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DIREITO PENAL – Aulas 6, 7 e 8
Profª Priscila Silveira
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Aulas 6, 7 e 8
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
INTRODUÇÃO
A fé pública constitui-se em realidade e interesse que a lei deve proteger, pois sem ela seria 
impossível a vida em sociedade.
Ainda que, no caso, exista ofensa real ou perigo de lesão ao interesse de uma pessoa isoladamen-
te considerada, é ofendida a fé pública, ou seja, a crença ou convicção geral na autenticidade e 
valor dos documentos e atos prescritos para as relações coletivas. Esta é a razão da tutela penal 
do Estado, porque sem a fé pública a ordem jurídica correria sérios riscos. Quem atenta contra a 
certeza das relações jurídicas, substituindo o não verdadeiro ao verdadeiro, ataca em seu escopo 
fundamental a fé inerente à sociedade humana. A violação da fé pública caracteriza o crime de 
falso (delicta falsum). Em síntese, o falso é a contraposição ao real, ao verdadeiro, ao legítimo.
De fato, ao punir os crimes contra a fé pública o legislador protege os sinais representativos de 
valor e os documentos não pela confiança que despertam, mas porque, com a lesão de sua in-
tegridade, são ameaçados os interesses ou bens jurídicos de várias naturezas:
a) os interesses patrimoniais dos indivíduos;
b) o interesse público na segurança das relações jurídicas; 
c) o privilégio monetário do Estado; e 
d) os meios de prova.
Moeda Falsa
Art. 289, CP – Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso 
legal no país ou no estrangeiro:
Pena – reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adqui-
re, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à 
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e 
multa.
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§ 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, 
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I – de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II – de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava 
ainda autorizada.
Moeda Falsa – Art. 289, caput, CP
Bem jurídico tutelado: é a fé pública, em particular a circulação monetária.
Sujeitos ativo: pode ser qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: é o Estado, bem como a pessoa ofendida.
Tipo objetivo – adequação típica: A ação típica é falsificar (imitar, reproduzir por fraude, passar 
por verdadeiro): 
a) fabricando, ou seja, há contrafação, cria-se um novo objeto; 
b) alterando, que significa modificar, alterar o já existente, para aumentar seu valor. 
A alteração punível, portanto, é aquela operada nos sinais que indicam o valor. A moeda falsa 
(fabricada ou alterada) precisa ser apta a enganar o homem comum, não caracterizando o 
crime deste art. 289 a falsificação grosseira. Vale consignar que, em caso de falsificação gros-
seira de moeda, é possível a caracterização do crime de estelionato previsto no art. 171 do CP. 
Neste sentido, encontra-se a Súmula 73 do STJ: “A utilização de papel moeda grosseiramente 
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual”. 
Objeto material: é moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no País ou no estrangeiro, 
que o agente fabrica ou altera, dando a impressão de verdadeiro. Moeda de curso legal é aque-
la cujo recebimento é obrigatório por lei. A falsificação, portanto, de moeda que não esteja 
mais em vigor (“Cruzeiro real”, por exemplo) não configura o crime deste art. 289. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade de falsificar, com consciência do curso legal e 
da possibilidade de vir a moeda a entrar em circulação. Na escola tradicional aponta-se o “dolo 
genérico”. Não há modalidade culposa.
Consumação: Com a efetiva falsificação, independentemente de outros resultados, como o 
prejuízo a terceiro. Trata-se de crime formal.
Tentativa: Admite-se, haja vista que o núcleo do tipo falsificar permite o fracionamento da con-
duta.
Pena: Reclusão, de três a doze anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada, da competência da Justiça Federal. Se for grosseira a fal-
sificação, a competência para apreciar eventual crime de estelionato será da Justiça Estadual 
(Súmula 73, STJ). 
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Transação: Cabe no § 2º deste art. 289 (art. 76 da Lei nº 9.099/95). 
Suspensão condicional do processo: Cabe no § 2 a (art. 89 da Lei nº 9.099/95). 
Circulação de moeda falsa (§ 1º)
ATENÇÃO: aplica-se ao parágrafo 1º, o objeto jurídico, sujeito ativo e passivo do caput. Na hi-
pótese de o próprio agente que falsifica a moeda colocá-la também em circulação, haverá um 
crime único, consistindo o ato subsequente em mero exaurimento da primeira conduta.
Tipo objetivo: O objeto material é moeda falsa (vide nota ao caput). Pune-se a conduta de 
quem, por conta própria ou alheia: 
a) importa (faz entrar no território nacional);
b) exporta (faz sair do território nacional); 
c) adquire (obtém para si, onerosa ou gratuitamente); 
d) vende (transfere por certo preço); 
e) troca (permuta); 
f) cede (entrega a outrem); 
g) empresta (entrega com a condição de haver restituição); 
h) guarda (tem sob guarda ou à disposição); 
i) introduz na circulação (passa a moeda a terceiro de boa-fé). 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar as ações alterna-
tivamente previstas. Para os tradicionais é o “dolo genérico”. Não há forma culposa. 
Consumação: Com a efetiva prática de uma das ações, sem dependência de outras consequên-
cias. Não é preciso, por exemplo, que tenha havido prejuízo a terceiros. Na hipótese de guarda 
o crime é permanente. 
Tentativa: Admite-se, salvo nos casos em que a conduta não puder ser fracionada, como na 
guarda. 
Pena e Ação penal: Idênticas às do caput. 
Figura privilegiada (§2º) 
Objeto jurídico e Sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa que tenha recebido a moeda de boa-fé.
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de restituir moeda falsa à circula-
ção, com pleno e efetivo conhecimento de que é falsa; exige-se o dolo direto, não bastando o 
eventual. Na doutrina tradicional é o “dolo genérico”. Não existe forma culposa.
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Tipo objetivo: A moeda falsa ou alterada deve ter sido recebida de boa-fé, como verdadeira. 
Ou seja, o agente recebeu o dinheiro como se fosse legítimo, ignorando a sua falsidade. Embo-
ra recebendo a moeda de boa-fé, o agente a restitui à circulação (passa a moeda a terceiro de 
boa-fé), depois de conhecer a falsidade, ou seja, após ter certeza de que ela é falsa. No caso de 
dúvida quanto ao conhecimento da falsidade, a solução deve beneficiar o agente, pois o crime 
não é punido a título de culpa ou mesmo de dolo eventual (o agente deve saber, com certeza, 
que a moeda é falsa). A exemplo do que se expôs no § 1º, deve tratar-se igualmente de moeda 
falsa de curso legal no País ou no estrangeiro. Se a moeda não for de curso legal no País ou no 
estrangeiro, e o agente, ao restituí-la à circulação, induzir alguém a erro, obtendo para si ou 
para outrem vantagem ilícita, haverá em tese o crime de estelionato. A devolução à própria 
pessoa de quem recebera a moeda falsa, desde que o agente comunique no ato da devolução a 
falsidade da moeda, é atípica; isto porque, neste caso, o agente não estará restituindo a moeda 
à circulação, mas apenas devolvendo-a a seu possuidor.
Consumação: Com a restituição à circulação, independentemente de prejuízo a terceiro. Trata-
-se, pois, de crime formal.Tentativa: Admite-se.
Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Ação penal: Igual à do caput.
Figura qualificada (§3º) 
Objeto jurídico e sujeito passivo: Idênticos aos do caput. 
Sujeito ativo: Somente o funcionário público, diretor, gerente ou fiscal de banco emissor de 
moeda (crime próprio).
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade de praticar a ação, com consciência da violação 
quanto à quantidade, título ou peso. Na escola tradicional é o “dolo genérico”. Não há figura 
culposa.
Tipo objetivo: Pune-se, com pena mais elevada à do caput, o funcionário público ou diretor, 
gerente, ou fiscal de banco de emissão que: 
a) fabrica; 
b) emite,
c) autoriza a fabricação, 
d) autoriza a emissão. 
Ao contrário do que ocorre no caput e nos §§ 1º e 2º, o objeto material não é a moeda falsa ou 
alterada (de curso legal no País ou no estrangeiro), e, sim, a moeda verdadeira, mas cujo título 
ou peso esteja abaixo do determinado em lei (inciso I) ou mesmo o papel-moeda em quantida-
de superior à autorizada (inciso II). 
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Título é a relação entre o metal fino e o total da liga empregada na moeda. Para a tipificação 
é necessário que o título ou o peso sejam inferiores, pois, se forem superiores, apenas haverá 
eventual infração administrativa. A quantidade inferior é penalmente atípica. Trata-se de nor-
ma penal em branco, a exigir do intérprete a busca das especificações exigidas pela legislação 
complementadora pertinente.
