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ATUALIZAÇÃO DE CURATIVOS E COBERTURAS

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1 
 
 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
2 
www.eduhot.com.br 
Sumário 
História ........................................................................................................................ 4 
Florence Nightingale, A Precursora Da Enfermagem Moderna .............................. 4 
Evolução Da Tecnologia De Curativos ..................................................................... 6 
Uso De Novas Tecnologias Para O Tratamento De Feridas .................................... 7 
O Papel Da Enfermagem No Cuidado Ao Paciente Com Feridas ........................... 8 
Feridas ........................................................................................................................ 9 
Curativos................................................................................................................... 15 
Critérios Gerais Para Realização De Curativos ...................................................... 15 
Tipos De Curativos ................................................................................................... 16 
Tipos De Cicatrização .............................................................................................. 17 
Fatores Que Interferem Na Cicatrização ................................................................. 18 
Abordagem Das Feridas .......................................................................................... 20 
Aspectos A Serem Considerados Na Realização De Um Curativo ....................... 21 
Requisitos Para Um Curativo .................................................................................. 22 
Finalidades Do Curativo .......................................................................................... 23 
Objetivos Do Curativo .............................................................................................. 24 
Técnicas Básicas ..................................................................................................... 25 
Técnicas E Procedimentos Em Curativos E Feridas ............................................. 25 
Técnicas De Limpeza E Desbridamento De Feridas .............................................. 25 
Objetivos Da Limpeza .............................................................................................. 26 
Métodos De Limpeza ................................................................................................ 27 
Conceitos Relacionados À Limpeza ....................................................................... 28 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
3 
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Substancias Utilizadas Na Limpeza Das Feridas ................................................... 28 
Desbridamento ......................................................................................................... 36 
Técnicas De Desbridamento.................................................................................... 38 
Avaliação Da Ferida A Ser Limpa E Desbridada .................................................... 43 
Coberturas E Novas Tecnologias Para O Cuidado De Ferida ............................... 45 
Escolha De Coberturas ............................................................................................ 46 
Tipos De Coberturas ................................................................................................ 48 
Finalidades Das Coberturas .................................................................................... 49 
Especificações Das Coberturas .............................................................................. 50 
Coberturas Disponíveis No Mercado ...................................................................... 72 
Enfermagem Na Abordagem De Curativos E Coberturas ..................................... 78 
Como O Enfermeiro Deve Avaliar Uma Ferida? ..................................................... 80 
Cuidados No Tratamento Das Feridas .................................................................... 81 
Quais São Os Aspectos A Serem Considerados Na Realização Docurativo?.....81 
Referências ............................................................................................................... 83 
 
 
 
 
 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
4 
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HISTÓRIA 
 
Ao longo da História, a humanidade desenvolveu diferentes concepções 
filosóficas, míticas, religiosas e científicas em relação ao corpo humano, cada uma 
com sua própria explicação, de acordo com o momento histórico e com a realidade 
sociocultural de cenários diversos. Em um breve caminhar, buscar-se-á ressaltar o 
corpo ferido no contexto histórico e seu significado. Para isso, será adotada como 
referencial a teoria geral do imaginário, de Durand (1999) a qual permite a explicação 
dos mitos e a compreensão dos sentidos e dos significados encontrados na linguagem 
e no pensamento do homem através dos períodos históricos, tornando-se o mito como 
um revelador dos sentidos. 
Nota-se que a arte de curar sempre esteve vinculada à religiosidade, ao 
misticismo e à utopia, mas seja qual for o ângulo de visão, científico ou religioso, a 
natureza humana e sua criação são fatos transcendentais, repletos de mistérios, 
descobertas e, principalmente, de questionamentos. Ciência e religião tentam explicar 
o mundo de formas diversas e ora se opõem, ora se completam em suas teorias. 
Seja qual for o cenário, pode-se observar que as feriadas sempre ocuparam 
lugar de destaque nas civilizações e, certamente, os curativos quer eram feitos 
primitivamente com toda a sorte de substâncias, algumas delas inacreditáveis, como 
o esterco de animais e teias de aranhas. Nesse sentido. As plantas medicinais, a argila 
e a água representaram uma verdadeira evolução no tratamento de feridas naqueles 
tempos remotos, persistindo até os dias de hoje. 
 
Florence Nightingale, A Precursora da 
Enfermagem Moderna 
 
Chegando ao mundo contemporâneo, 
vamo-nos diante dos séculos XIX e XX com 
pouca evolução no tratamento de feridas, até 
que um novo ícone despontou no campo de 
feridas e dos curativos: nascida em Florença, na 
Itália, Florence Nightingale (1820-1910) 
enfermeira e ambientalista, precursora da 
enfermagem moderna, revolucionou não somente a saúde como também a 
Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Flo
rence-Nightingale-as-the-Lady-with-the-
Lamp-During-the-Crimean-War-she-walked-
through_fig1_326654339. 2017 
https://www.researchgate.net/figure/Florence-Nightingale-as-the-Lady-with-the-Lamp-During-the-Crimean-War-she-walked-through_fig1_326654339
https://www.researchgate.net/figure/Florence-Nightingale-as-the-Lady-with-the-Lamp-During-the-Crimean-War-she-walked-through_fig1_326654339
https://www.researchgate.net/figure/Florence-Nightingale-as-the-Lady-with-the-Lamp-During-the-Crimean-War-she-walked-through_fig1_326654339
https://www.researchgate.net/figure/Florence-Nightingale-as-the-Lady-with-the-Lamp-During-the-Crimean-War-she-walked-through_fig1_326654339
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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reorganização dos hospitais, causando impacto nas áreas administrativas e 
assistencial. Seu destaque maior foi como pioneira no tratamento dos feridos na 
Guerra da Criméia (1854-1856) em Scutari, na Turquia, evento este que criou grande 
demanda de curativos. 
Após ter constatado que a falta de higiene e as doenças infectocontagiosas 
eram responsáveis pelo alto índice de óbitos entre os soldados feridos, Florence 
lançou mão dos princípios de gestão ambiental, arejando os ambientes, removendo 
os leitos de locais contaminados para locais limpos, higienizando os doentes, 
utilizando boa dieta, roupas limpas e removendo os focos de infecções. Com isso, 
conseguiu reduzir a taxa de mortalidade do hospital de campanha de 42,7% para 
2,2%. 
Como Florence cuidava das feridas? Ela utilizava principalmente, os princípios 
de higiene e limpeza rigorosa dos ambientes,evitando assim a proliferação de 
microrganismo infecciosos; promovia a higiene mental para os portadores de feridas 
e amputados, todos tinham o direito de escrever cartas para seus parentes e isso 
trazia mais tranquilidade, melhorando seu sistema imunológico. 
No cuidado direto, a enfermeira promovia higiene corporal dos pacientes e a 
limpeza das feridas, enfaixando-as em seguida. Repouso, higiene mental, corporal e 
dos ambientes, técnicas de posicionamento, alimentação correta e controle das 
infecções foram critérios que ela utilizou, critérios indispensáveis até os dos dias de 
hoje, por sua coerência e efetividade, e que devem ser colocadas em prática, 
independentemente de qualquer tipo de medicamento ou de cobertura que se possa 
utilizar para cuidar de feridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://brewminate.com/florence-nightingale-and-the-crimean-war/. 2018 
 
 
https://brewminate.com/florence-nightingale-and-the-crimean-war/
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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Evolução da Tecnologia de Curativos 
 
 No decorrer do século XX, evoluíram cada vez mais os procedimentos e as 
técnicas assépticas. Mas foi a partir da década de 1980 que vários fatos 
incrementaram os processos de assepsia e controle das infecções nas instituições de 
saúde, tais como a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual 
(EPI), a criação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) o treinamento 
de profissionais, a utilização de isolamento de contato com líquidos corporais e 
potencialmente infectados, como sangue, urina, fezes, escarro, saliva, drenagem de 
feridas, etc. a epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) influenciou 
o direcionamento dessas ações. 
 Foi também nessa década qie teve início uma verdadeira revolução na 
produção e ampla utilização de coberturas e curativos industrializados. Exemplo disso 
são os curativos com hidrocoloide com agentes em formato gelatinoso, geralmente 
carboximetilcelulose sódica (NaCMC), pectina e gelatina que surgiram como 
coberturas amplamente utilizadas em feridas. Os hidrocoloides atuam por interação 
com os exsudatos, formando um composto úmido gelatinoso entre o curativo e o leito 
da ferida. Esses curativos promovem o desbridamento autolítico, otimizando assim, a 
formação do tecido de granulação e também auxiliam na diminuição da dor, embora 
os mecanismos que lhes conferem esse atributo ainda não estejam bem elucidados. 
Talvez a maior revolução no tratamento de feridas tenha ocorrido com a 
descoberta de que é a umidade, e não o ressecamento do leito da ferida, o fator que 
favorece a cicatrização. 
Por que curativos úmidos? Diferentemente do que foi preconizado em outras 
épocas, atualmente se reconhece que a manutenção do leito da ferida em meio ao 
meio úmido tem diversas vantagens no processo de cicatrização, quando comparado 
ao meio seco, como por exemplo: 
➢ Hidratação dos tecidos; 
➢ Aceleração dos processos de angiogênese, epitelização e granulação; 
➢ Formação de barreiras protetora contra microrganismos; 
➢ Promoção da remoção de tecido necrótico e fibrina; 
➢ Diminuição da dor; 
➢ Menor risco de trauma no curativo. 
Dentre os recursos colocados à disposição dos profissionais de saúde e dos 
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especialistas pela tecnologia moderna para a prevenção e o tratamento de feridas, 
destacam-se os hidropolímeros, as coberturas de hidrogel e o alginato de cálcio, cada 
um com suas qualidades, especificidades e indicações precisas. 
Esses tipos de curativos caracterizam-se por: 
➢ Manter a temperatura constante e o meio úmido no leito da ferida; 
➢ Funcionam pela manutenção da umidade; 
➢ Absorvem e retém o excesso de exsudato em sua estrutura porosa, que se 
expande, moldando-se ao leito da ferida. 
É importante ressaltar que todos os estudos atuais comprovam que o meio 
ambiente e o estado geral do paciente têm relação direta com a cicatrização e que 
seu nível de imunidade, nutrição, presença de comorbidades, idade e outros fatores 
são decisivos para que haja sucesso no tratamento, independentemente da cobertura 
utilizada. 
 
