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Contabilidade Avançada Ativo Intangível e Arrendamentos Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Ernando Fagundes 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Ativo Intangível e Arrendamentos Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ...................................................................................................... 4 1. Ativo Intangível ............................................................................................ 5 1.1 Reconhecimento e Mensuração ....................................................... 7 1.2 Vida Útil .................................................................................................... 11 1.3 Divulgação ............................................................................................... 14 2. Arrendamentos .............................................................................................. 14 2.1 Alterações na Contabilização de Arrendamentos a Partir de 2019 ..................................................... 15 2.2 Arrendatário ............................................................................................ 17 2.2 Arrendador ............................................................................................... 21 Referências ........................................................................................................ 23 Contabilidade Avançada 3 Para Início de Conversa... Neste estudo, vamos discutir dois importantes pronunciamentos contábeis: o CPC 04, que apresenta o tratamento contábil adequado aos ativos intangíveis e o CPC 06, que estabelece os princípios para o reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação dos arrendamentos. Veremos que são dois importantes pronunciamentos contábeis e que estão relacionados, uma vez que é comum que empresas arrendem ativos intangíveis, de modo que esses ativos arrendados deverão atender ao CPC 06, de modo que os arrendatários e os arrendatários evidenciam fielmente essas operações de arrendamento. Dessa forma, primeiramente, vamos discutir as definições de ativo intangível, seu reconhecimento e mensuração, bem como o reconhecimento de despesas relacionadas. Discutiremos, ainda, a mensuração após reconhecimento, a vida útil dos ativos intangíveis, a perda por redução ao valor recuperável de ativos. Discutiremos ainda a baixa, alienação e divulgação desses ativos. Por fim, discutiremos os arrendamentos, iniciando pelas definições de arrendamento. Ao final, estudaremos também o reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação dos arrendamentos na perspectiva do arrendatário e do arrendador. Objetivos ▪ Compreender o reconhecimento de Ativos Intangíveis. ▪ Distinguir os ativos intangíveis gerados internamente. ▪ Aplicar amortização e baixa de bens. Contabilidade Avançada 4 1. Ativo Intangível O CPC 04 (2010) define ativo intangível como “um ativo não monetário identificável sem substância física”. Viceconti e Neves (2018) destacam que os ativos intangíveis são os bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa. Alguns exemplos de ativos intangíveis são softwares, hipotecas, marcas, patentes, fundo de comércio adquirido, direitos autorais, direitos sobre exploração de recursos naturais. Os ativos intangíveis possuem características semelhantes aos ativos imobilizados, a não ser pela diferença entre natureza física (ativos imobilizados) e natureza não física (ativos intangíveis). Os ativos intangíveis geralmente têm um maior grau de incerteza quanto aos benefícios econômicos futuros, em relação aos ativos tangíveis. (SALOTTI, 2018) “Alguns ativos intangíveis podem estar contidos em elementos que possuem substância física, como um disco (como no caso de software), documentação jurídica (no caso de licença ou patente) ou em um filme. [...] Por exemplo, um software de uma máquina-ferramenta controlada por computador que não funciona sem esse software específico é parte integrante do referido equipamento, devendo ser tratado como ativo imobilizado. O mesmo se aplica ao sistema operacional de um computador. Quando o software não é parte integrante do respectivo hardware, ele deve ser tratado como ativo intangível”. (CPC 04, 2010). Salotti (2018) destaca que o valor das marcas e das carteiras de clientes adquiridas de terceiros são o principal tipo de ativo intangível das empresas brasileiras listadas na B3. Diferentemente dos ativos tangíveis ou financeiros, os ativos intangíveis não possuem natureza física ou financeira. Na verdade, os ativos intangíveis possuem valor com base nos direitos e benefícios às empresas que os pertencem. Para um ativo ser classificado como intangível, ele deve apresentar algumas características. Esse ativo deve ser mantido para uso no curso normal do negócio e não para investimentos. Além disso, a vida útil desse ativo deve ser superior a 1 ano. Como todo ativo, o ativo intangível deve ter a capacidade de gerar benefícios econômicos futuros para a empresa Contabilidade Avançada 5 à qual pertence. Por fim, para ser classificado como ativo intangível, o ativo deve ser identificável e controlado pela empresa. Figura 1: Ativo Intangível. Fonte: Dreamstime. Caso algum item ou recurso intangível adquirido pela entidade