Consumação: É intranquila a natureza material ou formal do crime. Por isso, é questionado o 
momento de sua consumação: 
a) Com a fabricação, emissão ou autorização seguida do fabrico ou emissão, pois é infração 
material (Magalhães Noronha, Direito Penal, 1995, v. IV, p. 116). 
b) Para outros autores, porém, o crime seria formal (Heleno Fragoso, Lições de Direito Penal 
— Parte Especial, 1965, v. III, p. 962; Hungria, Comentários ao Código Penal, 1959, v. IX, p. 
225; Júlio F. Mirabete, Manual de Direito Penal, 1985, v. III, p. 194). Aqueles que adotam a 
segunda posição, entendem que o tipo não exige qualquer resultado naturalístico seguido 
da conduta, tratando-se, ademais, de crime de perigo (concreto) e não de dano. 
Tentativa: Admite-se, salvo nos casos em que a conduta não puder ser fracionada, como no 
caso de autorização de emissão ou fabrico. 
Pena: Reclusão, de três a quinze anos, e multa. 
Ação penal: Idêntica à do caput. 
Desvio e circulação indevida (§ 4º ) 
Objeto jurídico e sujeito passivo: Iguais aos do caput.
Sujeito ativo: Embora o tipo não seja expresso, é evidente que o crime previsto neste § 4º so-
mente pode ser praticado pelo funcionário público encarregado da guarda e liberação de circu-
lação da moeda. Trata-se, pois, de crime próprio.
Tipo objetivo: O objeto material, neste parágrafo, não é moeda falsa ou emitida em excesso, 
mas a moeda legal, cuja circulação não estava ainda autorizada no País (elemento normativo 
do tipo). A existência de autorização torna a conduta atípica. Pune-se a ação de quem desvia e 
faz circular essa moeda, ou seja, a retira de onde está guardada e a põe em circulação. Para que 
haja a consumação do crime, deve o agente não apenas desviar, mas também pôr em circula-
ção. Se o agente apenas desvia, mas não chega a colocar em circulação, há tentativa. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade de desviar e fazer circular moeda com consci-
ência de que a circulação ainda não estava autorizada. Na doutrina tradicional é o "dolo genéri-
co”. Não há punição a título de culpa. 
Consumação: Com a entrada em circulação. Para a maioria dos autores não se exige proveito 
do agente (Heleno Fragoso, Lições de Direito Penal — Parte Especial, 1965, v. III, p. 963; Maga-
lhães Noronha, Direito Penal, 1995, v. IV, p. 116; contra: Hungria, Comentários ao Código Penal, 
1959, v. IX, p. 226). 
Tentativa: Admite-se.
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Pena: há entendimento doutrinário que entende que, não apenas pela posição topográfica 
deste § 4º, colocado logo em seguida à figura qualificada do § 3º, mas também pela gravidade 
equivalente das condutas, a pena referida por este § 4º é a do § 3º, e não a do caput (nesse 
sentido, cf. Mirabete, Manual de Direito Penal, 23 a ed., Atlas, v. III, p. 187; Bitencourt, Código 
Penal Comentado). 
 • Ação penal: Igual à do caput.
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290, CP – Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de 
cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o 
fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, 
nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Parágrafo único – O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido 
por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem 
fácil ingresso, em razão do cargo.
Crimes assimilados ao de moeda falsa 
Objeto jurídico: A fé pública. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: O Estado. 
Tipo objetivo: Como próprio nomen iuris indica, as condutas previstas neste art. 290 são muito 
semelhantes às do art. 289, sendo aquelas um pouco menos gravosas em virtude da pena de re-
clusão cominada ser menor. Há muita semelhança, por exemplo, entre as modalidades de formar 
(art. 290, caput) e de falsificar, fabricando-a ou alterando-a (art. 289, caput), o que tem gerado 
divergências na doutrina e na jurisprudência sobre o enquadramento de algumas condutas. 
Tipo objetivo: São três as condutas punidas por este art. 290: 
a) Formação com fragmentos (primeira parte). Pune-se a conduta de quem, utilizando-se de 
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes representativos de moeda, os justapõe, forman-
do cédulas, notas ou bilhetes capazes de circular como verdadeiros. Quanto ao recorte e 
colagem de pedaços de cédula verdadeira em outra, vide slide anterior. Segundo os autores 
que opinam pelo enquadramento da referida conduta no art. 289, o crime do art. 290 pre-
vê a formação e não a alteração (modificação) de papel-moeda. 
b) Supressão de sinal de inutilização (segunda parte). O objeto material é nota, cédula ou bi-
lhete recolhido. A conduta punida é a supressão (eliminação ou remoção) de sinal indicati-
vo de sua inutilização, com finalidade especial: para o fim de restituí-los à circulação (“vide" 
Tipo subjetivo), c. Restituição à circulação (última parte). 
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c) Restituição à circulação. 
O objeto material é a moeda formada com fragmentos (primeira parte do caput) ou a que teve 
seu sinal de inutilização suprimido (segunda parte), ou, ainda, qualquer outra já recolhida para 
o fim de inutilização. Embora o tipo penal não exija, entende-se que, em face do bem jurídico 
tutelado (a fé pública), a moeda deve ser de curso legal no País ou no estrangeiro, a exemplo do 
que requer o art. 289. A conduta punida é restituir à circulação, ou seja, colocá-la novamente 
em circulação. Tratando-se do próprio agente que formou a moeda ou suprimiu sinal, a con-
duta de restituir não é punível, pois o agente já é punido pela primeira conduta (formação ou 
supressão). Nas três figuras do art. 290 é necessário que haja potencialidade lesiva, isto é, ca-
pacidade para enganar número indeterminado de pessoas, de forma que a moeda falsa passe 
a circular como se fosse moeda boa. Desta forma, se a formação for grosseira ou a supressão 
de sinal indicativo for evidente, a ponto de retirar a capacidade de enganar o homem médio, a 
conduta não será típica.
Tipo subjetivo: Na modalidade a (formação) é o dolo, que consiste na vontade de formar moe-
da, com a consciência de que ela poderá circular (na doutrinatradicional é o “dolo genérico”). 
Na modalidade b (supressão) é o dolo e o elemento subjetivo do tipo que consiste no especial 
fim de restituí-la à circulação (“dolo específico”, para os tradicionais). Na modalidade c (restitui-
ção) é o dolo, ou seja, a vontade de restituir à circulação com consciência das especiais condi-
ções do papel-moeda (“dolo genérico”). O art. 290 não é punido a título de culpa. 
Consumação: Com a efetiva formação de cédula idônea a enganar (modalidade a). Com o de-
saparecimento do sinal indicativo de inutilização (modalidade b). Com a volta à circulação (mo-
dalidade c). Nas três modalidades, não se exige a ocorrência de prejuízo.
Tentativa: É admissível nas três modalidades, já que todas admitem o iter criminis. 
Pena: Reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada, da competência da Justiça Federal. 
Figura qualificada (parágrafo único) 
Noção: Se o agente é funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se acha recolhido, 
ou tem fácil ingresso naquela, em razão do seu cargo, a figura é qualificada. 
Pena: O máximo de reclusão é elevado a doze anos. No tocante à pena de multa, também apli-
cável, esta deve ser fixada na forma do art. 49 do CP. Isto porque o art. 2º da Lei nº 7.209/84 
cancelou quaisquer referências a valores de multa, de forma que o limite previsto no parágrafo 
único é inaplicável. 
Colagem: Na alteração da cédula com colagem de fragmentos de outra, a jurisprudência não é 
pacífica, classificando-se a ação no art. 290 ou no art. 289 do CP (Heleno Fragoso, Jurisprudên-
cia Criminal, 1979, v. II, p. 357). 
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Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291, CP – Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar ma-
quinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de 
moeda:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Objeto jurídico: A fé pública.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado.
Tipo objetivo: Os núcleos indicados são: 
a) fabricar (construir, manufaturar ou produzir); 
b) adquirir (obter para si); 
c) fornecer (proporcionar, prover, abastecer), a título oneroso ou gratuito; 
d) possuir (ter a posse ou propriedade); 
e) guardar (ter sob guarda, abrigar). 
As condutas (núcleos) devem incidir (objeto material) sobre maquinismo, aparelho, instrumen-
to ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda. Costuma-se entender 
como especialmente os que “mais propriamente, mais adequadamente, ou via de regra, são 
utilizados para o fim de falsificar moeda, e mais que a tal fim sejam destinados no caso con-
creto” (Hungria, Comentários ao Código Penal, 1959, v. IX, p. 230). Geralmente, são os clichês, 
matrizes, moldes, cunhos etc. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar as ações incrimi-
nadas, com conhecimento da destinação específica dos objetos. Na escola tradicional é o “dolo 
genérico”. Não existe modalidade culposa. 
