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1 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Histologia óssea - Contém uma matriz extracelular abundante entre células bem separadas. A matriz extracelular é formada por cerca de 15% de água, 30% de fibras colágenas e 55% de sais minerais cristalizados. O sal mineral mais encontrado é o fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2], que se combina com outro sal mineral, o hidróxido de cálcio [Ca(OH)2], para formar cristais de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2]. Os cristais se combinam ainda com outros sais minerais, como carbonato de cálcio (CaCO3), e íons como magnésio, fluoreto, potássio e sulfato. Conforme esses sais são depositados na estrutura formada pelas fibras de colágeno da matriz extracelular, eles cristalizam e o tecido endurece. Esse processo, chamado calcificação, é iniciado por células formadoras de osso chamadas osteoblastos. A combinação de sais cristalizados e fibras colágenas é responsável pelas características do osso. Embora a solidez de um osso dependa de sais minerais inorgânicos cristalizados, sua flexibilidade depende das fibras de colágeno. - Quatro tipos de células são encontrados no tecido ósseo: ➢ Células osteogênicas Ou células progenitoras, são encontradas ao longo da parte interna do periósteo, no endósteo e nos canais internos ósseos que contêm vasos sanguíneos. São células-tronco ósseas não especializadas derivadas do mesênquima, que possuem capacidade mitótica que por sua vez originam os osteoblastos. ➢ Osteoblastos São células formadoras de osso. Sintetizam fibras de colágeno e componentes orgânicos que são essenciais na matriz extracelular, dão início a calcificação. Uma vez que os próprios osteoblastos são recobertos por matriz extracelular, tornam-se aprisionados em suas secreções e transformam-se em osteócitos. ➢ Osteócitos São as principais células do tecido ósseo, fazem a manutenção do mesmo, como regulação do metabolismo tecidual e mantêm a concentração mineral da matriz. Localizado em um espaço chamado lacuna sem atividade mitótica e comunicando-se entre si através de longos processos citoplasmáticos que se estendem por canalículos ➢ Osteoclastos São células enormes derivadas da fusão de cerca de 50 monócitos (um tipo de leucócito) que se concentram no endósteo. No lado da célula que faz contato com a superfície óssea, a membrana plasmática do osteoclasto apresenta dobras profundas, formando uma borda pregueada. Aqui, a célula libera poderosos ácidos e enzimas lisossômicas que digerem os componentes minerais e proteicos da matriz extracelular óssea subjacente. Essa degeneração da matriz extracelular óssea, chamada reabsorção, é parte do desenvolvimento, da manutenção e do 2 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO reparo ósseo. Em resposta a certos hormônios, osteoclastos ajudam a regular o nível sanguíneo de cálcio. Cabeça - A cabeça é a parte superior do corpo que está fixada ao tronco pelo pescoço. É o centro de controle e comunicação, bem como a “plataforma de carga” do corpo. Abriga o encéfalo, portanto, é o local de nossa consciência: ideias, criatividade, imaginação, respostas, decisões e memória. Contém receptores sensitivos especiais (olhos, orelhas, boca e nariz), dispositivos para transmissão da voz e expressão, além de portais para a entrada de nutrientes, água e oxigênio e a saída de dióxido de carbono. A cabeça é formada pelo encéfalo e por seus revestimentos protetores, as orelhas e a face. A face tem aberturas e passagens, com glândulas lubrificantes e válvulas para fechar algumas delas, os dispositivos mastigatórios e as órbitas que abrigam o aparelho visual. A face também assegura nossa identidade como indivíduos. - A cabeça é fixada posteriormente pelas vértebras cervicais (n°7, localizadas entre o crânio e o tórax); Fixada anteriormente pelos músculos e osso hioide (localizado entre mandíbula e laringe). - A cabeça consiste em crânio, face, escalpo, dentes, encéfalo, nervos cranianos, meninges, órgãos dos sentidos especiais e outras estruturas, vasos sanguíneos linfáticos e gordura. Vértebras cervicais - Estão entre o crânio e o tórax; 3 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO - São menores em comparação ao restante das vértebras; Apresentam: 1- Corpo pequeno; 2- Processo espinhoso bifurcado; 3- Forames no processo transverso. - Vértebras atípicas: ➢ Atlas (C1) - Não tem corpo. ➢ Axis (C2) - Processo odontóide. Osso Hioide - Não se articula com nenhum outro osso; - Fixa a cabeça anteriormente juntamente com músculos e ligamentos. Crânio Localizado na cabeça, apresenta as seguintes funções: - Fornece suporte aos dentes; - Aloja e protege os órgãos de sensibilidade especial; - Abriga e protege o encéfalo; - Fornece aberturas para a passagem das porções iniciais das vias aérea e digestiva. O crânio é dividido em duas partes: ➢ Neurocrânio O neurocrânio é a caixa óssea do encéfalo e das membranas que o revestem, as meninges cranianas. Também contém as partes proximais dos nervos cranianos e a vasculatura do encéfalo. O neurocrânio em adultos é formado por uma série de oito ossos: quatro ossos ímpares centralizados na linha 4 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO mediana (frontal, etmoíde, esfenoíde e occipital) e dois pares de ossos bilaterais (temporal e parietal). - Maioria dos ossos são planos, curvados e unidos por suturas fibrosas engrenadas. ➢ Viscerocrânio “Face”, forma a parte anterior do crânio e consiste nos ossos que circundam a boca (maxila e mandíbula), nariz/cavidade nasal, e a maior parte das órbitas (cavidades orbitais). A maxila e a mandíbula abrigam os dentes — isto é, propiciam as cavidades e o osso de sustentação para os dentes maxilares e mandibulares. O viscerocrânio é formado por 14 ossos irregulares: dois ossos ímpares centralizados ou situados na linha mediana (mandíbula e vômer) e seis ossos pares bilaterais (maxilas; conchas nasais inferiores; e zigomáticos, palatinos, ossos nasais e lacrimais). 5 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Generalidades: - O crânio apresenta formato ovoide; Superiormente é mais espesso do que inferiormente. - Revestimento externo: Pericrânio (pouca capacidade osteogênica); - Revestimento interno: folheto externo da duramáter - Endocrânio (não tem capacidade osteogênica). Não forma calo ósseo e não há compressão encefálica; - A maioria dos ossos do crânio apresenta a díploe entre duas camadas de osso compacto; Nos ossos pneumáticos a díploe é substituída parcialmente pelos seios paranasais; Díploe é responsável por amortecer, dar leveza e fornecer passagem para veias (veias diplóicas). Os canais diplóicos se abrem na superfície externa do crânio, comunicando sangue venoso intracraniano com extracraniano. 6 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO - Os 22 ossos que compõem a caixa craniana têm forma irregular e, com exceção da mandíbula, são todos soldados uns aos outros por suturas. Articulações Classificação das articulações ➢ Classificação funcional: A classificação funcional das articulações, leva em conta o grau de movimento que elas permitem. - Sinartrose, articulação imóvel. Massa sólida de tecido conjuntivo denso não-modelado. - Anfiartrose, articulação levemente móvel. Massa sólida de cartilagem Hialina. - Diartrose, articulação livremente móvel. Presença de cavidade articular entre os ossos e envoltos por uma cápsula. ➢ Classificação estrutural: A classificação estrutural das articulações baseia na presença ou ausência de um espaço entre os ossos que se articulam, chamada cavidade articular. - Fibrosa, não possui cavidade articular e osossos são mantidos por tecido conjuntivo fibroso – Sinartrose. EX: Suturas. 7 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO - Cartilagíneas, não possui cavidade articular e os ossos são mantidos por cartilagem – Anfiartrose. EX: Sincondroses. - Sinovial, existe cavidade articular e os ossos são mantidos por uma cápsula articular circundante. – Diartrose. EX: ATM. 8 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Fontículos São membranas de tecido fibroso que separam os ossos da calvária e que representam partes de ossos não ossificados. Há 6 fontículos: - Fontículo anterior (futuro local do bregma); - Fontículo posterior (futuro local do lambda); - Fontículos ântero-laterais; - Fontículos pósterolaterais. ➢ Função: - Moldagem do crânio (calvária) durante o parto; - Crescimento do crânio e encéfalo; - Aumentam a resiliência do crânio; - Palpação: 1) Progresso de crescimento dos ossos frontal e parietal; 2) Grau de hidratação do lactente; 3) Pressão intracraniana. Crescimento Craniano ➢ Maior aumento – 2 primeiros anos (> desenvolvimento do encéfalo); ➢ Aumento em capacidade da calvária:15-16 anos; ➢ + 3-4 anos aumento ligeiro - Espessamento da calvária. Dismorfismo sexual ➢ Crânio Feminino: • Fragilidade dos relevos ósseos; • Processos mais tênues e mais lisos; • Contorno do crânio