Buscar

FICHAMENTO Cadeias produtivas no desenvolvimento regional RIPPEL et al

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Cadeias produtivas no desenvolvimento regional: o caso de Toledo no Oeste do estado do Paraná. RIPPEL et al.
CITAÇÃO
Analisando esta questão Rippel (1995) argumenta que o processo de encadeamento ocorre pela natureza de algumas atividades de produção ou serviços, em gerar um efeito dinâmico sobre a economia de certas regiões, fato que é para a implantação e consolidação de novas atividades e também a um processo de acumulação de capital cada vez mais amplo, através de novos investimentos e da busca de mercados consumidores potenciais ou consolidados. A forma como se dá este processo de encadeamento e sua capacidade de gerar o desenvolvimento econômico é analisada por Hirschman (1961, 1985), que expõe suas idéias com a intenção de formular uma teoria capaz de servir de referência básica à escolha das
estratégias político-econômicas que levem à superação do problema do subdesenvolvimento existente em vários países e regiões do mundo. (PG.2)
Entre esses pré-requisitos estruturais podem ser citados os seguintes fatores: a) recursos naturais; b) fontes geradoras de energia; c) existência de recursos humanos devidamente treinados e preparados; d) capacidade administrativa e gerenciadora; e) capacidade de geração de novas tecnologias, principalmente via investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Hirschman parte então à busca da identificação de um mecanismo capaz de induzir ao crescimento. Com tal propósito, percebe que o desenvolvimento se dá por
meio de uma sucessão preestabelecida de etapas, e superá-las constitui-se no elemento essencial à sua obtenção. (PG.3)
O autor entende que a importância desses efeitos deveria ser analisada por dois enfoques essenciais: a) sobre os produtos potencialmente induzidos em outros setores pelo investimento inicial; b) sobre as probabilidades de que esses novos investimentos, corporificados em ampliações da capacidade das empresas ou na criação de outras, realmente aconteçam. Ao buscar caminhos que possam apontar os encadeamentos, propõe que os
encadeamentos para frente de um determinado setor sejam medidos pela proporção
de seu produto total destinado às outras indústrias, e não à demanda final. (PG. 4-5)
O resultado desse "experimento mental" equivale a supor que haveria um sentido de causação no crescimento de uns setores em relação ao de outros e, conforme esta lógica, os setores mais dinâmicos teriam maior capacidade de produzir economias externas pecuniárias para outros setores. Isto significa dizer que, em cadeias de ligações de cunho intersetorial ou ditas interindustriais, o caminho a ser percorrido vai sendo atingido através de seqüências, partindo da demanda preexistente, para trás e para frente, no processo de produção. (PG.5)
Dessa forma, entende que encadeamento para trás é fruto de um crescimento autônomo de um determinado setor, motivado basicamente por causa de um novo investimento ou pelo aproveitamento da capacidade produtiva previamente existente. Esse encadeamento induz o crescimento de outros setores a ele relacionados, devido principalmente às pressões de demanda. (...). (PG.5)
Para ele, os encadeamentos poderiam também ser medidos a partir das matrizes de relações interindustriais, nas quais os setores possuidores de maior intensidade nos seus vínculos com os demais deveriam ser priorizados nos processos de desenvolvimento de um país ou de uma região, principalmente em função de sua capacidade de impulsionar mais eficientemente a taxa de crescimento dessas economias. É devido a esses fatores que o autor considera tais setores
"estratégicos". (PG.6)
Assim, conforme o autor, verifica-se que o conceito de efeito em cadeia foi vulgarizado por ter como referência, principalmente, a indústria e a industrialização, pois nesse campo era possível conceber efeitos em cadeia de variedade e profundidade consideráveis, tanto no sentido retroativo, quanto prospectivo. Apesar disso, o conceito tem tido também aplicações proveitosas, quando se analisa a produção primária. Seu uso evidencia uma conexão bastante interessante com a tese do produto primário de exportação, que tem buscado demonstrar como a experiência do crescimento econômico de um país "novo" é moldada de forma concreta pelos produtos primários específicos, os quais exportam constante e sucessivamente para o mercado internacional. "O conceito original de efeito em cadeia apanha, naturalmente, um só aspecto desse processo total; aquele aspecto que está mais diretamente ligado à procura e elaboração desse mesmo produto primário de exportação" (Hirschman, 1985, p. 39). Percebe-se diante desta argumentação que tal tentativa de conexão consiste num experimento que objetiva principalmente descobrir em seus pormenores como uma coisa leva à outra, tal como, Hirschman (1961), argumenta que um desequilíbrio original num determinado setor da economia leva ao crescimento econômico e ao surgimento de novos elos da Cadeia de Produção tal qual deu-se historicamente no município de Toledo. (Rippel 1995). (PG.8)
Assim, à identificação dos efeitos em cadeia de consumo soma-se a dos efeitos em cadeia fiscais que possibilita uma apreensão mais completa da realidade atual, pois permite aos administradores públicos e privados determinar de forma mais completa a capacidade de geração de estímulos de uma determinada atividade produtiva que levem ao crescimento e ao desenvolvimento. Desse modo, os administradores, via de regra passam a priorizar tais atividades, pois sabem que quanto maiores os efeitos em cadeia maiores as possibilidades de estímulos ao surgimento de atividades complementares concatenadas, que podem repercutir em maior arrecadação fiscal, aumento da geração de empregos, instrumentos que possibilitam alavancar o desenvolvimento de um país ou de uma região, fato que efetivamente deu-se em Toledo. (PG.9)
