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FACULDADE DE IMPERTRIZ – FACIMP CURSO DE DIREITO THIAGO MORAIS SOUSA EUTANÁSIA IMPERATRIZ 2011 THIAGO MORAIS SOUSA EUTANÁSIA Artigo apresentado ao curso de Direito da Faculdade de Imperatriz – FACIMP, em cumprimento as exigências para obtenção do grau de bacharel. Orientador: Prof.º Solón dos Anjos Neto. IMPERATRIZ 2011 THIAGO MORAIS SOUSA EUTANÁSIA Artigo apresentado ao curso de Direito da Faculdade de Imperatriz – FACIMP em cumprimento as exigências para obtenção do grau de bacharel. Aprovado pela Banca Examinadora em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Orientador (a) ____________________________________________ (1ª examinadora) ____________________________________________ (2ª examinadora) EUTANÁSIA Thiago Morais Sousa* RESUMO A palavra eutanásia significa "uma boa morte", uma forma de morte misericordiosa em que uma pessoa irá acabar com o sofrimento de algum enfermo que sofra de uma doença incurável que lhe traga muita dor e sofrimento, desde que esta morte seja trazida de uma forma digna e indolor. A eutanásia é proibida em praticamente todos os países do mundo, sendo que nestes quem a pratica sofrerá sanção penal, seja esta pelo crime de homicídio, auxílio ou instigação ao suicídio. No ordenamento jurídico brasileiro, o que consta a respeito deste assunto é apenas um projeto de lei que nunca se quer foi colocado para votação, e enquanto isso fica o empasse jurídico e penal a respeito desse assunto tão polemico. O presente artigo tem como objetivo abranger o tema em questão de uma forma, mas específica, moral e jurídica para que o mesmo seja mais bem compreendido na sua questão moral, social e jurídica. Sendo abordado o seguinte problema: O valor moral da eutanásia, a dignidade de pessoa que sofre a eutanásia, os termos da eutanásia como a mistanásia, a distanásia, a ortotanásia e a própria eutanásia, e as formas como ela é praticada e por fim o crime contra a vida, a instigação ao suicídio, bem como o projeto de lei brasileira que abordaria o tema e as leis dos outros países que regularizam o mesmo tal como a dificuldade de permitir e regulamentar a eutanásia. Sendo que, para alcançar os resultados objetivados por esta pesquisa, utilizou-se o método indutivo, partindo-se de dados bibliográficos, satisfatoriamente averiguados, para chegar a uma verdade real. O presente artigo abordou um avançado estudo do tema em questão, envolvendo todos seus termos, fases e formas de prática, bem como a diferença de cada uma, com o objetivo de trazer uma maior reflexão a todos da gravidade do problema social, a dignidade da pessoa que passa pelo problema, o crime praticado contra a vida e o auxilio para que a mesma acabe com seu sofrimento através de sua morte, trazendo com cautela as informações abordadas com o objetivo de trazer um melhor entendimento ao tema, pois este abrange um extenso leque de informações tanto no ramo tecnológico, médico, social, ético e jurídico o que torna cada vez mais complicada sua solução. Palavras-chave: Eutanásia. Mistanásia. Ortotanásia. Distanásia. Dignidade. RESUMEN La palabra eutanasia significa “una buena muerte”, una forma de muerte misericordiosa en que una persona irá acabar con el sufrimiento de algún enfermo que sufra de una enfermedad incurable que le trae muchos dolores y sufrimiento, desde que esta muerte sea traída de una forma digna y indolora. La eutanasia es prohibida en prácticamente todos los países del mundo, siendo que en estos quienes la practica sufrirá sanción penal, sea esta por el crimen de homicidio, auxilio o instigación al suicidio. En el ordenamiento jurídico brasileño, lo consta a respeto de este asunto es apenas un proyecto de ley que nunca si quiera fue puesto a votación, y mientras eso queda el impase jurídico y penal a respeto de ese asunto tan polémico. El presente artículo tiene como objetivo abarcar el tema en cuestión de * Bacharelando do Curdo de Direito da Faculdade de Imperatriz – FACIMP. una forma más específica, moral y jurídica para que el mismo sea más bien comprendido en su cuestión moral, social y jurídica. Siendo abordado el siguiente problema: el valor moral de la eutanasia, la dignidad de la persona que sufre la eutanasia, los termos de la eutanasia como la mistanasia, a orototanasia y la propia eutanasia, y las formas como ella es practicada y por fin el crimen contra la vida, la instigación al suicidio, bien como el proyecto de ley brasileña que abordaría el tema y las leyes de otros países que regularizan el mismo, tal como la dificultad de permitir y reglamentar la eutanasia. Siendo que, para alcanzar los resultados objetivados por esta pesquisa, se utilizó el método inductivo, partiéndose de datos bibliográficos, satisfactoriamente averiguados, para llegarse a una verdad real. El presente artículo abordó un avanzo estudio del tema en cuestión, incluyendo todos sus termos, fases y formas de práctica, bien como la diferencia de cada una, con el objetivo de traer una mayor reflexión a todos de la gravidad del problema social, y la dignidad de la persona que pasa por el problema, el crimen practicado contra la vida y el auxilio para que la misma acabe con su sufrimiento atreves de su muerte, trayendo un mejor entendimiento al tema, pues este abarca una gran extensión de informaciones tanto en el ramo tecnológico, medico, social, ético y jurídico, el que torna cada vez más complicada su solución. Palabras – clave: Eutanasia. Mistanasia. Ortotanasia. Distanasia. Dignidad. 5 INTRODUÇÃO A tradução da palavra Eutanásia tem como significado básico, “uma boa morte”, ou seja, uma morte causada por outrem de uma forma misericordiosa e que cause o mínimo de dor e desconforto para quem vai morrer. Em tese é uma morte sem nenhuma dor. A eutanásia é um tema de relevante valor moral e social muito discutida, porém pouco aceita em todo o mundo, onde são contados os países que a aceita e permitem sua prática. Sendo nesses países que não a aceitam, quem comete tal ato contra a vida de outrem, é condenado por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar, além de ser apresentado como tese para sua acusação o fato de quem sofre a eutanásia na maioria dos casos se encontra enfermo em estado gravíssimo de sua doença, não tendo nenhuma defesa, e nos casos conseguir no mínimo falar para se manifestar a respeito do que quer ou não para sua vida ou morte, em decorrência do estado avançado de sua moléstia, dores insuportáveis sem contar com a certeza de que no estado em que se encontra não existe nenhuma possibilidade de cura, apenas o que lhe resta é esperar que chegue o dia em que seu sofrimento terá um fim, tudo o que esta pessoa que se encontra enfermo nestas circunstâncias deseja é que seu sofrimento acabe o mas rápido possível, e sem sombra de dúvida aceitará sem pensar duas vezes que seja praticado o ato de eutanásia contra sua vida como forma misericordiosa e digna para terminar com o seu sofrimento e antecipar o inadiável. Também não podemos deixar de citar os casos em que ocorrem os chamados “milagres”, como o caso do médico na França que praticou ato de eutanásia contra sua filha, pois não aguentava mas vê-la sofrer de tal doença, e no enterro de sua filha recebeu uma ligação de um colega informando a ele que o tratamento contra a doença dela teria sido descoberto, se o mesmo estivesse esperado alguns dias teria uma oportunidade de passar mas tempo com sua filha, ou não, ninguém sabe o dia de amanhã, sendo assim a única coisa que se passava na cabeça daquele pai era não ver mais todo aquele sofrimento no rosto de suafilha. Também não podemos deixar de citar o caso do bombeiro nos Estados Unidos que depois de vinte anos em estado de coma onde ninguém mais tinha esperança alguma de que este voltasse, nem mesmo sua família esperava que ele melhorasse, 6 o mesmo inesperadamente num certo dia