mais regular: da raiz do nariz até o occipital; • Assemelha-se ao crânio infantil; • Peso e volume médios do cérebro são um pouco menores; • Processos mastoideos menores que os côndilos Occipitais. ➢ Crânio masculino • Superestruturas dos relevos ósseos; • Superfície do frontal, occipital e arco zigomático: mais ásperos e mais rugosos 9 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Acidentes anatômicos Denominam-se acidentes ósseos todas as saliências, depressões, aberturas, fendas, bordas e reentrâncias que se observam nos ossos. As saliências geralmente permitem a fixação de músculos, fáscias e ligamentos, e recebem nomes diversos, como: processos, bordas, cristas, linhas, cornos, hâmulos, rugosidades, tubérculos, espinhas, côndilos etc. Reentrâncias geralmente alojam órgãos ou mesmo músculos, vasos e nervos e denominam-se sulcos, fossas, fóveas, fovéolas, incisuras etc. Aberturas geralmente permitem a passagem de vasos, nervos, ou mesmo parte de órgãos, e são denominadas forames (buracos), foraminas, fissuras, canais ou meatos etc. O crânio apresenta cerca de 85 forames, canais e fissuras normais, com nomes específicos. Osso frontal A fronte é formada pelo osso frontal. Ele é um osso largo, laminar e que apresenta também uma cavidade pneumática, o seio frontal. O osso frontal articula-se anterior e inferiormente no plano mediano com os ossos nasais, através da sutura frontonasal. A intersecção entre o osso frontal e os nasais na linha mediana é o ponto násio (N). Uma elevação que se estende lateralmente de cada lado, margeando a borda superior da órbita, é o arco superciliar; o ponto acima do násio e entre esses arcos é a glabela (G). Possui 1 osso pneumático: SEIO FRONTAL; Forame supra-orbital (nervos e vasos supraorbitais). 10 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Cavidade orbital A cavidade orbital aloja os bulbos oculares, os músculos extrínsecos do olho, nervos, vasos sanguíneos, tecido adiposo retrobulbar e parte do aparelho lacrimal. Apresenta quatro bordas: supra-orbital, infra-orbital, lateral e medial. Apresenta ainda quatro paredes: teto ou superior, soalho ou inferior, parede lateral e parede medial A borda supra-orbital é formada pelo osso frontal é marcada por duas reentrâncias: a incisura frontal, e a incisura supra-orbital. Esta última pode fechar-se, formando um forame supra- orbital, e deixa passar os vasos e nervos supraorbitais. Pela incisura frontal passam os vasos e os nervos supratrocleares. A borda infra-orbital é formada pelo osso zigomático e pela maxila. Um ponto cefalométrico nesta borda é o orbitário (Or), ponto mais inferior da borda infra-orbital. Forame infra-orbital deixa passar nervos e vasos infraorbitais. A borda medial é formada pelo frontal, lacrimal e maxila. Nesta borda, notam-se duas saliências, uma mais anterior, a crista lacrimal anterior, fixa o ligamento palpebral medial, e outra mais posterior, a crista lacrimal posterior, onde se fixa parte do m. orbicular do olho. Entre as duas cristas nota-se uma depressão, a fossa do saco lacrimal, que se continua para baixo e para a cavidade nasal como canal lacrimonasal (passagem ao ducto lacrimal, que drena a lágrima para o meato nasal inferior da cavidade nasal). 11 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO A borda lateral é formada pelos processos zigomático do frontal e frontal do zigomático. Uma pequena elevação no osso zigomático dentro da órbita, o tubérculo orbital, dá inserção ao ligamento palpebral lateral. Paredes da órbita A parede superior, ou teto da órbita, é formada pelo frontal e a asa menor do esfenóide. Nesta parede existe uma depressão ântero-lateral, a fossa para a glândula lacrimal. O canal óptico situa-se no extremo posterior do teto e comunica a órbita com a fossa média do crânio. Ele dá passagem ao n. óptico (II) e à artéria oftálmica. A parede inferior, ou soalho da órbita, é formada pela maxila, zigomático e processo orbital do palatino. Este último, de difícil visualização, localiza-se próximo à fissura orbital inferior. Na parte posterior do soalho da órbita tem início um sulco infra-orbital que se continua como canal infra-orbital e termina como forame infra-orbital na face, de onde emergem o nervo e vasos de mesmo nome. 12 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO A parede lateral da órbita é formada pelos ossos zigomático, pela asa maior do esfenóide e parte do frontal. A parte posterior da parede lateral é delimitada acima e abaixo pelas