Compra e Venda 
 Um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a 
pagar-lhe o preço em dinheiro. O contrato não transfere a propriedade da coisa. A 
propriedade é transferida pela tradição ou registro. O contrato somente cria a obrigação de 
uma transferência da coisa5. 
A compra e venda é contrato translativo, em que a parte se compromete a transferir o 
bem. Logo, o contrato de compra e venda, por si só, não transmite a propriedade, que se dará 
com o registro ou tradição. 
 A fixação do preço poderá ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo 
designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem 
efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes em designar outra pessoa. 
 É nulo o contrato de compra e venda quando se deixar o arbítrio do preço a apenas 
uma das partes. Não sendo a venda a crédito, não é obrigado o credor a entregar a coisa 
antes de receber o preço. 
11.1.1 Elementos 
 Os elementos do contrato de compra e venda são a coisa, o preço e o consenso. Não 
se transfere o domínio. Este é transferido pela tradição (bens móveis) ou pelo registro do 
título aquisitivo no Cartório de Registro de Imóveis (bens imóveis). 
 Coisa (res): é o bem corpóreo, material. 
 
5 Vide questão 6 
35 
 
A coisa deve ser lícita, possível, determinada ou determinável, sob pena de nulidade 
absoluta. Ainda, a compra e venda pode ter como objeto coisa atual ou futura (venda sob 
encomenda). 
Se a coisa vier a não existir, a compra e venda será ineficaz, não ser que se trate de 
contrato aleatório (emptio spei, art. 483), que é exceção. 
 A lei proíbe que os ascendentes vendam aos descendentes quaisquer bens, sem que 
haja o consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, salvo se casado 
sob o regime de separação obrigatória (art. 496, CC), sob pena de anulação do ato. Essa 
venda poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros, que poderá ser 
pleiteada no prazo de dois anos, a contar da data do ato. 
 Consenso (consesus): as partes devem ser capazes, sob pena de invalidade da 
compra e venda, devendo ser observadas as regras de legitimação para a compra e 
venda. 
 Outorga uxória: para a venda de imóvel, salvo no caso de separação absoluta 
de bens (a convencional). A falta de outorga gera anulabilidade da compra e 
venda, com prazo decadencial de 2 anos contados da dissolução da sociedade 
conjugal. 
 Venda de ascendente para descendente: há necessidade de autorização dos 
demais descendentes e do cônjuge do vendedor. 
 Preço (pretium): é a remuneração da compra e venda, devendo ser expressa em 
moeda nacional corrente (reais) pelo valor nominal, em razão do princípio do 
nominalismo, sob pena de nulidade. 
 Preço injusto: indício de fraude; 
 Preço fictício: descaracteriza o contrato para doação; 
 Preço por cotação (art. 486 e 487): fixado conforme índices e parâmetros, 
inclusive por taxa de mercado ou de bolsa, também se poderá deixar a fixação 
do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar; 
 Preço por arbitramento ou por avaliação: arbitrado por terceiro que tenha 
confiança das partes, porém não pode confiado exclusivamente a uma das 
partes; 
36 
 
 Preço tabelado e preço médio: tem que seguir uma ordem, se não houver 
preço estipulado pelas partes: 
o Preço tabelado; 
o Vendas habituais; 
o Preço médio (juiz); 
 Preço unilateral (art. 489): é nulo o contrato quando se deixa ao arbítrio 
exclusivo de uma das partes. 
11.1.2 Venda de coisa comum ou venda de bem indivisível em 
condomínio 
Nesse caso, é um direito de preempção/preferência legal em favor do condômino, seja 
móvel ou imóvel, devendo haver igualdade de condições ‘tanto por tanto’. 
O condômino preterido pode entrar com ação adjudicatória ou anulatória, inclusive 
contra terceiros, sendo uma ação de preferência de natureza real, tem que depositar o preço, 
com prazo decadencial de 180 dias, a partir da ciência da venda. 
Assim, dispõe o art. 504: 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, 
se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der 
conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a 
estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de 
maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, 
haverão a parte vendida os coproprietários, que a quiserem, depositando previamente o 
preço. 
Havendo pluralidade de condôminos com preferência, a ordem de preferência será: 
 Quem tem benfeitorias de maior valor. 
 Quem tenha quinhão maior. 
 Quem depositar primeiro. 
37 
 
11.1.3 Venda por medida ou por extensão – venda ad mensuram 
No caso de venda de imóveis, pode-se estabelecer que a área do imóvel não é 
meramente enunciativa (venda ad corpus - a metragem não é considerada), tratando-se, 
desta forma, de um fator determinante do negócio jurídico. 
 
