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Protocolos básicos para cultura de secreções

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Mico 19:30 l 28/04/2020 + 30/04/2020 
Protocolos básicos para cultura de secreções 
 
DOENÇAS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR 
Geralmente causadas por microrganismos da própria microbiota, quando transmitidos por gotículas ou pelo ar, ou 
ainda quando colonizam em maior quantidade determinado tecido. Com manifestações em locais bem definidos, 
sendo principalmente estomatite, rinite, faringite, laringite (com ou sem tonsilite), sinusite, epiglotite e otite média. 
 
As amostras das secreções são coletadas na orofaringe ou no canal nasal com swab. As secreções oculares, que 
também podem ser requisitadas, são coletadas por meio da espátula de Kimura. 
O diagnóstico é expresso em porcentagens, por exemplo: 
Material: Secreção de Orofaringe 
S. pyogenes – 20% 
Neisseria sp – 50% 
S. viridans – 20% 
Corynebacterium sp – 10% 
 Diagnóstico das infecções do trato respiratório inferior 
As doenças que mais acometem o trato respiratório inferior são bronquites que potencialmente evoluem para 
pneumonias bacterianas. O diagnóstico microbiológico se dá pela 
coleta da amostra, que dependendo do tipo de material pode ser 
feita pelo próprio paciente (como escarro), e a semeadura dessa 
amostra em meios de cultura específicos (sempre do meio seletivo 
para o meio diferencial). A técnica de semeadura pode ser 
quantitativa, semi-quantitativa e/ou qualitativa – o tempo de 
incubação, a temperatura e atmosfera dependem do material. Em 
alguns casos é necessário realizar a diluição da amostra. 
As amostras são as que seguem: 
ESCARRO – as amostras que contêm saliva são impróprias, por isso é necessário orientar o paciente para a coleta 
correta. Se houver suspeita de infecção por fungos, são necessárias três amostras consecutivas, assim como 
tuberculose. A coleta deve ser realizada pela manhã e a boca deve ser lavada apenas e exclusivamente com 
água. 
Uma amostra aceitável é aquela que contém menos de 10 células epiteliais por campo e mais de 25 leucócitos 
por campo. 
 
ASPIRADO TRANSTRAQUEAL E LAVADO BRONCOALVEOLAR 
É necessária a coleta por meio de equipe médica, assim como o lavado broncoalveolar. O resultado da cultura é 
quantitativo ou semi-quantitativo. É feito coloração Gram e depois uma diluição em solução fisiológica em 1:10 
(para broncoalveolar), e diluição consecutiva em N-Acetil-Cisteína 1% e solução fisiológica 1:100 (para 
transtraqueal)e, então semear: 10uL em AS, 10uL em AC e 10uL em Macconkey. 
SECREÇÕES GENITAIS 
- Vaginite: inflamação vaginal associada a uma colonização, principalmente de bactérias que deixam a região 
alcalinizada e gera uma considerável quantidade de pus = CLUE CELLS. As secreções são coletadas por swab. 
- Cervicite: infecção/inflamação no colo do útero com pus. 
As infecções vaginais são geralmente bacterianas, associadas principalmente a odor anormal forte e infecção 
urinaria. 
 
 
É realizado exame bacterioscópico (gram ou campo escuro/coloração Fontana), seguido de cultura (específica ou 
não para Streptococcus beta-hemolíticos – quando há suspeita, por exemplo). Também é feito antibiograma e 
pesquisa direta de antígenos bacterianos. 
 
Embora a coleta, no homem, recorrentemente seja feita na região do pênis com swab, em alguns casos pode 
haver infecção da próstata (na imagem acima). 
 