fissuras orbital superior e inferior. Um forame zigomático- orbital para o nervo zigomático está presente na parede lateral da órbita. A parede medial da órbita é a mais frágil, sendo formada pelo lacrimal, lâmina orbital do etmóide e pequena parte do corpo do esfenóide. Acima e abaixo desses ossos, encontram-se ainda partes do frontal e da maxila, respectivamente. Na junção da parede medial com o teto da órbita, observam-se pequenos orifícios, os forames etmoidais anterior e posterior. Osso zigomático Forma a proeminência da face, se localiza lateralmente á órbita e se articula com a maxila. Apresenta um corpo robusto, e processos. O corpo do zigomático volta-se para a face, fossa temporal, e para a cavidade orbital. Apresenta um processo para cima, o processo frontal do zigomático, e outro em direção posterior, o processo temporal do zigomático. Este processo entra na formação do arco zigomático, uma barra óssea na face lateral do crânio. A fáscia do m. temporal e o m. masseter se fixam no arco zigomático. O osso zigomático está unido ao esfenóide e à maxila através da sutura esfenozigomática e zigomaticomaxilar, respectivamente. O corpo do zigomático, na face, é perfurado por um pequeno forame zigomaticofacial e, na sua superfície temporal, pelo forame zigomaticotemporal, os quais deixam passar vasos e nervos de mesmo nome (V/2 par). 13 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Nariz ósseo externo e cavidade nasal A abertura óssea do nariz é a abertura piriforme e está delimitada pelos processos frontais da maxila e pelos ossos nasais e pelas suturas frontonasal,internasal, frontomaxilar e nasomaxilar. No plano mediano, a borda inferior da abertura piriforme apresenta um processo ósseo que marca a junção das duas maxilas, a espinha nasal anterior, e aí se fixa a cartilagem do septo nasal. As aberturas posteriores da cavidade nasal são as coanas e são delimitadas medialmente pelo vômer, lateralmente pela lâmina pterigóidea medial, inferiormente pelas lâminas horizontais do osso palatino e superiormente pelo corpo do esfenóide. 14 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Osso etmóide Apresenta uma porção mediana que contribui para a formação do teto da cavidade nasal e do soalho da fossa anterior do crânio, a lâmina cribriforme (crivosa) do etmóide. O etmóide emite uma projeção para baixo, a lâmina perpendicular do etmóide, que entra na formação do septo nasal (etmóide + vômer). Entre a cavidade orbital e a parede lateral da cavidade nasal, no etmóide, estão presentes inúmeras pequenas cavidades ósseas que no conjunto formam o seio etmoidal. A disposição dessas cavidades ósseas constituem o labirinto etmoidal. A face do etmóide voltada para a cavidade nasal emite duas projeções ósseas para dentro da cavidade nasal, designadas conchas nasais superior e média. A cavidade nasal é dividida em duas metades pelo septo nasal, e cada metade apresenta parede lateral, medial, teto e soalho. O teto da cavidade nasal é formado pelos ossos nasal, frontal, etmóide e corpo do esfenóide, e parte do vômer. A parte do etmóide que contribui para a formação do teto é a lâmina cribriforme (crivosa) do etmóide, a qual comunica a cavidade nasal com a fossa anterior do crânio. Nesta lâmina passam os filetes nervosos do nervo olfatório (I par). O soalho da cavidade nasal é ao mesmo tempo o teto da cavidade oral. É marcado, em toda a sua extensão, por um sulco largo e liso. O soalho é formado, anteriormente, pelo processo palatino da maxila e, mais posteriormente, pela lâmina horizontal do palatino. A parede medial da cavidade nasal é o septo ósseo que divide a cavidade nasal em duas metades. A porção superior do septo é formada pela lâmina perpendicular do etmóide, e a porção inferior e posterior 15 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO é formada pelo osso vômer. A parede lateral da cavidade nasal é mais complexa, e formada por parte do nasal, da maxila, do lacrimal, do etmóide, da concha nasal inferior, da lâmina perpendicular do palatino e da lâmina medial do processo pterigóideo do esfenóide. Apresenta projeções ósseas, as conchas nasais, que delimitam reentrâncias, os meatos nasais. As conchas nasal superior e nasal média são projeções do osso etmóide, ao passo que a concha nasal inferior é um osso isolado que se articula com os ossos maxilar, lacrimal, etmóide e palatino. Pode haver conchas e meatos supremos acima da concha nasal superior. O meato nasal superior, sob a concha superior, apresenta