Consumação: Com a efetiva prática de uma das ações. Nas modalidades de possuir e guardar é 
crime permanente. 
Tentativa: Admite-se, salvo nos casos em que se mostra impossível o iter criminis (p. ex., posse 
e guarda).
Confronto: Se o agente, efetivamente, usar o material descrito neste art. 291 para falsificar 
moeda, o crime será apenas o do art. 289, ficando o deste art. 291 absorvido (crime subsidi-
ário). Da mesma forma, se usar o material para formar cédula, nota ou bilhete representativo 
de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros, o crime será apenas o do 
art. 290.
Pena: Reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada, da competência da Justiça Federal.
Tentativa: Pode haver (STF, RTJ 123/1220).
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Emissão de título ao portador sem permissão legal
Art. 292, CP – Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha pro-
messa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a 
quem deva ser pago:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único – Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos 
neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.
Transação: Cabe no caput e no parágrafo único (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei nº 9.099/95). 
Emissão de título ao portador sem permissão legal → caput 
Objeto jurídico: A fé pública, especialmente a proteção da moeda contra a concorrência de 
títulos ao portador. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: O Estado.
Tipo objetivo: O objeto material deste delito é nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha 
promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa 
a quem deva ser pago. Trata-se, como se vê, de título que contém promessa de pagamento em 
dinheiro e que é transmissível por simples tradição, sem necessidade de endosso ou de autori-
zação do emitente. Não abrange os warrants, conhecimentos a ordem, “passes” ou passagens, 
vales particulares etc. O núcleo é emitir, que tem a significação de pôr em circulação, não bas-
tando à tipificação a simples feitura do título. Ressalva a lei, sem permissão legal, de modo que 
a autorização legal exclui a tipicidade da conduta.
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de emitir, ciente da inexistência de 
permissão legal. Na doutrina tradicional é o “dolo genérico”. Não há forma culposa. 
Erro de tipo e erro de proibição: É possível ocorrer tanto o erro de tipo quanto o erro de proibi-
ção, ambos no que tange à permissão legal (cf. CP, arts. 20 e 21). 
Consumação: Com a entrada em circulação do título ao portador, sem dependência de qual-
quer outro resultado (crime formal). 
Tentativa: Admite-se. 
Pena: É alternativa: detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Ação penal: Pública incondicionada, de competência da Justiça Federal. 
Recebimento ou utilização como dinheiro → parágrafo único
Objeto jurídico, Sujeito ativo e Sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
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Tipo objetivo: Ao contrário do que ocorre no caput, em que se pune a conduta daquele que 
emite sem permissão legal, no caso do parágrafo único pune-se aquele que receber ou utilizar 
como dinheiro qualquer dos documentos referidos no caput. Note-se, assim, que o objeto ma-
terial aqui é idêntico ao do caput. 
Recebimento ou utilização como dinheiro → parágrafo único
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de receber ou utilizar. Embo-
ra o tipo não faça previsão expressa, exige-se que o agente que recebe ou utiliza tenha conhe-
cimento da falta de autorização legal com que o título foi emitido. Pode ocorrer erro de tipo ou 
mesmo de proibição (CP, arts. 20 e 21), dependendo das circunstâncias do caso concreto. Não 
há punição a título de culpa.
Pena: É alternativa: detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.
Ação penal: Pública incondicionada, da competência da Justiça Federal.
Jurisprudência 
Dinheiro e não mercadoria: A emissão de notas, bilhetes, fichas, vales ou títulos, ainda que 
ao portador ou sem o nome do beneficiário, prometendo serviços, utilidades ou mercadorias, 
nunca foi punida entre nós, sendo fato atípico (TACrSP, RT 432/339).
Falsificação de papéis públicos
Art. 293, CP – Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal desti-
nado à arrecadação de tributo;
II – papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
III – vale postal;
IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento 
mantido por entidade de direito público;
V – talão, recibo, guia, alvará ou qualqueroutro documento relativo a arrecadação de rendas 
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por 
Estado ou por Município:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 293, § 1º, CP: Incorre na mesma pena quem: 
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; 
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circu-
lação selo falsificado destinado a controle tributário; 
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III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, 
cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua 
aplicação. 
Art. 293, § 2º, CP – Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim 
de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere 
o parágrafo anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
dos ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou 
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de 
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros 
públicos e em residências.
Falsificação de papéis públicos
Falsificação de papéis públicos (caput) 
Objeto jurídico: A fé pública e, em alguns casos, a ordem tributária (cf., p. ex., o caso do inciso 
I do caput). 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevale-
cendo-se da função, incide causa especial de aumento de pena (cf. art. 295 do CP). 
Sujeito passivo: O Estado. 
Tipo objetivo: A ação incriminada é falsificar, isto é, apresentar como verdadeiro o que não 
é, dar aparência enganosa a fim de passar por original. Como é comum aos crimes de falso, 
a falsificação deve ser apta a enganar, de forma que a falsificação grosseira, inapta a enganar, 
não configura o crime deste art. 293; também não haverá o crime de estelionato, por ineficácia 
absoluta do meio (cf. CP, art. 17 — crime impossível). 
Tipo objetivo: Dois são os meios pelos quais a falsificação é punida: 
a) quando o agente fabrica algum dos papéis públicos referidos, hipótese em que há contrafa-
ção propriamente dita, ou seja, o agente cria, faz o objeto falso; 
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b) quando o agente os altera, caso em que há modificação ou alteração do objeto já existente, 
com a finalidade de aparentar maior valor. 
Tipo objetivo: O objeto material, embora chamado genericamente pelo legislador como “pa-
péis públicos”, há que ser necessariamente (princípio da taxatividade) um dos seguintes: 
a) selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal des-
tinado à arrecadação de tributo (I). Sobre a falsificação de selo postal, outra fórmula de 
franqueamento ou vale-postal, cf. art. 36 da Lei n e 6.538/78; 
b) papel de crédito público que não seja moeda de curso legal (II). São os títulos da dívida pú-
blica, nominativos ou ao portador, de emissão federal, estadual ou municipal; 
c) vale postal (III). Substituído pelo art. 36 da Lei nº 6.538/78; 
d) cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento 
mantido por entidade de direito público (IV). Abrange os estabelecimentos mantidos pela 
União, Estados, Municípios, Distrito Federal ou autarquias; 
e) talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo à arrecadação de rendas 
públicas ou a depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável (V); 
f) bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por 
Estado, por Município ou pelo Distrito Federal (VI). A empresa pode não ser pública, mas 
precisa ser administrada pelo Poder Público. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de falsificar. Na doutrina tra-
dicional é o “dolo genérico”. Não há forma culposa.
Consumação: Com a efetiva falsificação, sem dependência de outro resultado (crime formal).
Tentativa: Admite-se, já que a conduta punida permite o iter criminis.
Confronto: Se a falsificação for de moeda metálica ou papel-moeda de curso legal, o crime será 
o do art. 289. Pode ocorrer de a falsidade ser utilizada como meio para a prática de outro crime 
(ordem tributária, descaminho etc.), hipótese em que, via de regra, haverá a absorção do cha-
mado “crime-meio” pelo “crime-fim” (vide algumas hipótese de confronto com outros crimes 
nos comentários ao § 1º).
Pena: Reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
Figuras equiparadas (§ 1º) 
Noção: Como visto acima, o § 1º deste art. 293 foi alterado pela Lei nº 11.035/2004, de modo 
que o legislador passou a punir não apenas aquele que usa o objeto falsificado (era o que pre-
via a redação anterior), mas aquele que também guarda, possui, detém ou pratica qualquer 
das demais condutas descritas nos novos incisos do § 1º . Houve, assim, um significativo alarga-
mento do poder punitivo estatal, o que exige cautela do aplicador da lei penal para não come-
ter injustiças. 
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Noção: Veja-se, por exemplo, que a mera detenção de um dos papéis públicos falsos referidos 
(no caput ou no § 1º) já configura, em tese, o crime. Todavia, há que restar provado, por exem-
plo, que o agente detentor do objeto falso tinha conhecimento de sua falsidade, não bastando 
a presunção de dolo. Com a alteração legislativa, passou-se também a punir condutas que, 
antes, caracterizavam meros atos preparatórios para a prática de crimes (p. ex., para crimes 
contra a ordem tributária ou mesmo contra a previdência social). 