Uso de Novas Tecnologias para o Tratamento de Feridas 
 
A prática de cuidados de lesões 
cutâneas, ao longo do tempo, que 
passou por profundas 
transformações, desafiando o 
conhecimento de todos aqueles que 
se dedicam à arte de cuidar. Nessa 
retrospectiva, pode-se observar que é inegável que os avanços tecnológicos na área 
de Saúde revolucionaram o setor, trazendo maiores perspectivas tanto para a saúde 
como para as tecnologias disponíveis para o cuidado. Porém, não se pode perder de 
vista a subjetividade do cuidado e a relação humanizada entre profissionais de saúde 
e pacientes, fatores estes tão importantes nos dias de hoje quanto antigamente. 
Aparelhos e técnicas inovadoras salvam muitas vidas, mas é certo também que 
esses métodos de tratamento nem sempre são acessíveis e adequados a todas as 
pessoas; prova disso é que no Brasil, a rede de atenção primária à saúde ainda utiliza 
rotineiramente substâncias inadequadas, inespecíficas e até proscritas para o 
tratamento de feridas. 
Quanto ao uso de novas tecnologias para o tratamento de feridas, o desafio 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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para os profissionais de saúde hoje está em saber usá-las adequadamente, sem 
aceita-las passivamente e sim refletindo e criticando as questões que permeiam sua 
utilização e os impactos por elas gerados. 
As tecnologias de cuidado não se restringem apenas aos recursos materiais, 
mas também estão relacionadas aos recursos humanos, saberes e práticas colocados 
a serviço do cuidado. Assim, desde o toque até a utilização de um equipamento, todos 
fazem parte dessas tecnologias, sendo considerados indispensáveis, principalmente, 
a interação, a comunicação e o acolhimento. Isso significa que, além dos 
equipamentos, devem ser incluídos os conhecimentos e as ações humanizadas 
necessárias para operá-los, em todos os lugares, em qualquer época e a qualquer 
momento. 
 
O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CUIDADO AO PACIENTE COM FERIDAS 
 
A atuação do enfermeiro deverá 
enfatizar como ele e a equipe de 
enfermagem cuidam das pessoas com 
diversos tipos de feridas em diferentes 
situações, seja na urgência ou emergência, 
no cotidiano da prática clínica em situações 
agudas ou crônicas. 
A enfermagem deve oferecer ao 
mesmo tempo, a assistência individualizada, diferenciada e holística que caracteriza 
tão bem o seu ponto de vista profissional, permanecendo 24 horas ao lado do 
paciente, numa contínua reavaliação de suas ações. 
A assistência de enfermagem será sistematizada através de planejamento, 
implementação e avaliação dos cuidados, com base no diagnóstico de enfermagem 
feito mediante levantamento e identificação de todas as necessidades básicas 
afetadas do paciente e do seu grau de dependência em relação à enfermagem. 
O enfermeiro é responsável pela manutenção do equilíbrio e pelo bem-estar do 
paciente, promovendo todos os cuidados diários para o atendimento de suas 
necessidades básicas, como conforto, segurança, higiene, alimentação, oxigenação, 
prevenção de infecções, implementação da terapêutica, entre outros, 
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independentemente do seu diagnóstico clínico. Por isso, a importância da 
identificação do grau de dependência do paciente através do diagnóstico de 
enfermagem. 
No caso de pacientes com feridas, por ser um procedimento de alta 
complexidade, o enfermeiro está respaldado legalmente para tratá-las, pela Lei 
Federal do Exercício Profissional nº 7.498 de 1986, e pelas resoluções do Conselho 
Federal de Enfermagem (COFEN). De acordo com essa legislação, o enfermeiro tem 
autonomia para prescrever produtos que são utilizados na prevenção de úlceras, na 
higienizaçãoe proteção da pele, bem como alguns tipos de coberturas, conforme 
padronização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
Conforme preconiza a Resolução COFEN nº 271 de 2002, cabe ao enfermeiro 
prescrever medicamentos e solicitar exames de rotina e complementares, se 
estiverem vinculados aos programas de saúde pública e/ou a protocolos aprovados 
em instituições de saúde. Caso possua formação específica, o enfermeiro poderá 
também tratar seus pacientes com feridas por meio de acupuntura e terapias não 
convencionais. 
FERIDAS 
 
Ferida é o resultado de uma variedade ilimitada de ofensas traumáticas a 
qualquer parte do corpo; feridas são rupturas estruturais e fisiológicos dos tegumentos 
que estimulam que as respostas reparadoras. 
Conforme a intensidade do trauma, a ferida pode ser considerada superficial 
(quando atinge somente estruturas da superfície) ou profunda (quando vasos 
sanguíneos mais calibrosos, músculos, nervos, fáscias, tendões, ligamentos ou ossos 
são atingidos). 
Ao longo dos tempos, o tratamento de feridas agudas e crônicas obteve uma 
melhora considerável, o que deve ser atribuído ao melhor entendimento do processo 
de cicatrização, assim como da anatomia e fisiologia da pele. 
A cicatrização das feridas, ocasionadas por lesão de agentes mecânicos, 
térmicos, químicos e bacterianos, decorre do esforço dos tecidos para restaurar as 
estruturas normais e sua função. 
O processo de cicatrização é restabelecido quando a continuidade da superfície 
e a força da pele são suficientes para a atividade normal. O conhecimento dos eventos 
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fisiológicos da cicatrização de feridas é de grande importância para a dermatologia. A 
regeneração da pele é a restauração perfeita da arquitetura do tecido preexistente. 
O entendimento das etapas da cicatrização de feridas é muito importante para 
o seu tratamento. A reparação de feridas passa pelas seguintes fases básicas: 
• Inflamatória; 
• Proliferativa (que inclui reepitelização, síntese da matriz e neovascularização); 
• Maturação. 
 
Caracterização dos tipos de tecidos encontrados nas feridas 
De modo geral, os tecidos encontrados numa ferida podem ser vitalizados, 
quando vascularizados, de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor, coloração escura 
e odor. Muitas feridas são consideradas mistas por conter mais de um tio de tecido, 
recobrindo a lesão ao mesmo tempo, nesse caso, deve-se considerar o tipo de tecido 
predominante no leito da lesão. 
Alguns dos tecidos mais frequentemente encontrados em uma ferida são 
descritos a seguir, para o seu reconhecimento e melhor compreensão. 
 
