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Contabilidade Internacional 1ª edição 2018 Contabilidade Internacional 2 3 Unidade 2 Demonstrações Contábeis Para iniciar seus estudos O que seria do mundo sem a Contabilidade? Para entender mais sobre essa questão, que tal associar o nosso cotidiano às operações financeiras, quando: • pagamos nossas contas; • recebemos nosso salário; • investimos nosso dinheiro em aplicações; • compramos um imóvel. A partir das operações cotidianas, podemos consolidar essas informações nas chamadas demonstrações contábeis. Mas, afinal de contas, o que são demonstrações contábeis e qual o seu propósito para as organizações? Com o passar do tempo, a Contabilidade realizou grande progresso em infor- mações por meio das suas demonstrações. Estas, por sua vez, representam o resumo de todas essas informações contábeis de forma consolidada ou indi- vidual com o objetivo de reunir as informações descritas por meio das normas internacionais de contabilidade, que realizaram a consolidação de todos os dados por meio de diversas diretrizes no sentido de adequar a organização con- tábil mundial a tais mudanças. Dessa forma, esperamos que a adoção das nor- mas internacionais possa contribuir para a maior transparência e qualidade das informações reportadas pelas empresas no âmbito nacional e internacional. Vamos explorar esses conceitos a partir de agora. Você está pronto para esse desafio? Desejamos que sim. Um ótimo estudo para você! Objetivos de Aprendizagem • Apresentação das demonstrações contábeis. 4 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 2.1 Objetivo e finalidade das demonstrações contábeis Ao longo do desenvolvimento das organizações, e com o crescimento acentuado do mercado americano, a Con- tabilidade passou a reconhecer uma metodologia baseada em entregar informações consolidadas e com a capa- cidade de fornecer informações úteis para a tomada de decisão gerencial numa linguagem universal. Diante dessa nova roupagem e com o mercado em forte expansão, a finalidade das demonstrações é unificar as infor- mações globais, facilitando o entendimento dos dados divulgados a todos os usuários. A adesão às normas internacionais de contabilidade pelas entidades está ligada às realizações econômicas e financeiras em que os investimentos globalizados reportam para as instituições. Essa é a forma de manter uma linguagem universal para os investidores e demonstrar confiabilidade das informações apresentadas. Figura 2.1: Análise das demonstrações contábeis Uma pessoa analisando um demonstrativo contábil – balanço patrimonial. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Dentro do processo de convergência com o IFRS, e para se adequar às exigências regulatórias, o Brasil adota a versão dos pronunciamentos emitida pelo IASB ou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), sendo eles os reguladores que definem as mudanças e a data de vigência das transições. Entende-se que, quanto maior a transparência, clareza e compreensibilidade das informações financeiras das empresas, haverá qualidade pri- mordial às boas práticas de governança corporativa. O CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações contábeis define os objetivos como sendo: A base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades. Nesse cenário, este pronunciamento estabe- lece requisitos gerais para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo. 5 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis O IAS 1, que vigora desde 1º de janeiro de 2009, estabelece requisitos para apresentação das demonstrações financeiras representando a situação e o desempenho das informações seguindo uma estrutura definida para atender aos usuários. A norma observa que a consolidação de dados (juntamente com informações da gover- nança corporativa) auxilia as demonstrações financeiras a prever os fluxos de caixa futuros e ratifica a ideologia de apresentar dados qualitativos de avaliação de mercado. Carvalho, Lemes e Costa (2005, p. 22) destacam as quatro características qualitativas da informação estabeleci- das no Framework Conceitual do IASB, tornando-as úteis aos usuários. 1. Prontamente compreensível aos usuários. 2. Relevante aos usuários para a tomada de decisão. 