A interpretação dos resultados é dada quantitativa e semi-quantitativamente. 
Aspectos clínicos e diagnóstico microbiológico do LCR 
As meningites bacterianas têm grande importância médica, por isso o diagnóstico para essas infecções do sistema 
nervoso deve ser feito da maneira mais correta e rápida possível. O LCR é originalmente estéril, desse modo a 
presença de qualquer microrganismo no líquido por entre as meninges já indica anormalidade. Fungos não causam 
meningites, embora sejam os fatores provocadores de encefalites. As meningites são comumente causadas por 
bactérias. 
A coleta do material a ser analisado (LCR) é feito pelo médico. A princípio é realizada antissepsia no sítio da punção, 
com álcool 70% e solução de iodo a 1-2%; segue-se pela inserção de uma longa agulha no paciente no intuito de 
coletar entre 1mL (bactérias) e 2mL (micobactérias e fungos). Ao final, o material é despejado cuidadosamente em 
frasco estéril, com a agulha ainda no corpo do paciente e ligeiramente gotejando o líquor. A punção é 
preferencialmente lombar, mas pode ocorrer na região cervical. 
O transporte deve ser imediato e a amostra não pode permanecer a temperatura ambiente por mais de uma hora. 
Os resultados da cultura devem sair em 48h, no máximo. As primeiras 24h são o resultado parcial, principalmente no 
caso de não-crescimento de colônias. No caso de haver crescimento no primeiro dia de cultura, o médico deve ser 
avisado imediatamente. Conjuntamente à semeadura do material, é feita bacterioscopia, para verificar se 
microscópio ótico se há presença de qualquer microrganismo – coloração de Gram e nanquim (tinta da China). 
Assim que houver as primeiras colônias na placa de cultura, obrigatoriamente realizar provas bioquímicas e 
antibiograma para detalhar o patógeno e os antibióticos a serem administrados ao paciente. É também feita uma 
análise citológica, que se trata da contagem de leucócitos. 
 
 
A intenção da centrifugação é a sedimentação das células, as quais sofrerão coloração de Gram e por nanquim. O 
resto do sedimento que não foi utilizado na coloração será usado para cultura, tanto em frasco como por 
esgotamento e, o que ainda restar, colocar em caldo para crescimento. A primeira notificação ao médico é feita após 
a observação no microscópio, descrevendo a morfologia dos microrganismos presentes no LCR. 
A presença de uma colônia já indica infecção. 
 
 
Cultura de vigilância epidemiológica 
Trata-se de uma análise nos pacientes internados em hospitais no intuito de descobrir se há ou não a presença de 
bactérias multi-droga resistentes. São principalmente solicitadas pela CCIH do hospital em questão. Serve para 
controle de infecções hospitalares. 
A coleta das amostras é realizada pelo enfermeiro, com swab (mucosa nasal, oral, inguinal ou anal) ou fezes, e o 
paciente deve estar de acordo. De acordo com a quantidade de resistências (ESBL, MRSA, etc) acrescenta-se a 
necessidade de mais um swab com amostra. 
- MRSA ou ORSA: a amostra provém da nasofaringe, axilar e/ou inguinal. A semeadura é feita em ágar sangue, por 
esgotamento e incubar a 35ºC de 24-48h. Realizar os testes bioquímicos cabíveis no caso de amostras suspeitas 
(coagulase, DNAse). Confirmada a presença de S. aureus, realizar suspensão da amostra e semear em ágar Muller-
Hinton suplementado com 4% de NaCl e 6ug/mL de oxacilina e incubar novamente durante 24h; se houver 
crescimento de uma colônia indica resistência a oxacilina. 
- ERV ou VRE: a amostra provém da região anal ou fezes. Semear a amostra em BHI, ágar CNA ou Enterococcusel 
ágar suplementados com 6gu/mL de vancomicina; incubar em 35ºC por 48h e realizar leitura diária. 
- ESBL: É necessária segunda amostra de swab, neste caso, e semear em ágar macconkey, só então realizar as provas 
de identificação. Semear, posteriormente, em Muller-Hinton a partir de suspensão, colocando os discos dos 
antibióticos cabíveis, para então detecção das bactérias ESBL+. 
- Kpc: a amostra é um swab retal ou fezes. A semeadura é feita em BHI ou TSB contendo ertapenem e ampicilina. Se 
houver turbidez a bactéria (provavelmente) é Kpc+, mas é necessário realizar as provas específicas para diagnóstico 
de Kpc. 
 
