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3 COMO A CONTABILIDADE PODE AJUDAR NO PROCESSO DA GESTÃO EMPRESARIAL 4 1 INTRODUÇÃO Atualmente vivemos num mundo competitivo, em que os gestores de empresas precisam cada vez mais de informações precisar para tomar decisões sobre novos investimentos, cálculos de custo, entre outras; e a fonte mais completa para o auxílio no controle da empresa vem da contabilidade, tornando-se um instrumento decisivo para conquistar vantagem competitiva. Segundo Hermman Jr. (1978), Fayol enquadrou a Contabilidade entre as seis operações administrativas fundamentais, emitindo a esse respeito os seguintes conceitos: "É o órgão visual das empresas. Deve permitir que se saiba a todo instante onde estamos e para onde vamos. Deve fornecer sobre a situação econômica da empresa ensinamentos exatos, claros e precisos. Uma boa contabilidade, simples e clara, fornecendo uma idéia exata das condições da empresa, é um poderoso meio de direção”. Fayol escreveu isso no início do século 19, mas só recentemente podemos observar a mudança do papel do contador, de um profissional burocrático (serviço obrigatório de cálculo de impostos e entrega de obrigações ao Fisco), a um parceiro estratégico dos negócios, com reconhecido valor nos processos de planejamento, execução e controle. Veremos neste trabalho que a relação entre contabilidade e gestão é mais próxima do que muitos empresários imaginam, e que o contador tem papel estratégico na tomada de decisões e seu apoio é fundamental para resultados eficientes. 5 2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE MARTINS (2010) aponta que o surgimento da contabilidade está associado ao momento que o homem se interessou em acumular e controlar bens; e teve seu desenvolvimento relacionado e influenciado pela Revolução Industrial, quando os métodos de produção artesanal foram substituídos por novas técnicas manufatureiras. Até a Revolução Industrial predominava uma contabilidade geral de cunho financeiro com foco em atender empresas comerciais. Com a reformulação do processo de produção e com a economia de escala, a apuração de resultados se baseavaa apenas no levantamento físico de estoques e no cálculo do faturamento pela soma dos estoques iniciais e das compras, subtraído dos estoques finais. Segundo FRANCO (2013), com o capitalismo, houve o desenvolvimento inicial das metodologias e técnicas contábeis, que se estrutura no início do século XX, para um trabalho contábil mais formal e focado no monitoramento de operações e acompanhamento de resultados. Mas, somente por volta de 1925 é que se reconhece a contabilidade de custos, que foi aperfeiçoada chegando às atividades analíticas. No decorrer do século XX, padrões de auditoria, critérios de contabilidade pública, visões fiscal e tributária foram desenvolvidas e implementadas, e por volta da década de 1970 a discussão acerca de um enfoque gerencial passou a ser incorporado aos padrões de trabalho com vistas ao subsídio para tomada de decisões; passando a assumir características próprias de um sistema de gestão, com postura proativa associada a visões estratégicas alinhando-se metas, procedimentos e prazos. Nessa época se falava em contabilidade de custos, conhecida por responder pelos registros e mensuração das informações financeiras pertinentes ou não às operações de uma instituição. Ainda no século XX, é desenhado um cenário para uma contabilidade focada em resultados, permeando todas áreas, operações, processos e até mesmo o cotidiano das organizações. Nessa linha, enquadra-se a contabilidade como gestão, que pode ser entendida como uma vertente especializada com várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos, mas com o propósito de gestão na construção e avaliação de análises financeiras sob o ângulo gerencial. 6 3 COMO A CONTABILIDADE PODE AJUDAR NO PROCESSO DA GESTÃO EMPRESARIAL Hoje, com o avanço da tecnologia, a contabilidade digital já é uma realidade e muitos empresários já reconhecem seu valor nos processos de planejamento, execução e controle de empresas. Nesta nova era dos serviços contábeis, a contabilidade gerencial, auxilia na análise da saúde financeira da empresa ao fornecer informações e dados econômicos, além de buscar oportunidades através da interpretação e análise da performance, a preparação para planejamentos, em sua maioria, estratégicos, procurando assegurar resultados através do uso apropriado de recursos. Sendo assim, entende-se que uma gestão, com foco na continuidade da organização, não deve ser construída única e exclusivamente a partir de dados do passado. Ao avaliar custos, fornecendo informações sobre os mesmos em relação a bens, produtos e serviços, influi nas atividades, operações e processos a partir de sistemas de custeio, reunindo dados e informações tanto de registros oriundos de operações e processos padronizados e repetitivos como em relação aos