3. Confiável, sendo essa característica expressa por demonstrações: 3.1. que representem inicialmente as transações e outros eventos; 3.2. prevaleçam a essência e a realidade econômica sobre a forma legal; 3.3. que sejam neutras, isto é, livres de viés; 3.4. resultem do exercício da prudência, considerando incertezas inevitáveis; 3.5. que sejam completas dentro dos limites de materialidade e custo. 4. Comparável com a informação fornecida pela entidade em seus relatórios contábeis ao longo do tempo e em relação a outras empresas. Contudo, as normas orientam a formulação de uma estrutura base para elaboração das demonstrações contá- beis; no entanto, essa estrutura em modelagem não significa que a organização não possa fazer modificações que atendam às necessidades dos usuários da informação interna e externa. De uma forma geral, o conjunto das demonstrações deve conter como base cada uma das demonstrações evidenciadas como necessárias, além do complemento das notas explicativas e dados comparativos, caso sejam aplicáveis ao processo decisório ou regu- lamentadas pela Lei nº 11.638/07 (Lei das Sociedades Anônimas) ou por meio de normatização para instituições financeiras. É possível, portanto, elaborar dados que atendam às características de liquidez dos itens patrimo- niais, conseguindo influenciar o espaço abrangente e sendo uma referência identificada por meio do IAS 1. Entre as mudanças ocorridas na aplicação das IFRS em 2018, este artigo auxilia a obten- ção de uma visão complementar das principais alterações em suas diversas perspectivas de reconhecimento e mensuração. Conferir: <https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/ auditoria/2017/F221_Tempos_de_mudanca_17.pdf>. https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/auditoria/2017/F221_Tempos_de_mudanca_17.pdf https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/auditoria/2017/F221_Tempos_de_mudanca_17.pdf 6 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 2.2 Estrutura das demonstrações contábeis O IAS 1 demanda que pelo menos anualmente o conjunto completo das demonstrações contábeis, incluindo informações comparativas, seja apresentado. Ainda assim, quando há necessidade de alteração de informações contábeis, como, por exemplo, informações de correção do balanço patrimonial, seja realizada a divulgação do período abrangente à correção juntamente com as informações do exercício apresentado. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: a. uma demonstração do balanço patrimonial com posição na data de encerramento do período e a do período anterior; b. uma demonstração do resultado com data de encerramento do período abrangente e a do período anterior; c. uma demonstração das mutações do patrimônio líquido do período abrangente e as movimentações ocorridas entre o ano anterior e a data-base de encerramento do PL; d. uma demonstração do valor adicionado se exigida legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente. (Essa demonstração é apenas requerida pelo CPC 26); e. uma demonstração dos fluxos de caixa para o período e a do período anterior; f. notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informa- ções descritivas como relevantes; e, g. informações comparativas do período anterior. Nessa estrutura, as informações precisam assumir uma disposição considerando uma base metodológica ado- tada pelas normas internacionais de contabilidade. Tal assimetria de informações fornecida aos usuários visa dirimir possíveis questionamentosentre as inconsistências anteriormente apresentadas, muitas vezes provoca- das por diferenças de normatização contábil entre os países e que influenciavam ou prejudicavam as decisões de investidores e outros tomadores de decisões. Com uma economia globalizada, as informações contábeis das empresas são analisadas por diferentes usuários, nos mais diversos locais do mundo. As características que dife- rem os investidores estão baseadas na política de maximizar ou reduzir as diferenças nas informações merca- dológicas em relação aos dados que são negociados juntamente com os investidores, refletindo ou provocando mudanças de gestão organizacional. No contexto das instituições financeiras brasileiras, o Banco Central do Brasil, por meio do Comunicado nº 14.259, de 10 de março de 2006, deliberou sobre a obrigatoriedade de convergência das normas aplicáveis às instituições financeiras no Brasil até 2010. Uma entidade pode usar títulos diferentes dos usados pela IAS 1 para suas diversas demonstrações contábeis. De uma forma geral, a aplicação das normas internacionais de contabilidade deve atender a todos os usuários das informações, contribuindo para o desenvolvimento das organizações, sendo elas pequenas, médias ou gran- des empresas. A introdução a todas as entidades desperta o interesse de investidores em quaisquer negócios, sendo ele um possível investidor. A seguir, elencamos um quadro comparativo. 