não atendam às características elencadas anteriormente, ou seja, caso esses itens não sejam identificáveis, ou não sejam controlados ou, ainda, não gerem benefícios econômicos futuros para a empresa, os gastos incorrido na aquisição ou geração interna desses itens deve ser reconhecido como despesa. Para ser reconhecido como ativo intangível, algumas características deverão ser atendidas: identificação, controle e capacidade de gerar benefícios econômicos futuros. Para que um ativo seja considerado identificável, o mesmo deve poder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, mesmo que individualmente. Além disso, esse ativo deve ser resultado de direitos adquiridos (contratuais ou legais). Outro critério para classificar um item como ativo intangível é se a empresa detém o controle desse ativo. Nesse caso, o controle é verificável quando a empresa é a detentora dos benefícios econômicos futuros desse ativo e pode restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Os benefícios econômicos futuros, que consistem também em um critério para classificação em ativo intangível, podem ser oriundos de receita da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso desse ativo pela entidade. Exemplo: Uma empresa tem uma grande carteira de clientes, que representa um item intangível, pois não possui propriedade física. No entanto, Contabilidade Avançada 6 para ser classificado como ativo intangível, esse item deveria atender aos critérios estabelecidos pelo CPC 04, entre eles, o controle sobre essa carteira de clientes. Ocorre que, mesmo que a empresa tenha um excelente relacionamento com os clientes dessa carteira, ela não detém controle sobre eles para assegurar que eles continuarão comprando da empresa e dessa forma gerarão benefícios econômicos futuros. Assim, a carteira de clientes, apesar de possuir propriedadeintangível, não atende os critérios para ser classificada como ativo intangível. No entanto, caso a entidade pudesse comprovar que é capaz de controlar os eventuais benefícios econômicos futuros gerados pelas relações com clientes desta carteira, ela atenderia o critério e poderia então classificar essa carteira de clientes como ativo intangível. 1.1 Reconhecimento e Mensuração Para que um ativo intangível seja reconhecido, é necessário que seja provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo sejam gerados em favor da entidade e que o custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade. (CPC 04, 2010) Figura 2: Benefícios econômicos. Fonte: Dreamstime. A probabilidade de que esses benefícios econômicos ocorram será determinada pela empresa com base nas evidências que ela possui no momento do reconhecimento. Quando atendidos os critérios, um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente pelo seu custo, que é mais facilmente mensurado em ativos intangíveis adquiridos pela entidade separadamente. Nesses casos, o valor do custo será a soma do valor pago pelo ativo e dos impostos não recuperáveis sobre a compra e outros custos diretamente atribuídos à preparação do ativo intangível adquirido para que o mesmo esteja em condições operacionais. Contabilidade Avançada 7 “O reconhecimento dos custos no valor contábil de ativo intangível cessa quando esse ativo está nas condições operacionais pretendidas pela administração. Portanto, os custos incorridos no uso ou na transferência ou reinstalação de ativo intangível não devem ser incluídos no seu valor contábil”. (CPC 04, 2010) Salotti (2018) destaca que os ativos intangíveis podem ser adquiridos ou gerados internamente. Assim, ele divide três formas de obtenção de ativo intangível: 1. Aquisição separada que corresponde a um ativo intangível adquirido e relacionado. 2. Intangíveis gerados internamente, que representam o ativo intangível gerado internamente e relacionados. 3. Aquisição em combinação de negócios, que identifica o ativo intangível adquirido e não relacionado, o goodwill. EXEMPLO: Exemplo (a) Ativos intangíveis adquiridos Em X0, a empresa Pitangui S.A gastou R$ 100.000 no início de X1 para adquirir uma patente de um determinado medicamento. Nesse caso, o lançamento contábil realizado será: D: ATIVO INTANGÍVEL - Patente $ 100.000 C: ATIVO CIRCULANTE - Caixa / Bancos $ 100.000 Exemplo (b) Ativos intangíveis gerados internamente Em junho de X1, a companhia Genipabu S.A. iniciou a pesquisa de um software para análise de discos rígidos de computadores. A empresa incorreu em um total de gastos no montante de R$ 1.000.000,00 até o final de novembro. Esses gastos foram considerados despesas de pesquisa. Em dezembro, a empresa concluiu que o software havia passado para a fase de desenvolvimento e, a partir desse momento, o software custou para a empresa $ 30.000. Nesse caso, os lançamentos contábeis realizados no período são: D: RESULTADO - Despesa com pesquisa $ 1.000.000 C: ATIVO CIRCULANTE - Caixa / Bancos $ 1.000.000 D: ATIVO INTANGÍVEL - Software $ 30.000 C: ATIVO CIRCULANTE - Caixa / Bancos $ 30.000 Exemplo (c) Aquisição em combinação de negócios A Empresa A adquiriu a Empresa B pelo valor de $ 1.500.000. Sabe- se que o valor contábil da empresa B era de $ 1.000.000 e o valor justo dos ativos, líquidos dos passivos, é de $ 1.300.000. D: ATIVO - INVESTIMENTOS - Participações em controladas $ 1.500.000 C: ATIVO CIRCULANTE - Caixa / Bancos $ 1.500.000 Fonte: Adaptada de Salotti, 2018, p.251. Contabilidade Avançada 8 Ressalta-se que, nesse último caso, por se tratar de uma aquisição de participação societária, os ativos intangíveis adquiridos (inclusive goodwill), estão embutidos no investimento. Porém, caso esse investimento seja em uma controlada, essa investida será consolidada e, portanto, os ativos intangíveis serão reclassificados para o grupo de ativo intangível. “Se o prazo de pagamento de ativo intangível excede os prazos normais de crédito, seu custo deve ser o equivalente ao preço à vista. A diferença entre esse valor e o total dos pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros, durante o período, salvo exceções’’. (CPC 04, 2010) Quando o ativo intangível for adquirido em uma combinação de negócios, o seu custo deve ser o valor justo. Assim, a empresa adquirente deverá, na data de aquisição, reconhecer separadamente do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill), um ativo intangível da adquirida (CPC 04, 2010). Nos casos de gastos relacionados a projetos de pesquisa, quando um ativo intangível é gerado internamente, a empresa deve analisar a fase em que se encontra o projeto de pesquisa (se na fase de pesquisa ou na fase de desenvolvimento). Na fase de pesquisa, os gastos deverão ser reconhecidos como despesa quando incorridos, ou seja, não constituem ativo intangível. Já na fase de desenvolvimento, os gastos constituirão ativo intangível, desde que a empresa tenha a intenção de concluir o ativo intangível, que essa conclusão seja viável e que ele possa ser disponibilizado para uso ou venda e que seja possível usá-lo ou vendê-lo. A empresa deverá também verificar se esse ativo intangível em desenvolvido irá gerar benefícios econômicos futuros, bem como se ela possui condições técnicas e financeiras para concluir este ativo. Além disso, os gastos atribuíveis ao ativo intangível durante seu desenvolvimento precisam ser mensurados com confiabilidade. “Caso a entidade não consiga diferenciar a fase de pesquisa da fase de desenvolvimento de projeto interno de criação de ativo intangível, o gasto com o projeto deve ser tratado como incorrido apenas na fase de pesquisa”. “Marcas, títulos de publicações, listas de clientes e outros itens similares, gerados internamente, não devem ser reconhecidos como ativos intangíveis”. (CPC 04, 2020). Contabilidade Avançada 9 EXEMPLO: Uma entidade está desenvolvendo um novo processo de produção. No exercício de 20X5, os gastos incorridos foram de $ 1.000, dos quais $ 900 foram incorridos antes de 1º de dezembro de 20X5 e $ 100 entre essa data e 31 de dezembro de 20X5. A entidade está apta a demonstrar que em 1º de dezembro de 20X5 o processo de produção atendia aos critérios para reconhecimento como ativo intangível. O valor recuperável do know-how incorporado no processo (inclusive, futuras saídas de caixa para concluí-lo e deixá-lo pronto para o uso) está estimado em $ 500. Ao final de 20X5, o processo de produção está reconhecido como ativo intangível ao custo de $ 100 (gasto incorrido desde a data em que os critérios de reconhecimento foram atendidos, ou seja, 1º de dezembro de 20X5). Os gastos de $ 900 incorridos antes de 1º de dezembro de 20X5 devem ser reconhecidos como despesa porque os critérios de reconhecimento só foram atendidos nessa data, não podendo ser incluídos no custo do processo de produção reconhecido na data do balanço. No exercício de 20X6, os gastos incorridos são de $ 2.000. Ao final de 20X6, o valor recuperável do know-how incorporado no processo (inclusive, futuras saídas de caixa para concluí-lo e deixá-lo pronto para uso) está estimado em $1.900. Ao final de 20X6, o custo do processo de produção é de $ 2.100 (gastos de $ 100 reconhecidos no final de 20X5 mais $ 2.000 reconhecidos em 20X6). A entidade deve reconhecer uma perda de valor de $ 200 para ajustar o valor contábil do processo antes dessa perda de valor ($ 2.100) ao seu valor recuperável ($ 1.900). Essa perda por redução no valor recuperável será revertida em um período posterior se os requerimentos de reversão de perda de valor, previstos no Pronunciamento Técnico CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos, forem atendidos (CPC 04, 2010. Há casos em que as empresas incorrem em gastos para gerar benefícios econômicos futuros, mas sem a aquisiçãoou geração de um ativo intangível. Nesses casos, esses gastos deverão ser contabilizados como despesas, por exemplo, gastos pré-operacionais (custos jurídicos, constituição da empresa, lançamento de produtos), gastos com treinamento, gastos com publicidade e promocionais e gastos com reorganização da empresa. “Após o seu reconhecimento inicial, um ativo intangível deve ser apresentado ao custo, menos a eventual amortização acumulada e a perda acumulada (Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos)” (CPC 04, 2020). Contabilidade Avançada 10 1.2 Vida Útil A vida útil de um ativo corresponde ao período em que a empresa espera utilizar um ativo; ou então o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a empresa espera obter pela utilização do ativo. Dessa forma, a empresa deve avaliar se os seus ativos intangíveis possuem vida útil definida ou indefinida. Isso é importante, pois a