posteriormente o forame esfenopalatino, que comunica a fossa pterigopalatina com a cavidade nasal. Ele deixa passar os vasos e os nervos esfenopalatinos (V / 2). O meato nasal médio, sob a concha média, recebe a abertura do seio maxilar, o hiato maxilar. Essa abertura óssea é bastante extensa, mas in vivo se restringe a um pequeno orifício revestido pela mucosa nasal Osso temporal Um osso irregular, é produto da fusão de três ossos fetais, o osso petroso, a escama e o osso timpânico. Os limites precisos desaparecem no adulto, mas costuma-se dividir o osso temporal em partes: escamosa, timpânica, estilóide, mastóidea e petrosa. ➢ Parte escamosa do temporal É a parte mais fina que aparece na face lateral do crânio. Articula-se com o parietal através da sutura escamosa temporoparietal. Da parte escamosa projeta-se anteriormente o processo zigomático do temporal, que contribui para a formação do arco zigomático. Na origem do processo zigomático do osso temporal, uma saliência óssea, é o tubérculo da raiz do zigoma. A partir dessa elevação e em direção medial para a face inferior do crânio, esse tubérculo passa a ser denominado tubérculo articular. O tubérculo articular está na frente de uma concavidade, a fossa mandibular, também chamada de cavidade glenóide. Uma 16 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO pequena projeção óssea posterior à fossa mandibular é o tubérculo pós-glenóide. Com a boca fechada, a cabeça da mandíbula (côndilo) aloja-se na fossa mandibular; porém, no movimento de abertura, o côndilo desliza para frente, pelo tubérculo articular. O meato acústico externo (abertura óssea do ouvido) localiza-se atrás da cabeça da mandíbula, sendo formado pelas partes escamosa e timpânica do temporal. O pório (Pr) é o ponto cefalométrico localizado na parte mais superior do meato acústico externo. ➢ Parte timpânica do temporal A parte timpânica do temporal, também denominada placa timpânica, forma o assoalho e a parede anterior do meato acústico externo. Na fossa mandibular a placa timpânica separa-se da parte escamosa do temporal pela fissura timpanoescamosa. A partir desta, origina- se a fissura petrotimpânica onde atravessa o n. corda do tímpano (VII par). 17 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO ➢ Parte mastóidea do temporal Na verdade é um processo ósseo robusto e posterior ao meato acústico externo designado de processo mastóideo. Este processo contém inúmeras células aéreas em seu interior, as células mastóideas. No processo mastóideo, fixam-se os músculos estemocleidomastóideo, esplênio da cabeça e longo da cabeça. Na face medial do processo mastóideo, a incisura mastóidea é uma reentrância, onde se fixa o ventre posterior do m. digástrico. Medialmente à incisura, há em geral um sulco para a artéria occipital. Fissura timpanomastóidea : separa o processo mastóideo do timpânico; ➢ Processo estilóide do temporal Consiste num processo de comprimento variável que se estende inferiormente desde a placa timpânica, o processo estilóide. Nele se fixam os ligamentos estilo-hióideo e estilomandibular e os músculos estiloglosso, estilofaríngeo e estilo-hióideo. O forame estilomastóideo por onde passa o nervo facial (VII par) fica entre os processos estilóide e mastóideo. 18 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO ➢ Parte petrosa do temporal A parte petrosa do temporal apresenta duas faces: uma voltada para o interior do crânio e uma face inferior. Três importantes forames relacionam-se com a parte petrosa nesta vista, o forame lácero, o canal carótico e o forame jugular. O forame lácero é uma abertura irregular localizada entre a parte petrosa do temporal, a parte basilar do occipital e o esfenóide. Este é fechado por uma cartilagem in vivo e se relaciona inferiormente com a tuba auditiva. O canal carótico é um túnel na parte petrosa do temporal. A abertura externa do canal carótico (vista inferior) localiza-se imediatamente anterior ao forame jugular, e a sua abertura interna (vista interna) localiza-se na parede do forame lácero. O canal carótico é atravessado pela a. carótida interna, que se dirige para a cavidade do crânio. O forame jugular localiza-se medialmente ao processo estilóide e posteriormente à abertura externa do canal carótico. Ele é atravessado pela veia jugular interna e pelos nervos glossofaríngeo (IX par), vago (X par) e acessório (Xl par). Entre o forame lácero e a abertura externa do canal carótico localiza-se a área quadrada do temporal, que