7 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis Quadro 2.1: Quadro comparativo de demonstrações Demonstração Contábil PMEs Empresas em Geral SA de Capital Aberto Balanço Patrimonial Obrigatório Obrigatório Obrigatório Demonstração do Resultado do Exercício Obrigatória Obrigatória Obrigatória Demonstração do Resultado Abrangente Pode ser substituída pela DLPA Obrigatória Obrigatória Demonstração de Lucros (Prejuízos) Acumulados Facultativa Pode ser substituída pela DMPL Pode ser substituída pela DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Pode ser substituída pela DLPA Obrigatória Obrigatória Demonstração dos Fluxos de Caixa Obrigatória Obrigatória Obrigatória Demonstração do Valor Adicionado Facultativa Facultativa Obrigatória Notas Explicativas Obrigatórias Obrigatórias Obrigatórias Fonte: Adaptado de Ernst & Young – Manual das Normas Internacionais (2010). O CPC foi idealizado a partir da união das seguintes entidades: ABRASCA, APIMEC NACIO- NAL, BOVESPA, CFC, FIPECAFI E IBRACON. 8 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 2.3 Componentes das demonstrações contábeis Diante das estruturas apresentadas pela aplicação e o conceito do IAS 1, as características financeiras de uma organização são diretamente modificadas pelos recursos econômicos que controlam e pela sua capacidade de adaptar as alterações que estão ligadas diretamente ao impacto do negócio. Para avaliar as posições adotadas nessas modificações, é necessário que as informações contábeis apresentadas, e consequentemente as de com- petência do balanço patrimonial, tenham sido definidas com base nos conceitos e critérios estabelecidos. Os elementos presentes do reconhecimento de ativos, passivos e capital próprio podem ser classificados como sendo: a. ATIVOS Conceitos: os processos requisitados pelas organizações precisam estar alinhados como base nos even- tos que irão modificar os cenários futuros. Critérios de reconhecimento: prováveis benefícios econômicos futuros para a entidade. O ativo tem um custo ou valor que possa ser determinado com confiabilidade. b. PASSIVOS Conceitos: os encargos que são reflexos dos eventos passados, dos quais se espera uma liquidação e consequentemente uma saída desse recurso. Critérios de reconhecimento: é possível que os desembolsos de recursos que resultem em liquidação estejam contabilizados a valor presente e que seu pagamento possa ser mensurado de forma transparente. c. CAPITAL PRÓPRIO Conceitos: o saldo residual dos ativos da entidade após a compensação de todos os seus passivos. Critérios de reconhecimento: consiste em padrões de reconhecimento de ativos, passivos e custos. Ainda assim, a classificação e a definição de ativos e passivos são aplicadas com base no método de normas internacionais e suas propriedades definidas com base no IAS 1. Assim sendo, a sua apresentação deve consi- derar o fluxo de liquidez dos dados coletados. Cada informação apresentada nas demonstrações financeiras é resultante do que propõe uma classificação definida pela linguagem universal seguida pelos órgãos fiscalizados. É importante considerar que as empresas que adotam a metodologia de contabilização das normais interna- cionais de contabilidade apresentam grande vantagem competitiva no mercado nacional e principalmente internacional, visando às novas oportunidades de aderência de grandes investidores estrangeiros. Ademais, tais empresas apresentam uma elevada qualidade de informação, transparência nos dados coletados, efeito de com- parabilidade e contribuem significativamente para a redução do risco do investimento e o custo de capital. Diante de novos cenários de mercado, as pequenas e médias