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ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS AULA 6 Prof.a Cláudia Regina Bosa 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula teremos a oportunidade de entender algumas formas de programas que podem auxiliar no planejamento de prevenção de riscos para o desenvolvimento das atividades humanas e também de conhecer algumas alternativas para a prevenção de riscos ambientais e para a mitigação dos impactos das atividades humanas ao meio ambiente. Trataremos sobre realização de auditorias na identificação de riscos e também sobre alguns programas de emissão zero de resíduos, os quais possibilitam uma significativa redução dos riscos para o ambiente e para os seres humanos, indo ao encontro dos princípios da preservação dos recursos naturais e equilíbrio nos ecossistemas. CONTEXTUALIZANDO Vamos imaginar a seguinte situação: você é funcionário de uma instituição pública, mais especificamente uma divisão da prefeitura de uma capital, há vários anos, sempre teve interesse em participar dos programas lançados dentro de cada uma das gestões relacionados ao manejo de resíduos sólidos e ao longo do tempo de trabalho conheceu inúmeras tentativas dos gestores, algumas com maior penetração entre os funcionários e a população e outros menos impactantes e, por consequência, com pobres resultados. Você sempre foi um militante nos setores por onde passou durante a sua vida de trabalho quando o assunto era manejo consciente de resíduos, sendo percebido por alguns de seus colegas de trabalho como um idealista e por outros como aquele “chato inconveniente” que quer ensinar a separar lixo em vez de fazer as suas atribuições enquanto funcionário, dessa forma você sofreu muitas críticas, pois mudar a forma de pensar das pessoas não se trata de uma tarefa fácil. Hoje a sua cidade passa por sérios problemas no sentido de encontrar um novo local para a destinação dos resíduos sólidos produzidos e você, sempre preocupado com essa questão, tem uma ideia inovadora para propor à gestão atual, a qual você acredita que levará à redução drástica da produção de resíduos sólidos e assim dará maior longevidade para o novo aterro de sua cidade. Diante dessa situação, você gostaria muito de contribuir e 3 mostrar sua ideia a fim de ajudar a reduzir a produção e realizar a destinação correta do lixo em sua cidade, porém tem medo das críticas de seus colegas de trabalho, os quais sempre foram muito resistentes a projetos novos e mudanças de comportamento. Qual seria a sua decisão diante dessa situação? Entraria em contato com seus superiores a fim de marcar uma reunião e explicar como funcionaria a sua proposta, sem se preocupar com as críticas prováveis dos colegas de trabalho? Marcaria um encontro com os colegas de trabalho e tentaria convencê-los da importância de modificar comportamentos frente à atual situação do excesso de produção de lixo e propor a mudança imediata dentro da própria prefeitura? Ou após muito pensar desistiria de suas convicções com relação ao assunto, pois já sabe qual seria a reação de seus colegas de trabalho, e não tem mais vontade de entrar em outro embate, no sentido de tentar mudar o comportamento das pessoas? O que você faria diante dessa situação? TEMA 1 – ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO (APR) Atualmente, existem vários protocolos estabelecidos conforme a lei para que cada uma das atividades de trabalho seja desenvolvida. Esse processo ainda está em implantação em alguns países em desenvolvimento e, naqueles considerados desenvolvidos, é aplicado de forma mais efetiva. Cabe lembrar aqui que todas essas preocupações relacionadas aos ambientes de trabalho não foram de forma espontânea formuladas pelos grandes empregadores, mas, sim, conquistadas por ações dos trabalhadores, os quais exigiram melhoria das condições de trabalho e melhor qualidade de vida. Diante da grande quantidade de protocolos, normas e regulamentações, nesse momento daremos destaque para a Análise Preliminar de Riscos (APR), que consiste em uma análise detalhada do ambiente no qual está sendo desenvolvida a atividade laboral com a identificação dos potenciais riscos que possam estar presentes no local, e cujo principal objetivo é realizar uma identificação antecipada dos riscos com a finalidade de poder prevê-los e, dessa forma, preveni-los de forma mais eficaz, por meio da utilização de medidas mais adequadas para a minimização máxima do risco de acidentes no ambiente de trabalho. Poderíamos dizer com certeza que essa técnica é muito utilizada, pois trata-se da mais utilizada na questão da prevenção de acidentes no ambiente 4 de trabalho, pelo fato de apresentar resultados muitos positivos e por ter o potencial de envolver profissionais de diversas