posicionamentos e decisões de cunho estratégico, influenciando sobremaneira a definição, manutenção ou reformulação de políticas gerenciais. Um dos desafios da contabilidade passa a ser a busca pela construção de uma via alternativa, cuja essência seja resguardada, mas que se alinhe à proatividade, competência esta exigida em todos os segmentos de negócios. O objetivo de qualquer empresa é aumentar a produtividade, com otimização de recursos e minimização de custos. A contabilidade, nesse caso, contribui ao alinhamento entre as atividades desempenhadas, o montante de capital alocado e os níveis de retorno esperados. A contabilidade, ao ter como principal finalidade a orientação de gestão de empresas e seus negócios, tem de ser adotada em qualquer setor da economia, seja na iniciativa privada ou no poder público. Com foco em gestão, lida com prevenção de problemas e monitoramento de resultados, apoiando a tomada de decisões. 7 A mudança de um profissional burocrático para um parceiro estratégico dos negócios exige do contador habilidades como domínio da tecnologia, construção de relacionamentos, consultoria de negócios e gestão de projetos. Como principais contribuições da contabilidade na gestão podemos destacar: • Fornecer informações que apoiem às decisões: A contabilidade tradicional coleta e registra os dados financeiros das empresas, além de elaborar demonstrativos como o balanço patrimonial e DRE, por exemplo. Estes, por si só, já são peças valiosas para avaliar a situação econômica e financeira do negócio, entretanto na nova dimensão da contabilidade, os profissionais vão além da elaboração destes demonstrativos, eles também analisam, interpretam e traduzem esses relatórios a fim de fornecer informações selecionadas aos gestores. Podendo assim alertar sobre os principais registros, como o produto com maior lucratividade, projeções de caixa, redução de custos, por exemplo. Tudo isso auxilia o gestor na tomada de decisão mais acertada, corrigindo erros do passado e tornando a empresa mais próspera. • Ajudar no controle financeiro: A integração entre a contabilidade e gestão financeira é muito benéfica para uma empresa. Enquanto a contabilidade tradicional é responsável pelos registros de movimentações financeiras, seja de lucros ou prejuízos, e cálculos dos tributos, um novo olhar sobre essas movimentações garante um diferencial e ajuda no controle financeiro da empresa. Uma abordagem mais ampla e mais estratégica da contabilidade sobre os indicadores econômicos da organização garantem o controle de custos, rentabilidade, controle orçamentário, análise de risco e melhor planejamento financeiro, por exemplo. Uma vez que essa aproximação da contabilidade e gestão aumenta a confiabilidade da análise dos dados e auxilia na elaboração das melhores estratégias para melhorar o financeiro da empresa. • Identificar oportunidades no mercado: Mais do queolhar somente para os dados internos da empresa, a contabilidade gerencial também deve estar atenta para o mercado e todas as suas oportunidades ou ameaças, a fim de se prevenir de eventos e/ou mudanças na legislação, por exemplo, que possam ameaçar ou 8 beneficiar a empresa. Dessa forma, é possível orientar o cliente sobre as medidas corretas a se seguir, linhas de crédito e aplicações mais atrativas, alterações dos regimes tributários, enfim, tudo que possa ser vantajoso para a empresa. A evolução dos processos, em face de novas tecnologias e novos padrões de exigências de consumo impuseram o desenvolvimento de metodologias compatíveis à nova realidade. Processos decisórios passam a contar com suportes essenciais para que as organizações possam operar em cenários de acirradas concorrências. O controle de custos e sua gestão se inserem nesse contexto com elementos essenciais ao gerenciamento de resultados de uma empresa. A decisão como meio de alcançar metas e objetivos se baseia em informações de custos e suas prospecções. É nesse sentido, que a gestão contábil de custos pode ser compreendida, atualmente, como fundamentalmente estratégica. Para Groppelli e Nikbakht (2012), as empresas utilizam os índices financeiros para monitorar as operações, assegurando-se de que estão aplicando os recursos disponíveis para evitar a insolvência. Destacam, ainda, o uso dos índices econômico- financeiros como um instrumento importante na elaboração do planejamento financeiro moderno. Os principais índices são: Índice de Rentabilidade, Índice de Liquidez e Índice de Endividamento. Os Índices de Liquidez tem o objetivo de medir a capacidade que a empresa tem para pagar os seus compromissos considerando longo prazo, curto prazo ou prazo imediato, ou seja, a facilidade com que pode pagar suas contas em dia. Esse índice pode antecipar problemas de fluxo de caixa. • A Liquidez Geral mostra a condição da empresa pagar suas dívidas em longo prazo, sem que tenha de usar recursos de seu ativo permanente. Quanto