acordou, pegou o telefone ao lado de sua cama e ligou para sua casa. Esses e muitos outros casos nos levam a pensar, e se a família deste bombeiro tivesse permitido que seus aparelhos fossem desligados quando ele precisava deles? Essas e muitas outras dúvidas nos deixam apenas no “e se”, pois da mesma forma que ele voltou, poderia não ter voltado. Fatos como estes tornam cada vez maior a discursão a respeito deste tema e aumentam cada vez mais a dificuldade de qualquer resolução do mesmo, pois o que está em jogo não é qualquer coisa, e sim o maior bem que a humanidade pode ter que é o bem a vida. Não deixando de citar também outra questão grave a respeito do tema que é como que será dado o golpe final contra a vida do enfermo, quais serão os motivos que a família ou responsável pelo mesmo terá para lhe dar a “tão solidária morte digna”, se sua vida será tirada realmente para benefício de quem está sofrendo com sua doença ou mau incurável, ou será para benefício de quem está próximo ao doente, seja com uma aposentadoria, herança, ou até mesmo um seguro de vida. Essas e muitas outras questões envolvem, e torna este um problema cada vez, mas discutido e cada vez menos solucionado no mundo. O presente trabalho visa abordar todos os meios a respeito da eutanásia, citando exemplos de todas as suas formas, tipos, relevância social e aspectos jurídicos e morais a respeito do tema em questão usando o meio metodológico hipotético dedutivo, que parte de dados particulares para adquirir uma verdade global do tema em questão. 2 BREVE HISTÓRICO DA EUTANÁSIA Desde os tempos mais remotos da humanidade, a eutanásias é praticada, mesmo muito antes de ser chamada de eutanásia, e até mesmo antes que a humanidade tivesse qualquer ideia da gravidade deste problema, pois nos tempos mas remotos da humanidade, este ato era praticado apenas como uma solução de um problema, pois a medicina no passado era pobre em recursos e medicamentos e não trazia outra forma para acabar com o sofrimento de um paciente em estado grave que não fosse a prática do ato que acabasse com sua vida, a eutanásia. 7 Para darmos melhor entendimento esta matéria, citaremos as civilizações que no passado tinham como costume fazer o uso da eutanásia. Começaremos com os Celtas, que tinham como costume acabar com o sofrimento de seus pais quanto estes ficassem velhos e muito doentes, nestes casos o golpe final à vida de seus pais seria dado pelos próprios filhos. Na Índia, os enfermos de doenças incuráveis em estado grave eram levados à beira do Rio Grandes, onde estes tinham sua boca e nariz obstruídas com barro. Uma vez feito isto eram atirados ao rio para morrerem. Em Esparta, as crianças que nasciam doentes, ou com alguma enfermidade grave que poderia não lhe tornar um guerreiro, eram atiradas em um abismo para a morte. Na própria Bíblia tem uma situação que mostra um exemplo de eutanásia no segundo livro de Samuel quando Amalequita mata Saul, filho de Davi como misericórdia, pois sabia que Saul “não viveria depois da sua queda”. Enquanto isso na idade média, onde o direito canônico prevalecia, este assimilava o crime de suicídio ao de homicídio, já que o crime de suicídio era considerado um crime contra deus. Dessa forma, não se admitia a morte do enfermo como meio de dar fim ao sofrimento. Nessa época o suicídio era considerado um crime tão grave, que a sua pena era aplicada ao cadáver suicida, sendo a este proibido a realização de atos religiosos em sua memória, fora o fato de que o mesmo teria que ser suspenso pelos pés e levado arrastado pelas ruas da cidade com seu rosto no chão. Não podemos deixar de citar também que os guerreiros medievais sempre carregavam consigo uma lança pontiaguda, chamada de a misericórdia, que era usada para darem vim à vida de seus companheiros gravemente feridos nos campos de batalha sem chance de cura ou salvação. A discussão sobre os valores sociais, culturais e religiosos que envolvem a questão da Eutanásia vem desde a Grécia antiga, como exemplo temos que grandes nomes da filosofia como Platão, Sócrates e Epicuro, que defendiam o suicídio desde que fosse para acabar com o sofrimento de uma doença dolorosa e sem chance de cura. Estes grandes homens eram a favor da “morte digna”, já outros renomeados filósofos com Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates, condenavam o suicídio, tanto que no juramento de Hipócrates consta: “eu não darei qualquer droga 8 fatal a uma pessoa, se me for solicitado, nem sugerirei o uso de qualquer uma deste tipo”. As discussões sobre a “morte digna” não estavam presentes somente na Grécia, Como exemplo, a rainha Cléopatra VII (69 AC 0 30 AC) criou uma “Academia” para estudar formas de morte menos dolorosas. A discussão sobre o tema prosseguiu ao longo da história da humanidade, com a participação de Lutero, Thomas Morus (Utopia), David Hume (On Suicide), Karl Marx (Medical Euthanasia) e Schopenhauer. No século XIX, o seu apogeu foi em 1895, na então Prússia, quando, durante a discussão do seu plano nacional de saúde, foi proposto que o Estado deveria prover os meios para a realização de eutanásia em pessoas que se tornaram incompetentes para solicitá-la. No século XX, esta discussão teve um de seus momentos mais vistos entre as décadas de 20 e 40. Foi enorme o número de e exemplos de relatos de situações que foram caracterizadas como eutanásia, pela imprensa leiga, neste período o professor Jimenéz de Asúa catalogou, mas de 34 casos. No Brasil, na faculdade de medicina da Bahia, mas também no Rio de Janeiro e em são Paulo, muito se falou de eutanásia associando-a com eugenia. Esta proposta buscava justificar a eliminação de deficientes, pacientes terminais e portadores de doenças consideradas indesejáveis. Nestes casos, a eutanásia era, na realidade, um instrumento de “higienização social”, com a finalidade de buscar a perfeição ou o aprimoramento de uma “raça”, nada tendo a ver com compaixão, piedade ou direito para terminar com a própria vida. Já na Inglaterra, em 1931, o Dr. Millard, propôs uma lei para a legalização da Eutanásia Voluntária, que foi discutida até 1936, quando a Câmara dos Lordes a rejeitou. Esta sua proposta serviu, posteriormente, de base para o modelo holandês, onde é permitida a Eutanásia para pessoas que desejam tal. Durante os debates, em 1936, o médico real, Lord Dawson, revelou que tinha “facilitado” a morte do Rei George V, utilizando morfina e cocaína. Logo em seguida, em 1934, u Uruguai, incluiu a possibilidade da eutanásia no seu Código Penal, através da possibilidade do “homicídio piedoso”. Esta legislação uruguaia possivelmente seja a primeira regulamentação nacional sobre o tema. Não 9 posso deixar também de citar que esta legislação continua em vigor até os dias de hoje. Na Alemanha de Hitler, em 1939, iniciou o programa nazista de eutanásia, sob o código “Aktion T 4”. O objetivo inicial deste era eliminar pessoas que tinham uma “vida que não merecia ser vivida”. Este programa materializou a proposta teórica da “higienização social”. O teólogo episcopal Joseph Fletcher, em 1954, publicou um livro denominado “Morals and Medicine”, onde havia um capítulo com título “Euthanasia: our rigth to die”. A igreja Católica, em 1956, posiciou-se de forma contrária a eutanásia por ser contra a “lei de Deus”. O Papa Pio XII, numa alocução a médicos, em 1957, aceitou, contudo, a possibilidade de que a vida possa ser encurtada como efeito secundário a utilização de drogas para diminuir o sofrimento de pacientes com dores insuportáveis, por exemplo. Dessa forma,utilizando o princípio do duplo efeito, a intenção é diminuir a Dior, porem o efeito, se vínculo causal, pode ser a morte do paciente. Em 1968, a Associação Mundial de Medicina adotou uma resolução contaria a eutanásia. Na Holanda em 1973, uma médica geral, Dra. Geertruida Postma, foi julgada por eutanásia, praticada em sua mãe, com uma