Tecido de Granulação 
É um dos tecidos mais importantes do processo de cicatrização, tem coloração 
rósea ou avermelhada, aparência brilhante e úmida, é rico em colágeno, o que resulta 
da proliferação das células endoteliais. É formado basicamente por fibroblastos e 
vasos sanguíneos novos, que surgem como resultado do processo de angiogênese. 
Esses vasos conferem o aspecto granuloso avermelhado ao tecido de 
granulação, ele se localiza na superfície da lesão, é indolor, porem sangra ao mínimo 
toque. Por isso durante a realização da limpeza da feria e do curativo, esse tecido não 
pode ser friccionado, removido ou tocado, mais deve ser protegido e mantido em meio 
úmido para proliferar, preenchendo a cavidade até, finalmente, torna-se uma cicatriz 
de tecido fibroso. 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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Tecido de Epitalização 
Aparece na ferida como um novo tecido róseo ou brilhante (pele), que se 
desenvolve a partir das bordas, ou como “ilhas” na superfície da lesão. Quando o 
tecido conjuntivo acaba de preencher o ferimento, resta apenas uma pequena porção 
da superfície ainda descoberta. 
É o processo de reepitalização que tecerá o acabamento ou arremate final. 
Após esse processo e rapidamente as células epiteliais crescem, garantindo a 
continuidade do revestimento. 
A princípio, a camada epitelial de revestimento é extremamente fina e deixa 
transparecer o tecido conjuntivo, que é avermelhado e mais denso. Com o passar do 
tempo, o epitélio torna-se mais espesso, sedimentando o processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tecidos Necróticos 
A necrose é o resultado da morte celular e tecidual, com consequente perda da 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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função orgânica e do metabolismo celular de forma irreversível, tendo como 
característica um tecido de coloração preta, marrom ou acastanhada, que adere ao 
leito ou às bordas da ferida e pode se tornar mais endurecido ou amolecido, 
dependendo de sua natureza. Além disso, os tecidos necróticos podem esconder 
grande quantidade de exsudato purulento sob seu manto, evidenciando uma ferida 
infectada. 
A classificação da necrose é baseada na forma que o tecido adquire com a 
morte celular. A importância dessa classificação é a possibilidade de identificar a 
causa da infecção, o que facilita o tratamento. 
Os principais tipos de necrose incidentes nas feridas são os seguintes: 
❖ Esfacelo, necrose de liquefação - tipo de necrose que acomete a lesão, 
composta de bactérias, leucócitos, fragmentos celulares, exsudatos, fibrina, 
elastina e colágeno. Sua aparência é a de um tecido fibrinoso ou minucioso, de 
consistência amolecida, semifluida ou liquefeita, com coloração amarelada, 
marrom, acinzentada ou acastanhada, que tanto pode estar firmemente aderido 
à ferida como também frouxamente aderido a ela. Geralmente, é associada à 
infecção bacteriana e se forma a partir do processo de invasão leucocitária e 
enzimática, ambas ocorrem como reação imunológica do organismo. Com a 
liberação em cascata de grande quantidade de enzimas lisossômicas, dá-se a 
digestão do tecido necrótico, ocasionando a destruição completa da arquitetura 
tecidual. Isso resulta na formação de uma massa residual, amorfa, por isso o 
termo liquefação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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❖ Escara ou necrose coagulativa – embora o termo escara tenha sido usado 
durante muito tempo como sinônimo de úlcera por pressão, ele se refere a um 
tipo determinado de tecido necrótico, a necrose coagulativa ou de coagulação 
– que é o padrão mais comum de necrose – tendo como causa principal a 
isquemia local. O termo coagulação refere-se ao aspecto físico semelhante à 
albumina coagulada que o tecido assume após a morte celular, devido à 
desnaturação de proteínas citoplasmática e a perda de água. Com 
desidratação, a célula necrótica passa do estado líquido para o sólido, dando 
origem a um tecido morto que se apresenta opaco, turvo, seco e com coloração 
que vai do amarelo-pálido ao acinzentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Maceração ou Tecido 
Macerado – tecido esbranquiçado que surge nos bordos da lesão, das pregas 
cutâneas e das fístulas quando há excesso de umidade da ferida por aumento 
de exsudação. A permanência de curativos por longo tempo, sem substituição, 
contribui para a umidade excessiva. Portanto, ao ser observado que a 
cobertura está extremamente saturada, deve-se aumentar a frequência da 
limpeza e a troca do curativo para evitar que a pele fique macerada. Cuidados 
de higiene especiais devem ser observados nos pacientes acamados ou 
imobilizados, principalmente naqueles que apresentam incontinência urinária 
e/ou fecal. 
 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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❖ Necrose Caseosa – é um tipo de necrose que está relacionado às infecções 
tuberculosas, tendo como características o aspecto similar ao de um queijo, 
tornando-se friável, amolecido e como coloração que varia do esbranquiçado 
ao acinzentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Necrose Gangrenosa – a necrose gangrenosa, ou simplesmente gangrena,é 
provocada por isquemia ou pela ação de microrganismos; devido às suas 
características, pode levar a amputação do membro por ela acometido. Nesse 
tipo de necrose, os tecidos sofrem modificações por agentes externos, como, 
por exemplo, ar ou bactérias. Ela pode ser úmida ou seca, dependendo da 
quantidade de água nela existente. A forma seca ocorre quando há perdas de 
líquidos por evaporação, insuficiência de nutrientes ou quando os tecidos 
sofrem a ação de substâncias químicas, tornando-se endurecidos e escuros, 
tendendo à mumificação. Por outro lado, a forma úmida associa-se, 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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normalmente, à proliferação de microrganismos presentes na lesão. A 
gangrena exala odor pútrido e frequentemente apresenta formação de bolhas 
gasosas. Esse tipo também pode ser definido como a evolução de uma necrose 
de coagulação, e não como um tipo isolado de necrose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURATIVOS 
 
Processo que envolve desde o procedimento de LIMPEZA até a seleção da 
COBERTURA específica para determinada lesão. 
OBJETIVANDO AUXILIAR no tratamento da ferida ou prevenir a colonização 
dos locais de inserção de dispositivos invasivos, sejam diagnósticos ou terapêuticos. 
O curativo deve ser realizado de forma asséptica, com o manuseio correto das 
pinças e a manutenção da técnica asséptica. 
O paciente com feridas deve receber tratamento diferenciado, considerando-se 
que, geralmente, se encontra fragilizado. A AUTO-ESTIMA afetada, a dura e 
prolongada recuperação, a perspectiva das complicações e sequelas são fantasmas 
que acompanham seu tratamento. 
A técnica aplicada durante o curativo deve atender aos princípios que otimizem 
o processo de cicatrização. 
 
CRITÉRIOS GERAIS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS 
 
A pele é o maior órgão de absorção em extensão do corpo humano e apresenta 
três camadas: epiderme, derme e hipoderme ou tecido subcutâneo. 
Nosso organismo é formado por mecanismos superficiais e profundos, que 
servem como base para a resposta imune e dificultam a penetração, a implementação 
e a multiplicação de microrganismos. Eles são barreiras mecânicas responsáveis pela 
Atualização em Curativos e Coberturas 
 
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integridade da pele e das mucosas, constituídas pelas próprias microbiotas destas. 
A ferida representa uma ruptura na continuidade da pele de qualquer segmento 
corporal, externo ou interno, originada por agentes físicos, químicos, mecânicos e 
também biológicos, podendo acarretar danos celulares e tissulares. 
Quaisquer que sejam as origens, causas e consequências de uma ferida, o foco 
prioritário de atenção deve ser o seu portador e todos os seus aspectos, 
biopsicossociais e espirituais, sempre lembrando que essa ferida necessita da 
intervenção terapêutica de uma equipe multidisciplinar para prevenir agravos, reduzir 
os danos e favorecer a revitalização tecidual, ações que permitirão o seu retorno à 
sociedade o mais rápido possível. 
 
Tipos de Curativos 
 
Os primeiros curativos que foram 
desenvolvidos tinham como única 
finalidade proteger as lesões. Esses 
curativos são chamados de passivos, e são 
usados até hoje. No entanto, as coberturas 
para feridas evoluíram e surgiram os 
curativos ativos. 
Os modernos curativos hidro ativos e bioativos criam um ambiente ótimo para 
a cura da lesão e também liberam substâncias que potencializam o processo de 
cicatrização. Dessa forma, eles aceleram a regeneração e restabelecem a função 
tecidual mais rapidamente. 
Os curativos podem ser classificados: 
Passivos - são aqueles que simplesmente ocluem e protegem a ferida, não 
valorizando sua atuação nem as demandas da lesão. A gaze é um exemplo. 
Interativos - participam do controle ambiental da ferida, favorecendo a 
restauração do tecido. Polímeros, filmes, espumas, hidrogéis, hidrocoloides, entre 
outros, são exemplos disso. 
Bioativos - estimulam diretamente substâncias ou reações de cascata da 
cicatrização, como os fatores de crescimento e o uso de fitoterápicos (barbatimão). 
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Abertos - as feridas são limpas e recebem medicação, porém sem cobrir o local 
da lesão, mantêm a ferida exposta. 
Oclusivo - não permite trocas entre a ferida e o ambiente, ou seja, impede a 
entrada de ar e absorve completamente os fluidos, evitando a formação de crostas; 
Semioclusivo - permite que a ferida “respire” e capta o exsudato, mantendo os 
líquidos eliminados fora do contato com a ferida; 
Oclusivos secos - são os fechados com gaze ou compressa, com a intenção 
de proteger a ferida. 
Oclusivos úmidos - a ferida é fechada com gaze ou compressa umedecida 
com soro fisiológico, cremes, pomadas ou soluções prescritas. 
Oclusivos compressivos - depois de feitos os cuidados no leito da lesão, é 
mantida a compressão por meio de bandagens ou cintas elásticas sobre a ferida. 
Usados em casos de hemorragia, evisceração e outras. 
 
Tipos de Cicatrização 
 
Existem três formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar, que dependem da 
quantidade de tecido lesado ou danificado e da presença ou não de infecção: primeira 
intenção, segunda intenção e terceira intenção (fechamento primário retardado). 
➢ Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são 
apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de 
infecção e mínimo edema. A formação de tecido de granulação não é visível. 
Exemplo: ferimento suturado cirurgicamente (Figura 2). 
➢ Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de tecido 
com a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é 
possível. As feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração 
e epitelização. 
➢ Terceira intenção: designa a aproximação das margens da ferida (pele e 
subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando 
há presença de infecção na ferida, que deve ser tratada primeiramente, para 
então ser suturada posteriormente. 
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Fatores que interferem na cicatrização 
 
Vários fatores locais e gerais podem interferir em maior ou menor grau no 
processo de cicatrização, entretanto em muitos deles o cirurgião pode interferir para 
otimizar o resultado final. 
 
Fatores locais 
Os fatores locais são relacionados às condições da ferida e como ela é tratada 
cirurgicamente (técnica cirúrgica). 
➢ Vascularização das bordas da ferida: A boa irrigação das bordas da ferida é 
essencial para a cicatrização, pois permite aporte adequado de nutrientes e 
oxigênio. Entretanto, a boa vascularização depende das condições gerais e 
comorbidades do paciente, bem como do tratamento dado a esta ferida. 
➢ Grau de contaminação da ferida: uma incisão cirúrgica realizada com boa 
técnica e em condições de assepsia tem melhor condição de cicatrização do 
que um ferimento traumático ocorrido fora do ambiente hospitalar. O cuidado 
mais elementar e eficiente é a limpeza mecânica, remoção de corpos 
estranhos, detritos e tecidos desvitalizados. 
➢ Tratamento das feridas: assepsia e antissepsia, técnica cirúrgica correta 
(diérese, hemostasia e síntese), escolha de fio cirúrgico (que cause mínima 
reação tecidual), cuidados pós-operatórios adequados (curativos e retirada dos 
PRIMEIRA INTENÇÃO 
SEGUNDA INTENÇÃO 
PRIMEIRA INTENÇÃO 
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pontos), são alguns dos aspectos importantes a serem observados em relação 
ao tratamento das feridas. 
 