áreas de atuação. Esse tipo de análise faz parte das atividades diárias de profissionais e constitui parte fundamental dos currículos de estudantes de cursos técnicos em segurança do trabalho. O desenvolvimento da APR não ocorreu diretamente nos ambientes de trabalho, surgiu de demandas relacionadas aos sistemas de segurança dos Estados Unidos relacionados a manobras militares, sempre buscando um menor grau de risco para as suas operações. Em virtude dos bons resultados, ela acabou sendo difundida, adaptada e fazendo parte das atividades cotidianas dos trabalhadores comuns. Em seguida, listaremos alguns dos principais objetivos de uma APR: 1. Identificar de forma criteriosa os possíveis riscos presentes nos diversos ambientes de trabalho. 2. Realizar um trabalho de orientação personalizada para cada tipo de atividade desenvolvida pelos colaboradores. 3. Estabelecer medidas de segurança para todas as áreas de trabalho de uma empresa. 4. Organizar e sistematizar todas as tarefas que fazem parte do processo de determinada empresa a fim de minimizar falhas. 5. Planejar cada etapa e cada tarefa de forma minuciosa. 6. Realizar um trabalho de orientação sistemático junto aos colaboradores no sentido de conscientizar com relação aos riscos envolvidos em cada tipo de atividade laboral. 7. Atuar na prevenção de qualquer tipo de acidente dentro do ambiente laboral. Qualquer nova atividade que seja introduzida no ambiente laboral deverá antes ser apreciada pelos protocolos da APR, a responsabilidade da aplicação fica por conta do supervisor das atividades laborais, porem é importante que todos os colaboradores tenham conhecimento desse processo e que a equipe do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) ajude no assessoramento, com o objetivo de implantação correta de todas as etapas e garantia de segurança para os trabalhadores. A equipe do SESMT tem a responsabilidade de auxiliar na realização da APR e de garantir que ela seja utilizada de forma correta, mantendo os dados 5 sempre disponíveis para qualquer colaborador da organização em questão. O papel do supervisor está relacionado diretamente à responsabilidade de garantir a realização da APR antes do início das atividades e somente permitir que as atividades comecem quando todas as medidas de prevenção estiverem adequadamente implantadas. Fica sob a responsabilidade do supervisor o arquivamento e a guarda de todos os documentos relacionados à APR e também a decisão de suspensão imediata das atividades laborais, caso identifique riscos potenciais que possam colocar em perigo a integridade da equipe envolvida. É importante que todos os envolvidos no desenvolvimento das atividades tenham consciência dos riscos envolvidos na realização delas e que, dessa forma, colaborem duranteo processo de realização destas priorizando as medidas de segurança preconizadas nos protocolos estabelecidos e assim garantindo a segurança de todo o grupo. Toda APR deve ser realizada de forma bastante detalhada com a finalidade de identificar não somente os riscos visíveis, mas também de prever riscos que não sejam tão evidentes durante o processo de levantamento destes. O processo de antecipação ou previsão dos riscos é uma forma efetiva de eliminar e prevenir riscos, fato que pode ser auxiliado quando se pode lançar mão da observação de dados históricos relacionados para aquele tipo de atividade. É importante salientar que por muitas vezes os riscos amplamente conhecidos são deixados de lado e tratados com menor atenção. Cabe lembrar que por muitas vezes são esses os que se efetivam e que acabam por trazer consequências por vezes temporárias e até permanentes para os envolvidos com a atividade. Todas as ferramentas disponíveis devem ser utilizadas no sentido de prevenir acidentes, garantindo a integridade física do trabalhador e também a sua saúde e qualidade de vida no ambiente de trabalho; a equipe de gestores não deve ter somente a preocupação em reduzir o número de acidentes registrados, mas também de reduzir os riscos aos quais todos os trabalhadores estão expostos todos os dias. TEMA 2 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS Sabemos que atualmente existe uma grande variedade de protocolos que podem ser seguidos a fim de preservar a saúde dos trabalhadores 6 evolvidos nos mais variados ramos de atividades existentes, inclusive existem até formas de remuneração diferenciada para aqueles que realizam atividades consideradas de riscos e insalubres. Diante das questões que envolvem os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos no seu cotidiano, podemos dar destaque para o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), o qual tem por objetivo principal manter a integridade da saúde do trabalhador no seu ambiente laboral por meio de