dose letal de morfina. A mãe havia feito reiterados pedidos para morrer. Foi processada e condenada por homicídio, com uma pena de prisão de uma semana (suspensa), e liberdade condicional por um ano. Neste julgamento foram estabelecidos critérios para ação do médico. Em 1980, o Vaticano divulgou uma declaração sobre Eutanásia, onde existe a proposta do duplo efeito e a da descontinuação de tratamento considerado fútil. Em 1981, a Corte de Rotterdam revisou e estabeleceu critérios para o auxílio à morte. Em 1990, a Real Sociedade Médica dos Países Baixos e o Ministério de Justiça estabeleceram uma rotina de notificação para os casos de eutanásia, sem torná-la legal, apenas isentando o profissional de procedimentos criminais. Houve, em 1991, uma tentativa frustrada de introduzir a eutanásia no Código Civil da Califórnia/EUA. Neste mesmo ano a Igreja Católica, através de uma Carta 10 do Papa João Paulo II aos bispos, reiterou a sua posição contrária ao aborto e a eutanásia, destacando a vigilância que as escolas e hospitais católicos deveriam exercer na discussão destes temas. Os Territórios do Norte da Austrália, em 1996, aprovaram uma lei que possibilita formalmente a eutanásia. Meses após esta lei foi revogada, impossibilitando a realização da eutanásia na Austrália. Em 1996, foi proposto um projeto de lei no Senado Federal (projeto de lei 125/96), instituindo a possibilidade de realização de procedimentos de eutanásia no Brasil. A sua avaliação nas comissões especializadas não prosperou. Em maio de 1997, a Corte Constitucional da Colômbia estabeleceu que “ninguém pode ser responsabilizado criminalmente por tirar a vida de um paciente terminal que tenha dado seu claro consentimento”. Esta posição estabeleceu i, grande debate nacional entre as correntes favoráveis e contrárias. Vale destacar que a Colômbia foi o primeiro país Sul-Americano a constituir um Movimento de Direito à Morte, criado em 1979. Em outubro de 1997, o estado do Oregon, nos Estados Unidos, legalizou o suicídio assistido, que foi interpretado erroneamente, por muitas pessoas e meios de comunicação, como tendo sido autorizada a prática da eutanásia. Em novembro de 2000 a Câmara de Representantes dos Países Baixos aprovou, com uma parte do plenário se manifestando contra, uma legislação sobre a morte assistida, Esta lei permitirá inclusive que menores de idade possam solicitar este procedimento. Falta ainda a aprovação pelo Senado, mas a aprovação é dada como certa. Esta lei apenas torna legal um procedimento que já era consentido pelo Poder Judiciário Holandês. A repercussão mundial foi muito grande com forte posicionamento do Vaticano afirmando que esta lei atenta contra a dignidade humana. Já a igreja, assume uma postura contra a eutanásia, pois considera que se Deus nos deu a vida, só cabe a ele tirá-la. Não só aos cristãos, a maioria no Brasil pensa assim, quase todas as grandes religiões acreditam na sacralidade da vida. Além do argumento religioso, ainda existem outros usados para tirar do indivíduo o controle sobre a decisão da sua vida. “A vida não é um bem próprio, pessoal, Trata- se de um bem comunitário que pertence à sociedade. O que se chama de morte 11 piedosa vai contra a declaração dos direitos humanos da ONU. A legalização da eutanásia seria inconstitucional”, afirma o jurista Celso Ferenczi, professor de direitos humanos da Pontifica Universidade Católica de São Paulo, que defende que a eutanásia viola, além da lei divina, a lei humana. No Brasil, os avanços na área têm sido bastante cautelosos e certas posições de vanguarda assumidas por alguns profissionais do meio médico necessitam ser amplamente discutidas, obtendo o referendo do Poder Judiciário e da própria sociedade, a qual tem respondido com menor intensidade originada em alguns segmentos populacionais. As demandas de uma morte medicamente assistida vêm se tornando mais freqüentes, favorecendo direta e indiretamente a maior incidência da eutanásia. Obviamente, as implicações legais de tais procedimentos são bastante profundas não devendo ser negligenciadas, no contexto atual da Bioética a ciência que, mas diretamente aborda este tema através dos grupos multiprofissionais de médicos, juristas, filósofos, religiosos, psicólogos e outros que acredita que poderiam emergir desse debate uma tentativa de reformulação, ao menos parcial de determinados aspectos do código face às exigências impostas pelos novos conceitos em discussão na sociedade atual, que no meu ver não vão sair da área de debates este tema cria um binômio antagônico de reflexão entre a vida e a morte, trazendo uma dúvida entre a bioética amoralidade, e a partir dessa bioética surgem pontos negativos e positivos a respeito dessa discussão, tornando sua resolução cada vez mais difícil. 3 ORIGEM DA PALAVRA EUTANÁSIA A palavra eutanásia tem sido utilizada de forma que confunde o seu verdadeiro sentido, sem falar que passou a ter outros significados de acordo com o tempo e com o autor que a utilizou. Outros termos foram criados como a ortotanásia, distanásia e mistanásia, que foram feitos para não confundir determinadas situações, mas dessa forma, este aumento de palavras, acabou tendo efeito reverso, pois o que antes teria sido criado para auxiliar passou a gerar problemas conceituais. Dito isto, voltamos ao tema em questão, que é a eutanásia. 12 O termo eutanásia veio do grego, e pode ser traduzido com uma “boa morte” ou até mesmo como “morte apropriada”. Este termo se apresentou por Francis Bacon, no ano de 1623, quando lançou sua obra “História vitae ET mortis” no qual apresentava a eutanásia como tratamento adequado para as doenças incuráveis. Levando em conta o aspecto geral do problema, temos como entendimento da eutanásia o fato ocorrido em que uma pessoa causa deliberadamente o óbito de uma outra que se encontra em estado debilitado, esta morte para ser enquadrada como eutanásia tem que vir sem sofrimento algum, e com o objetivo único de misericórdia, que trará um fim ao sofrimento de quem se encontra em estado tão debilitado de dor e angustia. Ela se justifica pela pena e angustia de quem acompanha todas as fases da doença um indivíduo que não tem possibilidades de cura, e a cada dia que se passa seu sofrimento e sua dor vem aumentando enquanto suas chances de cura e sobrevivência vem diminuindo a cada momento. É aí que vem a eutanásia com a resposta para o problema sem solução, por que não adiar sua morte, quando em poucos meses ela vai ocorrer, e enquanto isso acontece seu estado piora a cada vez mas, tornando quem sofre de tal enfermidade um vegetal deitado em uma cama, pois se o bem maior do ser humano é a vida, para que se tenha vida tem que viver a vida com um mínimo de dignidade, que também é um dos maiores princípios constitucionais, o principio da dignidade da pessoa humana, que é o que menos ocorre nesses casos ao ver uma pessoa idosa comendo através de um aparelho que a mesma nem sabe se está sendo alimentada ou o que está sendo ingerido nela, tendo suas necessidades limpas na maca como se faz com uma criança, tendo seu corpo exposto e furado com aparelhos que irão manter sua vida que na verdade não é mas uma vida, pois o dono dela não exerce mas poder algum sobre ela, tendo como prova disso sua morte inevitável no momento em que são desligados os aparelhos. Para se caracterizar eutanásia, deve se analisar dois elementos básicos, a intenção e o efeito da ação. A intenção de realizar a eutanásia para gerar uma ação(eutanásia ativa) ou uma omissão, ou seja, a não realização de uma ação que teria indicação terapêutica naquela circunstância (eutanásia passiva). Desde o ponto de vista da ética, ou seja, da justificativa da ação, não há diferença entre ambas. 