Fatores gerais 
Os fatores gerais estão relacionados às condições clínicas do paciente, e estas 
podem alterar a capacidade do paciente de cicatrizar com eficiência. 
➢ Infecção: é provavelmente a causa mais comum de atraso na cicatrização. Se 
a contagem bacteriana na ferida exceder105 microrganismos/g de tecido ou 
se qualquer estreptococo B-hemolítico estiver presente, a ferida não cicatriza 
por qualquer meio, como suturas primárias, enxertos ou retalhos. 
➢ Idade: quanto mais idoso o paciente menos flexível são os tecidos. Há uma 
diminuição progressiva de colágeno. 
➢ Hiperatividade do paciente: a hiperatividade dificulta a aproximação das bordas 
da ferida. O repouso favorece a cicatrização. 
➢ Oxigenação e perfusão dos tecidos: doenças que alteram o fluxo sanguíneo 
normal podem afetar a distribuição dos nutrientes das células, assim como a 
dos componentes do sistema imune do corpo. Essas condições afetam a 
capacidade do organismo de transportar células de defesa e antibióticos, o que 
dificulta o processo de cicatrização. O fumo reduz a hemoglobina funcional e 
leva à disfunção pulmonar, o que reduz o aporte de oxigênio para as células e 
dificulta a cura da ferida. 
➢ Nutrição: uma deficiência nutricional pode dificultar a cicatrização, pois deprime 
o sistema imune e diminui a qualidade e a síntese de tecido de reparação. As 
carências de proteínas e de vitamina C são as mais importantes, pois afetam 
diretamente a síntese de colágeno. A vitamina A contrabalança os efeitos dos 
corticóides que inibem a contração da ferida e a proliferação de fibroblastos. A 
vitamina B aumenta o número de fibroblastos. A vitamina D facilita a absorção 
de cálcio e a E é um co-fator na síntese do colágeno, melhora a resistência da 
cicatriz e destrói radicais livres. O zinco é um co-fator de mais de 200 
metaloenzimas envolvidas no crescimento celular e na síntese protéica, sendo, 
portanto, indispensável para a reparação dos tecidos. 
➢ Diabetes: a diabetes melito prejudica a cicatrização de ferida em todos os 
estágios do processo. O paciente diabético com neuropatia associada e 
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aterosclerose é propenso à isquemia tecidual, ao traumatismo repetitivo e à 
infecção. 
➢ Medicamentos: Os corticosteroides, os quimioterápicos e os radioterápicos 
podem reduzir a cicatrização de feridas, pois interferem na resposta 
imunológica normal à lesão. Eles interferem na síntese proteica ou divisão 
celular agindo diretamente na produção de colágeno. Além do mais, aumentam 
a atividade da colagenase, tornando a cicatriz mais frágil. 
➢ Estado imunológico: nas doenças imunossupressoras, a fase inflamatória está 
comprometida pela redução de leucócitos, com consequente retardo da 
fagocitose e da lise de restos celulares. Pela ausência de monócitos a formação 
de fibroblastos é deficitária. 
Além destes fatores acima mencionados, longos períodos de internação hospitalar 
e tempo cirúrgico elevado são também aspectos complicadores importantes para o 
processo de cicatrização. 
 
Abordagem das Feridas 
 
Quando surge uma ferida, qualquer que seja a sua etiologia, a integridade da 
pele é alterada, existindo uma solução de continuidade. Imediatamente após a ruptura 
da pele, o processo de cicatrização é iniciado, dividindo-se em três fases: 
 
1ª. FASE INFLAMATÓRIA: 
Essa fase começa no momento da lesão. As plaquetas, hemácias e fibrinas, 
trazidos pela corrente sanguínea, facilitam as trocas. O coágulo protege a lesão da 
contaminação. A lesão tecidual ocasiona a liberação de histamina, serotonina e 
bradicinina, que causam vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo, o que 
ocasiona sinais flogísticos, como calor e rubor. 
O edema é ocasionado pela maior permeabilidade capilar, que aumenta o 
extravasamento de líquido do meio intra para extracelular. A resposta inflamatória é 
facilitada por mediadores bioquímicos, que aumentam a permeabilidade vascular, da 
mesma forma que os de ação curta, como a histamina, a serotonina e os mais 
duradouros, como a bradicinina e a prostaglandina. 
Na fase inflamatória, os primeiros componentes do sistema imune a chegarem 
na ferida são os monócitos e os neutrófilos, que são os responsáveis pela fagocitose 
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de corpos estranhos. Posteriormente ocorre a ação dos macrófagos, que ativam 
fibroblastos e células endoteliais 
 
2ª. FASE PROLIFERATIA OU FIBROBLÁSTICA: 
Nessa fase, ocorre a formação dp tecido de granulação, composto por novos vasos 
sanguíneos, a partir de brotos endoteliais, fibroblastos, macrófagos, um arcabouço de 
colágeno que está ainda em formação, ácido hialurônico e fibronectina. 
Esse processo se inicia 72 horas após a lesão e prolonga-se por até 2 a 3 semanas. 
O colágeno ´´e produzido por fibroblastos, ficando responsável pela consistência e 
força da cicatriz e formando a matriz celular. 
O colágeno é o material responsável pela sustentação e pela força tensil da cicatriz, 
produzido e degradado continuamente pelos fibroblastos. Posteriormente, ocorre a 
epitalização por meio da migração de queratinócitos para as bordas da ferida. 
 
3ª. FASE DE REMODELAÇÃO OU MATURAÇÃO: 
Nessa fase, ocorre o aumento da resistência; no início da terceira semana do 
processo de cicatrização, há um equilíbrio entre a produção e a degradação de fbras 
de colágenos. Caso ocorra desequilíbrio nessa fase, forma-se cicatrizes queloidianas 
ou hipertróficas. Após um ano, a força tensil é estabilizada, mas nessa fase 
permanece por todo o período de existência da ferida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA REALIZAÇÃO DE UM 
CURATIVO 
 
Entre os critérios para definir a cobertura ideal a ser utilizada estão: 
➢ Proporcionar umidade adequada ao leito da ferida; 
➢ Proteger a ferida contra as agressões do meio externo; 
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➢ Remover o excesso de exsudação para evitar a maceração; 
➢ Promover temperatura adequada no leito da ferida; 
➢ Ser de fácil utilização, aplicação e manejo. 
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética 
(Sobenfe) os princípios básicos para a realização de um curativo são: 
✓ Limpar com álcool a 70% o local onde será colocado o material; 
✓ Higienizar as mãos antes e depois o procedimento; 
✓ Comunicar ao paciente o que será feito; 
✓ Utilizar luvas estéreis para retirar a cobertura secundária; 
✓ Limpar a ferida com soro fisiológico a 0,9%; 
✓ Utilizar seringa de 20 ml e agulha 40x12 para a limpeza da lesão; 
✓ Não secar o leito da lesão; 
✓ Utilizar coberturas que mantenham o ambiente favorável à cicatrização (úmido); 
✓ Ocluir com adesivos hipoalergênicos; 
✓ Observar as reações do paciente; 
✓ Registrar o procedimento; 
✓ Desbridar, se necessário; 
✓ Preencher túneis e cavidades; 
✓ Utilizar cobertura para a realização do curativo de acordo com o tecido; 
✓ Proteger as bordas da lesão; 
✓ Não utilizar substâncias tóxicas. 
 
Requisitos para um curativo 
 
Os princípios mais importantes a serem observados nas coberturas são: 
➢ Permitir as trocas gasosas; 
➢ Fornecer isolamento térmico; 
➢ Ser impermeável aos microrganismos; 
➢ Estar livre de substâncias estranhas e toxinas contaminantes; 
➢ Ter boa capacidade de absorção. 
 Principais requisitos: 
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✓ Boa tolerância térmica, pois a mudança da temperatura ppode prejudicar o 
processo de cicatrização no leito da ferida, ocasionando a vasoconstricção ou 
vasodilatação; 
✓ Proporcionar conforto ao paciente. O curativo deve estar bem aderido à pele 
para não causar irritação, prurido e desconforto térmico. Ressalta-se também 
que a finalização da técnica do curativo deve ser bem feita, demonstrando 
cuidado, limpeza e conhecimento técnico-científico; 
✓ Promover a cicatrização. Para isso, é importante que a cobertura utilizada 
promova a angiogênese – processo de desenvolvimento dos vasos sanguíneos 
do tecido de granulação e da reepitelização da ferida. É necessário que tanto 
o organismo como a área afetada criem condições favoráveis para aresolução 
da ferida; 
✓ Boa absorção para garantir a drenagem das secreções, a fim de que o leito da 
ferida não seja um meio de cultura, favorecendo o crescimento de 
microrganismo. 
✓ Proteger contra infecções (impermeabilidade às bactérias); 
✓ Falta de adesão à ferida. É importante que o leito da ferida esteja úmido para 
promover a formação do tecido de granulação e também para que não 
provoque traumas durante a retirada do curativo; 
✓ Permeabilidade ao raio-X. 
✓ Uso justificado tanto do ponto de vista ecológico quanto do ponto de vista 
econômico. 
 