empresas também necessita- ram adotar as normais internacionais de contabilidade. Você acha que essa adaptação foi fácil? Vale salientar que as informações que demonstram as modificações ocorridas podem ser acessadas no CPC 26 e CPC – PMEs. 9 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 2.3.1 Balanço patrimonial Essa demonstração é considerada pelos especialistas como o “pulmão” das entidades e apresenta em sua carac- terística a situação financeira e patrimonial das organizações. Segundo o IAS 1 o modelo apresentado como balanço patrimonial, não determina especificamente como essa demonstração deve apresentar-se em seu relatório. No entanto, exige que os ativos e passivos sejam classifi- cados correspondendo ao índice de liquidez, sendo correntes (até um ano para a realização financeira) e não correntes (realização superior a um ano e ativos fixos). Adicionalmente, o CPC 26 (R1) informa que o balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, os seguintes itens: a. caixa e equivalentes de caixa; b. clientes e outros recebíveis; c. estoques; d. ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); CPC_26_R1. e. total de ativos classificados como disponíveis para venda e ativos à disposição para venda de acordo com o CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; f. ativos biológicos; g. ativos biológicos dentro do alcance do CPC 29 (Alterada pela Revisão CPC 08); h. investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; i. propriedades para investimento; j. imobilizado; k. intangível; l. contas a pagar comerciais e outras; m. provisões; n. obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”); o. obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro; p. impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamento Técnico CPC 32; q. obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31; r. participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; s. capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade. Os pronunciamentos técnicos não determinam o modelo a ser utilizado pelas organizações, S.A. ou PMEs na aplicação do balanço patrimonial. Entretanto, eles devem seguir legalmente algumas características que são aplicáveis às boas práticas, tais como: 10 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis a. a classificação de contas patrimoniais deve atender aos critérios estabelecidos de natureza, função e tamanho ou até mesmo por meio de uma identificação de itens análogos que estejam dispostos de forma individualizada paraque a compreensão da posição financeira seja evidenciada; b. a terminologia de contas e o seu ordenamento de classificação estão vinculados à associação de informa- ções afins que podem sofrer alterações conforme a natureza e as transações de cada entidade. O maior objetivo dessa classificação é abastecer os usuários de dados financeiros relevantes para gerenciamento das informações econômicas financeiras. Ainda assim, as instituições financeiras, no sentido de atender ao público ao qual se destinam, podem, por exemplo, modificar a terminologia utilizada na estrutura das demonstrações contábeis, de forma a não alterar o sentido das informações, mas sua contextualização na aplicação diante do seu negócio. Tabela 2.1: Modelo de balanço patrimonial Balanço Patrimonial Encerrado em X1 ATIVO X1 X0 PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO X1 X0 Ativo Circulante Passivo Circulante Disponível Fornecedores Clientes Contas a Pagar Estoques Passivo Não Circulante Créditos Patrimônio Líquido Ativo Não Circulante Capital Social Realizável a Longo Prazo (-) Gastos c/ Emissão de Ações Investimento Reservas de Capital Imobilizado Reservas de Lucros Intangível (-) Ações em Tesouraria Ajustes Avaliação Patrimonial Lucros (Prejuízos) Acumulados (*) Fonte: Adaptada de CPC 26 (2011). 