13 Não deixando de Lembrar, que a eutanásia, assim como o suicídio assistido, se diferenciam completamente das decisões de deixar ou de não utilizar tratamento que não tenha eficácia ou que traga um grande desconforto, com o único objetivo de prolongar a vida do enfermo. . O que ocorre na eutanásia na verdade é a preocupação de por fim ao sofrimento de quem tanto sofre através da morte, o que leva em consideração a desumanidade Fica assim, a questão da eutanásia ser tão desejável como seus defensores realmente afirmam, e se ela for mesmo, por que há tanta resistência, durante tanto tempo, por parte da ética médica codificada e por parte da teologia moral? Pelo menos uma parte da resposta chega a residir no próprio resultado que a eutanásia traz. Pois o grande objetivo é proteger a dignidade da pessoa, eliminando o sofrimento e a dor. A dificuldade no caso vem a ser pelo ponto de vista da ética médica codificada e da teologia mora, em que, na eutanásia, se elimina a dor, eliminando o portador da dor. Para resumir, vamos dizer que no resultado da eutanásia se pode perceber dois elementos básicos, o primeiro deles vai ser o da eliminação da dor, enquanto o segundo vai ser a morte do portador da dor como meio de alcançar esse fim (eliminação da dor). A ética médica codificada e a teologia moral acolhem o primeiro elemento, que é o tratamento e a eliminação da dor, e recusam o segundo elemento que é o da morte direta e proposital do portador da dor. No meu ver, independente de toda discussão sobre a abrangência do termo, a eutanásia do ponto de vista ético, entre a eutanásia praticada em pessoas que estão sofrendo física ou psicologicamente, mas cuja condição não é tal que ameace imediatamente a vida e pessoas cuja enfermidade já entrou numa fase terminal, com sinais de comprometimento de múltiplos órgãos. Nesses casos, seria empobrecer muito a discussão e reproduzir a problemática ética à simples questão de autonomia e ao direito da pessoa de decidir se quer continuar vivendo ou não. Mesmo que seja na perspectiva da ética de 14 princípios, além da autonomia, é preciso levar em conta os princípios da beneficência, da não-maleficência e da justiça. Se alargarmos mais ainda o horizonte para dialogarmos com as perspectivas da ética baseada num positivismo jurídico ou da ética da virtude, novas indagações e novas respostas aparecerão. Se formos analisar, especificamente o caso da pessoa que está sofrendo física ou psicologicamente, mas sua condição não ameaça imediatamente sua vida, como o caso de uma pessoa tetraplégica, consciente, lúcida e angustiada, esta tem grandes chances e até mesmo é compreensível que a mesma peça sua morte, mas se for dada o direito a “boa morte” a esta pessoa, vários princípios, como o de preservar a vida seriam infringidos, fora o fato da mesma não necessitar da morte, podendo independentemente de seu estado, exercer de várias outras atividades, não necessariamente as mesma que antes de chegar a esse estado físico por causa de algumas limitações, mas isso não lhe dá nenhum motivo de desistir e procurar acabar com sua vida. Já nos casos em que a terminalidade da pessoa já foi instalada, e o comprometimento irreversível do organismo da mesma está em fase avançada, novamente o conceito de saúde com que se trabalha é decisivo, para poder dialogar com a proposta eutanásica. Enquanto no caso anterior o procedimento apropriado seria investir na vida, neste caso o procedimento apropriado vai ser investir na morte, a questão que vem nesse caso vai ser que tipo de morte. Como o termo saúde significa a ausência de doença e se o doente está com dores horríveis e numa situação onde não há mínimas condições de efetuar uma cura parece não ter sentido falar da saúde do paciente terminal e a eutanásia pode se apresentar como uma proposta razoável. Se, porém, se entende a saúde como o bem estar físico, mental, social e espiritual da pessoa, podemos começar a pensar não apenas na saúde do doente crônico, mas também, em termos da saúde do doente em fase avançada e com índices claros de terminalidade. Nesses termos, não vejo vantagem alguma em permitir que seja continuado o tratamento do enfermo, com o intuído de prolongar sua vida, que no meu ver não é, mas vida alguma, pois este não passa de um “corpo deitado em uma cama” com sua vida mantida por aparelhos, seus órgãos que não mais funcionam parados, enquanto aparelhos fazem o trabalho de seus órgãos para manter seu corpo 15 “funcionando” e com “vida” que no meu ver não é mais vida, seria a pessoa viver de uma forma vegetal, pois só se tem vida quando se tem pleno funcionamento de seus órgãos de forma natural, sem assistência externa. 3.1 Tipos de Eutanásia Ao contrário do que se pensa em relação a eutanásia ser apenas a forma misericordiosa de terminar com o sofrimento de um indivíduo através da morte, esta se divida em outras espécies, cada classificada de forma diferente e com aspectos diferentes. São essas: Esses critérios serão classificados de acordo com o tipo do resultado ocorrido, dessa forma, a eutanásia poderá ser classificada como: a) Eutanásia Ativa: vem a ser o ato de provocar a morte do indivíduo sem sofrimento do mesmo com o objetivo de acabar com sua dor e sofrimento. b) Eutanásia passiva ou indireta: esta vem a ocorrer nos casos em que a morte ocorre sem o uso de medidas extraordinárias para que esta ocorresse, pode ser com o médico deixar de ministrar um medicamento que fizesse com que sua vida fosse prolongada ou com o fim de algum tratamento que lhe prolongasse a mesma, tendo em vista o objetivo misericordioso do ocorrido. c) Eutanásia de duplo efeito: nestes casos a morte do paciente será acelerada como um ocorrido indireto das ações tomadas pelos médicos que forem feitas com o objetivo de aliviar o sofrimento do paciente que se encontra em estado final de sua doença. Essa forma é classificada de duas formas que se dividem de acordo com o consentimento ou não do paciente. a) Eutanásia voluntária: irá ocorrer quando a morte for provocada em decorrência de um pedido do paciente. b) Eutanásia involuntária: esta ocorre quando o ato de tirar a vida do paciente acontece contra sua vontade. 16 c) Eutanásia não voluntária: acontece nos casos em que a morte é provocada sem que o enfermo tenha tido qualquer ato de manifestação a respeito dela. Esta forma expõe um grande problema em todo o mundo, pois na morte não se pode existir consentimento, já no ver jurídico, a ninguém é cabido o direito de tirar a vida de outrem, nem mesmo o dono da vida tem o direito de tirá-la de si, enquanto no entender bíblico, a vida é dada por deus, e somente ele pode tirá-la. Estes e muitos outros aspectos são levados em conta ao expor este tema, já que ao estudar a fundo o problema se tem um conceito, mas quando nos vemos no problema temos outro conceito, assim preferimos analisar cada caso de forma específica, pois cada um expõe seus problemas de forma distinta. Voltando ao contesto histórico, a eutanásia admite vários significados, vou destacar a título de curiosidade, as classificações feitas por Ricardo Royo-Villanova, em 1928 na Espanha, pelo Professor Ruy Santos, na Bahia também no mesmo ano e finalmente em 1942 pelo professor Jimenez de Asúa. De acordo com o professor Ricardo Royo-Villanova, as formas de eutanásia são: a) Eutanásia súbita: é a morte repentina. b) Eutanásia natural: quando a morte ocorre de forma natural ou senil, como uma resultante de um processo natural e progressivo do envelhecimento. c) Eutanásia teológica: é a morte em estado de graça.d) Eutanásia estóica: vem a ser a morte obtida com a exaltação das virtudes do estoicismo. e) Eutanásia terapêutica: Vai ser a faculdade dada aos médicos para propiciar uma morte suave aos enfermos incuráveis e com dor. f) Eutanásia eugênica e econômica: vai ser a suspensão de todos os seres degenerados ou inúteis (sic). g) Eutanásia legal: são os procedimentos regulamentados ou consentidos pela lei. 17 Já no entender do professor baiano Ruy Santos, a eutanásia deve ser classificada em duas formas. 