uma avaliação constante dos riscos ambientais presentes em suas atividades. O PPRA tem como meta identificar, listar, classificar, medir a intensidade, pensar em medidas de mitigação e prevenção e controle de qualquer risco que exista no ambiente de trabalho e que possa trazer prejuízos para a saúde do trabalhador. Esse plano realiza exigências aos empregadores no sentido de realizar modificações no ambiente de trabalho a fim de reduzir os riscos ambientais e preservar a integridade da saúde dos trabalhadores envolvidos. Mas como podemos definir o que são os riscos ambientais dentro desse contexto? Os riscos ambientais dentro da perspectiva do ambiente de trabalho são todo e qualquer fator que, caso se efetive, possa levar a prejuízos para a integridade da saúde do trabalhador, prejuízos esses que podem ser maiores ou menores de acordo com a natureza, intensidade e tempo de exposição ao referido risco ambiental. Os riscos ambientais no ambiente de trabalho podem ser classificados da seguinte maneira: Riscos Físicos (NR-15): os riscos físicos estão relacionados a todos os fatores físicos aos quais os trabalhadores possam estar expostos como: som, vibrações, pressões, temperaturas muito altas ou muito baixas, radiações diversas, dentro outros. Riscos Químicos (NR-15): os riscos químicos estão relacionados à exposição dos trabalhadores a qualquer tipo de composto que possa ser inalado ou entrar no organismo por meio de contato físico com a pele ou ainda por ingestão. Aqui podemos citar como exemplo: poeiras, produtos voláteis, gases, vapores, dentre outros. Riscos Biológicos (NR-15): esses riscos estão associados ao contato com patógenos (seres vivos causadores de doenças) que possam estar presentes no ambiente de trabalho, como vírus, bactérias, fungos, dentre 7 outros capazes de causar o desenvolvimento de doenças específicas nos trabalhadores. Conforme as normas preconizadoras, o PPRA deverá seguir algumas etapas, sendo elas: Antecipação – fase inicial na qual os envolvidos realizarão uma análise criteriosa das instalações nas quais a atividade será desenvolvida a fim de identificar riscos e sugerir medidas para a redução ou eliminação destes. Reconhecimento – Nessa fase, além da identificação dos riscos potenciais, serão listadas as fontes que os produzem e o comportamento dos riscos no ambiente de trabalho. No reconhecimento, traça-se uma previsão de como o risco se comportaria caso se efetivasse, pensando, inclusive, nos potenciais prejuízos à saúde dos trabalhadores. Avaliação – Nessa etapa é realizada a avaliação quantitativa para comprovar a existência ou não de determinado risco, a qual serve de subsídio para que se tenham parâmetros no processo de prevenção deles. Controle – Nessa fase, por fim ocorre a implantação das medidas de controle com a finalidade de minimizar ou eliminar os riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho. O PPRA deve estar intimamente integrado com o Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – NR7 (SESMT), pois aquele tem o papel de identificar os riscos ambientais aos quais os trabalhadores estão expostos e esse tem o objetivo de realizar avaliações clínicas dos trabalhadores expostos aos riscos ambientais, sendo assim, os resultados obtidos nas avaliações clínicas nos trabalhadores podem avaliar o trabalho do PPRA e verificar se está sendo eficiente no processo de prevenção aos agravos à saúde dos trabalhadores. Dessa forma, pode sugerir e orientar medidas e ações coletivas de controle ou eliminação de riscos no ambiente de trabalho. O PPRA deve ser amplamente divulgado em todos os setores da empresa, de forma que todos os trabalhadores envolvidos no processo tenham consciência dos riscos envolvidos em suas atividades laborais, auxiliando assim na redução da efetivação deles. 8 TEMA 3 – AUDITORIAS DE SEGURANÇA Quando falamos em auditoria, a maioria das pessoas tem uma visão negativa, e quando dizemos que um auditor estará presente na empresa, normalmente o desconforto das pessoas envolvidas é geral. Infelizmente esse não deveria ser o comportamento das pessoas frente a um processo de auditoria, pois quando esta ocorre significa que existe a possibilidade real de elencar as falhas e direcioná-las para o caminho da correção e garantia da qualidade e confiabilidade do produto ou serviço prestado para a comunidade. Os processos de auditoria são processos realizados de forma extremamente sistemática e bem documentados, para que possam levantar evidências dos processos que estão sendo desenvolvidos dentro do ambiente auditado, envolvendo todos os aspectos, como industriais e gerenciais. O seu objetivo é realizar a identificação de inconformidades nos sistemas, as quais podem reduzir o desempenho e a qualidade dos processos e produtos e ainda tornar