contabilização do ativo intangível será baseada em sua vida útil. Ativos intangíveis com vida útil definida serão amortizados enquanto os ativos com vida útil indefinida não serão amortizados. Cabe ressaltar que os ativos intangíveis com vida útil indefinida não necessariamente possuem vida infinita. Ocorre que em relação aos ativos intangíveis com vida útil indefinida, não é possível determinar por quanto tempo a empresa poderá usar esse ativo, por exemplo. Softwares, por exemplo, são característicos por terem vida útil muito curta, pois é comum que se tornem obsoletos em um curto período de tempo. Já os direitos autorais, contratuais ou legais, têm como sua vida útil o tempo de vigência desses contratos, desde que a empresa tenha intenção de usar esses ativos durante todo esse período. Figura 3: Software de reconhecimento digital. Fonte: Dreamstime. No caso dos ativos que possuem vida útil definida, deverá ser contabilizada a amortização, que corresponde à alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo da sua vida útil. O valor amortizável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, menos o seu valor residual. Essa amortização deve iniciar no momento em que o ativo estiver disponível e nas condições necessárias para utilização pela empresa. A amortização deve cessar na data em que o ativo for classificado como mantido para venda ou na data em que for baixado. Contabilidade Avançada 11 O método de amortização a ser utilizado deve refletir o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros, tais como o método linear, também conhecido como método de linha reta, o método dos saldos decrescentes e o método de unidades produzidas. Em relação ao valor residual, deve-se presumir que o valor residual de ativo intangível com vida útil definida é zero, a não ser que haja compromisso de terceiros para comprar o ativo ao final da sua vida útil ou que exista mercado ativo a partir do qual se possa determinar o valor residual. “O período e o método de amortização de ativo intangível com vida útil definida devem ser revisados pelo menos ao final de cada exercício. Caso a vida útil prevista do ativo seja diferente de estimativas anteriores, o prazo de amortização deve ser devidamente alterado”. (CPC 04, 2020). Os ativos com vida útil indefinida não deverão ser amortizados. No entanto, assim como os demais ativos intangíveis e outros grupos de ativos, o ativo intangível com vida útil indefinida deve ser avaliado periodicamente por meio do teste de impairment, de acordo com o CPC 01 (2009). Caso o valor recuperável do ativo esteja inferior ao seu valor contábil, haverá uma perda por impairment. Exemplos: a) Relembre a contabilização realizada no item a do exemplo prático anterior: Assuma que a empresa Pitangui S.A. gastou $ 100.000 no início de X1 para adquirir uma patente, conforme contabilizado no exemplo anterior. Essa mesma patente será utilizada pelo prazo de dois anos. Assim, quais seriam os lançamentos contábeis vinculados à amortização do primeiro ano? O cálculo da amortização anual será 100.000/2 = 50.000. O valor da amortização anual, dado que não há valor residual, é de $ 50.000. O ativo será amortizado no montante de $ 50.000 ao ano. Contabilização em dezembro de X1: D: RESULTADO - Despesa com amortização $ 50.000 C: ATIVO INTANGÍVEL - Amortização acumulada $ 50.000 Levando em consideração o mesmo exemplo, mas com a certeza de que, ao final do ano X2, essa mesma patente possua um valor de mercado de $ 10.000 e que a empresa pretende vender essa patente ao final de X2, como fica o cálculo da amortização? O cálculo da amortização anual será (100.000 – 10.000)/2 = 45.000. O valor da amortização anual, dado que o valor residual é de $ 10.000, será de $ 45.000. O ativo será amortizado no montante de $ 45.000 ao ano. Contabilização em dezembro de X1: D: RESULTADO - Despesa com amortização $ 45.000 Contabilidade Avançada 12 C: ATIVO INTANGÍVEL - Amortização acumulada $ 45.000 b) Relembre a contabilização realizada no item c do exemplo prático anterior: A empresa A possui um goodwill devido à aquisição da empresa B. Esse goodwill foi avaliado em $ 200.000 no momento da aquisição. Ao final de dois anos, depois de uma primeira avaliação, por meio do teste de impairment, percebeu-se que o valor justo desse goodwill é de $ 180.000. Como contabilizar? D: RESULTADO - Despesa com impairment $ 20.000 C: ATIVO INTANGÍVEL - Impairment do intangível $ 20.000 Um ativo intangível deverá ser baixado devido a sua alienação ou quando a empresa não espera mais benefícios econômicos futuros decorrentes desse ativo. A diferença entre o valor líquido de alienação (quando houver), e o valor contábil do ativo resultará em um ganho ou perda que deve ser reconhecido no resultado do período. Exemplos: a) Relembre a contabilização realizada no item a do exemplo prático anterior: (i) Baixa em razão da perda dos benefícios econômicos futuros no uso do ativo. Após um ano e meio de uso de uma patente, a empresa Pitangui S.A. realizará a baixa de sua patente, pois não possui mais benefício econômico sobre ela. Sabe-se que o valor total da patente era de $ 100.000 e a sua amortização acumulada era de 75% do valor total do ativo. D: ATIVO INTANGÍVEL - Amortização acumulada $ 75.000 D: RESULTADO - Perda com baixa de patente $ 