Objeto jurídico, Sujeito ativo e Sujeito passivo: Iguais aos do caput.
§ 1º , inciso I: Antes do advento da Lei nº 11.035/2004, este § 1º punia tão somente o uso de 
qualquer dos papéis falsificados a que se refere o artigo. Após a referida alteração legislativa, 
passou a punir também a sua guarda, posse ou detenção. Para que haja o crime, deve o agente 
ter conhecimento de que se trata de papéis falsificados. Na escola tradicional é o “dolo genéri-
co”. Não há punição a título de culpa. O uso, a guarda, a posse e a detenção pelo próprio autor 
da falsificação não caracteriza concurso de crimes, mas delito único (o do caput deste art. 293), 
já que o § 1º resta absorvido (fato posterior impunível). Se o agente faz uso dos documentos 
falsos previstos neste artigo, com o fim exclusivo de suprimir ou reduzir tributos, o crime deste 
§ 1º, I, fica absorvido pelo crime tributário (art. 1º, IV, da Lei nº 8.137/90, na modalidade de 
“utilizar” documento falso). 
§ 1º , inciso II: acrescentado pela Lei n 11.035/2004, dispõe que também incorrem na mesma 
pena do caput aqueles que praticarem alguma das dez novas condutas incriminadas (importar, 
exportar, adquirir, vender, trocar, ceder, emprestar, guardar, fornecer ou restituir à circulação), 
desde que referentes a selo falsificado destinado a controle tributário (objeto material do cri-
me). Da mesma forma que ocorre no inciso I, se o agente falsifica o selo e, em seguida, prati-
ca uma das condutas previstas neste inciso II, hádelito único (o do caput) e não concurso de 
crimes. Se a conduta do agente se destinar à prática de crime tributário (arts. 1º e 2º da Lei nº 
8.137/90) ou previdenciário (arts. 168-A e 337-A do CP), em proveito próprio e exclusivo, have-
rá delito único, devendo, no caso, o crime-meio (deste § 1º , inciso II) ser absorvido pelo crime-
-fim (crime tributário ou previdenciário). 
§ 1º , inciso II: Todavia, caso o agente pratique as condutas incriminadas, não com o objetivo 
de sonegar impostos, mas, sim, de facilitar ou possibilitar para que outros o façam, haverá o 
crime deste § 1º, inciso II, independentemente da prática do crime tributário ou previdenciário 
por terceiros. Se a conduta volta-se à prática do descaminho, deve também o crime-meio ser 
absorvido pelo crime-fim.
§ 1º, inciso III: Nesta nova modalidade de crime, inserida também pela Lei nº 11.035/2004, são 
treze as condutas alternativamente previstas (importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, 
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, 
utiliza), praticadas no exercício de atividade comercial ou industrial, e relativas a produto ou 
mercadoria que se encontre numa das seguintes situações:
§ 1º, inciso III:
a) no qual tenha sido utilizado selo falsificado destinado a controle tributário; ou 
b) que não apliquem o selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obri-
gatoriedade de sua aplicação; nesta última hipótese, trata-se de norma penal em branco, a 
exigir o complemento pela legislação tributária. 
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Note-se que, enquanto no caput e nas figuras previstas no § 1º, I e II, pune-se o agente que 
falsifica ou que, de alguma forma, faz uso do selo falsificado, neste § 3º, III, o objetivo é punir o 
comerciante ou o industrial que se beneficia, ou favorece outrem, com o selo falsificado. Deve o 
agente ter conhecimento de que a mercadoria ou o produto contenham selo falsificado destina-
do a controle tributário. A ausência desse conhecimento torna a conduta atípica, por ausência 
do dolo que exige o crime. 
§ 1º, inciso III: Para a configuração deste crime não é necessário haver autuação tributária. 
Contudo, se, em razão das condutas previstas, o agente sonegar impostos e houver autuação, 
haverá tão somente o crime tributário, e não concurso de crimes. Vale dizer, o emprego do selo 
falsificado, nessas circunstâncias, insere-se na fraude inerente ao crime tributário, constituindo-
-se crime-meio para a prática do crime-fim. Sobre hipóteses de equiparação da atividade co-
mercial, para fins deste § 1º, III, vide § 5º.
Confronto com contrabando: No caso de importação ou exportação de mercadoria proibida, 
acompanhada ou não de selo falso, o crime será apenas o de contrabando (art. 334, caput, pri-
meira parte, do CP).
Confronto com descaminho: Por fim, se o agente adquire, recebe ou oculta, em proveito pró-
prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência 
estrangeira, desacompanhada de documentação legal (ou sem selo oficial), ou acompanhada 
de documentos que sabe serem falsos (como, por exemplo, selos falsos), haverá tão somente o 
crime do art. 334, § 1º , d, do CP, restando o crime deste art. 293, § 1º , III, também absorvido 
por aquele. 
Supressão de sinal de inutilização (§ 2º ) 
Objeto jurídico, sujeito ativo e sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Tipo objetivo: Incrimina-se a supressão (eliminação ou remoção) de carimbo ou sinal indica-
tivo de sua inutilização, desde que feito evidentemente de forma legítima pelo órgão público 
competente. A remoção de um carimbo ou sinal indicativo falso ou imprestável não caracteriza 
o crime. A finalidade da conduta é especificada: com o fim de torná-los novamente utilizáveis. 
Não é preciso, todavia, que o agente chegue a utilizar o documento, bastando que a supressão 
torne o documento novamente utilizável. Não há crime, portanto, se a supressão foi parcial 
(e, como tal, incapaz de atingir o objetivo) ou feita de modo grosseiro, perceptível ao “homem 
médio”. O objeto material são os papéis públicos apontados nos incisos do caput, quando legí-
timos, isto é, desde que verdadeiros. 
Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo do tipo indicado pelo especial fim de agir (“com 
o fim de torná-los novamente utilizáveis”). Na doutrina tradicional é o “dolo específico”. Não há 
modalidade culposa. 
Consumação: Com a efetiva supressão do sinal de inutilização, independentemente de sua real 
utilização. 
Tentativa: Admite-se. 
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Confronto: Se após a supressão prevista neste § 2º o papel público é utilizado, há apenas o cri-
me do § 3º. Em caso de selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, cf. art. 37 
da Lei n s 6.538/78. 
Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
Uso de papéis com inutilização suprimida (§ 3º) 
Objeto jurídico, sujeito ativo e sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Tipo objetivo: O objeto material são os papéis que tiveram suprimidos os carimbos ou sinais de 
inutilização (cf. § 2ª ). Pune-se o uso de tais papéis. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de usar os papéis, com co-
nhecimento de que o sinal de inutilização foi suprimido. Para os tradicionais é o “dolo genéri-
co”. Inexiste forma culposa. 
Confronto: Se o agente não chega a usar, mas é o autor da supressão do carimbo ou sinal de 
inutilização, há o crime do § 2º. Se é selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-pos-
tal, art. 37, § 1º, da Lei nº 6.538/78.
Concurso de crimes: O uso é absorvido, caso o agente seja o autor da supressão (fato posterior 
impunível). 
Pena e ação penal: Iguais às do § 2º . 
Figura privilegiada (§4º)
Objeto jurídico e sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, desde que tenha recebido o papel de boa-fé. 
Tipo objetivo: O objeto material são os papéis públicos falsos do caput ou os legítimos, mas 
com a inutilização suprimida do § 2º. Pune-se a conduta de quem, tendo recebido os papéis na 
ignorância da falsificação ou alteração, os usa ou restitui à circulação, depois de conhecer (estar 
certo de) a falsidade ou alteração. É atípica a restituição à própria pessoa de quem o agente 
recebeu o papel. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de usar ou restituir à cir-
culação, com a certeza de que o papel é falso ou alterado. Na doutrina tradicional é o “dolo 
genérico”. Não há punição a título de culpa. A dúvida quanto ao conhecimento da falsidade ou 
alteração pode afastar o dolo. 
Consumação: Com o efetivo uso ou restituição à circulação. 
Tentativa: Admite-se. 
Confronto: Tratando-se de selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, art. 37, 
§ 2º, da Lei nº 6.538/78. 
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Pena: É alternativa: detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Ação penal: Igual à do caput. 
Equiparação de atividade comercial (§5º)
Noção: Por meio deste § 5º, inserido pela Lei nº 11.035/2004, o legislador houve por bem equi-
parar a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irre-
gular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em 
residências. Trata-se de posição semelhante à adotada no crime de descaminho (CP, art. 334, 
§ 2º). Como se nota, o objetivo do legislador é claro: estender a punição para aqueles que se 
dedicam ao comércio informal, realizado de forma irregular ou clandestina. 