 
 
VENDA AD CORPUS 
 Dimensões são imprecisas, simplesmente 
enunciativas; 
 Presunção enunciativa quando a diferença não 
exceder a 1/20 (5%); 
VENDA AD MENSURAM 
Trata-se venda especificada, detalhada por indicação 
de preço e medida de extensão. 
Proteção especial do comprador (artigo 500, 
caput): 
 Ação ex empto – complemento da área. 
(Prioritária) 
 Redibitória – Resolução do contrato. 
 Estimatória – Abatimento no preço. 
Como a ação ex empto é prioritária, a ações 
redibitória e estimatória somente em caso de não 
ser possível a complementação da área. 
Na venda ad mensuram, se houver uma variação 
considerável na área, estará presente um vício 
redibitório especial. 
Por fim, o § 1o do artigo 500, traduz a ideia de que 
se a margem de erro é apenas de 5%, o comprador 
não poderá ingressar em juízo, salvo se provar que 
sem esse percentual não teria realizado a compra. 
 
Veja a integralidade do dispositivo legal: 
38 
 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão – ad 
mensuram –, ou se determinara respectiva área – ad corpus –, e esta não 
corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito 
de exigir o complemento – ação ex rempto – da área, e, não sendo isso possível, o de 
reclamar a resolução – ação redibitória – do contrato ou abatimento proporcional ao 
preço – ação estimatória. 
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa – ad 
mensuram –, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo 1/20 (5%) da 
área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais 
circunstâncias, não teria realizado o negócio. 
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para 
ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, 
completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. 
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for 
vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às 
suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. 
Vejamos as situações que podem ocorrer: 
 Faltar área: o comprador prejudicado poderá pleitear: 
 Complementação da área: ação ex empto; 
 Abatimento no preç: ação quanti minoris; 
 Resolução + devolução das quantias, com perdas e danos, se houver má-fé: 
ação redibitória. 
 Excesso de área: o vendedor comprovar que tinha motivos para ignorar a 
variação dessa área, podendo ingressar em juízo. Assim, ocomprador terá duas 
opções: 
 Completar o preço; 
 Devolver o excesso; 
De acordo com o art. 501 estabelece o prazo decadencial para todas essas ações, sendo 
de 1 ano a contar do registro do título, sendo o prazo de decadência é impedido ou 
suspenso se houver invasão do imóvel. 
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o 
vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do 
título. 
39 
 
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, 
a partir dela fluirá o prazo de decadência. 
11.1.4 Cláusulas especiais (pactos adjetos) 
 Retrovenda: o vendedor de imóvel pode reservar-se o direito de recobra-la 
(propriedade resolúvel), no prazo decadencial máximo de 3 anos, restituindo o 
valor recebido, mais as despesas do comprador autorizadas por escrito pelo 
vendedor e as realizadas com as benfeitorias necessárias; 
 Do direito de preferência: estipulada a cláusula de preferência, ao comprador 
compete oferecer ao vendedor a coisa, se decidir vendê-la, para que este, usando 
do se direito de preferência, decida se a quer. PRAZO: 180 dias, sendo a coisa 
móvel; dois anos, se imóvel. 
De acordo com o STJ, o direito de preferência previsto no artigo 504 do CC aplica-se ao 
contrato de compra e venda celebrado entre condômino e terceiro, e não àquele ajustado 
entre condôminos (Resp. 1.137.176 – PR). Neste sentido, se a coisa for oferecida à condômino, 
o outro não poderá exercer seu direito de preferência, pois este só é cabível se a venda é feita 
a terceiro. 
 Venda a contento: o negócio somente se perfaz se o comprador se declarar 
satisfeito (condição suspensiva), ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não 
se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. 
 
 
 
 
Venda a contento X Venda sujeita a prova: na venda a contento a coisa ainda não é 
conhecida, na venda sujeita à prova a coisa já é conhecida. Os efeitos são os mesmos (arts. 
509, 510 e 511, CC). Antes da aprovação, o comprador equivale ao comodatário. A ação 
cabível para reaver o bem é Reintegração de posse. 
40 
 
 Preempção: o comprador se obriga a oferecer ao vendedor a coisa móvel ou 
imóvel, caso for vendê-la a terceiro, para que se exerça o direito de prelação 
(preferência) em igualdade de condições. 
 