11 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 2.3.2 Demonstração do resultado As entidades apresentam seus resultados formados pelos grupos de receitas e despesa, sendo que: as receitas são os fatos que permitem variações positivas no patrimônio e as despesas são os fatos que permitem variações negativas no patrimônio da organização. Segundo o IAS 1, todos os dados relacionados ao resultado devem constar nesse relatório demonstrativo, sendo eles reconhecidos no período executado ou interpretados de forma diferente atendendo a outras IAS com algu- mas variações específicas, como, por exemplo, o resultado de reavaliação do ativo descrito no IAS 16, os ativos financeiros disponíveis descritos no IAS 39 e a conversão de informações de investimento no exterior conside- radas no IAS 21. A entidade pode apresentar a demonstração do resultado como uma demonstração separada. Nesse caso, a demonstração separada do resultado do período precederá imediatamente à demonstração que apresenta o resultado abrangente, que se inicia com o resultado do período. As instituições financeiras possuem características diferentes ao exibir essa demonstração, uma vez que apre- sentam informações baseadas na determinação descrita na normativa do Banco Central do Brasil, na qual a enti- dade deve optar por analisar a natureza das despesas e sua classificação deve atender aos aspectos funcionais mais confiáveis e úteis para a tomada de decisão gerencial. Tabela 2.2: Modelo de demonstração de resultado Demonstração do Resultado do Exercício findo em X1 X1 X0 Receita Bruta (Vendas ou Serviços) (-) Deduções da Receita Bruta (=) Receita Líquida (-) Custo das Mercadorias, Produtos ou Serviços (=) Lucro Bruto (-) Despesas (Gerais; Administrativas; Vendas); (+/-) Receitas (Despesas) com Investimentos, Pessoas Ligadas (+/-) Outras Receitas ou Despesas (=) Resultado antes das Receitas e Despesas Financeiras (+/-) Receitas e Despesas Financeiras (=) Resultado antes do Tributos s/ Lucros (-) Despesas com tributos sobre os Lucros (=) Resultado Líquido das Operações Continuadas (+/-) Vendas/Custos (Vendas de itens do não circulantes) Resultado de Operações Descontinuadas (=) Resultado Líquido do Período Fonte: Adaptada de CPC 26 (2011). 12 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis Outra característica que pode ser apurada por meio da DRE é a extração do EBTIDA (earning before interest, taxes, depreciation and amortization). Essa demonstração pode evidenciar os pagamentos de juros, impostos, deprecia- ção e é uma demonstração que pode ser informada para aproximar-se ao caixa gerado pela atividade operacio- nal do negócio. Vale ressaltar que esse relatório é muito apreciado pelos investidores estrangeiros, uma vez que estão sempre atentos ao lucro líquido gerado pela operação e pela verificação/identificação da capacidade de pagamentos das organizações. 2.3.3 Demonstrações do valor adicionado Em 2007, a IAS 1 passou por uma revisão na qual foi solicitada a apresentação de uma DVA. No entanto, a abor- dagem dessa demonstração pode ocorrer preferencialmente diante de aspectos de previsibilidade e dos possí- veis resultados futuros a serem obtidos. Em caso de apresentação dessa demonstração, é imprescindível que sua estrutura de composição apresente em seu corpo informações que demonstrem sua materialidade e natureza das funções. Diante dessa ocorrência, qualquer organização tem a opção de demonstrá-la de forma separada ou conjuntamente com as demonstra- ções do patrimônio líquido. Tabela 2.3: Modelo de demonstração do valor adicionado Descrição X1 X0 1. RECEITAS 1.1. Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2. Outras receitas 2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (incluem os valores dos impostos - ICMS, IPI, PIS e COFINS) 2.1. Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviçõs vendidos 2.2. Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4. DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5. VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6. VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1. Resultado de equivalência patrimonial 6.2. Receitas financeiras 6.3. Outras 7. VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 13 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 8. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*) 8.1. Pessoal 8.2. Impostos, taxas e contribuições 8.3. Remuneração de capitais de terceiros 8.4. Remuneração de capitais próprios Fonte: Adaptada de CPC 26 (2011). Segundo o CPC 09 (2008), que evidencia as características de riqueza criadas por esses demonstrativos, os meses devem conter: a. pessoal e encargos; b. impostos, taxas e contribuições; c. juros e aluguéis; d. juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; e. lucros retidos/prejuízos do exercício. 