os ambientes de trabalho menos seguros, levando a sérios agravos para a saúde dos trabalhadores. As auditorias devem seguir parâmetros específicos estabelecidos para ações internas e externas; como exemplo, podemos citar algumas normas presentes nas Normas Regulamentadoras (NRs), normas técnicas da ABNT, Recomendações Técnicas e Procedimentos da Fundacentro, dentre muitas outras que poderão ser utilizadas como parâmetro para o desenvolvimento de um processo de auditoria. Quando tratamos de uma auditoria relacionada à segurança do trabalho, estamos nos referindo a um processo que terá como principal objetivo realizar a coleta de informações relacionadas à confiabilidade do sistema de segurança presente naquele tipo de atividade laboral. Assim que issofor realizado, uma avaliação criteriosa é feita e, em seguida, é possível realizar uma autoavaliação do sistema com relação à segurança do trabalho e também será possível criar um plano de ação a fim de eliminar as questões que não estão dentro das conformidades necessárias. Qualquer auditoria realizada deve contar com profissionais especializados de acordo com a área a ser auditada, e nunca o profissional que realizará o processo de auditoria poderá estar relacionado com o processo a 9 ser auditado, pois esse tipo de fato pode levar a falhas graves no processo de auditoria, com resultados tendenciosos. Tipos de auditoria Um processo de auditoria pode ser iniciado por qualquer parte interessada de uma determinada organização, gestores, dono da empresa, empregados e outros demais envolvidos no processo que acreditem haver inconformidades em qualquer etapa deste. Existem três diferentes tipos de auditorias listados a seguir. 1. Auditoria interna ou de primeira parte: Esse tipo de auditoria é realizado pela própria instituição, com objetivos claros de melhoria da qualidade do processo e dos resultados. 2. Auditoria de segunda parte: Essa forma de auditoria depende da contratação de uma equipe externa ao processo, com o objetivo principal de identificar inconformidades relacionadas à segurança do trabalho. 3. Auditoria externa ou de terceira parte: Esse tipo de auditoria está relacionada à intenção da organização em conseguir certificações como um tipo de ISO, para isso a organização será submetida a um tipo de auditoria externa conduzida por um grupo de profissionais externo. De modo geral, as auditorias devem envolver três fases durante o seu processo de execução: a. Preparação: Nesse momento é realizado o plano de ação do processo de auditoria, no qual são listados os objetivos de realização do evento, os critérios, os documentos que serão utilizados como referência e ainda um check-list de todos os passos a serem realizados, ou seja, nessa etapa é construído o escopo do trabalho a ser realizado no campo. b. Execução: Nesse momento é realizada a efetivação do check-list, todo o processo deve ser amplamente documentado. c. Elaboração de relatórios: Nessa etapa será realizada a descrição do que foi encontrado em campo, com a descrição das inconformidades e sugestão de um plano de ação. Diante do exposto, conseguimos pensar em quais são os benefícios oferecidos por um processo de auditoria? Podemos citar alguns deles: redução de acidentes, melhoria da qualidade das condições de trabalho, priorização das ações em segurança do trabalho, redução de custos de operação, aumento da produtividade e eficiência, dentre outros. 10 Por muitas vezes a maioria dos envolvidos em um processo de auditoria qualquer o tipo que ele seja, apresenta grande rejeição e preocupação com a efetivação dele e os auditores são sempre vistos com muita desconfiança. É importante salientar para as pessoas envolvidas em um processo de auditoria não apenas que esse tipo de trabalho é de grande importância para a verificação de incongruências e erros dos mais variados níveis dentro de uma instituição, mas também que a sua identificação pode levar à prevenção de riscos ou até mesmo ao fechamento da atividade em questão. Podemos pensar diante do exposto até o momento que as organizações que nunca tiveram um processo de auditoria podem ter riscos sérios para a saúde de seus trabalhadores, portanto devemos receber esse tipo de processo com simpatia, pois ele tende a melhorar nossas condições de trabalho. TEMA 4 – RISCOS AMBIENTAIS Quando tratamos de riscos ambientais no ambiente de trabalho, estamos nos referindo a todos os riscos, tanto físicos, quanto químicos e biológicos, aos quais os trabalhadores possam estar expostos no período de desenvolvimento de suas atividades, pois as formas de exposição e intensidade a que os trabalhadores se submetem em relação a esses riscos podem determinar os tipos de agravos que podem ocorrer à saúde. Atualmente, temos inclusive uma área específica que se