 
 
Não pode o condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte 
a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, 
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranho, se o requerer no prazo de 180 
dias, sob pena de decadência. 
 Reserva de domínio6: o vendedor reserva para si a propriedade do bem até que 
se realize o pagamento integral do preço. 
11.2 Doação 
11.2.1 Conceito 
O doador transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o donatário, sem a 
presença de qualquer remuneração. Trata-se de ato de mera liberalidade, sendo um 
contrato benévolo, unilateral e gratuito (exceções: doação remuneratória e a contemplativa 
de casamento). 
 Além de ser um contrato gratuito e unilateral, a doação possui as seguintes 
características: 
 O contrato é consensual, pois tem aperfeiçoamento com a manifestação de 
vontade das partes. 
 A doação é contrato comutativo, pois as partes sabem de imediato quais são as 
prestações. 
 
6 Vide questão 8 
41 
 
 O contrato de doação é formal, podendo ser por escritura pública ou instrumento 
particular, a depender do bem que for transferido. 
11.2.2 Elementos 
São 4 os elementos da doação: sujeitos (doador e donatário), objeto, mútuo 
consentimento, forma. 
 Sujeitos (doador e donatário): 
Sobre o tema, a doação feita a descendente importa adiantamento de herança, 
devendo este, no curso do inventário, colacionar o bem dado em doação, sob pena de 
caracterizar sonegação (artigo 2.002 do CC/02). 
 Doação inoficiosa: doação de bens que atingem a legítima dos herdeiros 
necessários. Nestes casos, será nula a parte da doação que ultrapasse a 
metade dos bens do de cujos, sendo possível o ajuizamento de ação de 
redução, no prazo de 10 anos. 
Importante frisar que, de acordo com o STJ, a análise sobre o excesso da doação é 
apurada levando-se em conta o patrimônio do doador ao tempo da doação, e não na data 
da abertura da sucessão. 7 
 
Enunciado 119, jornada de direito civil: 119 – Art. 2.004: para evitar o enriquecimento sem 
causa, a colação será efetuada com base no valor da época da doação, nos termos do caput 
do art. 2.004, exclusivamente na hipótese em que o bem doado não mais pertença ao 
patrimônio do donatário. Se, ao contrário, o bem ainda integrar seu patrimônio, a colação se 
fará com base no valor do bem na época da abertura da sucessão, nos termos do art. 1.014 
 
7 STJ. AR 3.493 - PE 
42 
 
do CPC, de modo a preservar a quantia que efetivamente integrará a legítima quando esta se 
constituiu, ou seja, na data do óbito (resultado da interpretação sistemática do art. 2.004 e 
seus parágrafos, juntamente com os arts. 1.832 e 884 do Código Civil). 
 Doação à concubina (art. 550, CC): é causa de anulabilidade, contando-se o 
prazo de 2 anos da data da dissolução do casamento, para o cônjuge ou os 
herdeiros necessários. 
 Objeto: lícito, possível, determinado e determinável 
 Mútuo consentimento: Além da intenção do doador, de ceder o bem a outro, é 
necessária a aceitação do donatário, podendo ser expressa ou tácita, no caso de 
doação pura, e expressa no caso de doação onerosa. Por ser negócio jurídico 
benéfico, nos termos do artigo 114 do CC, a interpretação do contrato é feita de 
forma restritiva. 
 Forma: o ato será feito por meio de escrito público ou particular, mas será 
permitida a doação verbal, quando a coisa a ser doada se tratar de bem móvel de 
pequeno valor. 
11.2.3 Natureza Jurídica 
 Unilateral; 
 Bilateral, no caso de doação modal, pois ocorre uma imposição para aquele que 
recebe bens ou vantagens de um ônus; 
 Gratuito, em regra, pois, em caso de doação modal, será considerada onerosa; 
 Consensual; 
 Real, quando envolver bem de pequeno valor + tradição; 
 Comutativo; 
 Formal e solene quando a doação de bem imóvel for acima de 30 salários mínimos; 
 Formal, mas não solene quando não for necessária a escritura pública.

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