Finalidades do curativo 
 
✓ Remover corpos estranhos e quaisquer objetos e partículas que liberem toxinas 
que possam contaminar a ferida. 
✓ Reaproximar bordas separadas, a fim de que a cicatrização ocorra por primeira 
intenção, com resposta inflamatória rápida e com o mínimo de perda tecidual e 
resulte em cicatrizes discretas; 
✓ Proteger a ferida contra contaminações e infecções, ou seja, ser impermeável 
aos microrganismos; 
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✓ Promover hemostasia, com o objetivo de estancar o sangramento e dar início 
ao reparo tecidual. 
✓ Preencher espaços mortos e evitar a formação de sero-hematomas, com o 
objetivo de contribuir para a formação de novos vasos (angiogênese); 
✓ Favorecer a aplicação de medicamento tópico; 
✓ Fazer desbridamento mecânico e remover tecidos necróticos, pois o meio 
necrótico é considerado de cultura para proliferação de microrganismos; 
✓ Reduzir o edema, visto que este interfere na proliferação celular e na síntese 
proteica, pois, além de diminuir o fluxo sanguíneo e o metabolismo local, 
favorece a necrose celular e o crescimento bacteriano. 
✓ Facilitar a drenagem de exsudatos, para que haja a formação de novos vasos 
e do tecido de epitelização; 
✓ Manter a umidade da superfície da ferida, pois o meio úmido promove a 
formação do tecido de epitelização e a diminuição da dor no local da ferida, que 
é causada pelas terminações nervosas oxidadas, resultado da sua exposição 
ao ar; 
✓ Fornecer isolamento térmico para que a temperatura baixa não prejudique a 
funcionalidade mitótica das células; 
✓ Promover e proteger a cicatrização da ferida, a fim de prevenir infecções; 
✓ Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida, para que o tecido de 
granulação não seja retirado inadvertidamente; 
✓ Dar conforto psicológico, pois os fatores que causam sofrimento desse tipo 
podem ser considerados estressores, tais como a ansiedade, motivação, 
educação, autoimagem, medo, etc.; 
✓ Diminuir a intensidade da dor. 
 
Objetivos do curativo 
 
➢ Tratar e prevenir infecções; 
➢ Absorver exsudatos; 
➢ Tratar e cicatrizar as feridas; 
➢ Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização; 
➢ Diminuir a incidência de infecções crizadas; 
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➢ Estancar a hemorragia. 
 
Técnicas básicas 
 
É importante ressaltar que o tipo de cobertura deve ser adequado à lesão e que 
a sua eleição deve ser feita após a avaliação criteriosa desta e do estado geral do 
paciente. 
Um curativo pode ser realizado sob duas diferentes técnicas básicas, estéril e 
limpa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICA ESTÉRIL: é utilizada quando o curativo é realizado em ambiente hospitalar 
ou em outra instituição de Saúde, utilizando-se material esterilizado como, pinças ou 
luvas para manejo do material e solução fisiológica a 0,9% para higienização e 
hidratação, além de cobertura estéril. 
TÉCNICA LIMPA: é utilizada quando o curativo é realizado em ambiente domiciliar 
pelo responsável/familiar ou até mesmo pelo próprio indivíduo. O ambiente e o 
material devem estar limpos, podem ser utilizadas para esse fim: água corrente, água 
destilada ou solução fisiológica a 0,9%. A cobertura deverá ser estéril, a luva de 
procedimento ao ser usada nesse tipo de procedimento tem como finalidade proteger 
quem o realiza. 
 
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS EM CURATIVOS E FERIDAS 
 
Técnicas de Limpeza e Desbridamento de Feridas 
 
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Limpar e desbridar uma ferida são procedimentos primordiais para a garantia 
do sucesso de cada uma das etapas fisiológicas da cicatrização. Ademais, a ação das 
coberturas, por mais eficazes que sejam, ficará prejudicada caso seja aplicada numa 
ferida cuja limpeza esteja precária, seu leito repleto de exsudação e com presença de 
tecidos desvitalizados. Um curativo bem feito, portanto, começa com a limpeza correta 
e o desbridamento de tecidos inviáveis, quando necessário. Esses procedimentos 
antecedem a utilização de qualquer cobertura. 
A limpeza é tão importante que muitas feridas cicatrizam sem apresentar 
intercorrências quando submetidas apenas a esse processo, através de irrigação da 
lesão com soro fisiológico (SF) morno a 0,9%, com seringa de 20 ml e agulha 25x8 
ou 40x12 e manutenção do meio úmido, com cobertura primária não medicamentosa, 
como gaze, compressa ou filme. Esse procedimento intensifica o processo de autólise 
(desbridamento natural de uma ferida) 
A limpeza e a irrigação são procedimentos realizados com o objetivo de 
remover os detritos e exsudatos do leito da ferida. O desbridamento deve ser realizado 
quando existe a necessidade de remover tecidos desvitalizados presentes na lesão, 
que são inviáveis ao bom andamento do processo de cicatrização. A limpeza, tanto 
do leito quanto das bordas da lesão e da pela ao redor da ferida, possibilitará a 
avaliação adequada, a identificação de microrganismos causadores de infecção, a 
melhor absorção dos medicamentos tópicos utilizados, melhores fixação e adequação 
da cobertura escolhida. 
Um dos fatores igualmente importante para o processo cicatricial é a higiene 
geral do paciente, pois padrões deficientes de higiene corporal costumam repercutir 
diretamente na higiene da lesão. Esses padrões podem estar ligados aos fatores 
socioeconômicos e/ou ocupacional do paciente, afetando a cicatrização, pois 
aumentam o risco de contaminação da ferida. 
Portanto, nos domicílios ou nos hospitais, é imprescindível o banho completo 
do paciente antes da realização do curativo, assim como a limpeza das úlceras 
crônicas localizadas em áreas próximas a efluentes ou expostas a sujidades. Elas 
devem ser lavadas com água tratada e sabão neutro, antes do procedimento de 
limpeza direta da lesão. 
 
Objetivos da Limpeza 
 
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O curativo é um procedimento terapêutico que consiste em limpeza e aplicação 
de uma cobertura estéril na ferida ou lesão. A limpeza, como parte integrante do 
curativo, visa eliminar os fatores desfavoráveis presentes na ferida e promover a sua 
rápida cicatrização. 
Por meio de técnicas e procedimentos de limpeza, é feita a remoção de corpos 
estranhos e a drenagem de secreções, exsudatos inflamatórios e demais elementos, 
que contribuem para a proliferação de microrganismos, retadando a cicatrização; logo, 
o procedimento de limpeza da ferida também é fundamental para prevenir a 
contaminação exógena e a infecção da área lesada. 
A limpeza completa permite detectar precocemente os sinais flogísticos e de 
outras alterações significativas da pele e da lesão. Além disso, uma limpeza adequada 
da ferida também contribuirá para: 
✓ Reduzir o odor; 
✓ Manter a umidade; 
✓ Diminuir infecções cruzadas; 
✓ Remover microrganismos e partículas; 
✓ Reduzir dor e o edema; 
✓ Dar conforto ao paciente; 
✓ Manter a higienização dos sítios de inserção de dispositivos; 
✓ Proteger a pele circundante dos efeitos da maceração; 
✓ Preparar a ferida para receber uma cobertura adequada. 
 
MÉTODOS DE LIMPEZA 
 
É importante compreender o significado dos diferentes métodos de limpeza 
relacionados ao tratamento e aos cuidados com feridas. Muitos desses conceitos 
referem-se a materiais,substâncias e superfícies que podem entrar em contato com 
a pele e as mucosas dos pacientes durante a realização da limpeza e do curativo. 
A limpeza física consiste na irrigação, uso de compressas úmidas, curativos 
apropriados e banhos e duchas para limpar a ferida. Vários produtos costumam ser 
utilizados como agentes de limpeza não somente da ferida, mas também do material 
e das superfícies que entram em contato com o paciente e com a lesão. 
 
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Conceitos Relacionados à Limpeza 
 
Antissepsia 
Medida que visa diminuir o crescimento através da sua supressão ou inativação, 
mediante aplicação de um agente antisséptico nas camadas superficiais ou profundas 
de tecidos e mucosas. 
 
Assepsia 
Conjunto de técnicas utilizadas para evitar instalação de microrganismos em locais 
onde eles ainda não existiam. São precauções da contaminação de superfícies, 
utensílios e tecidos, que supostamente, estão isentos de microrganismo. 
 
Degermação 
Visa reduzir a microbiota da pele, por meio do uso de agentes degermantes. 
 
Descontaminação 
Remoção de um contaminante químico, físico ou biológico, que esteja alojado em uma 
área ou superfície. 
 
Desinfecção 
Eliminação ou destruição de microrganismos na forma vegetativa (exceto os esporos), 
presentes nos artigos e objetos inanimados, independentemente de serem 
patogênicos ou não. 
A desinfecção pode ser de baixo, médio ou alto nível e pode ser feita mediante o uso 
de agentes físicos ou químicos, como por exemplo, as preparações alcoólicas. 
 
Esterilização 
Visa destruir todo e qualquer microrganismo, inclusive a forma esporulada, mediante 
a aplicação de agentes físicos, como a autoclave, ou químicos como o glutaraldeído. 
 
Substancias Utilizadas na Limpeza das Feridas 
 
A cicatrização de uma ferida pode ser dificultada pelo uso de substâncias 
impróprias para a limpeza. Existem soluções irritantes e citotóxicas, que se usada 
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indevidamente, podem ser lesivas aos fibroblastos, retardando o processo de 
cicatrização. 
O uso de antissépticos, como produtos de limpeza, requer avaliação das 
vantagens e desvantagens, validade, aplicabilidade e toxicidade. Algumas das 
soluções utilizadas para a limpeza de feridas são: 
✓ Soro fisiolófico 0,9% (NaCL 0,9%); 
✓ Clorexidina; 
✓ Álcool a 70%; 
✓ Solução Ringer Lactato; 
✓ Polivinilpirrolidona a 10%, iodo a 1% (PVP-I); 
✓ Solução de Papaína, entre outros. 
Entre todos esses produtos, o SF a 0,9% é o ideal para a limpeza e tratamento de 
feridas com cicatrização por segunda intenção ou terceira intenção, porque as limpa 
e umedece, favorecendo a formação de tecido de granulação e amolecendo os tecidos 
desvitalizados. 
 
