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ADRIANA SANTIAGO FERREIRA A EFICACIA DA TOXINA BOTULINICA TIPO A NO TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR SANTO ANDRÉ 2020 A EFICACIA DA TOXINA BOTULINICA TIPO A NO TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN - SP, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Biomedicina. Orientador: JULIANO HILGENBERG ADRIANA SANTIAGO FERREIRA ADRIANA SANTIAGO FERREIRA A EFICACIA DA TOXINA BOTULINICA TIPO A NO TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhanguera de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Biomedicina. BANCA EXAMINADORA Profa. Msc Alessandra Furtado Nicoleti Prof. Me Heitor Luiz Borali Profa. Dra. Daniela Rocca Zechetti Santo André, 08 de Dezembro de 2020. O Coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos. Provérbios 16-9. AGRADECIMENTOS Agradeço eternamente a Deus que me iluminou o meu caminho e em nenhum momento e me deixou só. Que em meio a tantas dificuldades me ensinou que tudo é possível quando se tem fé, perseverança e foco. Obrigada meu Deus mais que amado! Agradeço a minha mãe Maria de Fatima Gomes Santiago que sempre me incentivou e me ajudou mesmo passando por necessidades a me tornar a mulher de caráter que hoje sou. Agradeço também as minhas irmãs Patrícia Santiago Cardoso e a Andreia Santiago Ferreira por serem tão companheiras. FERREIRA, Adriana Santiago. A eficácia da toxina botulínica tipo a no tratamento de hiperidrose axilar e palmar.2020. 28. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biomedicina) –ANHANGUERA, São Paulo, 2020. RESUMO A hiperidrose é caracterizada por um suor em excesso e sem controle que ocorre devido a uma hiperatividade simpática. Os procedimentos para o tratamento convencional como o uso de antiperspirantes, iontoforese não se demonstrou eficaz e em casos mais graves, ou então são muito arriscados. A toxina botulínica tipo A surgiu como um procedimento confiável e eficaz da hiperidrose, ao inibir a liberação da acetilcolina nas membranas pré-sinápticas. Abordagens cirúrgicas incluem a Simpatectomia Endoscópica, curetagem axial e lipoaspiração tumescente, removendo as glândulas sudoríparas. Drogas também podem ser utilizadas no tratamento como substâncias anticolinérgicas a nível sistêmico. Conclui-se que todos os tratamentos devem ser analisados de acordo com o grau de hiperidrose, variando de paciente para paciente. Este estudo tem como objetivo revisar criticamente a literatura sobre o tema. O tratamento da hiperidrose palmoplantar, axilar e frontal com a toxina botulínica tem se mostrado eficaz e seguro, reabilitando o indivíduo às suas atividades no mesmo dia. A única desvantagem desse tratamento é o seu alto custo, que limita significativamente o seu uso. Palavras-chave: Hiperidrose. Palmar. Toxina Botulínica tipo A. FERREIRA, Adriana Santiago. The efficacy of botulinum toxin type a in the treatment of axillary and palmar hyperhidrosis.2020. 28. Course Conclusion Paper (Graduation in Biomedicine) –ANHANGUERA, São Paulo, 2020. ABSTRACT Hyperhidrosis is characterized by excessive, uncontrolled sweating that occurs due to sympathetic hyperactivity. Conventional treatment procedures such as the use of antiperspirants, iontophoresis have not been shown to be effective in more severe cases, or they are very risky. Botulinum toxin type A emerged as a reliable and effective procedure for hyperhidrosis, by inhibiting the release of acetylcholine in presynaptic membranes. Surgical approaches include endoscopic sympathectomy, axial curettage and tumescent liposuction, removing sweat glands. Drugs can also be used in the treatment as anticholinergic substances at the systemic level. It is concluded that all treatments must be analyzed according to the degree of hyperhidrosis, varying from patient to patient. This study aims to critically review the literature on the topic. The treatment of palmoplantar, axillary and frontal hyperhidrosis with botulinum toxin has been shown to be effective and safe, rehabilitating the individual to his activities on the same day. The only disadvantage of this treatment is its high cost, which significantly limits its use. Keywords: Hyperhidrosis. Palmar. Botulinum toxin type A. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Hiperidrose (Axilas)..................................................................................15 Figura 2 – Liberação de neurotransmissor e presença da toxina botulínica...............18 Figura 3 – Demonstração de ptose palpebral.............................................................21 Figura 4 – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO.........................................................24 LISTA DE TABELAS Tabela 1– Complicações............................................................................................17 Tabela 2 – Aplicações da toxina botulínica.................................................................19 Tabela 3 – Técnicas cirúrgicas minimamente invasivas.............................................22 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13 2. O SURGIMENTO DA TOXINA BOTULINICA TIPO A E A SUA DESCOBERTA NO TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR ................................. 14 3.0 A HISTÓRIA DA TOXINA BOTULÍNICA TIPO A (BOTOX)................................17 3.1 A HISTÓRIA DA TOXINA BOTULÍNICA TIPO A..................................................17 3.2 OUTROS PROCEDIMENTOS COM A TOXINA BOTULÍNICA TIPO A...............19 3.2.1 Toxicidade.........................................................................................................20 4.0 RISCOS E COMPLCAÇÕES DA APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULINICA .......21 4.1 OUTROS PROCEDIMENTOS QUE PODEM RESOLVER O TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR..........................................................................22 4.1.1 A técnica de curetagem e aspiração.................................................................22 4.1.2 Iodoforese .........................................................................................................23 4.1.3 Tratamento Sistematico.....................................................................................23 4.1.4 Laser subdérmico ..............................................................................................23 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 215 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 266 13 1 INTRODUÇÃO A hiperidrose é caracterizada pela transpiração (sudorese) excessiva e incontrolável, podendo surgir sem qualquer fator desencadeante aparente. Atinge homens e mulheres e se manifesta em várias idades. Apesar de ser indispensável para controlar a temperatura do corpo, especialmente durante a prática de exercícios físicos, o suor excessivo causa impacto significativo na vida profissional e emocional dessas pessoas. Os sintomas cessam durante o sono. O constrangimento, o isolamento, o incômodo físico, as alterações psicológicas, a baixa autoestima e outros problemas relacionados ao convívio social são exemplos das consequências que essa afecção pode causar a seus portadores. De que forma a Toxina Botulínicatipo A é eficaz no tratamento de Hiperidrose axilar e palmar? O presente estudo tem como objetivo geral ratificar a eficácia da Toxina Botulínica tipo A no tratamento da hiperidrose axilar e palmar. Apresentar a Toxina Botulínica tipo A como um tratamento alternativo e seguro. A Toxina Botulínica tipo A surgiu como um tratamento alternativo, seguro, rápido e eficaz no tratamento da hiperidrose axilar e palmar ao bloquear a liberação de acetilcolina nas membranas pré-sinápticas. Os autores demonstraram que mesmo com reduzidas doses de toxina botulínica tipo A, resultados satisfatórios foram alcançados, reduzindo custos e possibilitando que pacientes tenham acesso ao tratamento, diferentemente de outrora. Onde somente a cirurgia era vista como meio de tratamento eficaz, porem causando várias outras sequelas. E foi pensando nesse diferencial de tratamento alternativo que esse trabalho por meio de revisões literárias tem por objetivo demonstrar o quanto é importante e previsto que a toxina botulínica tipo A é sim eficaz no tratamento de hiperidrose axilar e palmar. Este trabalho tem por objetivo abordar o tema a eficácia da toxina botulínica tipo a no tratamento de hiperidrose axilar e palmar estética e suas implicações, descrevendo os principais métodos utilizadas para tal tratamento, apontando as principais formas do procedimento, seus riscos e outros métodos com a mesma finalidade. 