Remissão: Se o agente é funcionário público, vide nota ao art. 295 do CP, quanto à previsão 
para aumento da pena. 
Tipo subjetivo: Em qualquer das modalidades previstas pelo art. 293, exige-se que fique com-
provado o dolo do agente, pois inexiste forma culposa para esses crimes (TFR, Ap. 6.269, DJU 
31.10.85, p.19525). 
Coautoria: Caracteriza a cooperação psicológica de fiscal do IPI que anuiu em introduzir, nas 
repartições fazendárias, guias falsificadas, recebendo pagamentos para essa conduta (STF, mv 
— RTJ112/1280). 
Papéis públicos: Não é papel público o formulário de retirada de dinheiro da Caixa Econômica 
Federal, pois o “qualquer outro documento”, a que se refere o inciso V do art. 293, deve ter ca-
racterísticas semelhantes aos demais indicados (TJSP, mv — RT 522/331). 
Guia florestal: A sua falsificação não caracteriza o delito deste art. 293, V, pois a guia a que o 
dispositivo alude é a que se destina ao fim de recolhimento ou depósito de dinheiros ou valores 
ex vi legis. A guia florestal não tem essa destinação, servindo ao controle do transporte de ma-
deiras (STJ, RT689/400). 
Crime-meio e prescrição: A prescrição do crime-fim (sonegação fiscal) abrange o crime-meio 
(falsificação de papéis públicos) (TJSP, mv — RJTJSP169/293). 
Ato preparatório e absorção: Se o agente fabrica, adquire, fornece, possui ou guarda petrechos 
de falsificação, conforme dispõe o art. 294, consubstanciando mero ato preparatório para che-
gar ao fim de usar os papéis públicos falsos, não há se falar em concurso material, pois tal delito 
resta absorvido pelo art. 293, § 1º (STJ, RT 781/553). 
Materialidade: Em caso de falsificação e utilização de guias de recolhimento da Previdência 
Social, entendeu-se ser dispensável o exame pericial, na hipótese de a materialidade puder ser 
comprovada por outros meios (TRF da 2- R., RT855/710). 
Desnecessidade de constituição definitiva do crédito tributário: É dispensável a constituição 
definitiva do crédito tributário para que esteja consumado o crime previsto no art. 293, § 1ª , 
III, “b”, do CP. Isso porque o referido delito possui natureza formal, de modo que já estará con-
sumado quando o agente importar, exportar, adquirir, vender, expuser à venda, mantiver em 
depósito, guardar, trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar ou, de qualquer forma, utilizar em 
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mer-
cadoria sem selo oficial. Não incide na hipótese, portanto, a Súmula Vinculante 24 do STF. 
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Petrechos de falsificação
Art. 294, CP – Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à 
falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 295, CP – Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, 
aumenta-se a pena de sexta parte.
Suspensão condicional do processo: Cabe, desde que não esteja combinado com o art. 295 
(art. 89 da Lei nº 9.099/95). 
Objeto jurídico: A fé pública. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Se funcionário público, cf. art. 295. 
Sujeito passivo: O Estado. 
Tipo objetivo: O objeto material é assim indicado: objeto especialmente destinado à falsifica-
ção de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior, ou seja, dos papéis públicos expres-
samente arrolados no art. 293 do CP; diante do princípio da taxatividade, não se encontram 
incluídos, portanto, o produto ou mercadoria referido no seu § 1º , inciso III. 
Tipo objetivo: Quanto ao conceito de especialmente destinados, vide nota à expressão no art. 
291 do CP. As ações incriminadas são: 
a) fabricar (produzir ou manufaturar); 
b) adquirir (obter para si); 
c) fornecer (proporcionar, abastecer, prover); 
d) possuir {ter a posse ou propriedade); 
e) guardar (ter sob guarda, abrigar). 
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar as ações com conheci-
mento da destinação dos objetos. Na doutrina tradicional aponta-se o “dolo genérico”. Não há 
punição a título de culpa. 
Consumação: Com a efetiva prática de qualquer das ações. É crime permanente nas modalida-
des de possuir e guardar.
Tentativa: Admite-se. 
Confronto: Caso o agente use os petrechos e falsifique, o crime deste art. 294 ficará absorvido 
pelo do art. 293. Em caso de petrechos para falsificação de moeda, o crime será o do art. 291 
do CP. Tratando-se de selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, art. 38 da 
Lei nº 6.538/78. 
Pena: Reclusão, de um a três anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
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Funcionário público (art. 327, CP) – Causa especial de aumento de pena: Se o sujeito ativo é 
servidor público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, haverá aumento de pena (art. 
295 do CP). 
Falsificação de papéis públicos
Art. 293, CP – Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal desti-
nado à arrecadação de tributo;
II – papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III – vale postal;
IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento 
mantido por entidade de direito público;
V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas 
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Es-
tado ou por Município:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 293, § 1º , CP: Incorre na mesma pena quem:
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circu-
lação selo falsificado destinado a controle tributário;
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, 
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercí-
cio de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua 
aplicação.
Art. 293, § 2º, CP – Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-
-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere 
o parágrafo anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
dos ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou 
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
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§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de 
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros 
públicos e em residências.
Falsificação de papéis públicos (caput)
Objeto jurídico: A fé pública e, em alguns casos, a ordem tributária (cf., p. ex., o caso do inciso 
I do caput).
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevale-
cendo-se da função, incide causa especial de aumento de pena (cf. art. 295 do CP).
Tipo objetivo: A ação incriminada é falsificar, isto é, apresentar como verdadeiro o que não 
é, dar aparência enganosa a fim de passar por original. Como é comum aos crimes de falso, 
a falsificação deve ser apta a enganar, de forma que a falsificação grosseira, inapta a enganar, 
não configura o crime deste art. 293; também não haverá o crime de estelionato, por ineficácia 
absoluta do meio (cf. CP, art. 17 — crime impossível).
Tipo objetivo: Dois são os meios pelos quais a falsificação é punida:
a) quando o agente fabrica algum dos papéis públicos referidos, hipóteseem que há contrafa-
ção propriamente dita, ou seja, o agente cria, faz o objeto falso;
b) quando o agente os altera, caso em que há modificação ou alteração do objeto já existente, 
com a finalidade de aparentar maior valor.
Tipo objetivo: O objeto material, embora chamado genericamente pelo legislador como “pa-
péis públicos”, há que ser necessariamente (princípio da taxatividade) um dos seguintes:
a) selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal des-
tinado à arrecadação de tributo (I). Sobre a falsificação de selo postal, outra fórmula de 
franqueamento ou vale-postal, cf. art. 36 da Lei n e 6.538/78; 
b) papel de crédito público que não seja moeda de curso legal (II). São os títulos da dívida pú-
blica, nominativos ou ao portador, de emissão federal, estadual ou municipal;
c) vale postal (III). Substituído pelo art. 36 da Lei nº 6.538/78; 
d) cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento 
mantido por entidade de direito público (IV). Abrange os estabelecimentos mantidos pela 
União, Estados, Municípios, Distrito Federal ou autarquias; 
e) talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo à arrecadação de rendas 
públicas ou a depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável (V); 
f) bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por 
Estado, por Município ou pelo Distrito Federal (VI). A empresa pode não ser pública, mas 
precisa ser administrada pelo Poder Público. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de falsificar. Na doutrina tra-
dicional é o “dolo genérico”. Não há forma culposa.
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Consumação: Com a efetiva falsificação, sem dependência de outro resultado (crime formal).
Tentativa: Admite-se, já que a conduta punida permite o iter criminis.
Confronto: Se a falsificação for de moeda metálica ou papel-moeda de curso legal, o crime será 
o do art. 289. Pode ocorrer de a falsidade ser utilizada como meio para a prática de outro crime 
(ordem tributária, descaminho etc.), hipótese em que, via de regra, haverá a absorção do cha-
mado “crime-meio” pelo “crime-fim” (vide algumas hipótese de confronto com outros crimes 
nos comentários ao § 1º).
Pena: Reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
Figuras equiparadas (§ 1º) 
Noção: Como visto acima, o § 1º deste art. 293 foi alterado pela Lei nº 11.035/2004, de modo 
que o legislador passou a punir não apenas aquele que usa o objeto falsificado (era o que pre-
via a redação anterior), mas aquele que também guarda, possui, detém ou pratica qualquer 
das demais condutas descritas nos novos incisos do § 1º . Houve, assim, um significativo alarga-
mento do poder punitivo estatal, o que exige cautela do aplicador da lei penal para não come-
ter injustiças. 