Substâncias e produtos utilizados para limpeza, desinfecção e antissepsia 
Classificam-se essas substâncias 
 
 
 
 
Antissépticos 
Utilizados para destruir 
microrganismos ou inibir sua 
reprodução ou metabolismo, quando 
aplicadas por via tópica em 
superfícies cutâneas ou mucosas e 
em feridas infectadas. São 
hipoalergênicas, de baixa 
causticidade e perdem sua efetividade 
sob influência de luz, temperatura, pH 
e tempo de exposição 
 
Antimicrobianos 
Substância utilizada para destruir 
microrganismos ou inibir sua 
reprodução em superfícies 
inanimadas. 
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Detergentes 
Preparação química que promove 
limpeza, purificação ou clareamento 
de superfícies inanimadas. 
 
 
Degermantes 
Preparação química que por meio de 
ação física, produz a limpeza e, 
simultaneamente, por meio 
antimicrobiano, reduz o numero de 
microrganismos da pele. 
 
 
Desinfetantes 
São substâncias capazes de reduzir o 
número de microrganismos 
patogênicos viáveis, presentes em 
uma superfície ou instrumento, em um 
determinado tempo de exposição, 
sem, no entanto, eliminar as formas 
esporuladas. 
 
 
Sabões 
Compostos sódicos, com ação 
tensoativa, que facilitam a remoção de 
sujidades e microrganismos 
transitórios da pele. Porém, pelo fato 
de n possuírem poder antisséptico, 
seu uso para lavagem das mãos não 
é reconhecido. 
 
Alguns desses produtos são descritos a seguir: 
 
Álcool etílico a 70%, líquido ou gel 
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O álcool a 70% é um antisséptico e 
germicida que age por desnaturação de 
proteínas. Ele tem ação imediata, 
permanecendo por até três horas após sua 
aplicação na superfície utilizada. Esse 
produto é eficaz contra Gram-negativos e 
positivos, porém tem atividade reduzida na 
presença de matéria orgânica. 
O álcool é muito utilizado para 
antissepsia da pele íntegra (higienização, 
venopunção), curativo do coto umbilical e 
feridas cirúrgicas sem complicações, porém é contraindicado em feridas abertas e 
mucosas. O álcool em gel costuma ser a melhor opção para fricção antisséptica das 
mãos, devendo ser utilizado quando elas estiverem secas, pois a ação germicida só 
se efetiva com a evaporação, o que não é possível acontecer quando é aplicado nas 
mãos ainda úmidas. 
O álcool a 70% também é utilizado para limpeza de artigos semicríticos e 
superfícies fixas. 
 
 
Iodóforos 
 
Os iodóforos são complexos formados entre o 
iodo e um agente solubilizante ou carregador, que 
aumenta sua solubilidade e sustenta a liberação 
gradual de iodo. O agente solubilizante mais presente 
na prática clínica é a polivinilpirrolidona (PVP) também 
conhecida como iodopovidona, que ligada ao iodo, 
forma o PVP-I a 10% com 1% de iodo ativo. 
Esse produto é utilizado sob várias formas, tais 
como: 
✓ Degermante, muito utilizada para degermação pré-operatória; 
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✓ Tópica, usada em antissepsia de mucosas e curativos, em feridas superficiais 
e pequenas queimaduras; 
✓ Tintura (solução alcoólica), usada como luva química, para antissepsia de 
campo operatório após o uso do PVP-I degermante e para demarcar a área 
cirúrgica. 
O iodo atua diretamente na estrutura das proteínas dos microrganismos, 
eliminando-os e prevenindo o desenvolvimento de resistência bacteriana. Quando 
ligado ao PVP é liberado gradativamente nos tecidos. É virucida, tuberculicida, 
fungicida, amebicida, nematocida e insenticida e tem alguma ação esporicid; é 
bactericida para Gram-positivos e negativos. 
Apesar de ser comprovado que o iodo é um animicrobiano altamente eficaz, 
ele possui um número de características indesejáveis que tem limitado seu uso; é 
doloroso em feridas abertas, irrita os tecidos e também pode causar reações 
alérgicas. As reações adversas que podem ocorrer são de hipersensibilidade, 
resultando em erupções cutâneas, as quais podem variar desde uma reação 
eczematosa branda até a dermatite esfoliativa. Além disso, provoca manchas de 
coloração amarela acastanhada na pele, com cheiro desagradável e, geralmente, 
não é estável em soluções. 
A citotoxidade do PVP-I tem sido avaliada em uma série de estudos in vivo 
e clínicos. Tais estudos geraram dados conflitantes quanto a citotoxidade dos 
iodósforos; no entanto, existe unanimidade quando à citotoxidade do iodo ser 
dependente da sua concentração. Portanto, para seu uso exclusivamente externo 
seja recomendado, é desejável que as coberturas proporcionem uma liberação 
sustentada de iodo livre em concentrações microbicidas, sem os efeitos da 
citotoxidade, reduzindo a carga microbiana e o risco de infecção da ferida, sem 
atrasar seu reparo. 
Coberturas a base de iodo são indicadas para tratamento de feridas 
crônicas, pequenas queimaduras e escoriações, principalmente quando a infecção 
já está presente na lesão ou quando ainda é uma suspeita; 
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A atividade do iodo pode ser afetada pela presençade matéria orgânica, 
como proteína e exsudatos da ferida; por isso, é recomendado que as coberturas 
com PVP-I sejam trocadas com frequência quando usadas para tratar feridas 
exsudativas altamente infectadas. 
 
Clorexidina Alcoólica 
Bactericida do grupo das 
biguanidas, ela age mais eficazmente 
sobre microrganismos Gram-positivos, 
porém a neutralização da sua ação pode 
ser observada na presença de soro, 
sangue, sabão e detergentes. 
A clorexidina alcoolica age contra 
vírus da síndrome da imunodeficiência 
adquirida (Aids) o citomegalovírus e a 
influenza, sendo que sua atuação se inicia 
com quinze segundos de exposição, com 
efeito residual por cinco a seis horas. Ela atua como antisséptico da pele e das 
mucosas, por meio de solução aquosa a 4%, sendo utilizada em casos de alergias ao 
PVP-I, em surtos e epidemias de Staphylococcus aureus, para antissepsia das mãos 
e para banho de recém-nascidos. 
A solução em álcool a 70% de 0,5% de clorexidina é utilizada em centro 
cirúrgico para antissepsia complementar e também demarcação de campo cirúrgico, 
e para antissepsia de mãos e antebraços no pré-operatório, sob forma de solução 
aquosa a 4% acrescida de detergente líquido. 
Essas coberturas não devem ser usadas em pacientes com 
sensibilidade conhecida ou suspeita a iodo, queimaduras extensas, 
insuficiência renal ou história pregressa de qualquer distúrbio da 
tireoide. Além disso, elas também não são indicadas para mulheres 
gestantes ou em fase de amamentação e para bebês recém-nascidos 
e lactentes, com idade inferior a seis meses, pois o iodo pode ser 
absorvido através da pele. 
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Hipoclorito de Na a 1% 
Desinfetante hospitalar para superfícies fixas que 
possui ação bactericida, atua como elemento 
ooxidativo em cadeias proteicas de 
microrganismos. 
 
 
Glutaraldeído 
 Esterilizante com ações bactericida, 
fungicida, virucida e esporicida. Altera o ácido 
desoxirribonucleico (DNA, deoxyribonucleic 
acid) o ácido ribonucleico (RNS, ribonucleic 
acid) e a síntese de proteínas dos 
microrganismos. Sua atividade esporicida se 
dá através da reação com sua superfície do 
esporo, provocando o endurecimento das 
suas camadas externas. 
É indicado para a esterilização de artigos sensíveis ao calor, que não podem 
ser submetidos à esterilização em autoclave. 
 
Materiais tradicionalmente usadas para limpeza de feridas 
Novos produtos para feridas, como gaze vaselinada, espumas, algodão não 
filamentado, fitas adesivas hipoalergênicas e porosas, filmes e outros produtos que 
não causam dor nem traumatizam a pele quando retirados, têm substituído, como 
êxito, a gaze, o algodão e o esparadrapo tradicionais, que costumam deixar resíduos 
e aderir à lesão, dificultando a troca de curativos. 
Eles causam reação inflamatória, aumentam o risco de infecção e não devem 
ser friccionados no leito da ferida, nem colocados diretamente sobre o tecido de 
ATENÇÃO: Quando o curativo anterior for de difícil remoção e possuir 
filamentos de gaze ou outras coberturas aderidos ao leito da ferida, deve-se 
encharcar toda a superfície com SF 0,9%, deixando penetrar a umidade por 
alguns segundos até que todo material fique solto e possa ser removido sem 
traumáticas os tecidos. 
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granulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GAZE VASELINADA 
FITAS ADESIVAS 
HIPOALERGÊNICAS E 
POROSAS 
FILMES 
TRANSPARENTES 
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DESBRIDAMENTO 
 