14 2 O SURGIMENTO DA TOXINA BOTULINICA TIPO A E A SUA DESCOBERTA NO TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR De acordo com Silva, (2012) o uso da toxina botulínica tipo A na medicina iniciou-se em 1978, quando o oftalmologista Dr. Alan Scott após diversas tentativas sem êxito de descobrir uma substância que pudesse impossibilitar a atividade muscular impedindo o neurotransmissor com a obrigação de tratar o estrabismo. Scott teve aprovação da FDA para aplicar a toxina em voluntários com estrabismo. Até hoje esse procedimento vem sendo aplicado na oftalmologia para tratar pacientes de estrabismo e para blefaroespasmo (piscar sem parar) e outras condições de hiperatividade dos músculos. O físico alemão foi o primeiro a referenciar o Botulismo, no ano de 1822, atribuindo-lhe a designação de “envenenamento por salsicha”. Esta designação deveu-se ao facto da “salsicha” ter sido a causadora desta intoxicação. J. Kerner concluiu que seria um “veneno” a causa da doença, especulando mais tarde, um uso terapêutico para esta toxina (PANICKER, 2003, p.12) O Botulismo pode ocorrer de quatro formas distintas: pode resultar da infeção com esporos bacterianos, em crianças, que produzem e libertam a toxina no corpo; no caso do botulismo infecioso entérico, as bactérias crescem no intestino; o botulismo de feridas acontece quando há uma ferida que é infetada e a forma mais comum ocorre após a ingestão da toxina, botulismo de origem alimentar (MÜNCHAU, 2000). Justinius Kerner associou mortes resultantes de intoxicação com um veneno encontrado em salsichas defumadas (do latim botulus, que significa salsicha). Ele concluiu que tal veneno interferia na excitabilidade do sistema nervoso motor e autonômico. Ele também foi capaz de relatar alguns dos sintomas neurológicos desta toxina e que são de conhecimento atual: vómitos, espasmos intestinais, ptose, disfagia, falha respiratória e midríase (dilatação da pupila, em função da contração do músculo dilatador da pupila) (PANICKER, 2003). Tal como foi referido anteriormente, J. Kerner propôs um uso terapêutico para esta toxina. Assim, sugeriu que esta poderia ser usada para diminuir a atividade do sistema nervoso simpático, quando este está associado a desordens nos movimentos, hipersecreção de fluidos corporais, úlceras provocadas por doenças malignas, delírios e raiva (TING, 2004). 15 A toxina botulínica foi à primeira proteína microbiana a ser utilizada por meio de injeção para o tratamento de doenças humanas (JOHNSON, 1992). Esta toxina tem sete tipos diferentes nomeados de A até G e é desde há muito conhecida pelos seus 12 efeitos paralisantes sobre a musculatura voluntária humana através da inibição da liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares (TRUONG, 2009). A maioria dos estudos iniciais sobre o mecanismo de ação da toxina botulínica foi realizado com o tipo A desta toxina. Apesar de bloquear a transmissão nas sinapses colinérgicas do sistema nervoso periférico, a condução ao longo dos axónios não é afetada. A denervação química dura vários meses, e a recuperação da neurotransmissão e da atividade muscular requer surgimento de novas terminações nervosas e conexões funcionais em placas motoras (JOHNSON,1992). A hiperidrose é uma patologia caracterizada pelo excesso de suor e/ou transpiração, mesmo que em repouso. Isso ocorre em virtude das glândulas sudoríparas do corpo humano serem hiperfuncionantes. Cerca de 3% da população é afetada pela mesma, sendo que a incidência é homens e mulheres na faixa etária dos 18 anos. A hiperidrose atinge diversas áreas do corpo: couro cabeludo, face, axilas (a mais comum), palmas das mãos, virilha, plantas dos pés. Manifesta-se de forma localizada (áreas específicas) ou generalizada (todo o corpo), podendo ser diagnosticada também por hiperidrose primária ou secundária (DEMARCHI et al., 2009, p. 65). Figura 1: Hiperidrose (Axilas). Fonte: (CAPRONI, 2017) A hiperidrose primária torna-se visível na infância ou adolescência e normalmente a transpiração ocorre nas axilas, mãos e pés. Integrantes da mesma 16 família podem apresentar os sintomas, contudo, neste caso, não ocorre transpiração em repouso ou sono. Em controversa da primária, a