2.3.4 Demonstrações das mutações do patrimônio líquido Esta demonstração tem como princípio evidenciar a destinação do resultado do exercício. Cabe a ela, também, manter os históricos de movimentações ocorridas no capital das organizações, bem como as reservas legais e as reservas relacionadas ao lucro, evidenciando as mudanças ocorridas no PL durante o período. A DMPL evidencia as movimentações do patrimônio líquido, considerando os seguintes itens: I. Os demonstrativos do resultado do período e/ou outros resultados abrangentes, que podem ser apresen- tados separadamente entre itens de controladas e de controladores; II. Os itens elencados como receitas e despesas do período para efeitos de variações; III. A receita e despesa resultantes dos itens I e II, que podem ser apresentadas de forma única ou separada; IV. Para cada componente do patrimônio líquido, há efeitos das alterações nas políticas contábeis e corre- ções de erros reconhecidos de acordo com o IAS 8. Fique atento a todas as informações ao longo da disciplina, pois você irá precisar delas para resolver o seu desafio. 14 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis Tabela 2.4: Modelo de demonstração das mutações do patrimônio líquido DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Integralizado Reserva de Capital Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados Outros Resultados Abrangentes Patrimônio Líquido Consolidado Saldos Iniciais X 0 Aumento de Capital Ações em Tesouraria Adquiridas Dividendos Transações de Capital com os Sócios Ajustes de Instrumentos Financeiros Equiv. Patrim. s/ Ganhos Abrang. de Coligadas Outros Resultados Abrangentes Ajustes de Instrum. Financ. Reclassificado p/ Resultado Realização da Reserva Reclassificações de Resultados Abrangentes Lucro Líquido do PeríodoConstituição de Reservas Saldos Finais X1 Fonte: Adaptada de CPC 26 (2011). 15 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis 2.3.5 Fluxo de caixa O fluxo de caixa é o demonstrativo capaz de refletir as operações das disponibilidades em seus efeitos e suas movimentações em determinado período. No CPC 26, o fluxo de caixa é a metodologia utilizada para avaliação da geração de caixa e equivalência de caixa, e sua necessidade de realizações desses ativos de liquidez imediata. Nesse demonstrativo, é possível segregar os fluxos de entrada e saída de caixa em três grupos: os derivados das atividades operacionais, das atividades de investimento e das atividades de financiamento, sendo ele no formato direto ou indireto. O objetivo da DFC é evidenciar os seguintes aspectos: • A capacidade da empresa em gerar fluxos de caixa operacionais de forma positiva; • A capacidade em atender às necessidades de investimento das entidades; • A habilidade da empresa honrar com os compromissos e seus dividendos perante os sócios. Tabela 2.5: Modelo de demonstração de fluxo de caixa Demonstração dos fluxos de caixa pelo método indireto (item 18b) Fluxos de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do IR e CSLL Ajustes por: Depreciação Perda Cambial Resultado de equivalência patrimonial Despesas de juros Aumento nas contas a receber de clientes e outros Diminuição nos estoques Diminuição nas contas a pagar - fornecedores Caixa gerado pelas operações Juros pagos Imposto de renda e contribuição social pagos Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição (Nota A) Compra de ativo imobilizado (Nota B) Recebimento pela venda de equipamento Juros recebidos Dividendos recebidos Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento Fluxo de caixa das atividades de financimento Recebimento pela emissão de ações Recebimento por empréstimos a longo prazo Pagamento de passivo por arrendamento Dividendos pagos (a) Caixa líquido consumido pelas atividades de financimento Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) 3.350 450 40 (500) 400 3.740 (500) 1.050 (1.740) 2.550 (270) (800) (100) (550) (350) 20 200 200 250 250 (90) (1.200) 20x2 $1.380 $(480) $(790) $110 $120 $230 Fonte: Adaptada de CPC 03 (2010). 16 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis A estrutura definida no Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa (2010) determina as características para o formato no qual devem constar as informações, oriundas dos fluxos de caixas, sendo ele de forma direta ou indireta. 