constitui a maior parte da face inferior da parte petrosa do temporal. Desta área tem origem o músculo levantador do véu palatino. Na vista lateral do crânio, a fossa temporal corresponde à região acima do arco zigomático, onde fica o m. temporal. Os ossos frontal,parietal, asa maior do esfenóide e parte escamosa do temporal fazem parte desta fossa, e a região onde esses ossos se encontram é uma área craniométrica denominada ptério. O ptério é importante. pois se relaciona internamente como ramo anterior da artéria meníngea média e com a impressão do sulco lateral do telencéfalo. O crânio nessa região é bastante delgado, e traumatismos nessa área podem causar fraturas que rompem a dura-máter e a artéria meníngea média provocando um hematoma extradural. Este se não identificado. irá comprimir gradualmente o encéfalo inferiormente para o forame magno. levando à compressão do bulbo. Com consequente parada cardiorrespiratória. Em traumas nessa região torna-se necessário deixar o paciente em observação neurológica por pelo menos 24 horas. 19 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO A linha temporal superior delimita superiormente a fossa temporal. Essa linha tem início no processo zigomático do frontal, arqueia-se para trás no frontal e parietal, curvando-se para baixo, e termina nas cristas supramastóidea e suprameática. A fáscia do m. temporal se fixa nessa linha. O arco zigomático limita inferiormente a fossa temporal. Osso occipital No osso occipital nota-se um grande forame, o forame magno, circundado pelas partes escamosa (posterior) e basilar (anterior) e por duas partes laterais que se articulam com os temporais. Estas partes do occipital são separadas ao nascimento e só se fundem em torno dos seis anos de idade. Através do forame magno é que se estabelece a comunicação da cavidade do crânio com o canal vertebral. O forame magno dá passagem medula espinhal e suas meninges, parte do n. acessório (XI par) e as artérias vertebrais. No ponto médio da borda anterior do forame, descreve-se o ponto craniométrico básio. ➢ Parte escamosa do occipital A parte escamosa do occipital situa-se parte na base do crânio e parte na calota do crânio. A protuberância occipital externa e as linhas superiores da nuca delimitam superiormente o pescoço. Uma saliência, a crista occipital externa, une a protuberância à borda posterior do forame magno. Essas saliências dão inserção a vários músculos do dorso e do couro cabeludo. 20 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO ➢ Parte lateral do occipital A parte lateral do occipital se caracteriza principalmente por apresentar duas grandes massas ósseas, os côndilos occipitais, que se articulam com o atlas (primeira vértebra cervical). Acima de cada côndilo, observando através do forame magno nota-se o canal do n. hipoglosso (XII par). - Parte da calota craniana. • Fossa condilar (atrás dos côndilos); • Canal condilar: veia emissária; • Canal do n. hipoglosso: n. hipoglosso; • Processo jugular: projeção da parte lateral do occipital; • Forame jugular. ➢ Parte basilar do occipital A parte basilar do occipital é uma espessa projeção óssea em direção ao osso esfenóide. Na face inferior dessa parte, o tubérculo faríngeo dá fixação ao m. constritor superior da faringe. 1 a 1,5 cm a frente do forame magno. 21 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Osso esfenóide O esfenóide apresenta superfícies voltadas para as vistas inferior, lateral e interna do crânio. Apresenta uma forma irregular, tendo um corpo mediano e duas expansões laterais, as asas maiores, duas asas menores voltadas para o interior do crânio. Na vista inferior destacam-se os processos pterigóideos. A asa maior do esfenóide apresenta as faces cerebral, temporal e infratemporal. A face infratemporal da asa maior do esfenóide é o teto da fossa infratemporal e aí se origina o músculo pterigóideo lateral. A asa maior contribui anteriormente para formar a fissura orbital inferior, e se continua medialmente com o processo pterigóideo. Posteriormente na face infratemporal, notam-se os forames oval e espinhoso, atravessados pelo nervo mandibular (V /3 par) e pela artéria meníngea média, respectivamente. Atrás do forame espinhoso identifica-se a espinha do esfenóide, onde se origina o liga mento esfenomandibular. Os processos pterigóideos do esfenóide situam-se atrás da maxila e separam a fossa infratemporal das coanas. Cada processo pterigóideo apresenta uma lâmina pterigóidea lateral e outra medial, separadas por uma depressão, a fossa pterigóidea. Na lâmina pterigóidea medial parte inferior nota-se um pequeno gancho denominado hâmulo pterigóideo. Na parte superior desta lâmina, existe uma pequena depressão, a fossa escafóide. 