25.000 C: ATIVO INTANGÍVEL - Patente $ 100.000 (ii) Baixa com alienação do ativo intangível já amortizado. Após dois anos de uso de uma patente, a empresa Pitangui S.A. realizará a baixa fazendo a sua venda por um valor de $ 20.000. A empresa não possuía previsão para venda antes de se decidir por isso. Sabe-se que o valor total da patente era de $ 100.000 e a sua amortização acumulada era de 100% do valor total do ativo. D: ATIVO INTANGÍVEL - Amortização acumulada $ 100.000 C: ATIVO INTANGÍVEL - Patente $ 100.000 D: ATIVO CIRCULANTE - Caixa $ 20.000 C: RESULTADO - Receita com venda de intangível $ 20.000 (iii) Baixa com alienação do ativo intangível parcialmente amortizado. Admita que, após o primeiro ano em que a empresa Pitangui S.A. adquiriu a patente, ela recebeu uma proposta para vender o seu ativo pelo valor de $ 120.000, ou seja, o ativo estava amortizado em apenas 50%. Contabilização utilizando duas contas de resultado: D: ATIVO INTANGÍVEL - Amortização acumulada $ 50.000 Contabilidade Avançada 13 D: RESULTADO - Custo do intangível vendido $ 50.000 C: ATIVO INTANGÍVEL - Patente $ 100.000 D: ATIVO CIRCULANTE- Caixa $ 120.000 C: RESULTADO - Receita com venda de intangível $ 120.000 Contabilização utilizando uma conta de resultado: D: ATIVO CIRCULANTE- Caixa $ 120.000 D: ATIVO INTANGÍVEL - Amortização acumulada $ 50.000 C: ATIVO INTANGÍVEL - Patente $ 100.000 C: RESULTADO - Receita com venda de intangível $ 70.000 Fonte: Salotti (2018, p.251). 1.3 Divulgação Em relação aos ativos intangíveis,o CPC 04 determina algumas informações que deverão ser divulgadas pelas empresas. É necessário que a empresa informe se os ativos intangíveis possuem vida útil definida ou indefinida, e, se definida, qual a vida útil e as taxas de amortização utilizadas, bem como o método de amortização adotado. É importante ainda que se divulgue quais os motivos que fundamentam a avaliação e classificação da vida útil dos ativos intangíveis como definida ou indefinida. Também é necessário que a empresa divulgue uma conciliação do valor contábil dos ativos intangíveis no início e no final do período, evidenciando adições de ativos intangíveis, ativos intangíveis que tenham sido baixados ou classificados como mantidos para venda, perdas por recuperabilidade e reversões de perdas, amortizações reconhecidas e outras alterações no valor contábil desses ativos intangíveis no período a que se referem as demonstrações contábeis. A empresa deve divulgar também o total de gastos com pesquisa e desenvolvimento reconhecidos como despesas no período. 2. Arrendamentos As transações de arrendamento possuem algumas características semelhantes ao aluguel. No caso do arrendamento, trata-se de uma transação em que um ativo é transferido do arrendador (dono jurídico do ativo) para um arrendatário (que é quem irá utilizar este ativo), em troca de pagamento em forma de prestações do arrendatário a pagar ao arrendador (SALOTTI, 2018). Quando a empresa estabelece contratos com terceiros, ela deve avaliar se o contrato é, ou contém, um arrendamento. Ele será ou conterá uma operação de arrendamento quando transmite o direito de controlar o uso de ativo por um período de tempo em troca de contraprestação. A Figura 4, a seguir, apresenta um fluxograma que ajuda a empresa a avaliar o contrato para identificar se este contém um arrendamento. Contabilidade Avançada 14 Existe ativo identificado? Considere os itens B13 a B20 O cliente tem o direito de obter substancialmente todos os benefícios econômicos do uso do ativo durante todo o período de uso? Considere os itens B21 a B23 O cliente, o fornecedor, ou nenhuma das partes, tem o direito de direcionar como e para qual finalidade o ativo é usado durante todo o período de uso? Considere os itens B25 a B30 Ninguém: A forma como e para qual finalidade o ativo será usado é predeterminada. O cliente tem o direito de operar o ativo durante todo o período de uso, sem o fornecedor ter o direito de alterar essas instruções operacionais? Considere o item B24 (b) (i) O cliente projetou o ativo de modo que predetermina como e para qual finalidade o ativo será usado durante todo o período de uso: Considere o item B24 (b) (ii) Sim Sim Não Cliente Não Não Fornecedor Não Não Sim O contrato contém arrendamento O contrato não contém arrendamento Figura 4: Fluxograma que ajuda a empresa a fazer a avaliação acerca do contrato. FONTE: CPC 06 (2017). É possível que contratos contenham itens que sejam arrendamentos e itens que não sejam arrendamentos. Nesses casos, a empresa deverá contabilizar separadamente esses itens, apresentando no ativo o arrendamento e separadamente os passivos decorrentes do arrendamento e os demais passivos que não se referem a arrendamentos. O prazo do arrendamento será o estipulado no contrato, considerando períodos cobertos pelo contrato para prorrogação do arrendamento ou para rescisão do contrato de arrendamento, desde que a empresa tenha razoável certeza de que irá prorrogar ou rescindir o contrato, respectivamente. 