1) Eutanásia - homicídio, que é quando alguém realiza um procedimento para terminar com a vida de um paciente, esta se subdividindo também em duas formas; a) Eutanásia-homicídio realizada pelo médico b) Eutanásia-homicídio realizada por familiar 2) Eutanásia – suicídio, que vai ser quando o próprio paciente é o executante. Esta é também uma idéia precursora do Suicídio Assistido. E por fim, no entender do professor Jimenez de Asúa, existem apenas três tipos de eutanásia, que são: a) Eutanásia libertadora: é aquela realizada por solicitação de um paciente portador de doença incurável, submetido a um grande sofrimento; b) Eutanásia eliminadora: esta forma de eutanásia tem esta denominação quando realizada em pessoas, que mesmo não estando em condições próximas da morte, são portadoras de distúrbios mentais. Justificada pela “carga pesada que seja para suas famílias e para a sociedade”; c) Eutanásia econômica: seria a realizada em pessoas que, por motivos de doença, ficam inconscientes e que poderiam ao recobrar os sentidos sofrerem em função de sua doença. Estas idéias bem mostram uma grande interligação da época que foram feitas em relação à eugenia, ou seja, na utilização daquele procedimento para a seleção de indivíduos ainda aptos ou capazes e na eliminação dos deficientes e portadores de doenças incuráveis, o que vem a infringir inúmeros princípios constitucionais, deixando completamente de lado o bem maior que é a vida e utilizando o caráter da seleção, deixando aptos apenas os melhores, o que de acordo com a lei humana e a lei divina seria um fator completamente inviável para toda a raça humana. 4 TERMOS DA EUTANÁSIA 18 Diferentemente do que se pensa, a eutanásia é dividida em inúmeros outros termos, cada um deles com envolve um meio diferente e aspectos sociais e morais distintos que os configuram e os distinguem da eutanásia, não deixando de citar que todos tem o mesmo fim, terminar com a vida de um enfermo que se encontra em estado grave de sua doença, com exceção da distanásia, que será vista abaixo. 4.1 Distanásia O termo distanásia vai ser a forma que será utilizada para manter a vida do enfermo que se encontra em estado gravíssimo com doença ou estado incurável através de meios artificiais que irão manter seu corpo com vida. Na distanásia o que se é apresentado nos dias atuais é a questão bioética. Muitos acham errado que seja prolongada a vida de um indivíduo artificialmente já que o mesmo se encontra biologicamente morto, tendo seus órgãos substituídos por aparelhos. Em contradição do termo mistanásia e eutanásia, que nestes a morte é sempre provocada antes da hora, na distanásia o que ocorre é o contrário, pois o objetivo desta é aumentar por o maior período possível a vida do enfermo, não lhe deixando morrer de forma alguma, mesmo com a paralização de órgãos vitais de seu corpo, seus médicos inserem neste aparelhos que substituem o funcionamento temporário de seus órgãos segurando a vida deste paciente por mas tempo até que seja detectada sua morte cerebral. Levando em conta que vivemos no sistema capitalista, em que o lucro é o que importa em todas as áreas, levando em conta os que hospitais particulares não foram criados como meio de amparo aos doentes necessitados, mas sim como uma empresa que igualmente todas as outras tem o único objetivo de gerar e acumular lucros, ocorrerá sem sombra de dúvida uma exploração da fragilidade do doente terminal e dos seus amigos e familiares. O que traz uma forma de aumentar ainda mas os lucros da empresa, pois há um custo altíssimo para prolongar a vida do enfermo, e enquanto o mesmo estiver tendo sua vida prolongada por meio de aparelhos, o hospital particular estará ganhando com essa forma de “assegurar a vida do paciente enquanto aparece um suposto tratamento para sua enfermidade”, mas no que diz respeito à real realidade, esse suposto tratamento só seria sugerido quando a família tiver condições de pagar as despesas referentes ao tratamento, e a partir do momento em que começasse a acabar os recursos financeiros da família 19 que arcam com o tratamento do enfermo, este não passaria de um peso a ser tirado da UTI do centro médico. Assim, podemos perceber que no que diz respeito à benignidade humanitária e solidária é o importante é viver com dignidade, e quando chegar a hora certa, morrer com a mesma dignidade sem usar de meios artificiais que prolongam sua vida e tiram sua dignidade, pois como exemplo, como que fica a dignidade de uma pessoa idosa, que na sua inteira consciência se envergonharia apenas pelo fato de outras pessoas virem a lhe ver sem suas veste, como que fica a dignidade desta pessoa no momento em que outras pessoas além de lhes ver sem suas vestes, limparem suas fezes, sua urina, dentre outros fatores, uma pessoa idosa nessas condições, com certeza preferiria a morte a viver nessas condições precárias. 4.2 Mistanásia A eutanásia adquire vários termos, o primeiro deles que vamos citar é a mistanásia. A mistanásia vem a ser uma forma miserável da eutanásia, é a morte que acontece de forma injusta, sem dignidade ou preocupação alguma com o sofrimento do enfermo, esta ocorre antes da hora e ao contrário da eutanásia que vislumbra acabar com a vida apenas de um doente que não tem esperança alguma de viver sem sofrimento algum no momento de sua morte provocada, na mistanásia, o que acontece é a morte do indivíduo que em tese teria todas as chances de sobreviver caso tenha atendimento médico especializado a tempo e o mesmo fica horas na fila de espera de um hospital ou enfermaria a procura de atendimento, e quando este atendimento chega, e em muitos casos nem chega a acontecer, o paciente já vem a óbito, pois não suportou tamanha espera. A mistanásia é também “apelidada” de eutanásia social. Para Leonard Martin, o termo mistanásia se denomina uma morte miserável, fora e antes da hora. Segundo este autor, “dentro da grande categoria de mistanásia quero focalizar três situações: primeiro, a grande massa de doentes e deficientes que, por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pois não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico; segundo, os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se tornar 20 vítimas de erro médico e, terceiro, os pacientes que acabam sendo vítimas de má- prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos. A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da maldade humana”. Em nosso entendimento, percebemos que a mistanásia se refere à omissão de socorro, muitas vezes por falta de estrutura dos hospitais, muitas vezes por questões econômicas, pois hospitais particulares primeiro recebem o dinheiro, para depois tornar o doente um paciente, no caso do doente não ter condições de arcar com seu tratamento, este fica na fila de espera, à espera de sua morte. Há também outras formas da denominada mistanásia ativa que serão comentadas tanto por causa da sua importância histórica quanto por sua tendência de confusão em relação à eutanásia. Outra forma de mistanásia é a que ocorre em pacientes vítimas de erro médico ou também nos casos de negligência médica, onde o paciente que consegue atendimento médico adequado acaba morrendo por omissão de socorro, pois uma coisa que infelizmente ocorrenos hospitais brasileiros são os casos em que os médicos atendem seus pacientes sem preocupação alguma com o que o mesmo sente, o que aconteceu com este e o deixa a deus dará lhe receitando qualquer remédio que em alguns casos poderia o levar até mesmo à morte. 