dedica ao estudo desses tipos de agravos à saúde denominada de Higiene e Saúde Ocupacional, a qual por lei se efetua no Brasil por meio do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Quando a atividade laboral desenvolvida oferecer risco à saúde do trabalhador, a empresa deve por lei fornecer todas as orientações no sentido da prevenção da efetivação dos riscos e ainda oferecer Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) de boa qualidade, os quais devem ser trocados de acordo com o desgaste observado ou a data de validade. Caso a empresa não realize essa medida de prevenção, poderá ser realizada a denúncia junto ao Ministério do Trabalho. Caso isso ocorra, a empresa será fiscalizada por profissionais especializados, e, caso a denúncia se confirme, a empresa será multada e todas as sanções previstas em lei serão executadas. No entanto, se a empresa cumpre tudo o que está preconizado nas leis, cabe ao trabalhador acatar e seguir as 11 orientações, pois, caso o trabalhador se recuse a usar os EPIs e EPCs fornecidos de acordo com a lei, ele poderá ser primeiro advertido e, caso a recusa no uso ou o uso adequado continue, poderá ser demitido por justa causa. Todos e quaisquer equipamentos de proteção devem ser fornecidos gratuitamente pela empresa e o uso deve ser individual, as condições de uso também devem ser adequadas, e, caso não estejam de acordo, a substituição deve ser imediata. Caso falte ou a quantidade de equipamentos de proteção seja insuficiente, torna-se obrigatório o pagamento do adicional de insalubridade. Podemos listar algumas leis que estão intimamente envolvidas com as questões de gestão de riscos no ambiente de trabalho: CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), NR6. O quadro abaixo mostra a classificação dos riscos ambientais que podem estar presentes durante o desenvolvimento de uma atividade laboral: Quadro 1. Tipos de riscos ambientais que podem estar presentes no ambiente de trabalho. Fonte: Hokeberg et al., 2006 Todo ambiente de trabalho deve ter exposto em local de fácil observação o seu Mapa de Riscos Ambientais, o qual tem a função de orientar os trabalhadores presentes naquele ambiente sobre os possíveis riscos aos quais estão expostos e também a intensidade de cada um deles. Abaixo segue exemplo de um mapa de risco ambiental. 12 Figura 1. Exemplo de mapa de risco de uma empresa. Fonte: <http://www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm> Por meio da observação desse mapa, as pessoas envolvidas podem se orientar pelas cores e tamanhos dos círculos a fim de entender os reais riscos presentes no local de trabalho. O mapa deve ser constantemente revisado, pois mudanças do ambiente de trabalho podem ocorrer e modificar os riscos presentes. TEMA 5 – PROGRAMAS DE EMISSÃO ZERO DE RESÍDUOS Nos dias atuais, continuamente somos bombardeados por informações que tratam de processos de preservação da natureza e manutenção dos recursos naturais, tipo de preocupação que existe há algumas décadas podendo ser dado maior destaque para a década de 1970, quando grandes movimentos como as conferências internacionais sobre o meio ambiente ganharam força e se mantêm cada vez com maior influência nos dias atuais. Diante desses movimentos internacionais, pensando no desenvolvimento de uma consciência ecológica, surge nos anos 1970 o conceito de Resíduo Zero, o qual se baseou em ciclos da natureza, nos quais toda a matéria é reciclada, não ocorrendo a formaçãode resíduos, pois entendemos hoje que não é possível continuar a forma de utilização dos recursos naturais como estamos realizando, pois em breve estes entrarão em colapso, fato que pode comprometer a existência da humanidade. O Programa de Resíduo Zero visa à redução do desperdício, à melhor utilização da matéria-prima e à utilização de subprodutos. Não podemos mais ter o pensamento de que os recursos da natureza são abundantes e infinitos. Devido a esse tipo de percepção, mesmo com 13 todos os movimentos ambientais internacionais, somente recentemente a ciência econômica começou a se interessar sobre o assunto, com certeza pressionada pelo crescimento de um perfil de consumidor mais consciente de suas escolhas. Um dos termos mais utilizados quando tratamos das questões ambientais é o pensamento relacionado ao desenvolvimento sustentável, no qual devemos rever nossos modos de consumo e produção para que as gerações futuras tenham a oportunidade de utilizar esses mesmos recursos. Desse modo, há necessidade de pesquisas no sentido de maximizar a utilização dos recursos e de confeccionar produtos que possam conquistar esse novo nicho de consumidores presentes no mercado de trabalho. Dentro dessa perspectiva, surgem os conceitos da Metodologia Zero Emissions Research Initiative (ZERI), com o intuito de