Noção: Veja-se, por exemplo, que a mera detenção de um dos papéis públicos falsos referidos 
(no caput ou no § 1º) já configura, em tese, o crime. Todavia, há que restar provado, por exem-
plo, que o agente detentor do objeto falso tinha conhecimento de sua falsidade, não bastando 
a presunção de dolo. Com a alteração legislativa, passou-se também a punir condutas que, 
antes, caracterizavam meros atos preparatórios para a prática de crimes (p. ex., para crimes 
contra a ordem tributária ou mesmo contra a previdência social). 
Objeto jurídico, Sujeito ativo e Sujeito passivo: Iguais aos do caput.
§ 1º , inciso I: Antes do advento da Lei nº 11.035/2004, este § 1º punia tão somente o uso de 
qualquer dos papéis falsificados a que se refere o artigo. Após a referida alteração legislativa, 
passou a punir também a sua guarda, posse ou detenção. Para que haja o crime, deve o agente 
ter conhecimento de que se trata de papéis falsificados. Na escola tradicional é o “dolo genéri-
co”. Não há punição a título de culpa. O uso, a guarda, a posse e a detenção pelo próprio autor 
da falsificação não caracteriza concurso de crimes, mas delito único (o do caput deste art. 293), 
já que o § 1º resta absorvido (fato posterior impunível). Se o agente faz uso dos documentos 
falsos previstos neste artigo, com o fim exclusivo de suprimir ou reduzir tributos, o crime deste 
§ 1º, I, fica absorvido pelo crime tributário (art. 1º, IV, da Lei nº 8.137/90, na modalidade de 
“utilizar” documento falso). 
§ 1º , inciso II: acrescentado pela Lei n 11.035/2004, dispõe que também incorrem na mesma 
pena do caput aqueles que praticarem alguma das dez novas condutas incriminadas (importar, 
exportar, adquirir, vender, trocar, ceder, emprestar, guardar, fornecer ou restituir à circulação), 
desde que referentes a selo falsificado destinado a controle tributário (objeto material do cri-
me). Da mesma forma que ocorre no inciso I, se o agente falsifica o selo e, em seguida, prati-
ca uma das condutas previstas neste inciso II, há delito único (o do caput) e não concurso de 
crimes. Se a conduta do agente se destinar à prática de crime tributário (arts. 1º e 2º da Lei nº 
8.137/90) ou previdenciário (arts. 168-A e 337-A do CP), em proveito próprio e exclusivo, have-
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rá delito único, devendo, no caso, o crime-meio (deste § 1º , inciso II) ser absorvido pelo crime-
-fim (crime tributário ou previdenciário). 
§ 1º , inciso II: Todavia, caso o agente pratique as condutas incriminadas, não com o objetivo 
de sonegar impostos, mas, sim, de facilitar ou possibilitar para que outros o façam, haverá o 
crime deste § 1º, inciso II, independentemente da prática do crime tributário ou previdenciário 
por terceiros. Se a conduta volta-se à prática do descaminho, deve também o crime-meio ser 
absorvido pelo crime-fim.
§ 1º, inciso III: Nesta nova modalidade de crime, inserida também pela Lei nº 11.035/2004, são 
treze as condutas alternativamente previstas (importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, 
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, 
utiliza), praticadas no exercício de atividade comercial ou industrial, e relativas a produto ou 
mercadoria que se encontre numa das seguintes situações:
§ 1º, inciso III:
a) no qual tenha sido utilizado selo falsificado destinado a controle tributário; ou 
b) que não apliquem o selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obri-
gatoriedade de sua aplicação; nesta última hipótese, trata-se de norma penal em branco, a 
exigir o complemento pela legislação tributária. 
Note-se que, enquanto no caput e nas figuras previstas no § 1º, I e II, pune-se o agente que 
falsifica ou que, de alguma forma, faz uso do selo falsificado, neste § 3º, III, o objetivo é punir o 
comerciante ou o industrial que se beneficia, ou favorece outrem, com o selo falsificado. Deve o 
agente ter conhecimento de que a mercadoria ou o produto contenham selo falsificado destina-
do a controle tributário. A ausência desse conhecimento torna a conduta atípica, por ausência 
do dolo que exige o crime. 
§ 1º, inciso III: Para a configuração deste crime não é necessário haver autuação tributária. 
Contudo, se, em razão das condutas previstas, o agente sonegar impostos e houver autuação, 
haverá tão somente o crime tributário, e não concurso de crimes. Vale dizer, o emprego do selo 
falsificado, nessas circunstâncias, insere-se na fraude inerente ao crime tributário, constituin-
do-se crime-meio para a prática do crime-fim. Sobre hipóteses de equiparação da atividade 
comercial, para fins deste § 1º, III, vide § 5º.
Confronto com contrabando: No caso de importação ou exportação de mercadoria proibida, 
acompanhada ou não de selo falso, o crime será apenas o de contrabando (art. 334, caput, pri-
meira parte, do CP).
Confronto com descaminho: Por fim, se o agente adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoriade procedência estrangei-
ra, desacompanhada de documentação legal (ou sem selo oficial), ou acompanhada de documen-
tos que sabe serem falsos (como, por exemplo, selos falsos), haverá tão somente o crime do art. 
334, § 1º , d, do CP, restando o crime deste art. 293, § 1º , III, também absorvido por aquele. 
Supressão de sinal de inutilização (§ 2º ) 
Objeto jurídico, sujeito ativo e sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
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Tipo objetivo: Incrimina-se a supressão (eliminação ou remoção) de carimbo ou sinal indica-
tivo de sua inutilização, desde que feito evidentemente de forma legítima pelo órgão público 
competente. A remoção de um carimbo ou sinal indicativo falso ou imprestável não caracteriza 
o crime. A finalidade da conduta é especificada: com o fim de torná-los novamente utilizáveis. 
Não é preciso, todavia, que o agente chegue a utilizar o documento, bastando que a supressão 
torne o documento novamente utilizável. Não há crime, portanto, se a supressão foi parcial 
(e, como tal, incapaz de atingir o objetivo) ou feita de modo grosseiro, perceptível ao “homem 
médio”. O objeto material são os papéis públicos apontados nos incisos do caput, quando legí-
timos, isto é, desde que verdadeiros. 
Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo do tipo indicado pelo especial fim de agir (“com 
o fim de torná-los novamente utilizáveis”). Na doutrina tradicional é o “dolo específico”. Não há 
modalidade culposa. 
Consumação: Com a efetiva supressão do sinal de inutilização, independentemente de sua real 
utilização. 
Tentativa: Admite-se. 
Confronto: Se após a supressão prevista neste § 2º o papel público é utilizado, há apenas o cri-
me do § 3º . Em caso de selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, cf. art. 37 
da Lei n s 6.538/78. 
Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
Uso de papéis com inutilização suprimida (§ 3º) 
Objeto jurídico, sujeito ativo e sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Tipo objetivo: O objeto material são os papéis que tiveram suprimidos os carimbos ou sinais de 
inutilização (cf. § 2ª ). Pune-se o uso de tais papéis. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de usar os papéis, com co-
nhecimento de que o sinal de inutilização foi suprimido. Para os tradicionais é o “dolo genéri-
co”. Inexiste forma culposa. 
Confronto: Se o agente não chega a usar, mas é o autor da supressão do carimbo ou sinal de 
inutilização, há o crime do § 2º. Se é selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-pos-
tal, art. 37, § 1º, da Lei nº 6.538/78.
Concurso de crimes: O uso é absorvido, caso o agente seja o autor da supressão (fato posterior 
impunível). 
Pena e ação penal: Iguais às do § 2º. 
Figura privilegiada (§4º)
Objeto jurídico e sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, desde que tenha recebido o papel de boa-fé. 
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Tipo objetivo: O objeto material são os papéis públicos falsos do caput ou os legítimos, mas 
com a inutilização suprimida do § 2º. Pune-se a conduta de quem, tendo recebido os papéis na 
ignorância da falsificação ou alteração, os usa ou restitui à circulação, depois de conhecer (estar 
certo de) a falsidade ou alteração. É atípica a restituição à própria pessoa de quem o agente 
recebeu o papel. 
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de usar ou restituir à cir-
culação, com a certeza de que o papel é falso ou alterado. Na doutrina tradicional é o “dolo 
genérico”. Não há punição a título de culpa. A dúvida quanto ao conhecimento da falsidade ou 
alteração pode afastar o dolo. 
Consumação: Com o efetivo uso ou restituição à circulação. 
Tentativa: Admite-se. 