4.3 Ortotanásia Resume-se em tese em uma atuação correta frente à morte, ou seja, é a abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo. Ela pode, desta forma ser confundida com o significado inicialmente atribuído à palavra eutanásia, mas a ortotanásia poderia ser associada, caso fosse um termo amplamente, adotado aos cuidados paliativos adequados prestados aos pacientes nos momentos finais de suas vidas, assim, defino ortotanásia como uma morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da doença evitando métodos extraordinários de suporte vida, como medicamentos e aparelhos, em pacientes irrecuperáveis e que já foram submetidos a suporte avançado de vida. 5 EUTANÁSIA E A AMEAÇA DO DIREITO À VIDA 21 De acordo com a Constituição Brasileira, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)” Dito isto, podemos afirmar que o direito à vida é contemplado na Constituição Federal, no título dos Direitos e Garantias Fundamentais, sendo este eleito como um dos princípios mais fundamentais do direito, uma vez que, é deste que derivam todos os demais direitos. O direito a vida é redigido pelos princípios constitucionais da inviolabilidade e irrenunciabilidade, assim, o direito à vida, em hipótese alguma poderá ser desrespeitado, e no caso de haver desrespeito, este será de pena de responsabilização criminal, dessa forma, o indivíduo em hipótese alguma poderá renunciar do seu direito a vida e almejar sua morte. De acordo com Moraes [4]: “O direito à vida tem um conteúdo de proteção positiva que impede configurá- lo como o direito de liberdade que inclua o direito à própria morte.” Dito isto, afirmamos que pela constituição, o homem tem direito à vida, e não direito sobre a vida. O direito a vida deve ser assegurado ao Estado, e este não consiste apenas em manter-se vivo, mas de ter uma vida digna quanto à subsistência. De acordo com Moraes [5]: “O Estado deverá garantir esse direito a um nível adequado com a condição humana respeitando os princípios fundamentais da cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;” Como o Estado tem o dever de garantir o direito a vida, este tem o direito de proibir a morte provocada, como exemplo com o ato da eutanásia. Dessa forma, no nosso entender, a eutanásia da qual trata o anteprojeto de lei, não deveria ser tratada com ameaça à vida humana, pois no caso de esta só será aplicada às pessoas que apresentarem morte inevitável, ou quando o enfermo sobreviver apenas por meios de aparelhos, não tendo este possibilidade alguma de vida fora desses aparelhos, sendo seu estado considerado vegetativo. 22 Dessa forma, o direito a vida em hipótese alguma seria obstruído pela eutanásia, já que para que se tenha o direito à vida, o ser humano tem que gozar de uma vida em sua plenitude, no mínimo em suas condições básicas, mas uma vida, bem esse que um enfermo em estado terminal e vegetativo jamais teria, pois o mesmo não poderia usufruir de um nível de vida adequado, como educação, cultura, lazer, e nem mesmo suas funções vitais são mas autônomas, tendo seus órgãos vitais funcionando apenas por meio de aparelhos. De acordo com o conceito constitucional de vida, um indivíduo nessas condições não apresenta mas vida, dessa forma, sua “vida” já foi tirada a muito tempo de forma involuntária. 6 O AUXÍLIO AO SUICÍDIO COMO CONDUTA TÍPICA E A EUTANÁSIA O crime de auxilio ao suicídio vem a ocorrer quando uma pessoa presta a outra que quer acabar com sua vida, uma ajuda, seja esta material para que a mesma se mate, ou no caso de fornecer outros meios, seja estes com a facilitação de outro modo de morte. Neste ultimo caso, a pessoa que auxiliou tem uma atividade secundária ou acessória, levado em conta que o mesmo não participou da execução ou da consumação da morte. Levando em conta nosso atual ordenamento jurídico e penal em vigor, a vida é considerada um bem maior, e é eleito como um direito inalienável, o que significa que o consentimento da pessoa ao permitir que alguém que disponha da sua vida, não é válido. Não podemos deixar de citar também que o fato de haver o suicídio, este não ofende apenas os ideais jurídicos, mas também os critérios religiosos e por mim os sociais e morais. Levando em consideração todos os a fatos a seguir expostos, não há nenhum caráter legal que proíba ou configure ao suicídio crime, pois o suicida está atentando contra sua vida, prejudicando a si mesmo, e caso este tenha êxito em sua tentativa, não se pode aplicar sansão penal ao cadáver, e nos casos de não haver êxito na tentativa, o mesmo não poderá ser julgado em decorrência de outros fatores 23 psicológicos que possam ter o levado a tentar cometer este atentado contra sua vida. Já quem auxilia, instiga ou facilita o suicídio de outrem responde por crime de auxílio ao suicídio, pois a este caberia o ato de tentar de todos os meios impedir com que o suicida não cometesse esse atentado contra sua vida, e levando em conta aspectos morais e sociais, uma pessoa que sabe que outra tem a intenção de morrer e ajuda a mesma a morrer, se aproveita do estado para matar outrem, de forma diferente, pois o fato do autor do atentado ser a própria vítima, impediria o auxiliador de mata-lo. 7 A EUTANÁSIA NO CÓDIGO PENAL VIGENTE Como no nosso atual código penal vigente, o de 1940, não existe nada em relação ao presente tema de forma clara e objetiva, para que seja feita justiça contra quem pratique este ato que até a presente data é considerado um crime contra a vida, sua conduta será tipificada como crime previsto no art. 121 do código penal, ou seja, homicídio simples ou qualificado, sendo este considerado crime em quaisquer de suas hipóteses. Não podemos deixar de excluir também os casos em que a conduta do agente ativo não se aplica ao fato de tirar a vida do agente passivo, mas sim ajudar, influenciar, incentivar, ou usar de meios que facilite que o mesmo cometa o ato eutanásico ou o chamado suicídio, usando estes meios com o intuito de acabar com sua dor e sofrimento. Nestes casos, a conduta do agente ativo irá configurar o crime de participação em suicídio prevista no art. 122 do código penal. Não deixando de ressaltar que nossa lei penal enxerga também a imagem do homicídio privilegiado, que é aplicado nos casos em que quem comete o crime o faz por motivo de relevante valor social ou moral, ou mesmo dominado por uma forte emoção, sem contar também com a injusta provocação da vítima (art. 121, § 1ª). Nestes casos entende-se que o valor moral em que o dispositivo se refere é dado em relação a interesses particulares do agente (compaixão, pena, dentre outros). Segundo Pedroso (2000, p.282): 24 “Na Eutanásia, elimina o agente a vida da sua vítima com intuito e escopo de poupá-la de intenso sofrimento e acentuada agonia, abreviando-lhe a existência. Anima-o por via de conseqüência, o sentimento de comiseração e piedade. Nosso código não aceita nem discrimina a Eutanásia, mas não vai ao rigor de não lhe conceder o privilégio do relevante valor moral. Comumente, as pessoas ao ouvirem falar em Eutanásia, exemplo quem é o homicídio privilegiado por motivo de relevante valor moral, logo, a associam a doença e a enfermidade de desfecho fatal. No entanto, para os efeitos penais concernentes à concessão do privilégio,cumpre realçar-se que nem sempre há de estar a Eutanásia indissoluvelmente vinculada a doença de desate letal. Sobrepuja ao fato objetivamente, considerado a compulsão psíquica que leva o agente a agir, a sua motivação, punctum purieris e cerne do privilégio. Nem é por outra razão que não se contenta a lei penal, messe passo, com a simples ocorrência do relevante valor moral presente no episódio, requestando e exigindo que o crime seja cometido por relevante valor social ou moral. Importa e denota vulto, sobretudo, o motivo ou erupção interior psíquica do agente, e não o mero episódio em seu envolver objetivo, no seu quatro externo.” Não deixando de citar também que pode acontecer o caso em que o agente acabe por induzir, extinguir ou auxiliar o suicídio, como por exemplo o caso de um portador de uma doença infecto - contagiososa, cuja terapia ainda não esteja ao alcance da medicina. Neste caso, o agente causador do delito estará cometendo crime previsto no art. 122 co