2.3.6 Notas explicativas São parte integrante das demonstrações contábeis e são obrigadas a divulgar dados não monetários que possam ser acompanhados de forma complementar aos dados monetários (demonstrações contábeis). O IAS 1 trata da forma de apresentação das notas explicativas como sendo a relação de apresentação de diretrizes e evidenciação de itens específicos descritivos das organizações. Nesse contexto, essa apresentação deve deter- minar uma base de mensuração sobre as políticas contábeis adotadas para a elaboração das demonstrações contábeis e os possíveis impactos que estimativas de incertezas podem gerar na avaliação dos ativos e passivos. Os critérios que podem ser apresentados como quadros analíticos podem ser: • a avalição de estoque; • a depreciação; • a composição do capital social e os tipos de ações e ajustes efetuados nos exercícios; • o provisionamento para créditos de liquidação duvidosa; • o detalhamento das obrigações em longo prazo que podem gerar incertezas em momento futuro. Eventualmente, as notas explicativas também podem ser apresentadas por meio de gráficos. 2.3.7 Informações comparativas Conforme descrito no item 38 do CPC 26 (R1), as organizações devem demonstrar as informações contendo no mínimo dois balanços patrimoniais (ano atual e ano anterior), duas demonstrações do resultado e do resultado abrangente, duas demonstrações do resultado (se apresentadas separadamente), duas demonstrações dos flu- xos de caixa, duas demonstrações das mutações do patrimônio líquido e duas demonstrações do valor adicio- nado (se apresentadas), bem como as respectivas notas explicativas. 2.9 IAS 1 X CPC 26 Em conformidade com as instruções que tramitem as orientações para a apresentação das demonstrações contá- beis, temos como base o IAS 1 e o CPC 26, que devem ser compreendidos como técnicas eficientes para prática à consolidação dessas informações de forma homogênea, adotando uma linguagem universal de comparabilidade. Apesar de serem normas bem regulamentadas e concisas em seus conceitos e aplicações, o IAS 1 e o CPC 26 possuem algumas diferenças na classificação de alguns itens. Por exemplo, o CPC 26 utiliza o balanço patrimo- nial determinado pela Lei nº 11.638/07, ao passo que a IAS alterou essa determinação do balanço para demons- tração da posição financeira. Outro questionamento é que o CPC 26 requer obrigatória a apresentação da DVA para companhias abertas; já para a IAS 1, essa demonstração não é exigida. 17 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis Além dos conceitos de comparação entre o CPC e o IAS, a adoção das normas internacionais de contabilidade, quando relacionadas entre as IFRS e as US GAAP, também apresentam classificações um pouco distintas. Os mecanismos de estrutura das organizações financeiras devem estar atentos para a classificação das demonstra- ções e os conceitos podem ser comparados pelas IFRS e US GAAP para fins de apresentação com os seguintes aspectos: • Estrutura e conteúdo a. IFRS: Definida pelo IAS 1 b. US GAAP: Não há pronunciamento definido • Demonstrações comparativas de anos anteriores a. IFRS: Requerido pelas informações apresentadas b. US GAAP: Apresentações de três demonstrações comparativas • Classificação de contas patrimoniais a. IFRS e US GAAP: Devem ser classificados por índice de liquidez Quadro 2.2: Quadro comparativo de Normas Internacionais IFRS US GAAP BR GAAP Balanço Patrimonial Não apresenta um formato específico definido, mas sugere a separação entre ativos e passivos correntes e não correntes. As empresas podem apresentar um balanço patrimonial classificado ou não. Geralmente, por ordem decrescente de liquidez. Ativos e passivos são segregados entre os grupos de circulante e não circulante e serão apresentados em ordem decrescente de liquidez. Demonstração do Resultado Não há um formato padrão, mas os gastos devem ser apresentados ou por função ou por natureza. Receitas e despesas são classificadas em grupos (despesas são apresentadas por função). Similar às IFRS, exceto pelo tratamento de determinados itens como “não-operacionais” e pelas despesas que devem ser apresentadas por função. Fluxo de Caixa