Confronto: Tratando-se de selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, art. 37, 
§ 2º, da Lei nº 6.538/78. 
Pena: É alternativa: detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Ação penal: Igual à do caput. 
Equiparação de atividade comercial (§5º)
Noção: Por meio deste § 5º, inserido pela Lei nº 11.035/2004, o legislador houve por bem equi-
parar a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irre-
gular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em 
residências. Trata-se de posição semelhante à adotada no crime de descaminho (CP, art. 334, 
§ 2º). Como se nota, o objetivo do legislador é claro: estender a punição para aqueles que se 
dedicam ao comércio informal, realizado de forma irregular ou clandestina. 
Remissão: Se o agente é funcionário público, vide nota ao art. 295 do CP, quanto à previsão 
para aumento da pena. 
Tipo subjetivo: Em qualquer das modalidades previstas pelo art. 293, exige-se que fique com-
provado o dolo do agente, pois inexiste forma culposa para esses crimes (TFR, Ap. 6.269, DJU 
31.10.85, p. 19525). 
Coautoria: Caracteriza a cooperação psicológica de fiscal do IPI que anuiu em introduzir, nas 
repartições fazendárias, guias falsificadas, recebendo pagamentos para essa conduta (STF, mv 
— RTJ112/1280). 
Papéis públicos: Não é papel público o formulário de retirada de dinheiro da Caixa Econômica 
Federal, pois o “qualquer outro documento”, a que se refere o inciso V do art. 293, deve ter ca-
racterísticas semelhantes aos demais indicados (TJSP, mv — RT 522/331). 
Guia florestal: A sua falsificação não caracteriza o delito deste art. 293, V, pois a guia a que o 
dispositivo alude é a que se destina ao fim de recolhimento ou depósito de dinheiros ou valores 
ex vi legis. A guia florestal não tem essa destinação, servindo ao controle do transporte de ma-
deiras (STJ, RT689/400). 
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Crime-meio e prescrição: A prescrição do crime-fim (sonegação fiscal) abrange o crime-meio 
(falsificação de papéis públicos) (TJSP, mv — RJTJSP169/293). 
Ato preparatório e absorção: Se o agente fabrica, adquire, fornece, possui ou guarda petrechos 
de falsificação, conforme dispõe o art. 294, consubstanciando mero ato preparatório para che-
gar ao fim de usar os papéis públicos falsos, não há se falar em concurso material, pois tal delito 
resta absorvido pelo art. 293, § 1º (STJ, RT 781/553). 
Materialidade: Em caso de falsificação e utilização de guias de recolhimento da Previdência 
Social, entendeu-se ser dispensável o exame pericial, na hipótese de a materialidade puder ser 
comprovada por outros meios (TRF da 2- R., RT855/710). 
Desnecessidade de constituição definitiva do crédito tributário: É dispensável a constituição 
definitiva do crédito tributário para que esteja consumado o crime previsto no art. 293, § 1ª , 
III, “b”, do CP. Isso porque o referido delito possui natureza formal, de modo que já estará con-
sumado quando o agente importar, exportar, adquirir, vender, expuser à venda, mantiver em 
depósito, guardar, trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar ou, de qualquer forma, utilizar em 
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mer-
cadoria sem selo oficial. Não incide na hipótese, portanto, a Súmula Vinculante 24 do STF. 
Petrechos de falsificação
Art. 294, CP – Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à 
falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 295, CP – Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, 
aumenta-se a pena de sexta parte.
Suspensão condicional do processo: Cabe, desde que não esteja combinado com o art. 295 
(art. 89 da 9.099/95). 
Objeto jurídico: A fé pública. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Se funcionário público, cf. art. 295. 
Sujeito passivo: O Estado. 
Tipo objetivo: O objeto material é assim indicado: objeto especialmente destinado à falsifica-
ção de qualquer dos papéis referidos no artigoanterior, ou seja, dos papéis públicos expres-
samente arrolados no art. 293 do CP; diante do princípio da taxatividade, não se encontram 
incluídos, portanto, o produto ou mercadoria referido no seu § 1º , inciso III. 
Tipo objetivo: Quanto ao conceito de especialmente destinados, vide nota à expressão no art. 
291 do CP. As ações incriminadas são: 
a) fabricar (produzir ou manufaturar); 
b) adquirir (obter para si); 
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c) fornecer (proporcionar, abastecer, prover); 
d) possuir {ter a posse ou propriedade); 
e) guardar (ter sob guarda, abrigar). 
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar as ações com conheci-
mento da destinação dos objetos. Na doutrina tradicional aponta-se o “dolo genérico”. Não há 
punição a título de culpa. 
Consumação: Com a efetiva prática de qualquer das ações. É crime permanente nas modalida-
des de possuir e guardar.
Tentativa: Admite-se. 
Confronto: Caso o agente use os petrechos e falsifique, o crime deste art. 294 ficará absorvido 
pelo do art. 293. Em caso de petrechos para falsificação de moeda, o crime será o do art. 291 
do CP. Tratando-se de selo postal, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, art. 38 da 
Lei nº 6.538/78. 
Pena: Reclusão, de um a três anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
Funcionário público (art. 327, CP) – Causa especial de aumento de pena: Se o sujeito ativo é 
servidor público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, haverá aumento de pena (art. 
295 do CP). 
Falsificação do selo ou sinal público
Art. 296 , CP- Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;
II – selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público 
de tabelião:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I – quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II – quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em provei-
to próprio ou alheio.
III – quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros 
símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.
§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se 
a pena de sexta parte.
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Objeto jurídico: A fé pública, especialmente os sinais públicos de autenticidade.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. público (caput)
Sujeito passivo: Primeiramente, o Estado; em segundo lugar, o particular eventualmente pre-
judicado.
Tipo objetivo: O núcleo é falsificar, que tem a significação de apresentar como verdadeiro o 
que não é. A falsificação punida por este tipo penal é aquela feita mediante a:
a) fabricação (é a contrafação, em que o agente faz o selo ou sinal); ou
b) alteração (modificação de selo ou sinal verdadeiro).
A falsificação, para caracterizar o crime, em qualquer de suas modalidades acima referidas (a e 
b), deve ser apta a enganar a generalidade das pessoas. A falsificação grosseira não caracteriza, 
pois, o crime.
Tipo objetivo: O objeto material vem assim indicado:
I – Selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município.
O selo aqui referido não tem relação alguma com o selo postal. Trata-se de peça, geralmente 
metálica, que se usa para imprimir em papéis, com a finalidade de autenticá- los. É indispensá-
vel à tipificação o fim de autenticação de atos oficiais.
II – Selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal pú-
blico de tabelião.
Não inclui o selo ou sinal estrangeiro, mas compreende os de autarquia ou entidade paraesta-
tal, desde que atribuídos por lei. Sinal público de tabelião é a assinatura especial deste, enfeita-
da, que constitui a sua marca de tabelião e que não se confunde com a assinatura simples (esta 
chamada “sinal raso”).
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de falsificar, com conhecimento, 
na hipótese do inciso I, de que o selo é destinado à autenticação de atos oficiais. Na doutrina 
tradicional é o “dolo genérico”. Não há forma culposa.
Consumação: Com a falsificação, sem dependência de outro resultado. Trata-se de crime formal.
Tentativa: Admite-se, na medida em que as modalidades que contém o núcleo do tipo (fabri-
cação e alteração) permitem o iter criminis.
Confronto: Se há falsificação de sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fis-
calização alfandegária, art. 306, caput, do CP. Se o sinal falsificado é o usado por autoridade 
pública para fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou 
comprovar o cumprimento de formalidade legal, art. 306, parágrafo único, do CP.
Símbolos nacionais: A utilização dos símbolos nacionais (bandeira, hino, armas, selo e cores 
nacionais) é disciplinada pela Lei nº 5.700/71. Cumpre observar que, no tocante ao Brasão da 
República (armas), o art. 26 da citada lei estipula as hipóteses em que a sua utilização é obriga-
tória, não estabelecendo vedações para a sua utilização em outras hipóteses.
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Pena: Reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
Uso de selo ou sinal falsificado (§ 1 º, I) 
Objeto jurídico, Sujeito ativo e Sujeito passivo: Iguais aos do caput. 
Tipo objetivo: Pune-se quem faz uso do selo ou sinal falsificado. Não se incrimina qualquer 
uso, mas apenas aquele em que o sinal ou selo público falsificado é usado em sua destinação 
normal e oficial.
Tipo subjetivo: O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de usar, com conhecimento 
de que se trata de selo ou sinal falsificado (dolo genérico).