Código Penal e sua pena será de 2 a 6 anos sendo a mesma duplicada se o crime for praticado por motivo egoístico, ou se a vítima for menor de idade e tiver sua capacidade de resistir ao delito diminuída por qualquer que seja a causa. Segundo Noronha, existem muitas razões que justificam a incriminação do comportamento descrito no dispositivo penal. “Do mesmo modo que a Eutanásia, o auxiliador viola a lei do respeito à vida humana e infringe interesses da vida comunitária, de natureza moral, religiosa e demográfica. O direito de vê no suicídio um fato imoral e socialmente danoso, o que haveria de ser penalmente indiferente, quando a causá-lo, concorre junto com a atividade do sujeito principal, uma outra força como o suicídio, constitui exatamente aquela relação entre pessoas que determina a intervenção preventivo-repressiva do 25 direito contra o terceiro estranho, do qual exclusivamente provém o elemento que faz sair o fato individual da esfera íntima do suicida”. (Noronha, 1992, p. 20). O crime de auxilio ao suicídio previsto no art. 122 do Código Penal, poderá ser praticado mediante três condutas. A primeira delas é a de induzir, que é o que revela a iniciativa do agente e cria na mente do sujeito a idéia de acabar com sua vida. Já o segundo verbo empregado é o de instigar, que é o que se traduz como o ato de reforçar, incentivar a idéia já preexistente, não deixando de ressaltar também os meios a serem utilizados por que induz ou instiga alguém ao suicídio deverão ser idôneos, ou seja, capazes de influenciar moralmente a vítima. Caso contrário, não haverá nexo causal no delito. A última fase de auxiliar é a que consiste em ajudar, favorecer, ou facilitar o suicídio. Pode ser a ajuda material, ou como diz na lição de Noronha (1992), a assistência física. Os doutrinadores do direito penal já aceitam que nos casos de instigação e induzimento como forma de ação ou omissão, contanto que no ultimo caso, ou autor do crime deverá ter a obrigação jurídica de impedir o sentido. 8 A EUTANÁSIA NO ANTEPROJETO DO CÓDIGO PENAL Em nosso ordenamento jurídico, houve apenas um projeto de lei que abordou o assunto da legalização da eutanásia, projeto este nª 125/96 de realização do senador do Amapá Gilvan Borges que se quer foi colocado em votação. No presente projeto, era proposto que a eutanásia seria permitida apenas nos casos em que um grupo com cinco médicos atestasse não haver motivos para que o paciente continuasse por passar por todo o sofrimento físico e psíquico até então sofrido, nestes casos, o próprio paciente iria ter que fazer o pedido de eutanásia, sendo apenas nos casos em que este não estivesse em plena consciência que a decisão seria cabível aos seus familiares mais próximos. De acordo com almeida (2000) estas alterações seriam sistematizadas da seguinte forma: “O art. 1ª define que o objetivo da lei. O art. 2ª permite a eutanásia nos casos de morte cerebral, desde que haja manifestação de vontade do paciente para tanto; 26 seu § 1ª, dispõe que a manifestação de vontade deve ser expressa e feita como se fosse uma manifestação de última vontade; e §2ª dispõe sobre a forma de constatação da morte cerebral (ALMEIDA, 2000, P.156).” O art. 3ª abordaria a eutanásia quando ocorrer morte cerebral e quando a autorização for feite expressamente pelos familiares. Seu §1ª é o que define quem será considerado membro da família por efeito da lei. Enquanto isso o seu §2ª fala dos casos em que o paciente não tem familiares, e nestes casos, a autorização teria que ser pedida ao juiz pelo médico ou por alguém que tenha relação afetiva com o enfermo. Já em seu art. 4ª, é disposto que nos casos do art. 3ª, §2ª, o juiz teria que ouvir o ministério público e nestes casos mandar que fosse publicada citação por edital para que seja dada ciência à possível família do enfermo. Seu parágrafo único determina que a petição inicial seja obrigatoriamente acompanhada das conclusões do grupo médico que atende ao caso do paciente. No art. 7ª desta lei, a eutanásia é permitida por omissão. No seu §1ª fala a respeito de como é avaliado o estado em que se encontra o enfermo por um grupo médico e assim é exigido o consentimento expresso do mesmo. Já seu §2ª aborda a forma com a qual deverá ser dado o consentimento do enfermo, em que a mesma estaria expressa no §1ª do art. 2ª, já que o art. 2ª permite que os familiares ou pessoas que tenham laços afetivos com o paciente peçam autorização da justiça para que seja praticado eutanásia, isso ocorreria somente nos casos em que não haja possibilidade de haver consentimento prévio do paciente, quando o mesmo estivesse impossibilitado de manifestar sua vontade. O art. 8ª dispõe que, nos casos do art. 7ª, §3ª, caso não haja concordância de toda a família, será instaurado um processo judicial por iniciativa de qualquer membro da família. Já no art. 9ª é abordada a forma que será feita a citação pessoal de toda a família do enfermo no caso que venha a ocorrer a hipótese do art. 8ª. O parágrafo único do art. 8ª e o parágrafo único do art. 9ª vem a dispor que a petição inicial deve ser instruída com as conclusões do grupo médico que atende ao caso. 27 O art. 10ª em seus parágrafos que o dispõe a respeito da oitiva do ministério público e a formação da junta médica. O art. 11ª é o que expõe que após ser feita todas as diligências, o juiz deverá proferir sentença, e decidir sobre manter a vida ou pela prática do ato de eutanásia. No art. 12ª está disposto que sobre a sentença caberá apelação e a decisão pela consecução da morte sem dor, o recurso será ex officio para o tribunal de justiça. Logo depois de apresentado o projeto, o Senador Gilvan Borges informou que “essa lei não tem nenhuma chance de ser aprovada”. Já o deputado federal Marcos Rolim, em manifesto a respeito do tema disse que “ninguém quer discutir a eutanásia porque isso traz prejuízos eleitorais”. Houve também o anteprojeto do código penal que alteraria dispositivos da parte especial do mesmo e também cominaria ao homicídio a pena de reclusão de 6 a 20 anos sendo laborado pela comissão de “Alto Nível” nomeada pelo ministro da época Iris Resende. Este anteprojeto da parte especial do código penal procuraria incluir e dispor o §4ª do art. 121 que seria: Art. 121. §4ª. “Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém, por meio artificial, se previamente atestada, por dois médicos, a morte como iminente e inevitável, e desde que haja consentimento do doente ou, na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge ou irmão”. O texto acima posto em tramitação no passado definia a ortotanásia e não à eutanásia, assim, em seu parágrafo 3ª previa o começo do professo de morte, quando estaria a vida mantida artificialmente por meio de aparelhos, quando as probabilidades de recuperação fossem praticamente nulas. Nestas situaçõesnão haveria o simples aumento artificial da vida dentro de um processo em que a morte seria lenta e natural. Não seria a previsão da eutanásia, que neste processo não fosse ainda iniciada, e mesmo sofrendo o paciente de doença terminal e sem cura. Na eutanásia seria produzido a causa imediata da morte, sendo este um delito, 28 vinculado de forma perfeita na conduta do homicídio privilegiado elencado no código penal atual. Dessa forma estaria tipificada a eutanásia passiva, também chamada de eutanásia direta, também chamada de eutanásia por omissão, ortotanásia ou paraeutanásia. Neste caso estaria expressa a exclusão da ilicitude quando se afirma que não é crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial se previamente atestada por dois médicos a morte como iminente e inevitável e desde que haja consentimento do paciente ou, em sua impossibilidade, do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão. De acordo com almeida (2000) a eutanásia ativa, apesar de não ser foco de nossas ponderações, está estipulada no §3ª do mesmo