ajudar nos processos de certificação da ISO 14000. Esse tipo de metodologia preconiza que a emissão de resíduos deve ser zero, seguindo como exemplo os ciclos da natureza, sempre gerando um outro produto e não um resíduo sem qualquer finalidade para a cadeia de produção. Por meio da adoção da metodologia ZERI, podemos alcançar alguns objetivos extremamente importantes relacionados ao processo de conservação dos recursos da natureza e preocupação com as gerações futuras, sendo alguns deles: reduzir os impactos causados no solo, água, ar e nos ecossistemas de um modo geral, reduzir os fatores causadores das mudanças climáticas, projetar produtos com menor toxicidade, respeitar os ciclos da natureza, incentivar o consumo consciente, dentre muitas outras ações positivas para os processos de manutenção da saúde de nosso planeta. Com o uso da metodologia de emissão zero, podemos pensar na chamada economia verde, a qual é circular e não unidirecional, como a economia atual que temos, sempre direcionada para a seta do consumo, sem pensar no desperdício e na produção de resíduos. Nesse tipo de concepção, a ciclagem dos materiais é essencial, com a possibilidade de aumento de postos de trabalhos e valorizando as economias locais. Esse tipo de pensamento une um conjunto de estratégias no sentido de evitar o desperdício, em vez de somente pensar em como geri-lo. Apreender os conceitos envolvidos nesse novo modo de produção envolve mudanças profundas da forma de pensar e também mudanças de valores, nas quais a 14 sociedade do ter seja deixada de lado e nos preocupemos realmente com os dejetos que produzimos e com qual ambiente deixaremos para nossos sucessores. Nesse momento, é importante salientar que a metodologia de emissão zero de resíduos tem profunda relação com a sustentabilidade ambiental que é conceituada a seguir. Conceito de Sustentabilidade Sustentabilidade é um conceito intimamente relacionado com as questões do desenvolvimento econômico, segundo o qual devemos utilizar os recursos naturais de forma racional, maximizando o uso deles e pensando na disponibilidade destes para as gerações futuras, para que elas tenham iguais oportunidades de utilização. Portanto, pensar em sustentabilidade sem relacionar as questões econômicas não é possível, há necessidade urgente de quebrar vários paradigmas relacionados aos hábitos de consumo atuais. Mas, para que essa metodologia entre em funcionamento em todas as formas de produção humana, temos muito ainda por fazer, começando pela sensibilização da sociedade e dos governantes para que a necessidade da sustentabilidade seja entendida e para que os governos criem leis que concedam benefícios às formas de produção que tenham emissão zero. Lembrando que a cada década que passa os consumidores estão mais conscientes quanto à forma de impacto no ambiente dos produtos que eles consomem. FINALIZANDO Nesta aula, tratamos o gerenciamento dos riscos ambientais, tipos de riscos ambientais que existem, formas de orientação das pessoas envolvidas nas atividades diante da presença deles, como os mapas de riscos ambientais. Também comentamos sobre a importância da realização de um Programa de Prevenção de Riscos ambientais, tanto para a saúde dos trabalhadores envolvidos quanto para a redução do risco de catástrofes ambientais. Por fim, destacamos o incentivo ao uso de tecnologias mais limpas e de formas de produção com emissão zero de resíduos, processos que vêm ao encontro das preconizações dos programas das economias mais verdes, tipo de gestão que pode garantir a sustentabilidade das gerações futuras e dos ecossistemas por consequência. 15 Agora, com relação à contextualização desta aula, que atitude você tomaria para mostrar a sua ideia relacionada a um efetivo plano de gerenciamento de resíduos sólidos na sua cidade? Tentaria mostrar aos seus colegas de trabalho e ganhar a simpatia deles para seu plano? Ou desistiria da ideia, pois concluiu que está cansado para mais um embate na tentativa de sensibilizar as pessoas para essa questão? REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Diretrizes para Auditorias de Gestão. NBR ISSO 19011:2012. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde: Classificação de risco dos agentes biológicos. Brasília: MS, 2010. BUSCHINELLI J. T. P. Manual de interpretação de informações sobre substâncias químicas. São Paulo: Fundacentro, 2011. DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. FREITAS, L. C. Manual de segurança e saúde do trabalho. 1. ed. São Paulo: Edições Silabo, 2008. SALIBA, T. M. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 4. ed. São Paulo: LTR, 2011. VIANNA, C. S. V. Acidente do trabalho: abordagem completa e atualizada. São Paulo: LTR, 2015.
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