Exigem classificação em contas padrão, mas são flexíveis quanto ao conteúdo das contas. Permitem a utilização dos métodos direto ou indireto. Classificação em contas de categorias similares em relação às IFRS. Permitem a utilização dos métodos direto ou indireto. Não exigem apresentação. Se voluntariamente apresentadas, as regras assemelham-se às IFRS. Fonte: Adaptado de Ernst & Young – Manual das Normas Internacionais (2010). https://www.treasy.com.br/blog/como-elaborar-o-orcamento-de-despesas-operacionais-e-gastos-administrativos-para-sua-empresa https://www.treasy.com.br/blog/como-elaborar-o-orcamento-de-despesas-operacionais-e-gastos-administrativos-para-sua-empresa https://www.treasy.com.br/blog/como-elaborar-o-orcamento-de-despesas-operacionais-e-gastos-administrativos-para-sua-empresa https://www.treasy.com.br/blog/como-elaborar-o-orcamento-de-despesas-operacionais-e-gastos-administrativos-para-sua-empresa18 Contabilidade Internacional | Unidade 2 - Demonstrações Contábeis Diante do exposto, no ano de 2005, o pronunciamento original foi alterado pelo Amendment to International Accounting Standard IAS 1 – Capital Disclosures (divulgação de capital), que acrescentou aos fundamentos das exigências técnicas das demonstrações que as informações estruturais apresentadas devem estar pautadas: I. Com base nas finalidades e políticas adotadas no processo gerencial de cada entidade. II. Com base em informações quantitativas e pelas definições de capital adotadas. III. Com base na adoção de demanda de cada organização para cumprimento de demonstrativo de capital, fundamentado até em sua governança corporativa. IV. Com base na penalidade pelo não cumprimento dos itens acima já estabelecidos. 19 Considerações finais Nesta unidade, aprendemos os principais objetivos, finalidades e aplica- ções das apresentações das demonstrações contábeis de acordo com o IAS 1 e o CPC 26. Podemos destacar as seguintes características: • Identificamos a importância da aplicação e os conceitos estrutu- rais sobre as demonstrações contábeis dentro da adoção das nor- mas internacionais de contabilidade. • Elencamos os aspectos mais relevantes e característicos como vantagem competitiva para as entidades que adotam uma lin- guagem universal. • Destacamos a importância de cada demonstração dentro da apresentação do conjunto das informações e as principais carac- terísticas dos dados de avaliações de patrimônio, resultado, valor adicionado, mutações do patrimonial e de fluxo de caixa. • Apresentamos as principais diferenças entre os aspectos para fins de apresentação entre o IAS 1 e o CPC 26. Referências 20 BANCO CENTRAL DO BRASIL. Comunicado nº 14.259 de 10 de março de 2006. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/nor/convergencia/ IAS_01_Apresentacao_das_Demonstracoes_Contabeis.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018. CARVALHO, L. N.; LEMES, S.; COSTA. F. M. da. Contabilidade internacional: aplicação das IFRS 2005. São Paulo: Atlas, 2011. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado. Brasília-DF: 2008. Disponível em: <http://static.cpc. aatb.com.br/Documentos/175_CPC_09.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2018. ______. CPC 03 (R2) – Demonstração de Fluxo de Caixa. Brasília-DF: 2010. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_ CPC_03_R2_rev%2010.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2018. ______. CPC 26 – Apresentações das Demonstrações Contábeis. Bra- sília-DF: 2011. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documen- tos/312_CPC_26_R1_rev%2012.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2018. ERNEST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010. https://www.bcb.gov.br/nor/convergencia/IAS_01_Apresentacao_das_Demonstracoes_Contabeis.pdf https://www.bcb.gov.br/nor/convergencia/IAS_01_Apresentacao_das_Demonstracoes_Contabeis.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/175_CPC_09.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/175_CPC_09.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2010.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2010.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2012.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2012.pdf
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