Através do processo de autólise, o próprio organismo promove, de forma 
natural, a desintegração das células desvitalizadas pelas ações leucocitária e 
enzimática. Contudo, nas feridas crônicas, esse processo interno de autólise quase 
sempre é insuficiente, devido à proliferação de tecidos inviáveis, necessitando de 
desbridamento. 
Sabendo-se que um dos obstáculos para o processo adequado de cicatrização 
é a presença de tecidos desvitalizados e/ou necrosado na ferida – e que eles 
representam uma barreira mecânica ao avanço da cicatrização, uma vez que 
cronificam a lesão e aumentam o risco de infecção – pode-se depreender que o 
desbridamento é uma etapa, apoiada por evidências científicas, indispensável para a 
cura da lesão. 
O desbridamento, além de acelerar as fases de proliferação e remodelação 
tissular, elimina o substrato que permite o crescimento dos microrganismos, melhora 
o restabelecimento estrutural e funcional da pele e, ainda, permite uma melhor 
avaliação da lesão. 
Entende-se como desbridamento o conjunto de mecanismos fisiológicos ou 
externos dirigidos à remoção de tecidos necróticos, exsudatos, coleções serosas ou 
purulentas e/ou corpos estranhos associados e todos os tecidos e materiais não 
viáveis presentes no leito da ferida. 
CURATIVO DE ESPUMA 
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Os tecidos necróticos geralmente são de cor preta ou castanho-escuro. Quando 
em forma de placa bem definida, de cor acastanhada, espessa, sólida, seca, de 
textura coriácea, denomina-se escara. Os esfacelos são de material fibrinoso, amarelo 
esverdeado ou grisalho embranquecido, de difícil preensão pela consistência 
amolecida. Observam-se os graus intermediários entre os esfacelos e a placa 
necrótica que, frequentemente, coexistem numa mesma ferida. 
Antes de optar pelo desbridamento, o paciente deve ser avaliado de modo 
global. Como as feridas crônicas, em sua maioria são dolorosas e o desbridamento 
pode contribuir para aumentar a dor, é necessário considerar-se um esquema 
terapêutico para que esse sintoma seja controlado. 
A vascularização da área da lesão deve ser avaliada por: 
➢ meio da temperatura; 
➢ Coloração; 
➢ Frequência dos pulsos adjacentes. 
Nas úlceras por pressão localizadas nos calcanhares, que apresentam necrose 
seca (escara) sem edema, eritema, flutuação ou drenagem, não é recomendado o 
desbridamento imediato; a lesão deverá ser observada para se avaliar essa 
necessidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Técnicas de Desbridamento 
 
Além da situação do paciente, vários outros critérios precisam ser considerados 
antes de se optar por uma técnica de desbridamento, tais como: 
➢ Seletividade requerida; 
➢ Características quantidade, profundidade e localização do tecido a ser 
desbridado; 
➢ Presença e características do exsudato; 
➢ Dor; 
➢ Infecção ou colonização crítica; 
➢ Entre outros. 
Como as técnicas são compatíveis entre si, geralmente a sua associação é 
recomendada para que o processo seja rápido e eficaz. 
O desbridamento é denominado seletivo quando a remoção de tecido 
desvitalizados sem que o tecido vivo seja afetado, e não seletivo quando é feita a 
remoção de tecidos desvitalizados juntamente com o tecido vivo subjacente, tal como 
no desbridamento cirúrgico. 
As técnicas de desbridamento mais utilizadas são descritas a seguir. 
 
Desbridamento Autolítico 
É o desbridamento promovido pelo próprio organismo de forma natural, através 
de um processo biológico de reparação e cicatrização denominado autólise, que atua 
desintegrando as células degeneradas, por meio das ações leucocitária e enzimática. 
Para acelerar a autólise é fundamental que o leito da ferida seja mantido úmido, 
o que pode ser obtido com a irrigação com SF a 0,9% e de coberturas primárias que 
promovem um meio úmido adequado, estimulam a migração leucocitária e a ação das 
proteases e colagenases sobre a necrose. É considerado o método mais lento, 
embora deva ser estimulado em todos os tipos de feridas. 
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Coberturas que retêm a umidade, como filmes transparentes, hidrocoloidesextrafinos e gazes embebidas em ácidos graxos essenciais (AGE) hidrogel e alginato 
de cálcio, ajudam a promover o desbridamento autolítico. 
 
Desbridamento Cirúrgico 
Consiste na remoção completa do tecido necrótico e desvitalizado por meio de 
procedimento cirúrgico. Recomenda-se que sejam desbridadas cirurgicamente as 
feridas que apresentam necrose de coagulação ou liquefação. 
O desbridamento cirúrgico por ser não seletivo comumente é indicado para 
grandes lesões com ressecções amplas. Como ele implica a remoção do tecido 
necrótico e parte do tecido saudável, pode provocar hemorragia. Geralmente se 
realiza em uma única sessão por um cirurgião, no centro cirúrgico, com anestesia ou 
sedação. É a técnica mais rápida e efetiva e, por isso, a mais utilizada quando o 
paciente necessita de intervenção urgente. 
O custo dessa técnica é alto e exige conhecimentos, aptidões, destreza e 
consentimento do paciente. Atualmente existem dispositivos específicos para o 
desbridamento no bloco cirúrgico, como a hidrocirurgia com jato de água á vácuo. 
Alguns hospitais incluem em seus protocolos a técnica de square, que 
aparentemente diminui o risco de comprometimento de tecidos sãos durante o 
desbridamento cirúrgico. A referida técnica consiste em esquadrinhar o tecido 
necrótico com uma lâmina de bisturi, traçando pequenos quadrados de 2mm a 0,5 cm. 
Esses pequenos fragmentos serão, posteriormente, removidos cuidadosamente e 
individualmente. 
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Essa técnica também é utilizada para permitir a absorção na ferida de 
coberturas com desbridantes enzimáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desbridamento Instrumental 
No desbridamento instrumental, o tecido desvitalizado vai sendo 
gradativamente removido de forma seletiva, em diferentes sessões, até o nível de 
tecido viável. É rotineiramente feito pelo enfermeiro a beira do leito ou na sala de 
curativos, com material esterilizado, técnica asséptica e medidas de biossegurança. 
O equipamento essencial inclui material cortante, como bisturi, tesouras, pinças e 
coberturas hemostáticas. 
É uma técnica rápida e seletiva, que permite a combinação com outros 
métodos, como o enzimático e o autolítico. É indicada para a retirada de tecido 
necrótico, desvitalizado ou de zonas de hiperqueratose, secas ou com exsudação 
abundante, com suspeita de alta carga bacteriana ou sinais clínicos de infecção. 
Recomenda-se uma formação específica que proporcione competências 
(conhecimentos, habilidade e atitudes) para os profissionais que realizam essa 
técnica, visto que o desbridamento instrumental é um procedimento invasivo. 
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Desbridamento Enzimático 
Trata-se de um método seletivo, que atua em tempo menor ao método autolítico 
e maior que ao instrumental, sendo possível a sua combinação com outros métodos. 
Consiste na aplicação tópica de substancias enzimáticas e proteolíticas, que atuam 
como desbridantes enzimáticos, diretamente sobre o tecido necrótico, facilitando sua 
remoção. A escolha da enzima depende do tipo de tecido que se quer desbridar, e 
deve ser aplicada somente nas áreas de necrose. 
As enzimas exógenas (colagenases, fibrolisinas) funcionam sinergicamente 
com as enzimas endógenas, degradando a fibrina, o colágeno e a elastina. É 
recomendável proteger a pele perilesional, devido ao risco de maceração. Atualmente, 
a colagenase bacteriana procedente do Clostridium histolyticums é a mais utilizada 
como desbridante enzimático em países da Europa. 
 
 
 
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Desbridamento Mecânico 
O desbridamento mecânico é traumático e não seletivo. Consiste na aplicação 
de força mecânica, como fricção com gaze, esponjas e jatos de água, diretamente 
sobre o tecido necrótico, a fim de facilitar sua remoção. Tais forças atuam sobre os 
tecidos da ferida por meio da abrasão mecânica. Esse processo pode prejudicar o 
tecido de granulação ou de epitelização, além de causar dor. É uma técnica em 
desuso, devido à existência de alternativas menos traumáticas que trazem menos 
riscos ao leito da ferida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Técnica Larval 
Terapia aplicada há alguns anos em países europeus como uma alternativa 
não cirúrgica, na qual são utilizadas larvas estéreis da mosca Lucilia sericata (mosca 
verde) criada em laboratório. Essas larvas produzem enzimas potentes que 
liquefazem o tecido desvitalizado para ingeri-lo e depois eliminá-lo, respeitando o 
tecido não danificado. 
Alguns autores sustentam que essas enzimas têm a capacidade de combater 
infecções clínicas. A escara necrótica é difícil de ser penetrada pelas larvas e precisa 
ser amolecida previamente. 
É uma técnica utilizada para o desbridamento de lesões de diferentes 
etiologias, como úlceras por pressão, úlceras vasculares e lesões produzidas por 
fungos e outras de difícil acesso para procedimentos cirúrgicos ou instrumentais, com 
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grande quantidade de tecido necrótico e exsudato profuso. Não existe relto de efeitos 
secundários nem alérgicos. A referida terapia apresenta como vantagem a redução 
significativa da carga bacteriana das lesões, incluindo o MRSA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA FERIDA A SER LIMPA E DESBRIDADA 
 
Antes de iniciar a limpeza e/ou desbridamento é preciso inteirar-se do tipo, das 
dimensões e da evolução da ferida. Para isso, é necessário não somente a leitura 
atenta do prontuário do paciente, de forma a conhecer o parecer dos demais 
profissionais sobre o assunto, as também providenciar um contato direto e prévio com 
ele, visando captar suas percepções sobre a ferida e o que ela representa em sua 
vida. 
Esse olhar humanizado da enfermagem é o que fará a diferença, tudo mais é 
decorrente dessa interação, inclusive o êxito do tratamento. Um exame físico completo 
e criterioso da ferida será o elemento básico para o enfermeiro cientificar-se dos tipos 
de tecidos encontrados na lesão; essas ações irão complementar o planejamento da 
assistência integral ao paciente, que deve ser observado em todas as suas etapas. 
Nessa trajetória, vários instrumentos poderão ser utilizados, tais como a escala 
de avaliação de risco de Braden ou outra similar, que se refere tanto ao portador da 
ferida como também ao estadiamento desta em graus, para que as características dos 
tecidos e a profundidade da lesão possam ser avaliadas, conforme proposta pelo 
National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP). 
Será apresentado, a seguir, o Sistema RYB de avaliação por cores, que se 
mostrou bastante útil na prática clínica e que tem ajudado os profissionais a se 
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situarem no sentido de optarem ou não pelo desbridamento da ferida. 
O Sistema RYB de avaliação por cores é uma forma de avaliar as feridas por 
meio do conceito das três cores que se referem ao(s) tecido(s) vitalizado(s) ou não, 
encontrados no leito da ferida, que são: 
➢ Vermelho – RED 
➢ Amarela – YELLOW 
➢ Preta – BLACK 
 
Deve ser usado para avaliar feridas abertas, de acordo com as características 
da lesão quanto à sua cicatrização e possíveis fatores que estejam interferindo no 
processo cicatricial. 
Os princípios do Sistema RYB são: 
➢ Proteger a VERMELHA, limpar a AMARELA e desbridar a PRETA; 
➢ Tratar inicialmente a PRETA, depois a AMARELA e, por fim a VERMELHA; 
➢ Quando a lesão apresentar mais de uma cor, deverá ser avaliada pela 
predominante. 
 