2.1 Alterações na Contabilização de Arrendamentos a Partir de 2019 Até o ano de 2018, os arrendamentos classificados em operacionais e financeiros eram contabilizados de formas diferentes entre ambos. No entanto, a partir desse ano, com a alteração do CPC 06 (2017), que anteriormente era correlato à IAS 17 e passou a ser correlato à IFRS 16, deixou de existir essa diferença na contabilização de operações de arrendamento operacional e financeiro. A Figura 5, a seguir, apresenta as principais alterações ocorridas com a atualização do CPC 06 no Balanço Patrimonial. Anteriormente, apenas os ativos financeiros e seus passivos correspondentes figuravam no Contabilidade Avançada 15 balanço. Os ativos operacionais e seus correspondentes passivos não eram apresentados. A partir de 01 de janeiro de 2019, todos os ativos arrendados passaram a ser apresentados no Balanço Patrimonial, bem como seus respectivos passivos. IAS 17 Arrendamentos financeiros Ativos Passivos Extrapatrimoniais direitos/obrigações Arrendamentos Operacionais Todos Arrendamentos IFRS 16 Figura 5: As principais alterações ocorridas com a atualização do CPC 06 no Balanço Patrimonial. Fonte: Adaptada de IFRS (2020). Na Figura 6, a seguir, é possível observar o impacto da atualização do CPC 06 no resultado da empresa. Como o arrendamento financeiro já era apresentado nas demonstrações contábeis, não houve nenhum impacto. No entanto, em relação aos arrendamentos operacionais que anteriormente não figuravam no Balanço Patrimonial, o impacto pode ser visto claramente no resultado da empresa. Os pagamentos pelos arrendamentos operacionais eram realizados na forma de despesa. A partir de 2019, quando passaram a ser apresentados no balanço, esses ativos arrendados passaram a depreciar e, então, as despesas lançadas referentes a esses ativos passaram a ser despesas de depreciação, que não fazem parte do EBITDA, de modo que com a alteração no CPC, nos casos das empresas com arrendamentos operacionais, o valor do EBITDA passou a ser maior após a alteração do CPC. O mesmo ocorre com o lucro operacional, que, nos casos dessas empresas, também aumenta, visto que os juros decorrentes da aquisição desse arrendamento são lançados após o lucro operacional. Contabilidade Avançada 16 IAS 17 IFRS 16 Arrendamento Financeiro Arrendamento Operacional Todos Arrendamentos Receitas x x x Custo Financeiro EBITDA Lucro Operacional Lucro antes dos Impostos Despesa Operacional (Excluindo, Depreciação e Amortização Depreciação e Amortização Depreciação Despesas Depreciação Juros Juros Figura 6: O impacto da atualização do CPC 06 no resultado da empresa. Fonte: Adaptada de IFRS (2020). 2.2 Arrendatário Nos contratos de arrendamento, temos a figura do arrendatário e do arrendador. Inicialmente, vamos estudar o reconhecimento, a mensuração e a divulgação por parte dos arrendatários. O arrendatário é a entidade que obtém o direito de usar o ativo subjacente por um período em troca de contraprestação (CPC 06, 2017). Na data de início da operação de arrendamento, o arrendatário deve reconhecer o ativo de direito de uso (arrendado) e o passivo correspondente ao arrendamento. Assim, “o ativo de direito de uso é o ativo que representa o direito do arrendatário de usar o ativo subjacente durante o prazo do arrendamento, enquanto o ativo subjacente é o ativo que é o objeto de arrendamento, para o qual o direito de usar esse ativo foi fornecido pelo arrendador ao arrendatário” (CPC 06, 2017). Inicialmente, o ativo de direito de uso (arrendamento) deverá ser reconhecido pelo seu custo, que compreende o valor da mensuração inicial do passivo de arrendamento, custo diretos incorridos pelo arrendatário, bem como a estimativa de custos a serem incorridos pelo arrendatário na desmontagem e remoção do ativo ao término do contrato. O arrendatário pode decidir não aplicar os requisitos de reconhecimento e mensuração aos arrendamentos de curto prazo e aos arrendamentos para os quais o ativo subjacente é de baixo valor (CPC 06, 2017). Contabilidade Avançada 17 Nessa mesma data de início do período de arrendamento, o arrendatário deverá reconhecer o respectivo passivo, mensurado pelo valor presente dos pagamentos do arrendamento que serão efetuados. Esse valor presente deverá ser calculado utilizando a taxa de juros implícita no arrendamento. Posteriormente, esses ativos de direito de usodeverão ser reconhecidos pelo custo, salvo exceção quando o subgrupo de ativos ao qual pertencem (imobilizado, investimentos) forem mensurados pelo valor justo, devendo esses ativos de direito de uso também serem mensurados pelo valor justo, conforme os outros ativos do subgrupo. Além disso, assim como demais ativos do subgrupo imobilizado ou investimentos, esses ativos de direito de uso deverão ser depreciados, de acordo com os requisitos determinados pelo CPC 27- Ativo Imobilizado. Em relação aos passivos de arrendamento, após a mensuração e reconhecimento inicial, estes deverão ser mensurados de forma que os juros sobre eles sejam reconhecidos aumentando seu valor contábil e os pagamentos realizados reduzam o valor contábil desses passivos de arrendamento. Exemplo de contabilização de um arrendamento: Vamos imaginar uma companhia que efetue um contrato de uso de uma máquina durante cinco anos. Os pagamentos serão feitos ao final de cada ano, pelo valor de $ 30.000, e, ao final do contrato, caso a companhia queira adquirir a máquina, precisa pagar mais $ 8.000, ou seja, esse é o valor da opção de compra do contrato. A taxa de juros contratual é de 8% ao ano. Se calcularmos o valor presente