hiperidrose secundária ocorre em todas as áreas do corpo, causada por uma condição médica (hipertireoidismo, menopausa, obesidade) ou pelo efeito colateral de uma medicação, surge na fase adulta e neste caso ocorre a transpiração excessiva em repouso ou sono (REIS et al., 2011). Sua etiologia é desconhecida, podendo possuir diversas causas: fatores emocionais, hereditários ou doença, fatores ocupacionais e até mesmo sociais. O desconforto provocado pelo excesso de suor, mesmo com a ausência de quaisquer fatores acima citados, pode perturbar os aspectos de vida do paciente, desde o seu bem-estar emocional, autoimagem, atividades físicas/ recreativas e relacionamentos. Induzindo a ansiedade e se tornando muitas vezes incapacitantes (CARDOSO, 2009, p.46). Segundo Demarchi et al. (2009), os pacientes de hiperidrose axilar queixam-se de roupas extremamente molhadas, manchadas e com aspectos de sujeira e mal odor. Nas mãos, reclamam da dificuldade no aperto de mãos (qualquer contato físico envolvendo as mãos) e ao manusear instrumentos (folhas e componentes eletrônicos). Causando assim um desconforto nos relacionamentos, constrangimento social e até mesmo transtornos psicossomáticos. 17 3 A HISTÓRIA DA TOXINA BOTULÍNICA TIPO A (BOTOX) 3.1 A HISTÓRIA DA TOXINA BOTULÍNICA TIPO A A história do uso cosmético da toxina botulínica começou a ter observações realizadas a partir do uso clínico da toxina. Os estudos de Alan Scott foram essenciais de referência para que, em 1989, a Food and Drug Administration (FDA/USA) aprovasse o uso da toxina botulínica tipo A para o tratamento de desordens neuromusculares e oculares. Com o decorrer do tempo, Scott e outros profissionais analisaram efeitos sobre a musculatura facial dos pacientes tratados com finalidade clínica, que demonstravam o potencial uso da toxina botulínica tipo A para a diminuição de rugas e linhas de expressão (CARRUTHERS, 2003). A toxina botulínica tipo A (TBA) é uma das substâncias biológicas mais letais (NIGAM; NIGAM, 2010). Tabela 1- Complicações. Fonte: Adaptado de Sposito (2009) E é produzida por cepas de Clostridium butulinum, uma bactéria anaeróbia, gram-positivae formadora de esporos. É uma exotoxina, na qual apresenta oito sorotipos (A, B, C1, C2, D, E, F e G), sendo a do tipo A mais utilizada clinicamente (SPOSITO, 2004). 18 Figura 2- Liberação de neurotransmissor e presença da toxina botulínica. Fonte: Adaptado de Sposito (2009). A sua utilização clínica principal para o tratamento do estrabismo expandiu-se significativamente para incluir condições neurológicas relacionadas com a hiperatividade dos músculos como, por exemplo, distonias, espasticidade, tiques, tremores e disfonia. Recentemente, a toxina botulínica tem sido usada para atenuar distúrbios autonómicos atuando em receptores de glândulas e no músculo liso, sendo consequentemente, utilizada no tratamento de uma série de outras condições, incluindo desordens de hipersecreção, síndromes de dor, dissinergia do esfíncter detrusor, hiperatividade gastrointestinal e espasmo muscular ou do esfíncter. Além disto, também pode reduzir a dor (TRUONG, 2009). 19 Por ser o nome da marca pioneira na comercialização para fins estéticos – Botox®, produzida pelo laboratório Allergan Inc, o procedimento ficou conhecido por todos como “Botox”. Ainda assim, existem outras marcas disponíveis no mercado: a farmacêutica Galderma é responsável pela Dysport, a Merz registrou a Xeomin e a Cristália comercializa a Prosigne (SILVA, 2009). 3.2 OUTROS PROCEDIMENTOS COM A TOXINA BOTULÍNICA TIPO A Atualmente a toxina botulínica é empregada para tratamento de: Estrabismo; blefaroespasmo associado com distonia, incluindo blefaroespasmo essencial benigno ou distúrbio do nervo facial, indicado também em: distonia cervical (torcicolo espasmódico); espasmo hemifacial; espasticidade muscular; linhas faciais hiperfuncionais; hiper-hidrose. (SILVA, 2009). Tabela 2- Aplicações da toxina botulínica. Fonte: Adaptado de Silva (2011). 