COR SIGNIFICADO O QUE FAZER 
Red – vermelha 
Vermelho vivo e limpo 
Cor viva, limpa e brilhante 
caracteriza o tecido de 
granulação saudável. 
 
 
 
Proteger e limpar sem 
traumatizar, cobrir e 
isolar. 
Vermelho escuro com 
aparência friável 
Processo infeccioso em 
andamentoVermelho opaco, 
tendendo ao cinza 
Redução ou retardo daa 
granulação e da 
cicatrização 
Yellow – amarela 
Amarelo forte 
Aspecto desvitalizado, 
exsudato 
purulento,grande 
quantidade de material 
fibrótico e componentes 
de degradação celular. 
Limpeza eficiente com 
solução fisiológica morna 
0,9% e desbridamento 
 
Obs: por vezes há uma 
mistura ds cores amarela 
Sistema RYB 
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Amarelo avermelhado Tecido de granulação e 
material fibrótico e de 
degradação celular. 
e vermelha, indicando 
granulação, mas 
persistindo a presença de 
ecidos fibrótico. Amarelo acinzentado Material fibrótico e de 
degradação celular. 
Black - Preta Tecido necrótico (preto, 
cinza ou marron) com 
exsudato purulento, 
material fibrótico e de 
degradação celular, que 
favorecem a proliferação 
de microrganismos. 
 
 
 
 
 
Desbridamento 
instrumental ou cirúrgico. 
Tecido negro seco Grangrena seca, com 
aparência ofuscada, 
tecido necrótico. 
Tecido cinzento Tecido escuro, com 
aparência úmida. 
 
COBERTURAS E NOVAS TECNOLOGIAS PARA O CUIDADO DE FERIDAS 
 
Embora o processo de reparação tecidual seja sistêmico, para que seja efetivo 
é necessário favorecer as condições locais da lesão com tratamento tópico adequado. 
Nesse sentindo, nas últimas décadas, houve uma verdadeira revolução tecnológica 
baseada em pesquisas cientificas, que avaliam biomateriais e produtos diversos para 
o tratamento de feridas. Industrias investem na elaboração de coberturas, que têm por 
objetivo acelerar o processo de cicatrização e minimizar o desconforto dos pacientes, 
facilitando a assistência e diminuindo os custos hospitalares e o tempo de internação. 
Para serem efetivas, as coberturas precisam ser compatíveis com a fisiologia 
de reparação tecidual, além de atender às finalidades do curativo, que são as 
seguintes; 
✓ Promover o isolamento térmico; 
✓ Proteger a ferida de traumas mecânicos e invasão bacteriana; 
✓ Remover tecidos necróticos; 
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✓ Remover corpos estranhos; 
✓ Eliminar processos infecciosos; 
✓ Obliterar espaços mortos; 
✓ Absorver exsudatos; 
✓ Manter a umidade no leito da ferida. 
Os benefícios do meio úmido são percebidos por meio da rápida recuperação 
tecidual, que ao ser favorecida pela hidratação da lesão, permite a presença dos 
fatores de crescimento e a migração celular, responsáveis pela formação do tecido de 
granulação, pela angiogênese e pelo desbridamento autolítico. Os curativos úmidos 
aceleram a cicatrização em até 50%, pois retêm água e enzimas que favorecem a 
formação de fibrina e protegem as terminações nervosas, diminuindo a dor. 
As novas tecnologias ´precisam ser esteireis ou sem partículas contaminadas. 
Além disso, devem auxiliar na remoção dessas partículas, quando existentes na lesão, 
sem causar traumas, estar disponíveis, ter flexibilidades, facilidade de manuseio e boa 
relação custo-benefício. Diversos materiais podem ser utilizados para essa finalidade, 
desde que mantenham os tecidos viáveis e possibilitem a liberação dos fatores de 
crescimento, estimulando a proliferação de neotecido e a regeneração da lesão. 
Para alcançar esses objetivos, os curativos evoluíram para uma nova geração 
de produtos bioativos, cada vez mais sofisticados e apropriados para interagir 
ativamente nas fases de cicatrização, estimulando-as. A maioria é direcionada para 
executar funções similares às substâncias endógenas, que por vários motivos, não as 
executam adequadamente. 
Entendemos como cobertura, para fins didáticos, todo material, substância ou 
produto que se aplica sobre uma ferida, formando uma barreira física, com capacidade 
de proteção e regeneração celular. Dessa forma, o tratamento eficaz de qualquer 
lesão subentende, dentre outros cuidados, a escolha do tipo de cobertura mais 
apropriada para cada tipo específico de ferida nas diferentes situações clínicas e 
cirúrgicas. 
 
Escolha de Coberturas 
 
Vários tipos de coberturas podem ser utilizados para promover ambientes 
adequados e facilitar o processo de cicatrização. Diante de tanta diversidade, cabe à 
equipe multiprofissional optar por aquelas que melhor atendem às expectativas, 
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escolhendo-as mediante critérios pré-definidos. 
Inicialmente, os produtos apresentados no mercado com finalidade de agir 
como cobertura foram feitos de materiais plásticos, como o polietileno e o polivinile, e, 
posteriormente, evoluíram para as atuais coberturas, como o hidrocoloide, o hidrogel, 
as esponjas e os alginatos. As coberturas mais recentes incrementam a cicatrização 
e diminuem a dor, exemplo disso são as películas produzidas com filme transparente 
de poliuretano, que permitem a observação diária da lesão e a detecção precoce de 
complicações, proporcionando, junto com os hidrocoloides, uma cicatrização melhor 
tanto estética como funcional. 
Os riscos e as desvantagens oclusivas incluem a dificuldade de aderência às 
áreas cruentas e irregulares e a absorção de exsudato nem sempre eficiente. Tais 
situações são indesejáveis, pois induzem a trocas frequentes de curativo, 
ocasionando a destruição do tecido epitelial neoformado. Novos produtos 
caracterizados na literatura como “inteligentes” continuam sendo testados para 
minimizar esses problemas. 
De modo geral, a cobertura adequada deve oferecer mais proteção e menos 
risco de desenvolvimento de infecções, promovendo boa cicatrização no meio úmido. 
A facilidade de aplicação e remoção e os princípios gerais dos cuidados com as 
feridas, como limpeza, desbridamento, processo de cicatrização, deve ser mantida, 
obedecendo-se aos requisitos, critérios, objetivos e às respectivas finalidades. 
É ideal que a seleção de um produto para a cobertura preveja a existência de 
estudos pré-clinicos e clínicos que comprovem sua indicação e eficácia. Deve haver 
clareza quanto à composição, ao registro e à aprovação nos órgãos de fiscalização, 
bem como a avaliação dos custos em relação aos benefícios esperados. 
Para direcionar o processo de escolha, é fundamental uma acurada avaliação 
da lesão, identificando cuidadosamente o estágio do processo cicatricial, a fim de tê-
lo como base para a decisão da cobertura a ser utilizada. A avaliação da ferida deve 
ser sistemática e periodicamente realizada, com critérios bem estabelecidos em 
protocolos de avaliação. 
Muitos produtos utilizados na prática clínica ainda prescindem desses critérios, 
ficando a escolha e a cargo da equipe multiprofissional e interdisciplinar. 
Normalmente, os produtos são escolhidos com base na experiência do profissional, 
mas, independentemente disso, deve-se fazer um levantamento de informações 
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técnico-cientificas, que são fundamentais para a seleção de produtos, de acordo com 
a demanda do serviço e as características da clientela. 
É importante considerar que um único produto não é suficiente para resolver 
todos os tipos de feridas e ser compatível a cada uma das fases de cicatrização, por 
isso, normalmente, utiliza-se a combinação de um ou mais tipo de coberturas, como 
por exemplo, o uso de espuma de prata, na fase de exsudação, e do hidrocoloide, 
quando a ferida se apresentar sem exsudação e infecção, para manter o meio úmido 
e favorecer a epitelização, a granulação e acelerar a cicatrização. 
Os formatos e as dimensões de uma cobertura devem ser adequados a lesão. 
Para isso, grande parte das coberturas pode ser recortada no momento do uso para 
se moldar ao leito da lesão. Curativos prontos para uso também estão disponíveis em 
tamanhos e formas variadas. Recomenda-se que a cobertura seja específica às 
características da lesão e do paciente, em dimensões e formatos, de acordo com a 
fase cicatricial

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