22 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Coanas As coanas são duas grandes aberturas acima da borda posterior do palato, que permitem a comunicação da cavidade nasal com a nasofaringe. São separadas entre si pelo vômer, que representa as porções posterior e inferior do septo nasal ósseo. As coanas são delimitadas lateralmente pela lâmina medial do processo pterigóideo, superiormente pelo vômer e corpo do esfenóide e, inferiormente, pelo osso palatino. Palato ósseo O teto da boca, que é ao mesmo tempo o soalho da cavidade nasal, é denominado palato ósseo. O palato é formado pela junção dos processos palatinos da maxila, anteriormente, com as lâminas horizontais do osso palatino, posteriormente. A sutura que une tais processos de um lado ao outro é a sutura palatina mediana. A sutura que une o palatino e a maxila entre si é a sutura palatina transversa. A união dos quatro processos, portanto, forma a chamada sutura cruciforme, pois a junção das suturas palatinas mediana e transversa apresenta uma forma de cruz. Atrás dos incisivos, nota-se o forame incisivo, que se comunica com a cavidade nasal através dos canais incisivos, atravessados pelos vasos e nervos nasopalatinos (V/2 par). Mais lateralmente, entre a lâmina horizontal do palatino e a maxila, o canal palatino maior abre-se no palato através do forame palatino maior atravessados pelos vasos e nervos palatinos maiores (V /2 par). Atrás do forame palatino maior, pode haver um ou mais forames palatinos menores para vasos e nervos de mesmo nome (V/2 par). Osso palatino O osso palatino tem a forma de um "L". Ele apresenta uma lâmina perpendicular, e uma lâmina horizontal. Na junção das duas lâminas, o processo piramidal projeta-se entre o túberculo da maxila e o processo pterigóideo do esfenóide. 23 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Crânio vista interna Esta é a porção do crânio que aloja o encéfalo e suas meninges, os nervos cranianos e os vasos sanguíneos. É formada de uma porção superior, denominada calota do crânio ou calvária, e uma porção inferior, a base do crânio. Calota do crânio ou calvária É a porção superior do crânio e forma o teto da cavidade do crânio. Ao longo da sutura sagital, um sulco raso na superfície interna é o sulco do seio sagital superior, que aloja um dos seios venosos da dura- máter craniana, o seio sagital superior. Algumas depressões, as fovéolas granulares, podem ser percebidas ao longo deste sulco, e elas alojam as granulações aracnóides (formações meníngeas que drenam líquor). As marcas no osso causadas pelos giros cerebrais formam as impressões digitiformes ou digitais. Notam-se também sulcos vasculares que alojam artérias, entre eles destaca-se o sulco da artéria meníngea média, que se inicia no forame espinhoso, passa pelo ptério e percorre internamente as faces lateral e superior da calota do crânio. 24 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO Base do crânio A base do crânio forma o soalho da cavidade do crânio. Ela é rica em acidentes anatômicos causados pela morfologia do encéfalo. Está dividida em três depressões denominadas fossas anterior, média posterior do crânio. A asa menor do esfenóide separa a fossa anterior da média,e a parte petrosa do temporal separa a fossa média da posterior. ➢ Fossa anterior A fossa anterior do crânio está relacionada com o lobo frontal do telencéfalo e apresenta impressões digitiformes causadas pelos giros cerebrais. A maior parte dessa fossa é formada pelo osso frontal, que contribui ao mesmo tempo para a formação do teto da órbita. Ossos: frontal, etmóide e esfenóide. No plano mediano, o osso etmóide apresenta uma projeção óssea, a crista galli. Lateralmente à crista galli, localiza-se a lâmina Cribriforme (crivosa) do etmóide, uma lâmina óssea perfurada, que é atravessada por filetes do nervo olfatório (I par). • Forame cego: À frente da Crista Galli. Dá passagem a uma veia da cavidade nasal para o seio sagital superior. O osso esfenóide apresenta um corpo mediano e duas expansões laterais, as asas menores e maiores do esfenóide. O corpo localiza-se posteriormente ao etmóide e faz parte das fossas anterior e média do crânio. A asa menor localiza-se posteriormente ao frontal e separa as fossas anterior e média do crânio. Próximo ao corpo do esfenóide, as asas menores projetam-se no processo clinóide anterior (Um de cada lado. Se fixa a tenda do cerebelo ou prega da dura-máter). - Jugo esfenoidal: Plano / parte do corpo esfenóide / forma o teto do seio esfenoidal; - Limbo esfenoidal: Base do Crânio Pequena crista / limite entre a fossa ant. e média. 