maior melhor. Fórmula: (AC3+RLP4) / (PC5+ELP6) • A Liquidez Corrente demonstra a condição da empresa pagar suas dívidas de curto prazo, contando com valores disponíveis e realizáveis. Quanto maior melhor. Fórmula: AC /PC 9 • E a Liquidez Seca indica a capacidade que a empresa tem de saldar suas dívidas de curto prazo, excluindo o estoque, que não pode ser convertido facilmente em caixa. Quanto maior melhor. Fórmula: (AC-E7) / PC Outra forma de análise é pelo Índice de Rentabilidade que observa os aspectos econômicos mostrando se a empresa gerou bons resultados, ou seja, avalia os lucros da empresa, visto que isso é atrativo de capital externo. • O Giro do Ativo mede quanto vendeu em relação aos investimentos, a proporção entre eles. Quanto maior melhor. Fórmula: V8 / AT9 • A Margem Líquida mostra quanto a empresa obtém de lucro em suas vendas, a relação entre vendas e lucro. Quanto maior melhor. Fórmula: (LL10/V) x 100 • Retorno do Ativo indica quanto a empresa obtém de lucro em relação aos investimentos feitos, a proporção entre lucro líquido e Ativo. Quanto maior melhor. Fórmula: (LL/AT) x 100 • Retorno do Patrimônio Líquido indica quanto a empresa obteve de lucro para certa quantidade de capital próprio investido, o rendimento do capital próprio. Quanto maior melhor. Fórmula: (LL/PL11) x 100 E também pelo Índice de Endividamento que revela o grau de compromissos da empresa com terceiros, proporção entre os recursos de terceiros e os ativos, ou seja o volume de dinheiro de terceiros usado na empresa. • Participação de Capital de Terceiros sobre Recursos Totais mostra quanto o ativo é financiado pelos recursos de terceiros. Quanto menor melhor. Fórmula: (PC+ELP) / PL x 100 10 • Composição de Endividamento indica o valor da dívida total da empresa que deverá ser paga em curto prazo, comparando as obrigações a curto prazo com as obrigações totais. Quanto menor melhor. Fórmula: PC / (PC+ELP) x 100 • Imobilização do Patrimônio Líquido indica quanto o ativo permanente é financiado pelo patrimônio líquido, evidenciando a dependência de recursos de terceiros para manutenção dos negócios. Quanto menor melhor. Fórmula: (AP12 / PL) x 100 • Imobilização dos Recursos não Correntes mostra qual o percentual de recursos (patrimônio líquido e passivo exigível a longo prazo) foi aplicado no ativo permanente. Quanto menor melhor. Fórmula: AP / (PL+ELP) x 100 • Nível de Descontos de Duplicatas indica qual a proporção de duplicatas descontadas em relação ao total de duplicatas a receber. Quanto menor melhor. Fórmula: DD13 / DR14 x 100 • Endividamento Financeiro sobre Ativo Total, mostra quanto o passivo financeiro participa no ativo da empresa, ou seja, a dependência da empresa junto aos bancos e outras fontes financeiras. Fórmula: (DD+IF15+TLP16+ONC17+ELP) / AT x 100 A contabilidade através de números econômicos e financeiros traz informações relevantes, para que o empresário possa ter dados importantes para mudar os setores da empresa que não estão dando retorno financeiro para a mesma. O gestor que souber interpretar os dados contábeis terá uma importante ferramenta em suas mãos para decidir o futuro da empresa, podendo, em muitas das vezes, demonstrar a real saúde financeira da empresa, o ganho verdadeiro e principalmente o seu potencial de crescimento. O bom gestor que saiba calcular e interpretar os índices econômicos e financeiros da empresa demonstrará aos usuários da contabilidade a real situação da empresa, por 11 exemplo, para agências bancárias possibilitar financiamentos, sindicatos possibilitar pagamento aos empregados, conquistar sócios ou acionistas em potencial, dentre outras. A contabilidade gerencial capacita os empresários e os gestores a assumir riscos, porque os ajuda a escolher novas oportunidades de mercado e oferece uma visão renovada e certa sobre seu negócio, mostra além dos resultados mensais, como esse resultado foi alcançado. 12 5 REFERÊNCIAS CAVINATO, Rafaela. Descubra como a contabilidade pode auxiliar na gestão de uma empresa. 2019. Disponível em: <https://contadores.contaazul.com/blog/contabilidade- auxiliar-gestao-empresa>. Acesso em 08 mar. 2021. COMO A CONTABILIDADE PODE AUXILIAR NA GESTÃO EMPRESARIAL. Disponível em: < https://www.contabeis.com.br/artigos/5982/como-a-contabilidade- pode-auxiliar-na-gestao-empresarial/>. Acesso em 08 mar. 2021. COMO A CONTABILIDADE PODE CONTRIBUIR PARA O EMPRESÁRIO NA GESTÃO DA EMPRESA. Disponível em: <https://semanaacademica.org.br/system/ files/artigos/comoacontabilidadepodecontribuirparaoempresarionagestaodaempresa. pdf>. Acesso em 08 mar. 2021. FRANCO, H. Contabilidade geral. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. HERMANN JR, F. Contabilidade superior. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1978. p31. MARTINS, E. Contabilidade de Custos.10ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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