das prestações mais o valor da opção de compra (utilizando as fórmulas da matemática financeira), chegamos ao valor de $ 125.225,97, que representa, no momento da contratação, o valor presente da obrigação do arrendatário a ser registrado no passivo em contrapartida ao ativo. Esse ativo, que na versão anterior da norma de arrendamento era tratado como ativo imobilizado, atualmente, é segregado em uma conta denominada “ativo de direito de uso”, porém, passível de depreciação de forma semelhante às contas do ativo imobilizado. Logo, o valor presente é registrado no ativo em contrapartida ao passivo. Posteriormente, o ativo será depreciado, em princípio, pelo tempo do contrato, a menos que a empresa já tenha clara a intenção de ficar com o bem, e a vida útil deste seja superior à do contrato. No exemplo, vamos considerar a depreciação com base no tempo do contrato. Já o passivo vai sendo contabilizado como um passivo financeiro, mediante a apropriação de despesa de juros e pagamento das prestações. No Quadro 1, a seguir, demonstramos os cálculos da evolução do passivo Contabilidade Avançada 18 ao longo do tempo, já assumindo o pagamento da opção de compra ao final do quinto ano. Período Pagamento anual Despesa de juros Redução da dívida Dívida do arrendamento 0 125.225,97 1 30.000,00 10.018,08 19.981,92 105.244,05 2 30.000,00 8.419,52 21.580,48 83.663,57 3 30.000,00 6.693,09 23.306,91 60.356,66 4 30.000,00 4.828,53 25.171,47 35.185,19 5 38.000,00 2.814,81 35.185,19 - Total 158.000,00 32.774,03 125.225,97 - Quadro 1: Os cálculos da evolução do passivo ao longo do tempo. Fonte: Adaptado de Salotti (2019 p.237). Desse modo, com base nesses dados e cálculos apresentados, podemos elaborar os razonetes a seguir, que sintetizam a contabilização da operação como um todo. Não demonstraremos a abertura do passivo em curto e longo prazo para fins de simplificação do exemplo. Direito de uso (in) 125.225,97 (in) 32.774,03 0,00 Passivo arrendamento (1c) 30.000,00 (2c) 30.000,00 (3c) 30.000,00 (4c) 30.000,00 (5c) 30.000,00 (6) 8.000,00 158.000,00 (in) 8.000,00 0,00 Depr. acumulada 23.445,19 (1a) 23.445,19 (2a) 23.445,19 (3a) 23.445,19 (4a) 23.445,19 (5a) 117.225,97 Juros a apropriar 10.018,08 (1b) 8.419,52 (2b) 6.693,09 (3b) 4.828,53 (4b) 2.814,81 (5b) Figura 7: Razonetes sintetizando a operação. Fonte: Adaptado de Salotti, (2019, p.237). Contabilidade Avançada 19 Caixa xxxxxx Desp. depreciação (1a) 23.445,19 (2a) 23.445,19 (3a) 23.445,19 (4a) 23.445,19 (5a) 23.445,19 117.225,97 (1b) 10.018,08 (2b) 8.419,52 (3b) 6.693,09 (4b) 4.828,53 (5b) 2.814,81 32.774,03 30.000,00 (1c) 30.000,00 (2c) 30.000,00 (3c) 30.000,00 (4c) 30.000,00 (5c) 8.000,00 (6) Desp. juros Figura 8: Razonetes sintetizando a operação. Fonte: Adaptado de Salotti (2019, p.237). É possível, ainda, perceber que, ao adquirir o ativo, faria sentido que a empresa transferisse o ativo da conta “direito de uso” para a conta “máquinas”, uma vez que, a partir desse momento, o ativo pertence juridicamente à empresa. No resultado, após a data de início do arrendamento, o arrendatário deverá reconhecer os juros sobre o passivo de arrendamento, bem como os pagamentos variáveis não incluídos na mensuração inicial do passivo de arrendamento. O arrendatário deve divulgar, no Balanço Patrimonial ou em notas explicativas, os ativos de direito de uso separados de outros ativos, e os passivos de arrendamento separados dos outros passivos. Já na demonstração do resultado e de outros resultados abrangentes, o arrendatário deve apresentar separadamente as despesas de juros sobre o passivo de arrendamento dos encargos de depreciação para o ativo de direito de uso (arrendamento). Já as despesas de juros sobre o passivo de arrendamento devem ser apresentadas como parte das despesas financeiras. Em relação à demonstração dos fluxos de caixa, o arrendatário deverá classificar como atividades de financiamento os pagamentos do principal, relacionados aos arrendamentos. “O objetivo da divulgação é que os arrendatários divulguem informações nas notas explicativas que, juntamente com as informações fornecidas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado e na demonstração dos fluxos de caixa, forneçam uma base para os usuários de demonstrações contábeis avaliarem o efeito que os arrendamentos têm sobre a posição financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa do arrendatário”. (CPC 06, 2017) Contabilidade Avançada 20 Os arrendatários deverão divulgar informações sobre seus arrendamentos em uma única nota explicativa ou em seção separada em suas demonstrações contábeis. Deverão ser divulgados encargos de depreciação, juros sobre passivos, despesas referentes arrendamentos de curto prazo e de baixo valor, despesas variáveis não incluídas na mensuração dos passivos, receitas decorrentes de subarrendamento, adições de ativos de direito de uso, ganhos ou perdas relacionados a transações de venda e retroarrendamento e valor contábil dos ativos de direito de uso ao final do exercício. 