Consumação: Com o uso do selo ou sinal falsificado, independentemente de causar efetivo 
resultado. Trata-se de crime formal.
Concurso de crimes: O uso, pelo próprio agente que falsificou o selo ou sinal, é fato posterior 
impunível (ne bis in idem), respondendo o agente apenas pela falsificação 
Pena e Ação penal: Iguais às do caput.
Utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro (§ 1º, II)
Objeto jurídico, sujeito ativo e sujeito passivo: Idênticos aos do caput.
Falsificação do selo ou sinal público
Tipo objetivo: Ao contrário do que sucede no inciso I, aqui, o objeto material é o selo ou sinal 
verdadeiro e não o falsificado. Incrimina-se quem utiliza, indevidamente (elemento normativo do 
tipo), agindo em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. O resultado referido pela 
lei (sem o qual não há crime) é alternativo: prejuízo alheio ou proveito próprio ou de terceiro.
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de utilizar indevidamente, acres-
cido do especial fim de agir (em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio). Para a 
doutrina tradicional, é o dolo específico.
Consumação: Com o efetivo prejuízo ou proveito. Trata-se, pois, de crime material.
Pena e ação penal: Iguais às do caput.
Alteração, falsificação ou uso indevido (§ 1º, III)
Objeto jurídico: A fé pública, especialmente as marcas, os logotipos, as siglas ou outros símbo-
los da Administração Pública.
Sujeito ativo e Sujeito passivo: Iguais aos do caput.
Tipo objetivo: Os núcleos são três:
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a) alterar, que tem o sentido de modificar;
b) falsificar, que tem o significado de reproduzir, imitando; de fazer parecer original, verdadei-
ro, aquilo que não é;
c) usar indevidamente, ou seja, utilizar de forma imprópria.
A) Tipo objetivo: O objeto material compõe-se de:
1. marcas (sinais que se fazem em coisas para reconhecê-las);
2. logotipos (conjunto de letras unidas em um único tipo, formando siglas ou palavras);
3. siglas (sinais convencionais);4. outros símbolos (sinais, signos). Há necessidade de que o objeto material seja utilizado 
por órgãos ou entidades da Administração Pública, ou identifique estes. A alteração e a fal-
sificação devem ser aptas a enganar a generalidade das pessoas, pois do contrário não há 
potencialidade lesiva.
Consumação: Com a alteração, falsificação ou uso indevido, independentemente de resultado 
naturalístico (p. ex., efetivo prejuízo de alguém). Trata-se de delito formal. Nas modalidades 
de alteração e falsificação, a tentativa é possível, pois se trata de condutas que admitem o iter 
criminis.
Pena e Ação penal: Iguais às do caput.
Figura qualificada
Noção: Se o agente é funcionário público (vide nota no art. 327 do CP) e comete o (§ 2º) crime 
prevalecendo-se do cargo, incide a causa especial de aumento de pena deste § 2º. Aplica-se 
tanto ao caput como ao § 1º.
Falsificação de documento público
Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público 
verdadeiro:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se 
a pena de sexta parte.
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade para-
estatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os 
livros mercantis e o testamento particular.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
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I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova 
perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva 
produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido 
escrita;
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações 
da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter cons-
tado.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do 
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de pres-
tação de serviços.
Falsificação material de documento público (caput) 
Objeto jurídico: A fé pública, especialmente a autenticidade dos documentos.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Se funcionário público, incide causa especial de aumento de 
pena (cf. § 1º deste art. 297).
Sujeito passivo: O Estado, primeiramente; e a pessoa em prejuízo de quem foi o falso pratica-
do, secundariamente.
Tipo objetivo: A falsidade que este art. 297 pune é a material, ou seja, aquela que diz respeito 
à forma do documento. A falsidade ideológica (de documento público ou particular) é punida 
pelo art. 299 do CP; sobre a diferença entre as duas falsidades, vide nosso comentário ao art. 
298 do CP. São duas as condutas punidas por este art. 297, caput:
a) falsificar, no todo ou em parte, documento público. É a contrafação, a formação do documento 
público falso. Pune-se tanto a falsificação integral (no todo) quanto a parcial (em parte)-,
b) ou alterar documento público verdadeiro. Nesta modalidade, não há exatamente a con-
trafação (ou formação) de um documento público, mas a alteração (isto é, modificação) de 
um documento público já existente.
Objeto material: É o documento público, considerando-se como tal o elaborado, de acordo 
com as formalidades legais, por funcionário público no desempenho de suas atribuições. São 
alcançados tanto o documento formal e substancialmente público, como o formalmente públi-
co mas substancialmente privado. Também é incluído o documento público estrangeiro, desde 
que originariamente considerado público e atendidas as formalidades legais exigidas no Brasil. 
São também documentos públicos as certidões, traslados, xerocópias autenticadas e o tele-
grama emitido com os requisitos de documento público. As xerocópias não autenticadas não 
se consideram documentos, para fins penais. Existem, também, os documentos públicos por 
equiparação legal (cf. § 2º deste art. 297). Certidões públicas eletrônicas, que contenham os 
requisitos formais de um documento público, como a assinatura digital, são documentos para 
fins deste art. 297. O e-mail, por falta de formalidades legais, a nosso ver, não pode ser consi-
derado documento público.
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Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade de falsificar documento público ou alterar docu-
mento público verdadeiro, com a consciência de que pode causar prejuízo a outrem. Na escola 
tradicional é o “dolo genérico”. Não há punição a título de culpa.
Consumação: Com a efetiva falsificação ou alteração, independente da ocorrência de qualquer 
resultado. Trata-se, pois, de crime formal.
Exame de corpo de delito: É necessário à comprovação da materialidade, pois se trata de infra-
ção que deixa vestígios (CPP, art. 158).
Tentativa: Admite-se, à medida que as condutas punidas (falsificar ou alterar) permitem o iter 
criminis.
Concurso de crimes: São pelo menos três os concursos possíveis:
a) prevalece o entendimento de que o falsário não responde, em concurso, pelo crime de 
falso e uso de documento falso (art. 304), havendo, no entanto, controvérsia em relação a 
qual dos crimes fica sujeito o agente (vide jurisprudência no art. 304, sob o título Uso pelo 
próprio autor da falsidade),
b) se a falsidade do documento público é empregada para a prática de estelionato, divide- se 
a jurisprudência, dando lugar a quatro correntes diferentes (vide, no art. 171 do CP, nota 
Concurso de crimes),
Concurso de crimes: São pelo menos três os concursos possíveis:
c) se a falsidade é usada como crime-meio para a prática de crime contra a ordem tributária 
(Lei nº 8.137/90) ou mesmo contra a previdência social (CP, art. 337-A), ou descaminho, 
que tem natureza tributária (CP, art. 334), entendemos que o crime-meio fica absorvido 
pelo crime-fim. Nesse caso, importa ressaltar que a extinção da punibilidade pelo paga-
mento, ainda que realizado após o recebimento da denúncia, nos termos do art. 9º, caput, 
e §§ 1º e 2º da Lei do PAES ( 10.684/2003), e dos arts. 68 e 69 da Lei do “REFIS da Crise” (Lei 
nº 11.941/2009), faz extinguir também a punibilidade do crime-meio, não havendo como 
este subsistir se o crime-fim pelo qual ele é absorvido já teve sua punibilidade extinta.
Pena: Reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
Causa especial de aumento de pena (§1º)
Noção: Se o agente é funcionário público (vide nota ao art. 327 do CP) e comete crime preva-
lecendo-se do cargo, a pena do caput é aumentada da sexta parte. Não basta, portanto, que o 
agente seja funcionário público, sendo indispensável a comprovação de que o mesmo valeu-se, 
aproveitou-se, de sua função pública para a prática do crime. Esta causa de aumento de pena 
aplica-se, por sua localização, somente ao caput e não aos crimes previstos nos §§ 3 º e 4º.
Falsificação de documento público Documentos públicos por equiparação (§ 2º )
Noção: Para fins penais, são equiparados a documento público:
a) O documento emanado de entidade paraestatal (as autarquias), b. O título ao portador ou 
transmissível por endosso (cheque, nota promissória, duplicata, warrant, etc.). Como ob-
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serva Hungria, tais documentos, quando após certo prazo não mais podem ser transferidos 
por endosso, mas somente “mediante cessão civil, deixam de ser equiparados a documentos 
públicos” (Comentários ao Código Penal, 1959, v. IX, p. 266). c. As ações de sociedade comer-
cial, d. Os livros mercantis, e. O testamento particular (não abrange o codicilo). Igualmente, 
se os títulos forem falhos quanto aos seus requisitos essenciais, não

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