20 São muito os métodos realizados com a toxina botulínica, tendo fins estéticos ou tratamentos de anomalias corporais, a decidir pelo perfil de cada paciente. De forma geral, o tratamento tem característica individual em sua realização, tendo em vista o resultado clínico e a duração do efeito, com cumprimento dos fatores relacionados ao paciente, sendo conhecidos fatores como a idade, sexo, patologia associada ou ainda a formação de anticorpos antitoxina botulínica, que tendem a diminuir sua eficácia terapêutica. (VASCONCELOS, 2017) 3.2.1 Toxicidade A toxina botulínica é quatro vezes mais potente que o tétano, um bilhão de vezes que o curare e 100 bilhões de vezes mais potente que o cianureto. A toxicidez é normalmente apresentado em unidades. Uma unidade (U) é a quantidade de toxina que elimina 50% (DL50) de um grupo de camundongos fêmeas Swiss-Webster pesando 18 a 20 g. Embora sejam desconhecidas as quantidades reais, a dose tóxica para uma pessoa que pesa 70 kg é considerado entre 2.500 e 3.000 unidades, aproximadamente 40 U\Kg, 10-9 g\kg do peso corporal OU 1-2 mg da toxina (BELL, 2000). 21 4 RISCOS E COMPLCAÇÕES DA APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULINICA Na última década, a toxina botulínica tem se mostrado como umas das formas mais escolhidas no tratamento da hiperidrose. Sendo considerada uma das mais seguras e de fácil realização o medicamento foi aprovado para ser injetado nas axilas, nas mãos ou nos pés para inibir temporariamente a sudorese como tratamento da hiperidrose (DRAELOS, 2012). Considerados menos invasivos, existem outras opções de tratamento para a hiperidrose tais como: os antiperspirantes que proporcionam alívio destinado para inibir ou diminuir a transpiração e o odor do suor; os medicamentos, drogas anticolinérgicas ajudam a impedir a estimulação das glândulas sudoríparas, os betabloqueadores ou benzodiazepínicos podem ajudar a reduzir a transpiração relacionada ao estresse, porém pouco receitados devido aos efeitos colaterais; a iontoforese é um método simples e bem tolerado, utilizando eletricidade leve para desativar temporariamente a glândula sudorípara. É mais eficaz nos casos de hiperidrose palmar e plantar, seus efeitos colaterais embora raros incluem queimaduras e rachaduras da pele (DRAELOS, 2012, p. 92). Figura 3 – Demonstração de ptose palpebral Fonte: (SADICK, 2001) A ptose palpebral é a complicação mais temida e mais importante. Caracteriza- se por queda de 1 a 2 mm na pálpebra, obscurecendo o arco superior da íris. Ocorre em consequência de injeção na glabela e fronte, pela difusão da TB ou pela injeção no septo orbital, paralisando o músculo levantador da pálpebra superior. Diluições muito altas, injeções muito próximas da borda orbital, massagens ou intensa manipulação da área depois da aplicação e maior difusão das preparações de TB são fatores que aumentam a possibilidade de ocorrência dessa complicação. Os sintomas 22 aparecem após 7 a 10 dias da aplicação e tendem a ser leves. Além da queda da pálpebra os pacientes referem dificuldade para movimentá-las e sensação de peso quando os olhos estão abertos. Essa complicação resolve-se espontaneamente em 2 a 4 semanas (MAIO, 2011). 4.1 OUTROS PROCEDIMENTOS QUE PODEM RESOLVER O TRATAMENTO DE HIPERIDROSE AXILAR E PALMAR Schlereth et al. (2009) realizaram uma revisão de literatura sobre o tema, através de banco de dados medline. O trabalho relatou tratamentos conservadores para hiperidrose como: aplicação local de cloreto de alumínio, iodoforese de água e injeção intradérmica de toxina botulínica. Abordagens cirúrgicas incluem a Simpatectomia Endoscópica, curetagem axial e lipoaspiração tumescente, removendo as glândulas sudoríparas. Drogas também podem ser utilizadas no tratamento como substâncias anticolinérgicas a nível sistêmico. Conclui-se que todos os tratamentos devem ser analisados de acordo com o grau de hiperidrose, variando de paciente para paciente. Tabela 3 – Técnicas cirúrgicas minimamente invasivas Fonte: Rezende e Luz (2014) 4.1.1 A técnica de curetagem e aspiração A área a ser tratada geralmente se estende de 1 a 2 centímetros além da área dos pelos. Entretanto, o teste do iodo-amido pode ser realizado previamente à cirurgia para marcar toda a região afetada e evitar a ocorrência de áreas residuais de 23 hiperidrose. Alguns autores preferem raspar os pelos axilares 2 a 3 dias antes da cirurgia (WOLLINA et al., 2008). Outros preferem mantê-los, pois eles facilitam a visualização e marcação da área a ser tratada no momento do procedimento e servem como um dos parâmetros para interrupção do mesmo (LEE et al., 2005; REZENDE; LUZ, 2015). 