25 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO ➢ Fossa média Esta fossa está relacionada com o lobo temporal do telencéfalo e a hipófise. A maior parte do corpo do esfenóide e da sua asa maior localiza-se nessa fossa. É delimitada da crista esfenoidal à crista petrosa. O corpo do esfenóide tem a forma de um cubo e é pneumático (seio esfenoidal). O corpo apresenta relações importantes: - Ântero inferior: forma o teto da cavidade nasal; - Inferior: forma o teto da faringe; - Posterior: funde-se ao occipital; - Superior: ajuda a formar a fossa hipofisária. Na transição entre as fossas anterior e média do crânio localiza-se o sulco óptico que se continua com o canal óptico. O canal óptico comunica-se com a órbita e é atravessado pelo nervo óptico (II par) e pela artéria oftálmica. A parte superior do corpo do esfenóide forma a sela turca. Limite anterior: tubérculo da sela; Limite posterior: dorso da sela. O dorso da sela apresenta duas projeções, uma de cada lado, denominadas processos clinóides posteriores. A hipófise ou glândula pituitária repousa no assento da sela, na chamada fossa hipofisária. O ponto cefalométrico central da fossa hipofisária é denominado ponto "S" (sela). De cada lado do corpo do esfenóide, nota-se um sulco raso, o sulco carótico, que tem início na abertura interna do canal carótico, junto ao forame lácero. A parte lateral da fossa média do crânio é formada pelas asas maiores do esfenóide e porções escamosa e petrosa do temporal. Entre as asas maior e menor do esfenóide de cada lado, nota-se uma abertura em forma de fenda, a fissura orbital superior, que comunica a órbita à fossa média do crânio e permite a passagem dos nervos cranianos oculomotor (III par), troclear (IV par), abducente (VI par), e também os ramos do nervo oftálmico do trigêmeo (V /1 par). Atrás da fissura orbital superior, localiza-se o forame redondo. Este comunica a fossa média do crânio com a fossa pterigopalatina e é atravessado pelo nervo maxilar (V /2 par). Posteriormente ao forame redondo, dispõem- se os forames oval e espinhoso. Ambos comunicam a fossa média do crânio com a fossa infratemporal. O forame oval é atravessado pelo nervo mandibular (V / 3 par), e o forame espinhoso, pela artéria meníngea média. Esta dirige-se lateral e anteriormente para a calota do crânio e passa a ocupar o sulco da artéria meníngea média. 26 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO A fissura orbital superior, o forame redondo e o forame oval alinham-se como uma semilua na fossa média do crânio e deixam passar os três ramos do nervo trigêmeo (V par), os nervos oftálmico (V/ 1), maxilar (V/ 2) e mandibular (V / 3), respectivamente. A face anterior da parte petrosa do temporal apresenta medialmente uma pequena depressão denominada impressão do trigêmeo, que aloja o gânglio do nervo trigêmeo. ➢ Fossa posterior É a fossa mais profunda da cavidade do crânio e aloja o cerebelo e o tronco encefálico. Formada por partes de: • Esfenóide; • Parietal; • Temporal; • Occipital. Na dura-máter craniana, existem espaços vasculares que contribuem para o retorno venoso do encéfalo, os seios da dura- máter. Tendo em vista sua intrínseca relação com a superfície interna do crânio, esses seios provocam sulcos dispostos a partir da protuberância occipital interna: para cima, em direção à calota, o sulco do seio sagital superior, lateralmente, os sulcos para os seios transversos se curvam para continuarem nos sulcos para os seios sigmóides, que terminam no forame jugular. O seio sigmóide de cada lado se continua como a veia jugular interna, que deixa o crânio pelo forame jugular. O forame jugular, além de dar passagem à 27 ANATOMIA DA CABEÇA E PESCOÇO veia jugular interna, é atravessado pelos nervos glossofaríngeo (IX), vago (X) e acessório (XI). A face posterior da parte petrosa do temporal apresenta uma abertura, o meato acústico interno, por onde passam os nervos vestíbulo-coclear (VIII par) e facial (VII par). Esse meato se origina da cavidade do tímpano e, portanto, não se comunica diretamente com o meato acústico externo. Anotações
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