artigo, que dispõe: Art. 121. §3ª “Se o autor do crime é cônjuge, companheiro, ascendente, descendente, irmão ou pessoa ligada por estreitos laços de afeição à vítima, e agiu por compaixão, a pedido desta, imputável e maior de dezoito anos, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável, em razão de doença grave e em estado terminal, devidamente diagnosticados: Pena – reclusão, de dois a cinco anos”. No que dependesse do anteprojeto, a Eutanásia seria eleita como um crime comissivo, ou seja, este seria punido de uma forma menos severa do que em outros casos ilícitos similares ao mesmo podendo até mesmo ser comparado ao crime de lesão corporal seguida de morte (art. 128, §4ª). Em concordância com Almeida (2000), a partir do momento em que o atual código penal Brasileiro puser em prática a eutanásia sendo considerada como homicídio privilegiado, este seria justificado pelo relevante valor moral. A reforma do código pena, por sua vez, deveria fazer com que a prática da eutanásia fosse permitida, caso esta se justifique pelo sentimento puro de piedade e misericórdia de uma morte que seria inevitável, possibilitando apenas a sua aceleração e diminuição do sofrimento com a eutanásia. Este anteprojeto é considerado por Souza (2003) incompleto e superficial, pois o mesmo não vem a prever a regulamentação de prazos, procedimentos do médico 29 responsável pelo caso, entre outros aspectos importantes da prática. Dessa forma, além do anteprojeto de lei, teria que haver o anteprojeto de reformulação do código penal em 1984, onde a eutanásia passiva poderia ter sido permitida. Nestes casos o médico poderia deixar de aplicar ou interromper o tratamento terapêutico do paciente em virtude das poucas chances que teria o paciente de sobreviver, mesmo assim este diagnóstico teria que ser dado por outros dois médicos, e estar em concordância com a família e com a justiça. 9 EXCLUSÃO DO CRIME No entendimento de Sousa (2004) nos casos da eutanásia passiva, que estaria tipificada no §4ª do art. 121, a ilicitude seria excluída de forma expressa, pois segundo o ilustre artigo, não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, caso fosse atestada por dois médicos a morte cerebral do paciente. As situações mostradas nesses dispositivos são diferentes, sendo assim que seja muito pouco provável que o enfermo em estado terminal, possua alguma condição de expressar sua vontade, e mesmo que pudesse este expressar sua vontade, o mesmo não optaria por continuar vivendo, apenas iria querer acabar com seu sofrimento, já que saberia que não teria chances de vida. Já no que diz respeito ao critério da compaixão, este estaria presente pela família que precisaria também da certificação do verdadeiro estado do paciente comprovado por dois médicos que certificariam através de todas os resultados dos exames para poder comprovar que a morte do paciente é inexorável e irreversível. Para Bizatto (2000), no atual código penal, para que o homicídio seja considerado privilegiado, terá que ser levada em conta três hipóteses: a primeira delas é que o crime seja cometido por motivo de relevante valor social; impelido por motivo de relevante valor moral e sobre domínio de violenta emoção. Claus Roxin (Apud GUERRA FILHO, 2005), através do ponto de vista penal alemão, que verifica os limites da responsabilidade médica nas espécies de eutanásia, principalmente a eutanásia passiva, esta tem como exemplo, o caso de grande repercussão mundial, o da Americana Terri Schiavo, que levou ao debate questões fundamenteis sobre o estado de necessidade em pacientes moribundos ou em estado vegetativo: a) A omissão ou suspensão de medidas prolongadoras da 30 vida realizadas por médicos e não médicos por desejo do paciente; b) A omissão ou suspensão de medidas prolongadoras da vida realizadas por médicos contra o desejo do paciente versus o dever de prolongar a vida. 10 CONCLUSÃO Este estudo abordou um avantajado estudo sobre eutanásia envolvendo os termos, mas comuns desta que são a mistanásia, distanásia e ortotanásia englobando também aspectos morais, religiosos, sociais e jurídicos usando o procedimento metodológico dedutivo buscando a partir de uns dados particulares para que fosse adquirida uma verdade global. Do exposto, pode-se tirar uma reflexão básica sobre o tema, que não envolve apenas o doente em seu estado terminal, apenas como uma vida, mas o caráter da vida humana, não do corpo que está naquela maca de hospital cheio de aparelhos sustentando sua “vida”, mas a vida que existiu naquele corpo, quem foi a pessoa, o que ela é ou representa para seus familiares e amigos, com todos esses critérios expostos fica difícil praticar tal ato, pois não se trata de um qualquer, se trata de um ente querido seu, e conforme passa o tempo e seu estado piora, mesmo com o aumento do sofrimento de seus familiares não acabam as esperanças de que possa surgir num futuro próximo uma solução ou cura para sua enfermidade, e assim muitos acabam optando pela distanásia, mas a partir desse contexto, surge outra grande dúvida, será que o enfermo iria querer isso mesmo? Pois basta olhá-lo para se perceber que não existe mais vida alguma naquele corpo, então por quê continuar com isso? Porquê não trazer logo paz à esta pessoa? Já no contexto da eutanásia, e da mistanásia, foi usado muito o termo do enfermo, o sofrimento desta pessoa que não tem chance alguma de vida nem de cura de sua enfermidade, neste caso seu sofrimento aumenta a cada dia, sem contar com as dores constantes que estas pessoas sofrem, não deixando de diferenciar a eutanásia da mistanásia, pois a eutanásia é “uma boa morte”, totalmente indolor e sem representar sofrimento algum ao enfermo, que tem um fator importante que é o fim do seu sofrimento, contradizendo com outro fator mais importante ainda que é o bem maior, a vida enquanto na mistanásia o que ocorre é o contrário, uma morte sem dignidade alguma e com sofrimento para que a sofre. 31 Já na ortotanásia, conclui-se em uma forma natural da morte, pois nestes casos, serão aplicados meios para aliviar a dor do paciente, sem usar se quer nenhum meio artificial nem para manter sua vida, nem para tirá-la e a distanásia consiste em prologar ao máximo a vida por meios artificiais. No que diz respeito aos aspectos jurídicos, procuramos apresentar este tema no nosso ordenamento jurídico penal brasileiro, mostrando os aspectos jurídicos em relação a eutanásia e também os outros crimes que quem pratica a mesma pode cometer, como o auxílio ao suicídio e os fatos que podem ser utilizados para tentar excluir a conduta criminal do indivíduo que pratica quaisquer destes crimes. Dito isto, termino dizendo que é necessário analisamos com bastante cautela este assunto, pois o mesmoabrange um extenso leque tanto no ramo teológico, social e jurídico, complicando cada vez mas sua solução. 32 REFERÊNCIAS http://www.advogado.adv.br/artigos/2001/emerson/eutanasia.htm http://www.webartigos.com/articles/1783/1/A-Eutanasia-No-Direito- Brasileiro/pagina1.htm http://jus.uol.com.br/revista/texto/3330/a-eutanasia-no-brasil http://www.ibap.org/defensoriapublica/penal/doutrina/mr-eutanasia.htm http://www.ufrgs.br/bioetica/textos.htm#eutanasia http://www.ufrgs.br/bioetica/casoeubr.htm http://pt.wikipedia.org/ http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1861 Bíblia Sagrada, Antigo testamento, 2º livro de Samuel. http://www.advogado.adv.br/artigos/2001/emerson/eutanasia.htm http://www.advogado.adv.br/artigos/2001/emerson/eutanasia.htm http://jus.uol.com.br/revista/texto/3330/a-eutanasia-no-brasil http://www.ibap.org/defensoriapublica/penal/doutrina/mr-eutanasia.htm http://www.ufrgs.br/bioetica/textos.htm#eutanasia http://www.ufrgs.br/bioetica/casoeubr.htm http://pt.wikipedia.org/ Capa e resumo artigo científico Eutanásia ARTIGO CIENTÍFICO EUTANÁSIA
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