4.1.2 Iodoforese A iontoforese é uma técnica não invasiva que usa a eletricidade para prover de maneira controlada uma transferência transdermal de uma grande gama de fármacos, no processo, a corrente original é transferida do eletrodo para a pele por meio da solução contendo agentes ativos, ele se beneficia com fármacos hidrofílicas e também aqueles que possuem alto peso molecular (SILVA et al., 2012). 4.1.3 Tratamento Sistematico O uso de anticolinérgicos orais, como atropina e glicopirrolato, é limitado pela presença frequente de efeitos colaterais, como ressecamento oral e ocular, constipação e dificuldade para urinar. Estariam indicados, entretanto, nos casos que não respondem aos tratamentos tópicos, iontoforese ou toxina botulínica. Apesar dos efeitos adversos, existem recomendações para o uso de agentes anticolinérgicos antes da realização de procedimentos cirúrgicos (REZENDE; LUZ, 2014). 4.1.4 Laser subdérmico Ichikawa e cols. demonstraram pela primeira vez a nova técnica no tratamento da osmidrose com ablação das glândulas sudoríparas através de aplicação subcutânea do laser Nd:YAG 1064nm. Relataram técnica minimamente invasiva, com alta eficácia, curto período de recuperação pós-operatória e durabilidade (GOLDMAN, 2008). Éutilizada no tratamento e cura de diversas patologias, como a psoríase e a icterícia. A fototerapia consiste em uma série de tratamentos à base de processos fotoquímicos que não queimam ou provocam danos à superfície da pele. Na fototerapia utiliza-se uma Luz Emitida por Diodo (LED) que estimula ou mesmo inibe determinadas atividades das células favorecendo o rejuvenescimento. (TAVARES; MELO; FARDIM, 2019, p.62-68). 24 Figura 4- ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Fonte: www.infoescola.com/fisica/espectroeletromagnetico A laserterapia de baixa intensidade (LTBI) ou baixa potência (reativo) é um termo genérico que define a aplicação terapêutica de lasers e diodos superluminosos monocromáticos, com potência relativamente baixa, para o tratamento de feridas abertas, lesões de tecidos moles, processos inflamatórios e dores associadas a várias etiologias, com dosagens consideradas baixas demais para efetuar qualquer aquecimento detectável nos tecidos irradiados (KITCHEN et al., 1998 apud MEZZALIRA; FREDERICO, 2007, p. 10). 25 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tratamento da hiperidrose primária com injeções intradérmicas de toxina botulínica tipo A mostrou-se uma opção bastante eficaz, segura, pouco invasiva, com alto grau de satisfação, permitindo aos pacientes o retorno às atividades profissionais no mesmo dia. A utilização da toxina botulínica para o tratamento da hiperidrose, é um método seguro, preciso e bem tolerado. Torna-se eficaz pois há a ausência dos sintomas da patologia. Os efeitos colaterais e as complicações são temporários, pouco frequentes e regridem sem deixar sequelas. O custo ainda é bastante elevado. O bloqueio sináptico provocado pela toxina botulínica, provavelmente, causa atrofia e involução das glândulas sudoríparas. Esses efeitos, associados à melhora do estado emocional e da autoestima dos pacientes, retardam o reaparecimento dos sintomas da hiperidrose, proporcionando melhora de sua qualidade de vida. Porém mesmo assim para o tratamento de hiperidrose o mais recomendado continua sendo a aplicação de toxina botulínica tipo A, pois ela melhora na qualidade de vida e satisfação do paciente tendo um risco-benefício mínimo e está equilibrado com as capacidades de manter o paciente em um estado mais confortável e socialmente aceitável. 26 REFERÊNCIAS A MÜNCHAU, K P BHATIA - Uses of botulinum toxin injection in medicine today. University Department of Clinical Neurology, Institute of Neurology, London WC1N 3BG. (2000). BELL MS, VERMEULEN LC, SPERLING KB, Pharmacotherpy with botulinum toxin: Harnessing Nature`s most potent neurotoxin. Pharmacotherapy 200;20(9):1079-1091. CAPRONI, P. H. M. O que é Hiperidrose, tratamento, remédios, cirurgia, tem cura? Minuto Saudável, 20 Setembro 2017. Disponivel em: . Acesso em: 22 Março 2019. CARRUTHERS, A. History of the clinical use of botulinum toxin A and B. Clin Dermatol, 21(6):469-72, 2003. 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