Em todo caso, o que se verificou ao longo do tempo, o impacto e o incremento deste núcleo de produção sobre a estrutura produtiva, ocorre a partir da convergência de alguns pontos salientados por Furtado (1987): a) a modificação na função de produção em decorrência da inserção de novas atividades na economia local; b) as transformações na distribuição da renda e seus impactos sobre a demanda local e regional; c) as transformações na infra-estrutura, induzidas pelo setor dinâmico, cujos efeitos geram os encadeamentos produtivos; d) a tendência ao aumento da capacidade do setor que gera o encadeamento produtivo em demandar insumos na região; e) a parcela do produto gerado pelo setor dinâmico que é retido na região sob a forma de investimentos, compras e salários. (PG.10)
Esta transformação é resultado da modernização ocorrida na agroindústria nacional, com a implementação do binômio agrícola soja-trigo, implicou em profundas transformações na base técnica agrícola e estimulou a instalação de grandes empresas oligopolistas no setor, tanto a montante quanto ajusante (Müller, 1989). Nesse movimento viu-se que o processo permitiu o desenvolvimento econômico de diversas regiões, através da formação de novos encadeamentos produtivos capazes de gerar mais riqueza e aumentar o número de empregos. (PG.11)
O predomínio da produção de suínos regional remontava à época de colonização do local e à tradição das famílias colonizadoras, que em seus locais de origem dominavam a prática por herança cultural. Ali desenvolvia-se uma produção bastante organizada de suínos, que gerava uma matéria-prima de boa qualidade, contando então com uma unidade de abate instalada e em funcionamento. Esse fato, combinado com o aumento da produtividade da atividade, via melhoria das novas tecnologias de produção e obtenção de vantagens de custo e escala de
produção, foi fundamental para a escolha da cidade. (PG.12)
Ressalte-se que o processo de crescimento e expansão do parque fabril da FRIGOBRÁS de Toledo foi tão intenso que os encadeamentos produtivos do complexo passaram a consolidar-se cada vez mais, e os efeitos em cadeia de consumo começaram a surgir e a se expandir de forma acelerada. A empresa teve um papel de tal importânciana economia local de Toledo, que suas operações respondem por mais de 48% da arrecadação fiscal do Município. (Rippel 1995). (PG.13)
Nessa direção, como realça Hirschman (1961), as oportunidades de expansão econômica regional, a partir dos efeitos de encadeamentos oriundos de investimentos em determinadas indústrias que exigem complementaridades para frente e para trás. Evidentemente, os efeitos podem não ser imediatos no local de implantação dessa indústria, quando o mercado está integrado em nível nacional e não encontra dificuldades de suprimentos de artigos que servem como insumos ao processo de produção. Entretanto, investimentos em determinados segmentos produtivos que são complementares ou que representam oportunidades, a partir do processamento de subprodutos da empresa "mãe" devem estar inseridos na dinâmica dos mercados. (PG.14-15)
Desse modo, em função das características dessas novas empresas, predominantemente pequenas e médias, é sintomático que a sua proliferação seja acompanhada por um alto índice de nascimento e mortalidade, face aos problemas de competitividade encontrados e à sua inserção em estruturas de mercado amplamente oligopolizadas. Mesmo assim, o resultado foi um aumento do número de empresas vinculadas ao parque industrial da FRIGOBRÁS-SADIA, entre as quais algumas se constituem como empresas de médio porte. (Rippel, 1995). (PG.15)
Esse desempenho das empresas comunitárias e dos seus respectivos setores, bem como o ritmo de crescimento econômico que se seguiu até meados da década de 90, chama mais a atenção por dois aspectos importantes: primeiro, estão situadas em setores que tradicionalmente são altamente oligopolizados; segundo, os efeitos em cadeia geraram um surto desenvolvimentista, gerando a formação de um pólo têxtil-fabril. O que acarretou em Toledo a formação do maior pólo industrial do Oeste do Paraná. (PG. 17-18)
FICHAMENTO
	Os autores desenvolvem o argumento de um desenvolvimento pautado no desenvolvimento econômico da região, atrelado a um processo de ascensão da FIGROBRÁS-SADIA. Empresa de caraterísticas oligopolicas que, devido as características da região produtora de comodities *soja, milho, suínos...” tem sua expansão dentro na região. Atrelada ao desenvolvimento desta, temos o surgimento de pequenas indústrias, produzidas pelo capital da poupança local, que desenvolveram atividades vinculadas a produção da SADIA, seja na questão do couro ou de outras sobras, estabelecendo uma relação intrínseca com esta e gerando, juntamente com a SADIA empregos diretos e indiretos para a região. A que se ressaltar, que estas industrias sofreram com problemas de estruturação, muitas delas acabaram fechando devido a conjuntura econômica do periodo (década de 1990). Ainda sim um fenômeno interessante a se considerar, devido a estruturação das cadeias produtivas na região Oeste, estas atreladas a uma produção que agrega pouco valor ao produto (alimentícios).

Continue navegando