2.2 Arrendador O arrendador é a empresa que fornece o direito de usar o ativo subjacente por um período em troca de contraprestação. O arrendador deverá classificar seus arrendamentos como operacional ou financeiro. O arrendamento financeiro ocorre quando são transferidos ao arrendatário todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo arrendado. O arrendamento operacional é aquele em que não há essa transferência de riscos da propriedade do ativo arrendado ao arrendatário. Figura 9: Arrendamento financeiro. Fonte: Dreamstime. A classificação do contrato como arrendamento financeiro ou operacional dependerá da essência do mesmo, ou seja, ainda que o contrato afirme tratar-se de um arrendamento operacional, mas percebe-se que o contrato transfere riscos e benefícios da propriedade do ativo arrendado ao arrendatário, o arrendador deve reconhecer o contrato como ativo financeiro. Isso ocorre, por exemplo, quando a propriedade do ativo Contabilidade Avançada 21 é transferida ao arrendatário no final do contrato, ou quando o prazo de arrendamento é equivalente à maior parte da vida útil do ativo arrendado. “A política de depreciação para ativos subjacentes depreciáveis sujeitos a arrendamentos operacionais deve ser consistente com a política de depreciação normal do arrendador para ativos similares”. (CPC06, 2017) Os arrendamentos financeiros deverão ser reconhecidos pelo arrendador em seu balanço patrimonial os ativos arrendados e deve apresentá- los como recebível ao valor equivalente ao investimento líquido no arrendamento. Para isso, o arrendador deverá utilizar a taxa de juros implícita no contrato. Posteriormente, o arrendador deve reconhecer a receita financeira que corresponde ao retorno correspondente à taxa de juros sobre o valor líquido do arrendamento. Já no caso de arrendamentos operacionais, o arrendador deve reconhecer os recebimentos de arrendamento como receitas pelo método linear ou de acordo com outra base sistemática, caso represente melhor. Custos como a depreciação deverão ser reconhecidos como despesas quando incorridos na realização da receita de arrendamento. “O objetivo da divulgação é que os arrendadores divulguem informações nas notas explicativas que, juntamente com as informações fornecidas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado e na demonstração dos fluxos de caixa, forneçam uma base para os usuários das demonstrações contábeis avaliarem o efeito que os arrendamentos têm sobre a posição financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa do arrendador”. (CPC 06, 2017) No caso de arrendamentos financeiros, o arrendador deve divulgar o resultado na venda, a receita financeira sobre o investimento líquido no arrendamento e a receita referente a recebimentos variáveis de arrendamento não incluída na mensuração do investimento líquido no arrendamento. Já para os arrendamentos operacionais, o arrendador deverá divulgar a receita de arrendamento. E assim estudamos a contabilização de ativos intangíveis, bem como seu reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação. Vimos, também, as operações de arrendamento e como elas devem ser contabilizadas. Primeiramente apresentamos os ativos intangíveis, suas características e alguns exemplos. Abordamos, ainda, os critérios para reconhecimento e Contabilidade Avançada 22 mensuração. Além disso, discutimos os ativos intangíveis adquiridos e os gerados internamente também os gastos com pesquisa, desenvolvimento e quais podem ser classificados como ativos intangíveis ou não. Por fim, estudamos os arrendamentos e as principais alterações ocorridas na contabilização desses ativos a partir de janeiro de 2019. Ao final, aprendemos sobre o reconhecimento e mensuração do ponto de vista do arrendatário e do arrendador. Referências CPC. Pronunciamento Técnico CPC 04: Ativo Intangível. CPC, 2010. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/187_CPC_04_ R1_rev%2014.pdf Acesso em: 28 nov. 2020. CPC. Pronunciamento Técnico CPC 06: Arrendamentos. CPC, 2010. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/533_CPC_06_ R2_rev%2016.pdf Acesso em: 30 nov. 2020. IFRS. Análise de efeitos Padrão de Relatório Financeiro Internacional. Disponível em: http://archive.ifrs.org/Current-Projects/IASB-Projects/ Leases/Documents/IFRS_16_effects_analysis.pdf Acesso em: 11 dez. 2020. SALOTTI, B. M. et al. Contabilidade financeira. São Paulo: Atlas, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788597022476/. Acesso em: 30 nov. 2020. VICECONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. [Minha Biblioteca] Contabilidade Avançada 23 http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/187_CPC_04_R1_rev%2014.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/187_CPC_04_R1_rev%2014.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/533_CPC_06_R2_rev%2016.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/533_CPC_06_R2_rev%2016.pdf http://archive.ifrs.org/Current-Projects/IASB-Projects/Leases/Documents/IFRS_16_effects_analysis.pdf http://archive.ifrs.org/Current-Projects/IASB-Projects/Leases/Documents/IFRS_16_effects_analysis.pdf https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597022476/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597022476/ Ativo Intangível e Arrendamentos Para Início de Conversa... Objetivos 1. Ativo Intangível 1.1 Reconhecimento e Mensuração 1.2 Vida Útil 1.3 Divulgação 2. Arrendamentos 2.1 Alterações na Contabilização de Arrendamentos a Partir de 2019 2.2 Arrendatário 2.2 Arrendador Referências
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