Embrio 21:30 l 28/04/2020 
Imprinting genético 
Para elucidar o conceito de epigenética (epigenoma e tc), é importante ressaltar a diferença com o conceito de 
genoma. Enquanto o primeiro se trata de todos os mecanismos e sinais ambientais envolvidos na ativação ou não de 
genes, o último consiste no conjunto dos genes. A epigenética é, portanto, a área da ciência que estuda as mudanças 
na função gênica, hereditárias de meioseou mitose e não vinculadas a alterações na sequência de DNA. 
Um dos mecanismos epigenéticos é a metilação do DNA, que se dá pela adição de um grupo metil na extremidade 5’ 
da citosina na molécula. Este evento pode culminar tanto no imprinting genômico, que é a modificação na atividade 
de um gene, como na inativação de um dos cromossomos X em um par. 
O processo de metilação ocorre quando as células embrionárias ainda estão indiferenciadas ou, ainda, em células já 
diferenciadas de mamíferos. É necessário porque atua como um regulador d expressão gênica, assim como na 
expressão de genes tecido-específicos. Além disso, a metilação é um meio de proteção contra a transposição de 
genes e necessária para que haja imprinting, assim como a inativação do X em células duplo X. 
 
 
O imprinting genômico é, portanto, definido como “mecanismo epigenético de regulação da expressão gênica que 
permite apenas a expressão de um dos alelos parentais” ou “subgrupo distinto de regulação epigenética em que a 
atividade de um gene é reversivelmente modificada dependendo do sexo do genitor que o transmitiu .” 
Sistematicamente influencia na expressão gênica. 
 
É importante para a marcação de genes específicos que possuem metilação seguidos de um padrão (materno ou 
paterno) que ocorre durante a gametogênese. Além disso, faz possível a identificação de alguns genes no embrião 
em desenvolvimento relativo à origem do cromossomo recebido (materno ou paterno). 
 
Fora todo o contexto analítico para o imprinting, é importante citar o diagnóstico de algumas patologias genéticas a 
partir desse mecanismo epigenético. A Síndrome de Prader-Willi e a Síndrome de Angelman, ambas possuem 
imprinting na porção proximal do cromossomo 15 (15q11-q13). A primeira tem região 15q11-q13 ativa no 
cromossomo materno apenas; a segunda, no cromossomo paterno. 
Síndrome de Prader-Willi 
 1 para cada 15.000 nascimentos; 
 Acomete ambos os sexos; 
 Ausência de expressão do seguimento 15q11-q13 de 
origem paterna; 
 Características físicas: face alongada, olhos em forma 
de amêndoas com ligeiro estrabismo, lábio superior 
fino e boca apontada para baixo, mãos e pés 
pequenos, baixa estatura e obesidade; 
 Hábitos e características mentais: hábitos alimentares excessivos, hipogonadismo e retardo mental. 
Síndrome de Angelman 
 1/10.000 ou 1/40.000 nascimentos; 
 Acomete ambos os sexos; 
 Ausência da expressão do segmento 15q11-q13 de 
origem materna; 
 Características físicas e comportamentais: aspecto 
facial incomum, baixa estatura, andar atáxico e 
desequilibrado, espasticidade e risadas inapropriadas 
que podem culminar em convulsões; 
 Características mentais: retardo mental severo e 
convulsões. 
O imprinting genômico pode ser analisado por meio de enzimas de restrição sensíveis a metilação, pelo método de 
PCR (PCR-metilação específica), por sequenciamento ou, ainda, por microarray.

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